Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Nita Freire: ''No Brasil, a elite tem raiva do povo''

Nita Freire, a viúva do educador brasileiro Paulo Freire, está ''indignada'', segundo o portal Viomundo, pelo fato de os promotores gaúchos Luís Felipe de Aguiar Tesheiner e Benhur Biacon Júnior relacionarem o uso do método educacional desenvolvido pelo marido dela nas escolas do Movimento dos Sem-Terra (MST) como uma ''atividade ilegal'' e uma das provas a serem incluídas no processo com o qual pretendem extinguir o Movimento.

''No Brasil a elite tem raiva do povo'', observou Nita, ao protestar contra a menção ao Método Paulo Freire no processo. O educador Paulo Freire passou mais de 15 anos no exílio depois do golpe militar de 1964, que teve como uma de suas primeiras medidas repressivas a proibição do uso no Brasil do método educacional por ele desenvolvido e que tem como base menos teoria e fundamentalmente a observância da realidade.
A viúva de Freire assinalou que a ação do MP gaúcho pró-extinção do MST lhe lembra o marcatismo dos anos 50 nos EUA - o termo se origina na comissão conservadora do Senado americano presidida pelo senador Eugene MacCarthy, que tinha entre seus membros o então senador Richar Nixon, e que elaborou listas e desencadeou perseguições (convocava para depôr à comissão, prendia e impedia de trabalhar) a milhares de cidadãos americanos e estrangeiros que lá viviam acusando-os de comunistas. Muitos não eram.
Ata secreta de reunião de 3 de dezembro pp. e que só recentemente veio a conhecimento público revela que o Conselho Superior do MP do gaúcho constituiu uma força-tarefa para ''promover uma ação civil pública com vistas à dissolução do MST e a declaração de sua ilegalidade a bem da segurança nacional.'' A ata também já aponta as linhas de ataque ao movimento e os caminhos para extingui-lo.

Visão elitista também em Goiás
Na mesma linha de críticas à visão elitista de procuradores em relação a conteúdos educacionais, o deputado Pedro Wilson (PT-GO) criticou matéria publicada pela revista Época desta semana que informa que o Ministério Público Federal (MPF) pediu o cancelamento da curso de Direito exclusivo para assentados rurais e pequenos produtores. Na ação o MPF citou dois motivos para o encerramento do curso oferecido pela Universidade Federal de Goiás, desde agosto do ano passado: que ele restringiria o acesso universal a um curso que todos têm direito constitucional de pleitear; usa recursos do Incra para formar advogados, especialidade que não está em conformidade com o objetivo declarado da reforma agrária, o de fixar as pessoas no campo.
O deputado Pedro Wilson vê preconceito de classe na ação do Ministério Público Federal e na matéria da Época. “Esse viés da inadequação do curso de Direitos para assentados ou pequenos produtores vem da classe dominante que não aceita a revolução e a democratização educacional promovidas pelo Governo Lula. Segundo Pedro Wilson o governo avançou, saiu da política restrita à alfabetização, do apenas ler e escrever, para qualificar o trabalhador. Esses que são contra o curso de Direito são os mesmos que também são contra as cotas nas universidades e contra o ProUni”, criticou.
Para Pedro Wilson é importante sim que os pequenos produtores e os assentados tenham um curso específico de Direito. “Caso contrário eles aprenderão as disciplinas pela ótica dos latifundiários, pela visão daqueles que não entendem a terra como um direito de todos e com finalidade social. Nesse curso específico, eles vão estudar o direito agrário e outras disciplinas que valorizam a pequena propriedade, que valoriza os direitos humanos”, acrescentou.
O deputado destacou que o curso foi criado seguindo todos as exigências legais e teve o seu currículo geral aprovado pelo Conselho Acadêmico da Universidade e pelo Ministério da Educação. Pedro Wilson citou que para ingressar no curso o aluno faz o vestibular como qualquer outro estudante. “Nas avaliações do MEC ele tira nota igual ou superior aos demais alunos e ele ainda tem o compromisso de contribuir com o movimentos sociais e com os agricultores familiares”, acrescentou o petista.
De acordo com o autor da ação, o procurador da República, Raphael Perissé, o convênio firmado entre o Incra e a universidade para criar o curso privilegia um segmento da população em detrimento de outros.

Fontes: Blog do Dirceu e Informes


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quinta-feira, 26 de junho de 2008

REFLEXÕES DE FIDEL

Os Estados Unidos, a Europa e os direitos humanos
• A desprestigiada forma de suspender as sanções a Cuba que acaba de adotar a União Européia em 19 de junho foi abordada por 16 despachos internacionais de imprensa. Não implica em absoluto conseqüência econômica alguma para Cuba. Pelo contrário, as leis extraterritoriais dos Estados Unidos e, portanto, seu bloqueio econômico e financeiro continuam plenamente vigentes. Na minha idade e no meu estado de saúde, não se sabe o tempo que se vai viver, mas desde agora desejo confirmar meu desprezo pela enorme hipocrisia que encerra tal decisão. Isto fica ainda mais evidente quando coincide com a brutal medida européia de expulsar os imigrantes não autorizados procedentes dos países latino-americanos, nalguns dos quais a população em sua maioria é de origem européia. Os emigrantes são, ademais, fruto da exploração colonial, semicolonial e capitalista.

De Cuba, exigem, em nome dos direitos humanos, a impunidade dos que pretendem entregar a pátria e o povo, de pés e mãos atados, ao imperialismo. Até as próprias autoridades do México têm que reconhecer que a máfia de Miami, a serviço do governo dos Estados Unidos, arrebatou pela força ─ ou comprou ─, a um importante contingente de agentes migratórios desse país, dezenas de imigrantes ilegais detidos em Quintana Roo, entre eles, crianças inocentes transportadas à força por arriscados mares e até mães forçadas a emigrar. Os traficantes de pessoas como os de drogas, que têm a seu dispor o maior e mais cobiçado mercado do mundo, colocaram em risco a autoridade e a moral de que necessita qualquer governo para dirigir o Estado, derramando sangue latino-americano por todas as partes, sem contar os que morrem por emigrar através do humilhante muro fronteiriço sobre o que foi território do México.A crise dos alimentos e da energia, as mudanças climáticas e a inflação acossam as nações. A impotência política reina, a ignorância e as ilusões tendem a generalizar-se. Nenhum dos governos, e menos ainda os da República Checa e da Suécia, que eram renitentes à decisão da União Européia, poderiam responder de forma coerente às interrogantes que estão sob o tapete.

Enquanto isso, em Cuba os mercenários e vende-pátrias a serviço do império se descabelam e se rasgam em defesa dos direitos à traição e à impunidade.Tenho muitas coisas que dizer, mas por hoje chega. Não desejo incomodar, mas vivo e penso.

