Além do Cidadão Kane

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Aumentaram em mais de 50 milhões os famintos no mundo, afirma Jack Diouf, diretor-geral da FAO


Por Deisy Francis Mexidor

• DURANTE 2007 aumentaram em mais de 50 milhões os famintos no mundo, o que poderia ascender neste ano. A profunda crise alimentar adquire tons cinzentos e trágicos, cujas conseqüências falam por si sós: deixou uma onda de protestos e se agudizou a fome no planeta.
Com tais palavras o doutor Jack Diouf, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) — em visita a Cuba—, explicou o panorama atual que se vive ao oferecer uma conferência magistral na Aula Magna da Universidade de Havana.
Os preços dos alimentos experimentaram uma alta notável "como média em 52%", apontou Diouf e referiu que junto a este "fenômeno particularmente preocupante", soma-se também o incremento dos custos dos insumos. Por exemplo, em nível global, os fertilizantes acresceram seus preços em 98% num ano, as sementes em 60% e as rações em 72%.
Se não se adotam de imediato as medidas pertinentes poderá fazer-se mais difícil a situação nas próximas cinco décadas já que a população mundial passará de "mais de 6 bilhões agora a 9 bilhões em 2050", apontou o diretor-geral da FAO, que também criticou o emprego dos cereais que "foram destinados para o mercado energético".
A este cenário haveria que acrecentar-lhe igualmente os efeitos da mudança climática que começam a serem percebidos e a presença dos capitais especulativos, disse.
Para o alto funcionário da ONU a volatilidade dos preços dos alimentos "da que fomos testemunhas nos dois últimos anos, continuará durante longo tempo" e concluiu com a mensagem de urgência que é necessário atuar "agora mesmo", pois ainda há muitas promessas descumpridas.
Ao término de sua intervenção e em declarações à imprensa, Diouf expressou que esta crise se sente "não apenas nos países em desenvolvimento mas também nos desenvolvidos" e augurou que é possível revertê-la, mas que "com certeza é um problema de decisão política", apesar de que reconheceu que há 57 nações onde já se tomam medidas para diminuir a presente conjuntura.
Nesse sentido, destacou a necessidade de produzir mais, de cultivar mais terras, "estes problemas são prioridades", assinalou e disse que o governo de Cuba "está tomando ações neste contexto".
Em horas da tarde o doutor Diouf dialogou com uma representação do corpo docente da Escola Latino-Americana de Medicina.

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terça-feira, 29 de julho de 2008

Brasil desenvolve supermáquina de enriquecer urânio

Criado por pesquisadores da Marinha, modelo avançado de ultracentrífuga já está em funcionamento em Resende

