Além do Cidadão Kane

domingo, 28 de setembro de 2014

Uma das histórias mais tristes e patéticas da história da imprensa brasileira está sendo protagonizada neste momento pela revista semanal "Veja", carro-chefe da  Editora Abril, que já foi uma das maiores publicações semanais do mundo.
Criada e comandada nos primeiros dos seus 47 anos de vida, pelo grande jornalista Mino Carta, hoje ela agoniza nas mãos de dois herdeiros de Victor Civita, que não são do ramo, e de um banqueiro incompetente, que vão acabar quebrando a "Veja" e a Editora Abril inteira do alto de sua onipotência, que é do tamanho de sua incompetência.
Para se ter uma ideia da política editorial que levou a esta derrocada, vou contar uma história que ouvi de Eduardo Campos, em 2012, quando ele foi convidado por Roberto Civita, então dono da Abril, para conhecer a editora.
Os dois nunca tinham se visto. Ao entrar no monumental gabinete de Civita no prédio idem da Marginal Pinheiros, Eduardo ficou perplexo com o que ouviu dele. "Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim".
É bem provável que a Abril acabe antes de se realizar a profecia de Roberto Civita. O certo é que a editora, que já foi a maior e mais importante do país, conseguiu produzir uma "Veja" muito pior e mais irresponsável depois da morte dele, o que parecia impossível.
A edição 2.393 da revista, que foi às bancas neste sábado, é uma prova do que estou dizendo. Sem coragem de dedicar a capa inteira à "bala de prata" que vinham preparando para acabar com a candidatura de Dilma Rousseff, a uma semana das eleições presidenciais, os herdeiros Civita, que não têm nome nem história próprios, e o banqueiro Barbosa, deram no alto apenas uma chamada: " EXCLUSIVO - O NÚCLEO ATÔMICO DA DELAÇÃO _ Paulo Roberto Costa diz à Polícia Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema de corrupção da Petrobras". Parece coisa de boletim de grêmio estudantil.
O pedido teria sido feito pelo ex-ministro Antonio Palocci, um dos coordenadores da campanha da então candidata Dilma Rousseff, ao ex-diretor da Petrobras, para negociar uma ajuda de R$ 2 milhões junto a um doleiro que intermediaria negócios de empreiteiras fornecedoras da empresa.
A reportagem não informa se há provas deste pedido e se a verba foi ou não entregue à campanha de Dilma, mas isso não tem a menor importância para a revista, como se o ex-todo poderoso ministro de Lula e de Dilma precisasse de intermediários para pedir contribuições de grandes empresas. Faz tempo que o negócio da "Veja" não é informar, mas apenas jogar suspeitas contra os líderes e os governos do PT, os grandes inimigos da família.
E se os leitores quiserem saber a causa desta bronca, posso contar, porque fui testemunha: no início do primeiro governo Lula, o presidente resolveu redistribuir verbas de publicidade, antes apenas reservadas a meia dúzia de famílias da grande mídia, e a compra de livros didáticos comprados pelo governo federal para destinar a esc0las públicas.
Ambas as medidas abalaram os cofres da Editora Abril, de tal forma que Roberto Civita saiu dos seus cuidados de grande homem da imprensa para pedir uma audiência ao presidente Lula. Por razões que desconheço,  o presidente se recusava a recebe-lo.
Depois do dono da Abril percorrer os mais altos escalões do poder, em busca de ajuda, certa vez, quando era Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, encontrei Roberto Civita e outros donos da mídia na ante-sala do gabinete de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto."
"Agora vem até você me encher o saco por causa deste cara?", reagiu o presidente, quando lhe transmiti o pedido de Civita para um encontro, que acabou acontecendo, num jantar privado dos dois no Palácio da Alvorada, mesmo contra a vontade de Lula.
No dia seguinte, na reunião das nove, o presidente queria me matar, junto com os outros ministros que tinham lhe feito o mesmo pedido para conversar com Civita. "Pô, o cara ficou o tempo todo me falando que o Brasil estava melhorando. Quando perguntei pra ele porque a "Veja" sempre dizia exatamente o contrário, esculhambando com tudo, ele me falou: `Não sei, presidente, vou ver com os meninos da redação o que está acontecendo´. É muita cara de pau. Nunca mais me peçam pra falar com este cara".
A partir deste momento, como Roberto Civita contou a Eduardo Campos, a Abril passou a liderar a oposição midiática reunida no Instituto Millenium, que ele ajudou a criar junto com outros donos da imprensa familiar que controla os meios de comunicação do país.
Resolvi escrever este texto, no meio da minha folga de final de semana, sem consultar ninguém, nem a minha mulher, depois de ler um texto absolutamente asqueroso publicado na página 38 da revista que recebi neste final de semana, sob o título "Em busca do templo perdido". Insatisfeitos com o trabalho dos seus pistoleiros de aluguel, os herdeiros e o banqueiro da "Veja" resolveram entregar a encomenda a um pseudônimo nominado "Agamenon Mendes Pedreira".
Como os caros leitores sabem, trabalho faz mais de três anos aqui no portal R7 e no canal de notícias Record News, empresas do grupo Record. Nunca me pediram para escrever nem me proibiram de escrever nada. Tenho aqui plena autonomia editorial, garantida em contrato, e respeitada pelos acionistas da empresa.
Escrevi hoje apenas porque acho que os leitores, internautas e telespectadores, que formam o eleitorado brasileiro, têm o direito de saber neste momento com quem estão lidando quando acessam nossos meios de comunicação.
Publicado em:  http://noticias.r7.com/blogs/ricardo-kotscho/2014/09/27/melancolico-fim-da-revista-veja-de-mino-a-barbosa/