Divulgarei esta Reflexão só pela Internet, hoje, sexta-feira, 20 de junho de 2008.



Fidel Castro

O original está em Granma Internacional


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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Internacionalização – as principais táticas usadas pelo imperialismo

A bandeira do ambientalismo, para o imperialismo, nunca foi uma luta ambiental. Serve para justificar sua pretensão hegemônica. A Amazônia sempre foi vista como reserva estratégica do imperialismo. Ações nesse sentido vão desde a organização da “Companhia Comercial Brasileira de Colonização, Agricultura, criação de gado, fabricação de sal e minerais” – criada em Londres, em 1832, para atuar no Norte do Brasil – até a recente declaração do presidente da Alemanha, Horst Kohler, por ocasião de sua visita ao Brasil em 2007, defendendo uma gestão compartilhada da Amazônia. Para viabilizar seu objetivo o imperialismo já recorreu desde a tática militar até a ciência, passando por “missões religiosas”, pela “defesa” de povos oprimidos e a defesa do meio ambiente. De maneira geral combina mais de uma forma de pressão e, em cada momento, uma determinada tática assume a centralidade. Hoje, a questão ambiental, especialmente a “teoria do bloqueio”, assume a centralidade. No século XIX a centralidade era a ocupação militar. Os insurgentes cabanos foram formalmente procurados pelo império britânico no sentido de separarem a Amazônia do Brasil em troca de proteção militar e apoio material. Recusaram. Fracassada a tática militar, surge a “teoria do arrendamento”, através do Bolivian Sindicate, pelo qual a região do Acre passaria ao controle norte-americano. O povo da região, em armas, pôs fim a esta pretensão. A ciência, então, passa a ser o pretexto. Surge a idéia do Instituto da Hiléia, um organismo supranacional encarregado de “estudar” a Amazônia, onde o Brasil só teria um voto. A teoria de que a Amazônia seria o “pulmão” do mundo justificaria ela ser tratada como “patrimônio da humanidade”, em decorrência de sua elevada complexidade e papel preponderante no equilíbrio ambiental do planeta. Embora a ciência tenha desautorizado tais “certezas cientificas”, a verdade é que a bandeira da Amazônia como “patrimônio da humanidade” nunca mais saiu de pauta. E hoje é esposada, por ignorância teórica ou propósitos inconfessáveis, até por gente que se reivindica de “esquerda”. Quando as queimadas se intensificaram, na década de 1970, a tática central passou a ser a questão ambiental. A bandeira da Amazônia como “patrimônio da humanidade”, ganhou ares de imprescindibilidade. Diversos “especialistas” passaram a defender que a Amazônia não teria capacidade de suportar “pisoteio humano” e as queimadas eram as responsáveis pelo aquecimento global. Sugeriam, na prática, que a Amazônia fosse “desocupada”. É a síntese da “teoria do bloqueio”, cujo objetivo é impedir toda e qualquer utilização de seus recursos naturais, até mesmo para projetos de elevado interesse social e de reduzido impacto ambiental. Hoje, mesmo demonstrada a fragilidade científica dessa opinião, o imperialismo não desiste. Volta com a tese do “arrendamento” de áreas amazônicas e desta feita é vitorioso, na medida em que leis neste sentido, de autoria do Ministério do Meio Ambiente, já foram aprovadas em Brasil, Peru e Colômbia. Como se pode constatar, a bandeira do ambientalismo, para o imperialismo, nunca foi uma luta ambiental. Serve para justificar sua pretensão hegemônica.

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General Marco Aurélio Costa Vieira, ex-comandante da Brigada de Operações Especiais do Exército:

Defesa da nossa soberania se dá com forte presença do Estado na Amazônia
Publicamos hoje os principais trechos de “A defesa de nossa soberania”, palestra do general Marco Aurélio Costa Vieira, então comandante da Brigada de Operações Especiais e atualmente chefe de gabinete do Estado Maior do Exército Brasileiro, proferida na Assembléia de Deus de Campinas, Goiânia, a convite do diácono João Carlos Barreto. A palestra foi realizada em maio de 2005. No entanto, as questões abordadas por ela são ainda mais candentes nos dias de hoje do que há três anos. Por essa razão, a oferecemos para apreciação dos nossos leitores
Euclides da Cunha já dizia: “A imensidão da Amazônia é tão majestosa que de súbita inteligência humana não lhe suporta o peso”. 56% do território nacional, cerca de 5 milhões e 100 mil km². Aí dentro nós temos 15 países da Europa. Apenas a Ilha de Marajó é maior que a Bélgica. Nove soberanias compõem a Amazônia, o Brasil e os vizinhos, 7 milhões de km² a Amazônia completa. São 5 milhões e 100 mil km² no Brasil, 1/20 da superfície terrestre, dois quintos da América do Sul, 1/5 da água doce do mundo, 1/3 das florestas tropicais do mundo - mais de 1/3 -, 3 fusos horários, distribuindo-se em dois hemisférios, com o maior banco genético do planeta.
A vegetação é fundamentalmente de floresta equatorial úmida, seu maior ecossistema. Entretanto, temos campos como se fosse o pampa gaúcho, em Roraima e Rondônia, principalmente. O clima é quente, e a temperatura varia entre 27ºC e 35ºC, com forte umidade. Temos ouro, estanho, nióbio - 92% do nióbio do mundo se encontra aqui na região de Seis Lagos, ou seja, todo o nióbio do mundo é brasileiro.
Uma observação do famoso barão Von Bismarck, “Recursos naturais nas mãos de nações que não querem ou não podem explorar deixam de se constituir em bens e passam a ser ameaças aos povos que os possuem”, é uma advertência.
Temos cinco milhões e 100 mil quilômetros quadrados e 12% da representação da população, cerca de apenas 2 mil dólares de renda per capita, enquanto no Sul do País a média é quase cinco mil dólares e 40 habitantes por km².
É necessário lembrar que depois do término da Guerra Fria - onde havia uma bipolaridade entre os países chamados aliados da OTAN e os países do pacto de Varsóvia -, com o fim da bipolaridade instituiu-se uma chamada globalização. Esta globalização desviou o eixo de confrontação estratégico que era basicamente Leste-Oeste e passou a acontecer uma confrontação Norte-Sul, fundamentalmente pobres versus ricos, primeiro x terceiros mundos.