Roberto Godoy

O discreto e bem-sucedido programa de pesquisa nuclear brasileiro tem um novo segredo para guardar: entre março e maio entrou em funcionamento o novo modelo de ultracentrífuga, a avançada máquina de enriquecer urânio criada pelos pesquisadores da Marinha, no Centro Aramar, em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo. É uma façanha: as unidades, designadas Geração 1/M2, são pelo menos 15% mais eficientes que as anteriores - que, aperfeiçoadas, já apresentam rendimento 50% superior ao do começo da produção, há 20 anos. As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) receberam e montaram o segundo conjunto desses equipamentos na sua fábrica de combustível, em Resende, na divisa entre os Estados do Rio e São Paulo. As entregas foram sigilosas, feitas em comboios sem identificação, protegidos por fuzileiros. Uma terceira cascata com as mesmas especificações deve entrar em atividade na INB no final de 2009. Enquanto isso, no Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), um tipo inteiramente novo de ultracentrífuga, ainda em testes de validação, deve estar disponível em 2011 - e será 40% mais eficaz. Projeto e construção são nacionais. O urânio é enriquecido a 4%, nível adotado pelo País, e alimenta reatores de energia. Armas atômicas exigem graus superiores a 90% de beneficiamento. A agência de pesquisa fica no campus da USP e cuida dos planos de criação dos sistemas de propulsão nuclear para submarino de ataque. É um objetivo de longo prazo que ganhou fôlego com a liberação de recursos determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois de uma visita a Aramar, em julho de 2007. Com dinheiro em caixa, 'o plano foi retomado como um todo', explica o capitão de fragata e engenheiro naval André Luis Ferreira Marques, do grupo de especialistas do CTMSP. Prova prática: estão abertos concursos para provimento de vagas - de engenheiros especializados a pessoal administrativo, cerca de 400 funcionários. O submarino, de 6 mil toneladas, com 96,6 metros de comprimento e 100 tripulantes, exige cerca de 11 anos de trabalho. Antes disso, porém, será necessário testar e completar um reator PWR (de água pressurizada) de 48 MW. O dispositivo está pronto em Iperó, as grandes peças armazenadas em ambiente de gás inerte para evitar a deterioração. Aguarda a conclusão das obras do Laboratório de Geração Nucleoelétrica, o LabGene. O complexo teve as obras civis retomadas. Fica pronto no final de 2010. O reator que permanece desmontado vale US$ 130 milhões. Expandido, ele servirá ao submarino e à produção de eletricidade de usinas regionais de 300 megawatts. O Centro Tecnológico da Marinha vai receber R$ 1,040 bilhão em parcelas anuais de R$ 130 milhões. O dinheiro está sendo empregado no ciclo do combustível, geração de energia, propulsão e infra-estrutura. Marques estima que o processo exigirá sete anos, no mínimo, para ser completado. O investimento no programa nuclear tem sido feito principalmente pelo Comando da Marinha, com recursos próprios. Desde 1979, as aplicações somam US$ 1,117 bilhão - só US$ 216 milhões vieram de outras fontes governamentais. A ultracentrífuga é o produto mais sensível do processo. Os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não têm acesso às cascatas. As verificações previstas no acordo de salvaguardadas, firmado pelo governo brasileiro e renovado há pouco mais de dois anos, abrangem complexa contabilidade. 'O que interessa à AIEA é saber o quanto de gás de urânio entrou no sistema, o quanto saiu de urânio enriquecido, o U235, e também de urânio empobrecido, o U238 - é uma equação que tem de fechar sem erro', explica o almirante Carlos Bezerril, diretor-geral do CTMSP. A regra de preservação do conhecimento sensível vale desde 2003, quando a Marinha e a INB passaram a cobrir com painéis todas as ultracentrífugas, permitindo aos peritos internacionais a observação apenas do circuito de entrada e saída. Em Iperó, a cascata de beneficiamento é monitorada ininterruptamente por câmeras blindadas guardadas em caixas que foram lacradas pela AIEA. As ultracentrífugas do Brasil utilizam a flutuação magnética para evitar o atrito entre partes móveis. Assim, duram mais e têm maior capacidade. Os fundos liberados pelo presidente Lula permitirão o funcionamento, em dois anos, de uma central semi-industrial, para produzir até 40 toneladas por ano de gás de urânio, a última etapa do complexo ciclo do combustível nuclear que o País não executa, embora domine o conhecimento. A produção atenderá às necessidades do Comando da Marinha. A Força utiliza o hexafluoreto de urânio para ensaios científicos e para enriquecimento do mineral. Estão sendo investidos cerca de R$ 40 milhões nas obras em Iperó. A Financiadora de Projetos e Pesquisas (Finep) destinou R$ 23,60 milhões para o projeto desde 2007. Atualmente, o urânio transformado em yellow- cake é enviado em tambores de 400 quilos para a empresa Cameco, do Canadá, que realiza, sob contrato, a conversão para o gás.

Notícia obtida com a ajuda de Alexandre Nunes de Araújo


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domingo, 27 de julho de 2008

América Latina bipolar: os movimentos se movem

CONTRA-OFENSIVA NEOLIBERAL

Está em curso na América Latina uma contra-ofensiva articulada pelos Estados Unidos, misturando estratégias da Aliança para o Progresso com uma política de criminalização dos movimentos sociais. Esse processo de criminalização é ainda mais forte contra as comunidades indígenas, como vemos no Peru, no Chile e na Bolívia. A análise é do sociólogo Boaventura de Sousa Santos.