domingo, 31 de agosto de 2014

segunda-feira, 28 de julho de 2014

DECLARAÇÃO DO PARTIDO COMUNISTA DE ISRAEL



TRIBUNA POPULAR
O Partido Comunista de Israel (IPC, sigla em inglês) e a Frente Democrática pela Paz e a Igualdade (Hadash) expressam sua ira e angústia no assalto brutal, criminoso e desumano levado a cabo pelo governo de Israel contra o povo de Gaza. Estamos transmitindo nossa profunda simpatia e solidariedade com o povo de Gaza e, também, com aqueles que foram mortos ou prejudicados por um governo vicioso, cuja intenção é manter a ocupação e a colonização dos territórios palestinos ocupados e prosseguir com o cerco a Gaza.
Desde que começou o cerco a Gaza, o IPC e a Hadash vem organizando e liderando uma serie de manifestações e atividades contra esse assalto, reivindicando o cessar fogo imediato e a manutenção de todos os civis, palestinos e israelense, fora deste sangrento conflito.
Por conta de nossas atividades e iniciativas, as turbas fascistas e racistas nos atacaram física e verbalmente, enquanto a polícia israelense nada tem feito para evitar isso. Esses ataques violentos foram praticamente promovidos pelo governo neofascista israelense, que incita continuamente contra todas as forças progressistas e democráticas em Israel, especialmente contra o IPC e a Hadash e, mais ainda, contra a população árabe-palestina que reside dentro do estado de Israel.
No sábado passado, dia 19 de julho, centenas de nós – judeus e árabes-palestinos juntos – manifestaram-se na cidade de Haifa contra a agressão israelense. Temos sido golpeados e perseguidos pela máfia neonazista judia, alguns foram feridos por pedras e garrafas lançadas. A polícia deteve 13 de nossos membros, ainda que nenhum deles estivesse envolvido em qualquer ação violenta.
Camaradas, vamos continuar! Nunca nos renderemos à intimidação e à violência. Gaza, nós do IPC e da Hadash, judeus e árabes juntos, vamos manter nossa luta pela libertação do povo palestino!
Os judeus e os árabes não são inimigos, mas companheiros – irmãos e irmãs!
Gaza Livre!
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

domingo, 20 de julho de 2014

Iraque: terrorismo ou revolta popular?

De acordo com meios de comunicação ocidentais, o Iraque está ameaçado de conquista por EIIL [Estado Islâmico do Iraque e do Levante - Inglês: ISIS], um movimento jihadista. Mas esta versão corresponde aos fatos reais?


Surgida do nada, uma organização terrorista conquista a segunda maior cidade do Iraque.Outras cidades também estão ocupadas, e agora esses movimento jihadista corre em direção a capital Bagdá.  Parece um roteiro de Hollywood, um cenário que se encaixa perfeitamente na "guerra ao terror" e à crescente islamofobia. Não há praticamente ninguém que conteste o que a mídia publica para esta versão.

Infelizmente, esta versão não resiste ao teste da realidade. O que está em jogo vai além do avanço selvagem repentino jihadista. Como de costume, a realidade resiste aos cenários infantis tipos de Hollywood.

A realidade remete a uma série de perguntas.

Primeiro, a organização terrorista EIIL não tem o pessoal necessário para conquistar e ocupar Mosul, uma cidade de quase 2 milhões de pessoas, para não mencionar as diferentes áreas da cidade. Isso é o que diz  Charles Lister do Instituto Brookings.

Tal operação bem coordenada também requer um conhecimento profundo do terreno (urbano) e capacidades logísticas avançadas, coisas que estão faltando em um movimento terrorista, como EIIL.