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DIMINUI A DESIGUALDADE DE RENDA NO BRASIL

O Índice de Gini mede a desigualdade de um país, varia de 0 a 1; quanto mais perto de 1, maior desigualdade; quando mais perto de zero, menor desigualdade.
O levantamento foi feito a partir dos microdados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE. Os dados completos apresentam a comparação trimestral entre 2002 e 2008 e a renda média do trabalho atualizada até 2008, por décimos da população. Ou seja, valores de renda desde os 10% mais pobres até os 10% mais ricos.
Para a análise, o instituto divide os trabalhadores ocupados em dez faixas, sendo a primeira os 10% com menor renda e, assim por diante, até a última, com os 10% com maiores rendimentos. Os 10% com menor renda registraram aumento de 21,96% nos salários entre 2003 e 2007, passando de R$ 169,22 mensais para R$ 206,38, em média.
Já os 10% com maior renda registraram ganhos de 4,91%, passando de salário médio de R$ 4.625,74 em 2003 para R$ 4.853,03, no mesmo intervalo.
Dentro desse período, a maior variação da baixa renda foi observada entre 2006 e 2007, quando os salários registraram ganho de 9,4%, na média. No mesmo intervalo, a média de aumento salarial foi de 3,2%, considerando todas as faixas de renda. Já o grupo dos maiores rendimentos registrou aumento de 2,6%, em média.


Próximo passo
Para o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, a série de reajustes do salário mínimo acima da inflação e os programas de transferência de renda tiveram impacto fundamental na redução da desigualdade no país.
Apesar de levar em conta apenas algumas regiões metropolitanas do país, essa é a melhor avaliação desde o início do levantamento, em 1960, quando o índice também ficou em 0,50. “É a primeira vez que vemos uma redução do índice de Gini mesmo com o crescimento econômico. Apesar da tendência de redução da desigualdade, ainda estamos no grupo de países em que o índice ficou acima de 0,45, uma diferença primitiva”, afirmou.
Pochmann alertou que, apesar de haver uma melhor divisão da renda proveniente do trabalho, a massa total de rendimentos ainda tem uma participação pequena em relação ao PIB. Em 1995, 48,8% da riqueza do Brasil era composta pela renda da população. Em 2005, esse percentual recuou para 39,1%.
“É necessário um conjunto de outras políticas para fazer os salários aumentarem sua participação na renda nacional [PIB]”, disse o presidente do Ipea. Ele defende que se faça isso por meio da tributação, tornando a cobrança de impostos progressiva para as maiores faixas de renda. Pochmann avalia ainda que a reforma tributária que está no Congresso é tímida em relação a esse ponto.
Para ler o relatório do Ipea, clique aqui.
Do Vermelho com agências

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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Julho-Dezembro de 2008: O mundo mergulha no coração da fase de impacto da crise sistêmica global

Por ocasião deste número 26 do Global Europe Anticipation Bulletin (GEAB), a equipe do LEAP/E2020 decidiu lançar um alerta sobre o período Julho-Dezembro de 2008. Com efeito, doravante nossa equipe está convencida de que este período será caracterizado por um mergulho do conjunto do planeta no coração da fase de impacto da crise sistêmica global. Os seis meses que vem aí vão, portanto constituir o verdadeiro núcleo da crise em curso. As turbulências dos últimos doze meses não foram senão uma fraca premissa.
Com efeito, é no decorrer do próximo semestre que todas as componentes da crise (financeira, monetária, econômica, estratégica, social, política...) irão convergir com a intensidade máxima
[1] . Sem entretanto rever em pormenor as diferenças seqüências já antecipadas nos números anteriores do GEAB, nossos investigadores escolheram apresentar as evoluções das diferentes grandes regiões do planeta nos próximos seis meses. Para fazer isto, optaram por desenvolver oito fenômenos principais que irão marcar os próximos seis meses de maneira decisiva e orientar duradouramente os anos de 2009 e 2010, a saber: 1. O dólar em perdição (1 Euro = 1,75US$ no fim de 2008): Um medo pânico do afundamento da divisa e da economia dos EUA atormenta a psique coletiva americana. 2. Sistema financeiro mundial: A ruptura por causa da impossível manutenção sob a tutela de Washington. 3. União Européia: A periferia afunda na recessão ao passo que o núcleo da zona Euro diminui de velocidade. 4. Ásia: O duplo "golpe de bambu" inflação/afundamento das exportações. 5. América Latina: Dificuldades em aumento mas um crescimento mantido para grande parte da região, com o México e a Argentina em crise. 6. Mundo árabe: Os regimes pro - ocidentais à deriva / 60% de riscos de explosão político-social no eixo Egipto-Marrocos. 7. Irão: Confirmação de 70% de probabilidade de um ataque daqui até Outubro de 2008. 8. Bancos/Bolhas especulativas: A colisão das bolhas. Paralelamente, a equipe do LEAP/E2020 apresenta neste GEAB Nº 26 cinco conselhos estratégicos destinados a bancos centrais, governos e instituições de controle que elaborou nestes últimos meses e cujo objetivo é limitar e canalizar as graves conseqüências da fase de impacto da crise. Para investidores privados, o LEAP/E2020 desenvolve igualmente neste GEAB Nº 26 uma série de oito conselhos operacionais a fim de evitar que comentam erros fatais nos próximos seis meses. Neste comunicado púbico, o LEAP/E2020 optou por apresentar sua antecipação acerca da próxima ruptura do sistema financeiro mundial.
A decisão de Washington de fazer subir os lances em termos de retorno ao "Dólar forte", obrigando Ben Bernanke a intervir, lança as sementes de uma aceleração do processo de ruptura do sistema financeiro mundial
[2] . Com efeito, Ben Bernanke é a última muralha antes da tomada de consciência definitiva por parte dos principais detentores de divisas americanas e de ativos denominados em Dólares de que Washington já não tem os meios de sustentar a sua moeda. Aquilo que, no princípio de 2006 (com o fim da publicação do M3 pelo Fed), correspondia a uma política deliberada de baixa do dólar a fim de tentar reduzir o déficit comercial americano e limitar o valor real (para os Estados Unidos) do seu endividamento mundial (que é denominado em dólar), voltou-se contra os seus iniciadores e transforma-se numa fuga generalizada para fora dos Estados Unidos (fuga de capitais, estabilidade dos déficits comerciais, aumento da inflação, ...). A carta "Bernanke" é a última carta "psicológica" que Washington pode jogar. O fato de utilizá-la mostra que os dirigentes americanos atingiram os maiores extremos par tentar reter seus parceiros no sistema criado após 1945, fundado sobre a economia dos Estados Unidos e na sua divisa [3] . . Ao empenhar-se neste caminho que não leva a parte alguma, consciente ou inconscientemente, voluntariamente ou não, Ben Bernanke acaba de assinar o fim do atual sistema financeiro. O retorno ao "Dólar forte" é um pouco como a "libertação do Iraque", um voto piedoso que se transforma em pesadelo.
Aliás, se porventura Washington tivesse realmente a intenção de tentar estabilizar o Dólar ou, mais ambicioso, de fazê-lo subir outra vez face às principais moedas mundiais, não haveria senão um único método
[5] , compreendendo dois aspectos: uma forte alta das taxas de juro do Fed e uma baixa drástica da criação monetária. Se as autoridades americanas decidissem executar esta política, a economia americana (real e financeira) pararia nas semanas que se seguissem: o mercado imobiliário cairia a zero sem créditos abordáveis e devido a uma explosão dos juros sobre as famílias endividadas a taxas variáveis, o consumo americano tornar-se-ia negativo (ou seja, recuaria mês após mês), as falências de empresas multiplicar-se-iam de maneira exponencial, Wall Street entraria em colapso sob o peso das suas dívidas múltiplas e sucumbiria à implosão imediata do mercado do CDS devido aos incumprimentos generalizados dos co-contratantes... Estes acontecimentos, absolutamente certo no caso de uma ação voluntarista de Washington em favor do Dólar forte, são sem dúvida inaceitáveis para as autoridades americanas. Portanto, além de falar, e de se desacreditar ainda mais, elas nada farão. O método tradicional destas últimas décadas não é mais encarável: ninguém mais aceitará comprar Dólares maciçamente para salvar a divisa americana sem uma ação muito voluntarista (aquela descrita anteriormente) por parte de Washington. Como este não intervirá, o resto do mundo tirará as conclusões necessárias: cada um por si doravante. E não se pode esquecer em meados de Agosto de 2008, Pequim estará aliviada do constrangimento de fazer a todo o custo com que os Jogos Olímpicos tenham êxito. Portanto um grande número de opções "brutais" [6] , postas em fila de espera até os Jogos Olímpicos, vão retornar à superfície [7] .
15/Junho/2008