Boaventura de Sousa Santos

A América Latina é peça-chave nas estratégias das empresas transnacionais e dos governos do Norte global. A expansão do mercado transformou a água, os serviços de saúde e a educação em mercadoria. A mercantilização dos recursos naturais é fundamental para a acumulação de capital a médio prazo, colocando a biodiversidade enorme da América Latina no centro dos interesses.
O processo de “refocalizar” a América Latina acelerou-se devido ao fracasso da guerra do Iraque. Os Estados Unidos perceberam que, durante sua relativa ausência, gestaram-se mudanças e os processos sociais avançaram fora de seu controle, resultando em governos progressistas e movimentos sociais fortes que chegaram ao poder através da democracia, sendo que os Estados Unidos usam o discurso da democracia para justificar suas intervenções.
Neste cenário, está se desenvolvendo uma nova contra-insurgência, mistura das estratégias da Aliança para o Progresso e uma política de divisão dos movimentos, especificamente o indígena. O protesto é criminalizado de maneira brutal e a militarização torna-se mais profunda. Incapaz de conquistar apoio popular, o neoliberalismo tenta substituir “desenvolvimento” e “democracia” por “controle” e “segurança”.
Isto é conseqüência do aprofundamento da exclusão social, da miséria e da desigualdade, o que implica na emergência de um fenômeno de fascismo social. Não um regime político, mas uma forma de sociabilidade onde alguns têm capacidade de veto sobre a vida de outros. Corremos o risco de viver em sociedades politicamente democráticas, mas socialmente fascistas.
O melhor exemplo desta lógica é o doloroso aumento da fome no mundo, que mostra a contradição entre a vida e a ânsia de lucro. A emergência do fascismo social mostra que a modernidade, como projeto, está quebrada, porque não cumpriu suas promessas de liberdade, igualdade e solidariedade, e não irá cumpri-las.
Surge, então, a contradição entre o paradigma da segurança e da luta contra o terrorismo e os Estados que reivindicam sua soberania, os movimentos sociais e, especificamente, as lutas dos povos indígenas. Nos territórios indígenas está 80% da biodiversidade latino-americana. Organizações como a Coordenadora Andina de Organizações Indígenas, a Confederação Nacional de Comunidades Afetadas pela Mineração do Peru e a Coordenadora Nacional de Ayllus e Marqas, são um perigo para o status quo.
A criminalização da dissidência na América Latina é ainda mais forte contra os indígenas, como vemos no Peru e no Chile. Existe a intenção de transformar os indígenas nos terroristas do século XXI, como mostram os documentos da CIA. O uso das leis antiterroristas contra os dirigentes indígenas está baseado em uma descaracterização total do conceito de terrorismo, uma vez que isto significa atacar e causar danos a civis inocentes. No caso das lutas indígenas, são ataques contra a propriedade privada para defender outra propriedade, a comunitária e ancestral.
Isto não cabe em nenhum conceito de terrorismo.
A regionalização subnacional tem sido promovida pelo Banco Mundial em forma de descentralização, que apontou a desmembrar o Estado central através da transferência de responsabilidades para os níveis locais. Na Bolívia, existia uma descentralização dirigida pelas autonomias indígenas, a partir de uma visão política e cultural sólida, que permitiu que os indígenas ganhassem alguma coisa com as políticas de descentralização do BM.
Mas a bandeira da descentralização foi assumida agora pelas oligarquias, em resposta à perda de controle do Estado central que elas sofreram. Eles sempre foram centralistas, mas agora levantam a bandeira da autonomia para defender seus privilégios econômicos. Isto gerou um problema político para o movimento indígena na Bolívia, que tem promovido a autonomia dos oprimidos, não dos opressores. A “autonomia” de Santa Cruz é ilegal sob a velha Constituição; uma nova está para ser aprovada. A decisão das autonomias caberia ao Congresso.
Tenho defendido, na Bolívia, a diferenciação entre autonomias ancestrais e as da descentralização. Proponho entender as autonomias indígenas como extraterritoriais em relação às autonomias departamentais. Deveriam estar baseadas no controle total do seu território, fora da governabilidade descentralizada, uma vez que são anteriores ao processo de descentralização. Mas seria necessário fortalecer a institucionalidade indígena, que ainda é frágil, diante do poder das oligarquias bolivianas.
O debate atual é perigoso, porque existem desejos recíprocos de enfrentamento armado. As oligarquias não querem deixar seus privilégios e os indígenas não vão deixar pacificamente que o país seja dividido. Seriam eles que defenderiam o país.
A Colômbia e o Peru representam o status quo neoliberal e os Estados Unidos na região. São complementares. A Colômbia representa a lógica militar que busca conflitos e tensões, os quais criam condições para a militarização e a intervenção. No Peru, é promovida uma lógica similar, com forte criminalização das organizações sociais, um primeiro passo que prepara a militarização posterior. Existem indícios de que a base de Manta, no Equador, vai se mudar para a Amazônia peruana.
Estamos entrando em uma fase histórica de polarização. De um lado, as políticas de mercantilização buscarão livre acesso aos recursos naturais e a continuidade dos privilégios das elites. Do outro, existe um imaginário radicalizado nas forças progressistas do continente, que desenvolveram concepções diferentes de democracia, desenvolvimento, direitos e sustentabilidade, compartilhadas por cada vez mais pessoas e organizações. As forças dominantes não podem mais cooptar este imaginário radical com suas propostas de proteção social. Por isso a repressão.
O horizonte continua sendo a democracia e o socialismo, mas um socialismo novo; seu novo nome é democracia sem fim. A democracia radical é uma alternativa para duas idéias fundamentais. Não acredito que seja possível mudar o mundo sem tomar o poder, mas também não podemos mudar algo com o poder que existe hoje. Então, devemos mudar as lógicas do poder e, para isso, as lutas democráticas são cruciais e são radicais, por estarem fora das lógicas tradicionais da democracia. Devemos aprofundar a democracia em todas as dimensões da vida. Da cama até o Estado, como dizem as feministas. Mas também com as gerações futuras e com a natureza, o que é urgente para deter a destruição do planeta.
Nosso objetivo é sair de uma democracia tutelada, restrita, de baixa intensidade, para chegar a uma democracia de alta intensidade, que torne o mundo cada vez menos confortável para o neoliberalismo. Mas a realidade não muda espontaneamente. Em política, para fazer algo é preciso ter razão a tempo, no momento oportuno; e ter força para impor essa razão.
De uma entrevista realizada por Raphael Hoetmer em Lima, Peru, durante a Cúpula dos Povos, em maio.
Tradução: Naila Freitas/Verso Tradutores