Hoje os helicópteros sobrevoam a cidade. Isso só pode ser feito por pilotos experientes, os quai a EIIL não dispõe. Uma versão mais aceitável é  de The Telegraph, que aponta para os combatentes da resistência sunita que lutaram contra a invasão dos Estados Unidos.

A cidade foi invadida de uma forma particularmente disciplinada e sem derramamento de sangue. É bastante curioso para uma organização terrorista. Além disso, a população local acolheu os rebeldes e distribuiu chocolates para os invasores.

Maliki, primeiro-ministro do Iraque, queria decretar estado de emergência no país, mas ele nem sequer obteve uma maioria no Parlamento. Rafi al-Rifai, o principal líder sunita do país, disse que os rebeldes não tinha que ser descritos como terroristas,pois eles estão tentando libertar o Iraque do governo de Nouri al-Maliki.
 

O véu

Ainda é muito cedo para saber os prós e contras de cada caso. Mas uma coisa é clara: o roteiro de Hollywood não se sustenta.

Aqui a seguir algumas peças do quebra-cabeça:

No final de 2013, o exército iraquiano perdeu o controle de Fallujah. É precisamente a cidade onde o antigo exército de Saddam Hussein mais resistiu à invasão. Desde então, um "Conselho Militar Revolucionário iraquiano geral" foi criado. Ele é composto de líderes locais tribais, antigos líderes da resistência (em oposição à invasão dos EUA) e é dirigida por ex-oficiais superiores do exército de Saddam Hussein.

"Hoje nos encontramos no meio de uma insurreição armada com um comando central", disse o xeque Mohammed Bashar Faidhi. Ele proferiu estas palavras em março de 2014. Significa que aqueles que conhecem o campo já sabiam o que iria acontecer.

De acordo com o correspondente do Financial Times, poucas centenas de combatentes EIIL participou da conquista de Mosul, mas ao lado de um número muito maior de homens mascarados, lutadores mais prováveis ​​de resistência sunita local. "Muitas pessoas ficaram muito felizes em pegar em armas. Era o início de uma revolução sunita ", disse um comerciante local.

Rafie al-Rifai, grande mufti do Iraque, concorda. Segundo ele, o que aconteceu foi "uma revolução das tribos sunitas". Enquanto isso, os rebeldes nomearam um novo governador para Mosul. É Hashem al-Ja-que que não é um jihadista, mas um oficial do antigo regime de Saddam.

Sem a aprovação da população local e dos líderes tribais e sem apoio militar da resistência sunita, o rápido crescimento teria sido impensável. A população resiste a administração do primeiro-ministro Maliki armada, especialmente a partir do antigo exército de Saddam Hussein, em grupos organizados por mais de 10 anos de resistência, primeiro contra os Estados Unidos, em seguida, contra o exército iraquiano.

De acordo com o Financial Times, esses grupos formaram uma aliança com o EIIL. Os recentes acontecimentos são apenas a consequência. No momento, é difícil prever ao que tudo isso vai levar, mas poderia ser o início de uma partição final Iraque em três partes: a dos curdos no território norte, uma área sunita no centro e um território Shia no sul. Essa partição, sem dúvida, trsris consequências pesadas para toda a região.


Tradução do Holandês: AMM Investig'Action
Tradução eletrônica do francês para português

 

sábado, 24 de maio de 2014

PAÍS ELIMINA POBREZA EXTREMA


 
       Os resultados alcançados pelo Plano Brasil Sem Miséria, lançado em 2011, aparecem no 5˚Relatório Nacional de Acompanhamento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O estudo aponta que o governo está a um passo de superar a pobreza extrema no país. Conforme o documento apresentado ontem pela presidente Dilma Rousseff, em 2012, o percentual da população em situação de pobreza extrema havia caído para 3,5%. Esse número ainda não reflete o impacto de medidas adotadas pelo Plano Brasil Sem Miséria ao longo de 2012 e parte de 2013. “Tudo aponta para a manutenção do ritmo acelerado da queda depois de 2012”, destacou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à fome, Tereza Campello. A coleta de informações da próxima edição da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) ocorreu em setembro passado. “Esse relatório ainda não reflete parte importante das inovações do Brasil Sem Miséria, quando a complementação de renda às famílias em situação de pobreza extrema foi ampliada para as famílias com adolescentes até 15 anos e, finalmente, para todas as famílias que permaneciam extremamente pobres no Programa Bolsa Família”, observou a ministra. Apesar da defasagem nas informações, o relatório evidencia que a redução da pobreza no Brasil ganhou velocidade entre 2011 e 2012. Nesse período, a proporção de miseráveis passou de 4,2% para 3,5%. O número é próximo da meta de 3% estabelecida pelo Banco Mundial até 2030.

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