Notas: (1) Para um calendário mais pormenorizado destas tendências, ver GEAB N° 18.

(2) Aliás, o Banque des Règlements Internationaux já se inquieta com o risco de uma Grande Depressão Mundial. Fonte: Banking Times , 09/06/2008

(3) Fonte: Euro Pacific Capital , 23/05/2008

(4) Ver a respeito, neste GEAB N°26, os conselhos de LEAP/E2020 aos bancos centrais, governos e instituições de controle.

(5) Afastamos o segundo método que consistiria em bombardear o BCE, o Banco da China e o Banco do Japão.

(6) Fonte: ContreInfo , 21/04/2008

(7) E com a Rússia a impor-se doravante como o primeiro produtor mundial de petróleo, diante da Arábia Saudita, as relações de força no mercado petrolífero também estão em vias de mudar rapidamente. Fonte: Times of India , 12/06/2008

O original encontra-se em http://www.leap2020.eu/ Este comunicado público encontra-se em http://resistir.info/ .


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sexta-feira, 20 de junho de 2008

PORTUGAL
Uma visita ao Brasil

Como noticiou o Avante! uma delegação do PCP, dirigida pelo camarada Jerônimo de Sousa, visitou o Brasil entre os dias 9 e 13 de Junho. Uma importante visita realizada a convite do Partido Comunista do Brasil com a duração de cinco dias e com deslocações a três cidades – São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro – que contribuiu fortemente para o reforço das relações de amizade e cooperação entre o PCP e o Partido Comunista do Brasil e para o aprofundamento do conhecimento sobre a complexa situação econômica, social e política desse país «continente» que é o Brasil.

Uma visita que se marcou por uma intensa agenda de contatos não só no plano partidário – a delegação do PCP realizou reuniões ao mais alto nível com o PCdoB, com alguns dos mais importantes partidos que compõem hoje a base de sustentação do Governo presidido por Lula da Silva (nomeadamente com o Partido dos Trabalhadores) e com o Partido Comunista Brasileiro – mas também no plano das Instituições de Estado, com a realização de encontros com altas figuras do Estado brasileiro como o Vice-Presidente da República do Brasil, o Presidente da Câmara de Deputados e o Presidente do Senado Federal, entre vários outros membros do Governo, da Presidência da República e da Câmara de Deputados do Brasil.

Uma visita que apesar de intensa no plano dos contatos oficiais não deixou de dar atenção às relações bilaterais do PCP no Brasil, que abriu portas a novas linhas de cooperação entre o PCP e o PCdoB que terão já no mês de Julho um outro importante momento com a visita de uma delegação do PCdoB, dirigida pelo seu Presidente Renato Rabelo, a Portugal.

Mas, uma visita que também não esqueceu a comunidade portuguesa residente no Brasil com a realização de encontros com a organização do PCP na emigração e com a visita à Casa de Portugal em São Paulo, recebida pelo Conselho das Comunidades Portuguesas no Brasil. Uma visita que fecharia com «chave de ouro» no seu último dia com a realização de uma visita da delegação do PCP ao arquiteto comunista Oscar Niemeyer com um encontro realizado em ambiente de profunda amizade e fraternidade.

No final de uma visita tão completa do ponto de vista político, institucional e cultural o sentimento que prevalece é de esperança no futuro daquele grande país e povo e no papel dos comunistas brasileiros. Uma esperança que não pode ser desligada do atual momento e tendências que se experimentam na América Latina. Tal como o restante subcontinente, o Brasil é hoje também um imenso laboratório social e político, marcado ainda pelas contradições resultantes da prevalência do sistema econômico, social e político capitalista na sociedade brasileira e da heterogênea base de apoio político do atual governo. Mas um país onde os esforços para afirmar a soberania do Brasil, desenvolver as suas forças produtivas, retirar da pobreza grandes massas da população brasileira, avançar para uma distribuição justa da riqueza produzida e para desenvolver uma política externa de solidariedade e cooperação com vários países da América Latina – o Brasil é hoje o principal parceiro econômico de Cuba – respeitando a sua soberania, nos parecem genuínos.

Uma visita importante para o PCP e as suas relações internacionais. Mas uma visita também importante para o nosso País e para as relações entre os povos do Brasil e de Portugal, cujo silenciamento escandaloso a que foi votada pela comunicação social portuguesa só pode ser explicado pelo anticomunismo mais primário.


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Aumenta o repúdio a Guantánamo e à ocupação

O Supremo Tribunal dos EUA decidiu que os detidos de Guantánamo têm direito a recorrer nos tribunais civis norte-americanos, contrariando a administração Bush, contestada na Europa pelos crimes cometidos na chamada «guerra contra o terrorismo» e no Iraque pela chantagem visando manutenção da ocupação.

Dias depois de um tribunal militar instalado em Guantánamo ter começado a julgar cinco presumíveis envolvidos nos atentados de 11 de Setembro em Nova Iorque, entre os quais Khalid Sheikh Mohammed, tido como o cabeça da operação, a máxima instância judicial norte-americana deslegitima o julgamento iniciado na base naval.