Original em Associação Cultural José Marti-RS


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sexta-feira, 25 de julho de 2008

MST denuncia Justiça por segredo de Estado no processo do RS

Na coletiva à imprensa, realizada nesta quinta-feira (24), em São Paulo, o advogado do MST, Aton Fon Filho, denunciou que o processo, movido por procuradores do Ministério Público gaúcho e baseado na Lei de Segurança Nacional, contra oito militantes do movimento não pode ser amplamente divulgado em função da determinação de que ele corra em segredo de Estado. Ele disse que recorrerá ao TRF-4 (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região no Rio Grande do Sul para obter a quebra de segredo.

Por Carla Santos*
Ocupações ao Incra de BH, SP e Rio nesta quinta.
''Queremos que a sociedade possa ter acesso ao conteúdo do processo. Há inúmeras questões que poderão ser esclarecidas sobre a tentativa de extinguir o movimento e criminalizá-lo se pudermos trazer à luz os depoimentos nele contidos. Não se faz justiça às portas fechadas'', disse.
No dia 3/12/07 o Conselho Superior do Ministério Público aprovou o relatório, elaborado pelo promotor Gilberto Thums (processo nº 16315-09-00/07-9), que concluiu no “ (...) sentido de designar uma equipe de Promotores de Justiça para promover ação civil pública com vistas à dissolução do MST e declaração de sua ilegalidade (...)”.
Como não bastasse a tentativa de declarar o MST ilegal, o Ministério Público (MP) ainda decidiu “(...) pela intervenção nas escolas do MST a fim de tomar todas as medidas que serão necessárias para a readequação à legalidade, tanto no aspecto pedagógico quanto na estrutura de influência externa do MST.”
Diante da condenação da sociedade ao relatório, que ofende o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, especialmente o artigo 22, nº 1, reconhecido pelo Governo brasileiro através do Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992, o MP recuou, mas seguem as oito ações civis contra os sem-terra de Carazinho (RS). A primeira audiência está marcada para 29 de julho.
''É uma ação que, estando voltada contra oito [sem-terra], na verdade atinge todo o MST porque os crimes [previstos na Lei de Segurança Nacional] são crimes por participar de organização que visa a derrubada do regime de direito vigente. Desse modo, se um único deles for condenado, significa que esse único participa de uma organização que se volta para derrubar o regime de direito vigente. Que organização é essa? O MST'', disse Fon Filho.
Justiça ideológica
“Essa causa não é do MST, mas de todo o povo brasileiro. O Ministério Público não pode se deixar guiar por ideologias. As pessoas acham que só a esquerda tem ideologias, mas também há uma ideologia da direita, capitalista. O MP tem que seguir os princípios éticos fundamentais, que estão na Constituição Brasileira”, defendeu Fábio Konder Comparato, jurista e professor aposentado da Faculdade de Direito da USP, presente à coletiva.
Para ele, a ofensiva do MP-RS simboliza o “delírio” contra os trabalhadores sem-terra. ''Mas não o delírio do descontrole, mas sim da cega defesa da indústria do papel no RS'' . Ele leu para os jornalistas presentes a Lei de Segurança Nacional (LSN), classificada de entulho da ditadura militar, e defendeu que, em nenhum aspecto, o MST a fere.
''Esta Lei prevê que é crime os que lesam a integridade territorial e a soberania nacional. Por acaso a integridade territorial do país está sendo ameaçada pelo MST? Todos os dias 12 quilômetros de terras brasileiras - cerca de 31 milhões de hectares - são destinados à estrangeiros. Cerca de 14% dos territórios da Amazônia - ou a soma dos territórios de SP, do RJ e do RS - são de proprietários desconhecidos, são pessoas jurídicas das quais nem se imagina a nacionalidade. Não creio que seja o MST a ameaça a integridade do território nacional.'', argumentou o jurista.
Comparato defendeu que o país precisa perceber que a defesa da Constituição inclui a luta por uma sociedade livre, justa e igualitária. ''O segredo de Estado não é admitido pela LSN. Ele existe para não expor a intimidade dos envolvidos. O processo em questão não expõe a intimidade de ninguém. A governadora Yeda Crusius (PSDB) pode ficar tranqüila. O problema é essa distorção ideológica do MP'', alfinetou.
O 'crime' da luta pela reforma agrária
“Quem acompanha a história do MST nesses 24 anos percebe o processo de perseguição política às famílias sem-terra. Esse processo também tem uma face jurídica e desta vez veio de forma orquestrada, pelo Ministério Público”, denuncia Andressa Caldas, da Justiça Global. Junto com a Terra de Direitos e outras 11 entidades, foram protocoladas denúncias junto à ONU (Organização das Nações Unidas) e OEA (Organização dos Estados Americanos).
“A tentativa de criminalização do MST é uma forma de esconder as verdadeiras contradições da realidade, fruto das desigualdades sociais. Nós vamos continuar nos mobilizando em defesa do povo brasileiro e pela Reforma Agrária. O papel da Justiça é defender o povo, defender o direito ao trabalho, o direito à terra. Queremos ter garantido nosso direito de produzir alimentos saudáveis para abastecer a população brasileira”, afirma José Batista de Oliveira, da coordenação nacional do MST.
O papel da mídia na criminalização dos movimentos socias também foi destacado durante a coletiva. ''No caso da greve dos Correios vi uma pressão da mídia para que os trabalhadores 'aprendessem' a fazer greve sem parar de trabalhar, um absurdo'', registrou José Batista. ''Estou insatisfeito com o papel de alguns grandes veículos de comunicação que dificilmente registram a situação da criminalização dos movimentos socias e do MST'', agregou Comparato.
Nesta semana, o Movimento está mobilizado em 11 estados, para exigir o assentamento de 140 mil famílias acampadas, além de um programa de agroindústria para os assentados. O MST denuncia a lentidão no processo de reforma agrária e condena a criminalização das lutas populares, em especial no Rio Grande do Sul e no Pará.