A decisão tomada quinta-feira, 12, pelo Supremo Tribunal dos Estados Unidos, representa um duro golpe contra a administração Bush e a interpretação da Casa Branca no que concerne aos direitos dos detidos em Guantánamo, não apenas pelo seu conteúdo, mas também pela consistência com dois acórdãos anteriores sobre a mesma matéria.

O que o Supremo aprovou, por cinco votos contra quatro, foi a suspensão de uma lei, em vigor desde 2006, usada por Washington para impedir que os 270 presos possam recorrer aos tribunais civis. «As leis e a Constituição são pensadas para sobreviver, e continuar em vigor, mesmo durante circunstâncias extraordinárias», disseram os juízes.

Reagindo à decisão que abrange os 270 homens em cativeiro desde 2001, a Alta Comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Louise Arbor, considerou que agora os detidos têm caminho aberto para contestarem no sistema judicial regular dos EUA a sua permanência em Guantánamo, e que a apreciação sobre a situação deve ser a mais célere possível.

A sentença do Supremo surgiu na mesma semana em que o Comitê da ONU para os Direitos da Criança criticou os EUA por manterem encarcerados no Iraque, Afeganistão e Guantánamo várias crianças. De acordo com os dados divulgados por Radhika Coomaraswamy, representante especial das Nações Unidas, só no Iraque encontram-se presas mais de 1500 crianças, um terço das quais sob vigilância direta do exército norte-americano. Acresce, de acordo com Coomaraswamy, que os menores são considerados por Washington como prisioneiros de guerra e julgados em tribunais militares sem qualquer contemplação pelos direitos fundamentais inerentes a qualquer ser humano e pelo fato de se tratarem de meninos soldados.

Ocupantes e aliados

Entretanto, esta semana, George W. Bush chegou à Inglaterra para uma visita ao fiel aliado nas guerras de invasão e ocupação do Iraque e Afeganistão, naquela que será muito provavelmente a sua última visita oficial antes de abandonar a sala oval.

Para além de uma operação de (chá)rme com a monarca Elizabeth II no Castelo de Windsor, o presidente norte-americano jantou com Gordon Brown na residência do primeiro-ministro britânico. Como entrada, Bush brindou Brown com uma entrevista no The Observer onde afirma estar «confiante de que, tal como eu, [Brown] escutará os nossos comandantes para assegurar que os sacrifícios feitos até agora não tenham sido em vão», isto é, é melhor o governo de Londres nem equacionar o estabelecimento de um calendário para a retirada do Iraque.

Na capital inglesa e na capital da Irlanda do Norte, Belfast, onde Bush também esteve, ocorreram manifestações de repúdio ao presidente norte-americano, acusando-o de, juntamente com Blair, ser responsável por crimes de guerra no Iraque, Afeganistão, nas prisões secretas do Leste da Europa e do Magrebe, e exigindo o fim das ocupações e o encerramento imediato de Guantánamo.

Milhares contra governo e ocupação

Os protestos que acompanharam a passagem de Bush pela Europa sucederam à manifestação que, no passado dia 6, milhares de iraquianos realizaram na cidade de Kerbala, a Sul de Bagdá.

Os populares contestaram veementemente um possível pacto entre os EUA e o governo colaboracionista do Iraque cujo objetivo é perpetuar a presença norte-americana no território. Os termos do alegado pacto legitimariam a manutenção no Iraque de mais de 150 mil soldados, cerca de 50 bases militares e milhares de mercenários gozando de imunidade legal e liberdade de atuação.

Fontes do governo iraquiano informaram que o acordo não será aceito, mas segundo o The Independente, os EUA têm um valioso trunfo. O periódico britânico noticiou que no Banco da Reserva Federal de Novo Iorque, Washington mantém seqüestrados qualquer coisa como 50 bilhões de dólares do Iraque, montante que estará supostamente sendo usado como forma de pressão sobre Bagdá para que subscreva a condição de país eternamente ocupado.
Leia o original em Avante


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HÁ FUTURO NO CAPITALISMO?

Frei Betto

A modernidade está em crise. Seu início coincide com o Renascimento, o descobrimento da América e do Brasil, a passagem da era medieval, feudal, para o mercantilismo e, em seguida, ao capitalismo. Vivemos, hoje, não uma época de mudanças, mas uma mudança de época. No milênio que começa, emerge algo imprecisamente chamado pós-modernidade, que se insinua bem diferente de tudo o que nos antecedeu, imprimindo novos paradigmas.
Na Idade Média, a cultura girava em torno da idéia de Deus. Na modernidade, centra-se no ser humano. Episódio característico da modernidade ocorreu em 1682, quando mister Halley, baseado exclusivamente em cálculos matemáticos - pois não dispunha de aparelhos -, previu que um cometa voltaria a aparecer nos céus de Londres dentro de 76 anos. Na ocasião, muitos disseram: “Este homem é louco! Como, fechado em seu escritório, baseado em cálculos feitos no papel, pode prever o movimento dos astros no céu? Quem, senão Deus, domina a abóbada celestial?”.
Mister Halley morreu em 1742, antes de se completarem os 76 anos previstos. Po­rém, muitos ficaram atentos e, exatamente na data prevista, em 1758, o cometa, que hoje leva o seu nome, voltou a iluminar os céus de Londres. Era a glória da razão!
“Se é assim,” disseram, “então a razão haverá de resolver todos os dramas humanos! Criará um mundo de luzes, de progresso, de saciedade, de alegria!”
Tudo muito bonito e lógico; mas cinco séculos depois o saldo não é dos mais positivos. Os dados são da FAO: somos 6,5 bilhões de pessoas no planeta, das quais metade vive abaixo da faixa da pobreza, e 854 milhões sobrevivem com fome crônica. Nada indica que se cumpram, até 2015, as Metas do Milênio da ONU, entre as quais a erradicação da miséria.
Há quem afirme que o problema da fome é causado pelo excesso de bocas. Em função disso, propõem o controle da natalidade. Oponho-me ao controle, e sou favorável ao planejamento familiar. O primeiro é compulsório, o segundo respeita a liberdade do casal. E não aceito o argumento de que há bocas em demasia. Nem falta de alimentos. Segundo a FAO, o mundo produz o suficiente para alimentar 11 bilhões de bocas. O que há é falta de justiça, excessiva concentração da riqueza em mãos de uns poucos e, agora, etanol para abastecer veículos em vez de alimentos para nutrir pessoas.
Outrora falava-se em trabalho. Sentíamos orgulho de dizer: “Olha, meu pai educou a família trabalhando trinta anos na rede ferroviária”; “Minha mãe foi professora vinte e tantos anos”. O trabalho era fator de identidade. Ainda alcancei a geração que tinha o privilégio de falar em vocação. Posteriormente, deixou-se de falar em vocação. Falava-se em profissão: “Qual a sua profissão?” Hoje fala-se em emprego, e olhe lá! Não se menciona mais trabalho, porque infelizmente o fator de identidade social não é o trabalho, é estar no mercado.
Há futuro para a humanidade dentro do paradigma capitalista?