Original em Vermelho


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segunda-feira, 14 de julho de 2008

Somos todos diabos sem-terra

Por Marcelo Salles

Os militantes sem-terra são demonizados não porque supostamente violentos, baderneiros e corruptos, como afirma a mídia hegemônica. Os militantes sem-terra são enquadrados dentro do arquétipo da maldade porque ousam dizer "não".

A decisão do Conselho de Promotores do Rio Grande do Sul de pedir a extinção do MST só encontra paralelo nas ditaduras mais sombrias. Seu entulho autoritário já serviu de base para oito ações contra os sem-terra, entre elas despejos violentos e proibição de manifestações pacíficas. Nesta terça-feira (24/6), a sede nacional do movimento, em São Paulo, foi invadida e vasculhada. São fatos inconcebíveis num Estado Democrático de DireitoA recente ofensiva contra o MST teve início em 4 de março, quando 900 camponesas ocuparam uma fazenda ilegal da empresa Stora Enso, no Rio Grande do Sul. As trabalhadoras protestavam contra o monocultivo de eucalipto praticado nas instalações da transnacional, da mesma forma que haviam feito na Aracruz Celulose dois anos antes. A ação fez parte da Jornada de Lutas das Mulheres Sem Terra. Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, 60 camponesas tiveram seus corpos marcados por ferimentos causados pelas tropas da Brigada Militar e duas foram presas.Em abril, a juíza Patrícia Rodriguez Whately, a pedido da Vale do Rio Doce, arbitrou multa de R$ 5 mil contra João Pedro Stédile a cada vez que ele se manifeste em público ou que o MST promova ocupações para denunciar a violenta exploração capitalista que coloca o Brasil entre os países mais injustos do mundo. Segundo Stédile, que não se calou, os 10% mais ricos recebem 23,5 vezes mais que os 10% mais pobres. E de tudo que é produzido, 60,9% fica com os donos do capital e 39,1% com os trabalhadores – proporção que já foi de 50% a 50% na década de 1960.É a partir daí que devemos compreender as agressões jurídicas contra o MST. Além de alfabetizar e organizar os trabalhadores pobres, reforçando sua auto-estima e mostrando que eles são sujeitos de sua própria história – o que por si só já representa grande ameaça aos donos do poder – o Movimento dos Sem-Terra está na linha de frente da resistência contra a exploração capitalista. Foi o MST quem deu visibilidade à campanha pela anulação da privatização da Vale do Rio Doce, que pertencia ao povo brasileiro e foi entregue à iniciativa privada por um preço aviltante. É o MST quem chega e afirma que o agronegócio é inimigo da humanidade; que o latifúndio é inimigo do trabalhador; e que as corporações de mídia são sócias da violência.Por tudo isso o MST vem sendo demonizado. Como no mito do Paraíso Perdido, de John Milton, os militantes sem-terra são identificados como Lúcifer, o anjo rebelde. No mito, Lúcifer não se torna o inimigo número 1 do poder central porque é cruel, mesmo porque em nome de Deus se fizeram as Cruzadas, cujos métodos de conquista são conhecidos pela violência desmedida; Lúcifer não é expulso do Céu em razão de ser um sádico torturador, até porque muitos juízes não se preocupam em punir torturadores, sobretudo nesse pedaço de terra chamado Brasil; por fim, o diabo não se torna inimigo por ser corrupto, essa virtude tão cara ao sistema capitalista. Lúcifer se torna o símbolo da maldade quando se recusa a obedecer a uma norma, quando desafia o poder hegemônico; diz não àquele que tudo vê, tudo sabe, tudo pode.O mito de John Milton serve como analogia perfeita. Os militantes sem-terra são demonizados não porque supostamente violentos, baderneiros e corruptos, como afirma a mídia hegemônica. Os militantes sem-terra são enquadrados dentro do arquétipo da maldade porque ousam dizer "não". O MST diz não à privatização da Vale do Rio Doce; diz não ao monopólio do eucalipto, diz não às sementes transgênicas, diz não ao latifúndio, diz não ao agronegócio, diz não à violência policial contra negros e jovens. Ou seja, recusa-se a aceitar o conjunto de normas que fundamenta o projeto capitalista para o Brasil.Eis o grande crime do MST: dizer não ao sistema que tudo vê, tudo sabe, tudo pode. Pela rebeldia, enfrentará a fúria dos setores que lutam pela manutenção da exploração do povo brasileiro. Pela justeza de sua causa, receberá o apoio de milhões de brasileiros que ainda não perderam a capacidade de se indignar frente às injustiças. Seremos todos diabos sem-terra. Juntos, vamos lutar e vencer. Como disse outro diabo, o Santo Agostinho: "A esperança tem duas filhas lindas: a raiva e a coragem. A raiva do estado de coisas e a coragem para mudá-lo".