Frei Betto é escritor, autor de “Típicos Tipos – perfis literários” (A Girafa), entre outros livros.

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quinta-feira, 19 de junho de 2008

Um predador ferido é ainda mais perigoso

Noam Chomsky in The Guardian

No Médio Oriente, rico em energia, só dois países deixaram de se subordinar às exigências fundamentais de Washington: Irã e Síria. E, como seria de esperar, os dois são inimigos, sendo o Irã, de longe, o mais importante. Como era norma na Guerra Fria, o recurso à violência é regularmente justificado como uma reação à influência maligna do inimigo principal, frequentemente com os mais débeis dos pretextos. Não surpreende que, à medida que Bush envia mais tropas para o Iraque, se multipliquem as referências à interferência do Irã nos assuntos internos do Iraque – um país, de outro modo, liberto de qualquer interferência estrangeira – sob o tácito pressuposto de que Washington domina o mundo.

Na mentalidade de Guerra Fria, característica de Washington, Teerã é retratado como o pináculo do chamado crescente xiita, que se estende do Irã ao Hezbollah no Líbano, passando pelo Iraque meridional e pela Síria xiitas. Também não surpreende que a “insurreição” no Iraque e a escalada de ameaças e acusações contra o Irã sejam acompanhadas da rancorosa disposição de assistir a uma conferência de potências regionais, com a agenda limitada ao Iraque.

Presumivelmente, este gesto mínimo de diplomacia pretende apaziguar os crescentes temores e a indignação suscitados pela agressividade acrescida de Washington. Tais preocupações foram recentemente alimentadas por um detalhado estudo do “efeito iraquiano” escrito pelos peritos em terrorismo Peter Bergen e Paul Cruickshank, que revelou que a guerra do Iraque «multiplicou por sete a atividade terrorista à escala planetária». Um “efeito iraniano” poderia ser ainda mais grave.

Para os Estados Unidos, a questão principal no Médio Oriente foi e continua a ser o controle efetivo dos seus recursos energéticos sem paralelo. O acesso é uma questão secundária. Uma vez embarcado, o petróleo pode ir para qualquer parte. O controle é entendido como um instrumento de dominação global. A influência iraniana no “crescente” desafia o controle dos EUA. Por um acidente geográfico, os maiores recursos petrolíferos mundiais encontram-se, em grande parte, nas áreas xiitas do Médio Oriente: no Iraque meridional, nas regiões adjacentes da Arábia Saudita e do Irã, juntamente com algumas das maiores reservas de gás natural. O pior pesadelo de Washington seria uma ampla aliança xiita que controlasse o grosso do petróleo mundial independentemente dos Estados Unidos.

Tal bloco, se emergisse, poderia inclusive juntar-se ao Asian Energy Security Grid [Rede Asiática de Segurança Energética], com base na China. O Irã poderia ser um alicerce. Se os planejadores de Bush provocarem tal efeito, terão minado gravemente a posição dominante dos Estados Unidos no mundo.

Para Washington, a principal ofensa de Teerã foi o seu desafio, que remonta à queda do Xá em 1979 e à crise dos reféns na embaixada estadunidense. Como represália, Washington apoiou a agressão de Saddam Hussein contra o Irã, que resultou em centenas de milhares de mortos. Depois vieram sanções homicidas e, com Bush, a rejeição dos esforços diplomáticos do Irã.

Em Julho passado, Israel invadiu o Líbano, a quinta invasão desde 1978. Como antes, o apoio dos EUA foi um fator decisivo, os pretextos rapidamente se desmoronam quando inspecionados, e as conseqüências para o povo libanês são graves. Entre as razões dadas, como pretexto para a invasão do Líbano por parte dos EUA e de Israel, estava a de que os rockets do Hezbollah poderiam ser dissuasórios de um ataque estadunidense­‑israelita ao Irã. Apesar das ameaças, suspeito que não é provável que a administração Bush ataque o Irã. A opinião pública, nos EUA e no resto do mundo, é profundamente contrária. Parece que os militares e os serviços secretos estadunidenses também estão contra. O Irã não pode defender-se de um ataque dos EUA, mas pode replicar de outras maneiras, entre elas incitando ao aumento do caos no Iraque. Alguns emitem alertas que são muito mais graves: entre eles o historiador militar britânico Corelli Barnett, que escreve que «um ataque ao Irã desencadearia efetivamente a terceira guerra mundial».

A verdade é que um predador se torna mais perigoso, e menos previsível, quando está ferido. No desespero para salvar alguma coisa, a administração [Bush] poderia arriscar-se a desastres ainda maiores. A administração Bush gerou uma catástrofe inimaginável no Iraque. Foi incapaz de instituir um estado cliente fiável internamente, e não pode retirar-se sem encarar a possível perda de controle dos recursos energéticos do Médio Oriente.

Entretanto, Washington pode procurar desestabilizar o Irã a partir de dentro. A mistura étnica no Irã é complexa; boa parte da população não é persa. Há tendências separatistas e é provável que Washington procure excitá-las – por exemplo, no Khuzistão, no Golfo, onde está concentrado o petróleo do Irã, uma região de ampla maioria árabe, não persa.

A escalada de ameaças serve também para pressionar terceiros países a juntarem-se aos esforços estadunidenses para estrangular economicamente o Irã, com previsível êxito no caso da Europa. Outra conseqüência previsível, presumivelmente desejada, é induzir os dirigentes iranianos a exacerbar a repressão, fomentando a desordem ao mesmo tempo que se debilita os reformadores.

Também se torna necessário demonizar os dirigentes. No Ocidente qualquer declaração rude do Presidente Ahmadinejad circula em manchetes, traduzida de maneira duvidosa. Mas Ahmadinejad não tem controle sobre a política externa, que está nas mãos do seu superior, o Dirigente Supremo Ayatollah Ali Khamenei. Os meios de comunicação estadunidenses tendem a ignorar as declarações de Khamenei, sobretudo se são conciliadoras. Informam com alarde selvagem que Ahmadinejad disse que Israel não deveria existir – mas há silêncio quando Khamenei diz que o Irã apóia a posição da Liga Árabe na questão Israel-Palestina, a qual apela à normalização das relações com Israel, se aceitar o consenso internacional de um estabelecimento de dois estados.

A invasão estadunidense do Iraque praticamente instruiu o Irã a desenvolver armas nucleares dissuasórias. A mensagem era que os EUA atacam como querem, desde que o objetivo esteja desprotegido. O Irã encontra­­­‑se agora rodeado por forças estadunidenses no Afeganistão, no Iraque, na Turquia e no Golfo Pérsico, e tem muito perto as potências nucleares Paquistão e Israel, a superpotência regional, graças ao apoio dos EUA.

Em 2003, o Irã propôs negociações sobre todas as questões importantes, incluindo as políticas nucleares e as relações Israel-Palestina. A resposta de Washington foi censurar o diplomata suíço que trouxe a proposta. No ano seguinte, a UE e o Irã chegaram a um acordo de que o Irã suspenderia o enriquecimento de urânio; em troca, a UE proporcionava «garantias firmes em matéria de segurança» – uma alusão critica às ameaças estadunidenses­‑israelitas de bombardear o Irã.

Aparentemente sob pressão estadunidense, a Europa não cumpriu o acordo. O Irã recomeçou então o enriquecimento de urânio. Um verdadeiro interesse em impedir o desenvolvimento de armamento nuclear no Irã teria levado Washington a implementar o acordo conseguido pela UE, a concordar com negociações significativas e a juntar-se a outros nos esforços para integrar o Irã no sistema econômico internacional.


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quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Rio Grande mergulhado na lama III

Nos últimos meses, a governadora Yeda Crusius (PSDB) vem tentando diminuir a participação de Lair Ferst na campanha de 2006. Diversos testemunhos, entre eles o do vice-governador Paulo Feijó (DEM), afirmam que Ferst teve um papel importante na campanha, especialmente no 2° turno, trabalhando na captação de recursos. Yeda já definiu a participação de Lair como a de um mero militante, um carregador de bandeira e até mesmo como um “papagaio de pirata”. Pois Lair aparece em mais uma foto importante da campanha, como mostrou hoje o deputado Elvino Bohn Gasss (PT), na CPI do Detran. É uma foto de comemoração da vitória de Yeda na eleição. Lair aparece brindando (fundo, à direita), junto com nomes-chave da campanha, como Carlos Crusius, Delson Martini (outro que diz não ter participado da campanha), Marcelo Cavalcante, Onyx Lorenzoni e Paulo Feijó. Todos da coordenação da campanha...
Acesse: RS Urgente
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domingo, 15 de junho de 2008

EUA VINCULADOS À MÁFIA DE MIAMI

Cuba contra o terrorismo


No passado mês de Maio, o presidente George W. Bush voltou a destilar fel contra Cuba e o caminho de progresso escolhido pelos cubanos, o qual, pela resistência e experiência revolucionária que transmite aos povos do mundo, representa uma espinha cravada na gula do imperialismo norte-americano. Contrastando com as ameaças, Cuba expôs provas inequívocas sobre os vínculos da actual administração dos EUA com a máfia terrorista de Miami e os lacaios que procuram manchar a dignidade de um povo e de um país.

Os documentos divulgados revelam os laços entre a Secção de Interesses dos EUA em Havana, a máfia terrorista de Miami e os grupos que em Cuba promovem a anexação pelo vizinho do Norte. O triângulo sujo envolve, entre outros personagens de baixo calibre, Michael Parmly, responsável pela representação diplomática de Washington em Cuba, Martha Cabello, activista da «dissidência», e Santiago Alvarez, cabecilha da Fundação Resgate Jurídico, detido nos EUA, mas livre de movimentos para a contra-revolução.

Segundo as autoridades cubanas, Parmly e Robert Blau, recentemente promovido a número dois da secção respeitante a Cuba no Departamento de Estado, serviram de «mulas» de transporte de dinheiro proveniente da Fundação de Resgate Jurídico com destino aos mercenários na ilha. Cabello – que recebe 1500 dólares mensais de soldo, para além de outras somas que distribui pelos demais assalariados de Washington em Cuba, igualmente denunciadas publicamente com os respectivos recibos de pagamento –, terá mesmo trocado correspondência com operacionais de Miami dando-lhes instruções precisas sobre como poderiam chegar a Parmly, o «carteiro», como lhe chama, numa ocasião em que o diplomata estava nos EUA e, assim, teria oportunidade de recolher os fundos transportando-os, posteriormente, para Cuba.

Martha Cabello não esconde que recebe o referido «auxílio». Foi a própria quem em conferência de imprensa agradeceu a «ajuda» da Fundação Resgate Jurídico e de outras organizações norte-americanas.

Interessa saber se tudo isto faz parte do chamado anexo secreto do Plano Bush; se a Casa Branca reconhece perante o mundo as acções desenvolvidas pelo seu corpo diplomático em Havana e as ligações com grupos criminosos da Florida, para mais quando insiste no «combate ao terrorismo».

O governo de Cuba exigiu que a administração norte-americana se pronuncie sobre as actividades da Secção de Interesses, tome medidas imediatas para que se cumpram os acordos entre Cuba e os EUA firmados em 1977, e não se violem grosseiramente as disposições da Convenção de Viena sobre relações consulares, as quais ditam expressamente que o conteúdo da bagagem diplomática só pode incluir material destinado ao serviço da embaixada, e nunca, em caso algum, outro cujo objectivo seja a promoção de acções hostis contra o país onde se situa a representação diplomática.

Instado a comentar as denúncias, o porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormak, repetiu, evasivo, que os EUA não violam leis internacionais na sua prática diplomática – esquecendo, certamente, que, em 2003, o então secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, mostrou perante as Nações Unidas provas forjadas sobre a detenção de armas de destruição em massa por parte do Iraque, transparência cujos resultados estão à vista –, mas admitiu que a Casa Branca apoia «actividades humanitárias» enquadradas no Plano Bush para Cuba, embora, insistiu, desconheça os mecanismo de financiamento e acção dos grupos de «dissidentes» e os vínculos destes com a máfia de Miami.