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sábado, 12 de julho de 2008

Escândalos tucanos

Denúncias contra governos de SP e RS revelam mar de lama da direita

Caso Alstom em São Paulo, caso Detran, no Rio Grande do Sul. O mar de lama, alardeado pela direita, pelos caciques do PSDB e do DEM (ex-PFL), e pela imprensa inunda, tudo indica, os quintais daqueles que posam de reis da honestidade e da pureza.

Mau cheiro em São Paulo

Em São Paulo, a notícia de que a empresa francesa Alstom teria distribuído propinas para autoridades estaduais precisou aparecer primeiro no The Wall Street Journal, um dos principais dos EUA, para ser noticiada pela TV Globo, timidamente. O caso envolve denúncias de pagamento de propinas para “azeitar” a venda de equipamentos para o Metrô de São Paulo e para a Usina Hidrelétrica de Ita, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Propinas na América do Sul

Um ex-diretor da Alstom, o engenheiro José Sidnei Colombo Martini, chegou a ser nomeado, em 1999 – no governo de Mário Covas – presidente de uma estatal paulista, a Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE). Dois anos depois, ele mandou comprar dela, sem concorrência, equipamentos no valor de R$ 4,82 bilhões. Os negócios entre a Alstom e o governo paulista superam R$ 1,3 bilhão, em 139 contratos (assinados desde 1989), envolvendo o Metrô, a Cesp, CPTM, CTEEP, Dersa, Eletropaulo, Emae, Prodesp e Sabesp, entre outras estatais. Eles são investigados, desde novembro de 2007, pelas justiças da França e da Suíça, onde a Alstom é acusada de pagar propinas em países da América do Sul e da Ásia.

Lama no governo gaúcho

No Rio Grande do Sul, as revelações estão amparadas em uma prova forte, uma fita divulgada pelo vice governador Paulo Feijó (DEM-RS), que comprova o esquema de corrupção e pode envolver a própria governadora Yeda Crusius. Para apurá-las, a Assembléia gaúcha instaurou a CPI do Detran, que vai investigar fraudes que chegam a R$ 44 milhões no Detran gaúcho. As provas contra a Yeda Crusius se acumulam, sendo forte a pressão para a cassação de seu mandato. Isso seria um grande vexame nacional para os caciques do PSDB que posam de “guardiões da ética”. Com a revelação das fitas comprometedoras, Yeda e Paulo Feijó tornaram-se inimigos políticos, e a governadora acusa o vice de querer implodir seu governo.

Protesto tratado a porrete

Quando estudantes, trabalhadores e agricultores foram para as ruas protestar contra Yeda, no dia 11, a reação da governadora não podia ter sido pior: ela mandou a Brigada Militar impedir que a manifestação se aproximasse do palácio do governo. A consequência lembrou a ditadura militar: violência policial, cassetetes, balas de borracha e bombas de efeito moral contra os manifestantes. No total, 12 manifestantes e quatro policiais ficaram feridos. Doze manifestantes foram presos, inclusive o motorista do carro de som e os músicos levados para animar o protesto.

Leia o original em Classe Operária


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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Qual das Liberdades, "seu" Mário?

O senhor Mário Vargas Llosa - e uso o termo "senhor" no sentido de senhor de escravos - disse hoje que "os cidadãos dos países democráticos têm "a obrigação moral de ajudar os cubanos a recuperarem a liberdade"". É de fundamental importância que o "seu" Mário esclareça alguns pontos dessa bela frase.
Em primeiro lugar, quais cidadãos? Os detentores do poder econômico que acumulam fortunas às custas do trabalho mal pago dos operários e camponeses, ou os cidadãos excluídos do processo social, vítimas do analfabetismo, da prostituição, das doenças e da exploração perpetrada pelos acumuladores de capital? Dos banqueiros ou das vítimas dos agiotas?
Em segundo lugar, quais países democráticos? Os Estados Unidos da América, onde a maioria deseja o fim da ocupação do Iraque e do Afeganistão e o fim das mortes da sua juventude, mas que,"democraticamente" se mantém atolado nessas guerras covardes? Ou Porto Rico que é mantido contra vontade de seu povo atrelado ao poder colonialista como "Estado Associado" aos EUA? Ou talvez seja a "democrática" Colômbia ou o "libertado" Iraque? Quem sabe a Espanha, que ao brincar de reizinho se julga no direito de mandar um Chefe de Estado, eleito pela maioria do povo, calar a boca? Pode ser que os "países democráticos" citados sejam os emirados árabes vassalos da política expansionista norte-americana onde os príncipes usam privadas do ouro e o povo amarga a miséria. Qual desses, senhor? Qual desses?
Em terceiro lugar, que moral? A que impede o acesso da maioria do povo à assistência médica? A que explora e acumula bens com a prostituição infantil, com o tráfico de drogas e com a ignorância do povo? Ou aquela que acha justo destruir o planeta em nome da geração de bens materiais?
A mais importante definição, no entanto, e que urge esclarecer o mais breve possível, é a que liberdade se refere o escrevinhador. A liberdade de observar a limousine que transporta o magnata ao mesmo tempo em que se recolhe o lixo para alimentar os filhos? Ou a de poder achar que, se tiver chance, um dia será rico, não importando o fato de que para que exista um rico seja necessária a existência de 10.000 pobres? Talvez esteja sendo referida a liberdade de expressar a idéia que é melhor para os titulares do poder econômico. Será essa? Ou será apenas a liberdade de se poder achar que se é livre?


Por Rosalvo Maciel

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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Hirsch: US$500/barril dentro de três a cinco anos

por Jim Kunstler

O momento da verdade na semana passada foi o aparecimento de Robert Hirsh na CNBC, no programa financeiro matutino "Squawkbox", no qual sugeriu a probabilidade de US$500 por barril de petróleo dentro de "uns três a cinco anos". A apresentadora Becky Quick ficou claramente confusa diante do impassível Sr. Hirsch, autor de um (então) assustador relatório elaborado em 2005 para o Departamento de Energia (desde então mencionado como Relatório Hirsch e enterrado pelo secretário da Energia) que advertia quanto aos medonhos efeitos sobre o modo de vida americano quando a situação do Pico Petrolífero ganhasse velocidade. Talvez o maior contestador da realidade tenha sido o absolutamente idiota Larry Kudlow no show da noite sobre dinheiro, o qual se manteve a repetir a lenga-lenga "furem, fure, furem" quando lhe apresentaram sinais de que alguma outra coisa além dos "especuladores do petróleo" estava a conduzir os preços para cima e a criar escassez global. Estes idiotas retornam sempre ao amuleto de que "há muito petróleo fora daqui". O que eles não percebem é que mesmo no momento em que o mundo está a desfrutar o pico máximo da produção de todos os tempos (algo em torno dos 85 milhões de barris por dia), aquele mesmo mundo está a exigir pelo menos 86 milhões de barris – assim mesmo que se pense que há mais petróleo do que nunca, não há bastante. E o fosso só pode ficar maior. A diferença entre o que está disponível e o que é procurado está a ser sentida pelos países pobres e pessoas pobres nos países mais ricos. Os países do Terceiro Mundo que não têm petróleo estão simplesmente a retirar-se do mercado, e as classes mais baixas nos EUA estão a ter de escolher entre comprar gasolina e velveeta [1] . As inundações no cinturão do milho certamente agravarão o problema aqui nos EUA. Intervalos para almoço em breve podem ser uma coisa do passado para a WalMart Associates. Talvez eles se ponham apenas a jogar video games nos seus celulares no estacionamento de carros a fim de aliviar a fome. Enquanto isso, a noção de que furar furar furar no offshore dos EUA e mais acima no Alasca resolverá este problema mostra quão incrivelmente desinformados estão os noticiários dos próprios media. A probabilidade de ser encontrada qualquer coisa ao largo da Califórnia ou da Florida é próxima de zero, mesmo que compensasse em parte o esgotamento em curso no punhado de velhos e estabelecidos campos super-gigantes dos quais o mundo obtém a maior parte do petróleo. A propósito, apoio a idéia de furar na Reserva Natural do Alasca porque penso que isto pode ser feito de um modo higiênico e, o mais importante, faria com que os cornucopianos idiotas, imbecis da extrema-direita, finalmente calassem a boca acerca disso – antes de descobrirem que aquilo contém menos da metade do abastecimento anual de petróleo dos EUA às atuais taxas de utilização. Também na frente do "enquanto isso", a reunião de domingo da OPEP, em Jeddah, Arábia Saudita, foi simplesmente uma evasão desesperada, uma fantochada, um teatro kabuki de impotência. Mais uma vez os sauditas estão a pretender que podem aumentar a sua produção – em resumo, a pretender que realmente têm algum poder no jogo. Como destacou Jeffrey Brown em THEOILDRUM.COM, o reino ainda mostrará um firme declínio de três anos em relação às suas taxas de produção de 2005 mesmo se fossem capazes de aumentar a produção atual tanto quanto eles dizem que farão em 2008. Toda esta realidade principia a penetrar a consciência coletiva nos EUA, mas o resultado é sobretudo pânico ou descrença paralisada ao invés de qualquer conjunto de respostas inteligentes. Exemplo: recebi um telefonema de um dos produtores do Katie Couric no noticiário da CBS de sexta-feira. De algum modo, eles perceberam que os preços do petróleo estavam a tornar-se um problema na América. Chamaram-me para um comentário. A parte assustadora era que eles estavam claramente a tratar tal questão como uma estória "estilo de vida". Será que eu pensava que mais suburbanos mudar-se-iam para o centro das cidades? E seria isso uma boa coisa...? Eles não tinham a mais mínima pista sobre quão vastamente e profundamente estas dinâmicas afetarão a vida deste país, ou mesmo a nossa capacidade para permanecermos um país. Também, a propósito, isto demonstra como a rede dos noticiários noturnos tornou-se o equivalente das antigas "páginas da mulher" dos jornais diários. O universo paralelo do mundo financeiro está a mostrar a tensão resultante de toda esta ansiedade com o petróleo – uma vez que, afinal de contas, o petróleo é o recurso primário para movimentar economias industriais. Passou-se algum tempo desde que os rapazes a serviço dos banqueiros embarcaram na sua aventura fatal de alquimizar uma nova estirpe mutante de instrumentos de investimento para substituir as velhas ações e títulos, os quais representavam a esperança para a produção do excedente de riqueza da atividade industrial – agora posta em debate pela estória do petróleo. A idéia dos investimentos mutantes era produzir riqueza com nenhuma atividade real produtora de riqueza. Este velho truque, antigamente conhecido como finanças Ponzi ou um "esquema de pirâmide", era naturalmente auto-limitante, e de um modo que acabaria por se demonstrar muito destrutivo para sociedade como um todo. De fato, ele minou fatalmente a legitimidade de todo o sistema financeiro, e iniciou-se um estado de náusea abrangente quando testemunhamos todos a dissolução do fundamento da economia dos EUA sob um tsunami de dívidas que nunca serão reembolsadas. Os mercados parecem saber isto, os atos mais interventivos estão a guinchar mais acerca disso, alguns bancos estão a emitir amedrontadoras advertências "duck-and-cover" [2], utilizando frases de filme de horror tais como “... pior do que na Grande Depressão dos anos 30..." e o público geral está a afundar na areia movediça da bancarrota, devolução aos donos, e ruína. Não estive em quaisquer festas no relvado no Hamptons deste ano, mas imagino que borbulhas eczematosas de ansiedade estão a competir com queimaduras depois de acabado este ano. Realmente, estamos certos de voltar aonde estávamos por esta altura no ano passado, apenas pior. O petróleo duplicou, a comida está terrífica, as barragens romperam-se, as pessoas que dirigem as coisas estão a borrar as calças, e toda a gente está à espera da queda final.
23/Junho/2008

Notas

[1] Tipo de queijo nos EUA.

[2] Duck and Cover era o método sugerido de proteção pessoal contra os efeitos de uma detonação nuclear que o governo dos Estados Unidos ensinou a gerações de escolares dos Estados Unidos desde o fim da década de 1940 até a década de 1980. Este método era suposto protegê-los no caso de um ataque nuclear inesperado o qual, diziam-lhes, podia acontecer a qualquer momento sem advertência. Imediatamente depois de verem um clarão de luz eles tinham de parar o que estavam a fazer e ficar sobre o chão sob alguma cobertura – tal como uma mesa, ou pelo junto à parede – e assumir a posição fetal, deitadas com a cabeça para baixo e cobrindo as cabeças com as mãos. Os críticos consideram que tal treino seria de pouca, se é que alguma, valia em caso de guerra termonuclear, e tinha pouco efeito além de promover um estado de desconforto e paranóia. A finalidade era criar no povo a aceitação da possibilidade da guerra nuclear.


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