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ONU reafirma o direito de Porto Rico à independência

O Comitê de Descolonização da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por consenso, na segunda-feira, dia 9, a resolução em que reafirma “o direito inalienável do povo porto-riquenho à livre autodeterminação e à independência”, e prossegue exortando “o governo dos Estados Unidos a assumir sua responsabilidade de propiciar um processo que permita que o povo de Porto Rico exerça plenamente seu direito à livre determinação”.
O texto aprovado foi apresentado por Cuba e Venezuela. O governador de Porto Rico, Aníbal Acevedo-Vilá criticou “a posição contraditória do atual governo dos EUA” e sua vontade de levar o povo desse estado, “baseado em premissas equivocadas, ao caminho de território incorporado”.
Os porto-riquenhos têm nacionalidade norte-americana, mas não podem votar em eleições presidenciais ou legislativas e é mantido como uma colônia. A resolução instou também os Estados Unidos a que concluam a devolução dos territórios de Vieques e Ceiba, utilizados para manobras militares e experiências com materiais tóxicos, e que liberte “todos os presos políticos detidos há mais de 20 anos”.
Porto Rico continua sob domínio dos Estados Unidos como parte do chamado botim de guerra, ocupado em 1898 após a vitória de Washington no conflito com Espanha. A dependência colonial dessa ilha está regulada desde 1952 sob o status de Estado Livre Associado. Vários oradores do movimento independentista intervieram exigindo investigações sobre o assassinato em 2005 do dirigente Filiberto Ojda por agentes do FBI.

Original em Hora do Povo


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Dilma, quem atira na ministra?

Que Dilma Rousseff é o alvo, não resta qualquer dúvida. Mal sai do cenário a "novela-denúncia" do dossiê anti-FHC, começa uma nova atração para jornais, revistas e o telejornalismo global que promete encher páginas e telas nos próximos dias: o caso Varig. A trama recente começa com um mistério inédito: quem é o autor? A análise é de Gilson Caroni Filho.

"Ao ouvir tal heresia

A cidade em romaria

Foi beijar a sua mão

O prefeito de joelhos

O bispo de olhos vermelhos

E o banqueiro com um milhão"

(Chico Buarque)

Está estabelecido que o debate político deixa de existir. No lugar dele, crises pautadas para que a agenda da imprensa permaneça no ar e alguma ribalta seja concedida a políticos cuja sobrevida, após 2010, é extremamente duvidosa.Que Dilma Rousseff é o alvo, não resta qualquer dúvida. Mal sai do cenário a "novela-denúncia" do dossiê anti-FHC, começa uma nova atração para jornais, revistas e o telejornalismo global que promete encher páginas e telas nos próximos dias: o caso Varig. A visível fadiga da dramaturgia recorrente parece não ter sido notada por diretores de arte e editores. Mas a trama recente começa com um mistério inédito: quem é o autor? Seria interessante que, ao menos uma vez, um fato político incentivasse o jornalismo investigativo.Quando exercido de fato, ele costuma produzir mudanças importantes no ambiente político. Revela irregularidades no uso do dinheiro público, incapacidade administrativa, fraudes em licitações e inquéritos. Em suma, é no trato republicano da informação que a imprensa reafirma seu caráter de serviço público.No momento em que esse artigo está sendo escrito, uma "nova Denise Abreu", presta depoimento á Comissão de Infra-estrura do Senado. Convertida à Bíblia por obra e graça de irmãs carmelitas, foi categórica em dois pontos: a ministra Dilma Roussef nunca lhe pediu diretamente para atuar em favor de grupo de investidores estrangeiros e seu partido é o da devoção a Deus, “senhor de todas as missões".Como reproduz um desolado Noblat em seu blog "alguém te disse diretamente, faça isso ou aquilo? (...).Sejamos objetivos. A ministra Dilma [Rousseff] não mandaria eu fazer nada. Fui fortemente questionada do porquê estava expedindo um ofício para investigação do capital estrangeiro com entrada oficial pelo Banco Central e do Imposto de Renda (...). Eu fui contestada sim (...). Eu era vista como um dinossauro do direito que queria cobrar documentos desnecessários. O jornalista conclui melancólico: "Os que estavam mais afoitos por revelações de ordens diretas para que Denise atuasse em favor do fundo de investimentos majoritariamente formado por sócios norte-americanos já baixaram a bola". A questão da autoria do enredo se desloca para o terreno transcendental.Seria interessante que a Folha de S.Paulo levasse às últimas conseqüências o que anunciou em editorial, na edição de sexta-feira (6/6). À afirmação do governador José Serra de que as denúncias do caso Alstom seriam o "kit dos petistas em atuação", o jornal respondeu de forma categórica."Eis alguns fatos suficientes para justificar a mais rigorosa investigação (...). Sem dúvida, é o `kit PSDB´ que está operando, com especial eficiência, numa Assembléia Legislativa desfibrada por longos anos de governismo. É também o `kit PSDB´ que, com impavidez a toda prova, se vende para a opinião pública como exemplo de modernidade gerencial.A registrar que a reação de Serra é compreensível. Escândalos envolvendo lideranças tucanas têm sido de tal forma abafados que um noticiário minimamente isento soa como "fogo amigo dos companheiros da Barão de Limeira". É quase de ordem natural que ele pleiteie o mesmo tratamento dispensado à gestão da correligionária Yeda Crusius, governadora do Rio Grande do Sul, no momento em que irregularidades no Detran gaúcho atingem seu núcleo político e a blindagem, a velha operação-abafa, vem em seu socorro.Mas voltemos às novas denúncias contra Dilma Rousseff. Em seu blog, o jornalista Josias de Souza relata que o presidente Lula, em conversa reservada com um assessor, teria achado "curioso que a origem dos ataques à ministra partam, invariavelmente, do PT". Tanto no caso do dossiê quanto no suposto imbróglio da Varig a munição teria partido de pessoas ligadas ao ex-ministro José Dirceu, conclui o articulista da Folha. Conclusão incompleta, ressalte-se, pois omite que quem repassou as informações para a imprensa foi o assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).Se o ex-chefe da Casa Civil hoje se dedica, entre outras atividades, a prestar consultoria a grandes grupos empresariais, isso, por si, o tornaria suspeito? E a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Denise Abreu? Teria deixado de ser a mulher que, segundo colunistas de "boa cepa", usou o cargo para beneficiar amigos e, subitamente, se transformou em fonte fidedigna? A nova musa de editores, prontos a lhe oferecer o discreto charme de uma piteira em substituição ao famoso charuto, que lhe valeu um epíteto? Como se vê, não faltam suspenses na nova produção jornalística. O pecado capital do enredo é a ausência de uma história verossímil, baseada em documentos probatórios. Para que ela surja é necessário,ainda, uma cobertura correta, algo que, paradoxalmente, pode retirar seu valor de troca para os aliados no campo político.Em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, a ministra disse que o governo no episódio limitou-se a esperar que o judiciário decretasse a falência do grupo, para que a empresa pudesse ser vendida. E afirmou que não acredita em "fogo amigo". Mas, seguindo metodologia consagrada na redação da TV Globo, façamos mero exercício de exploração de hipóteses. Quem seria o atirador e quais suas motivações?Muita mais gente graúda dentro do PT estaria tentando garantir a indicação de alguém de dentro do partido para a sucessão de Lula em 2010. A avaliação é que Lula levará, inevitavelmente, o seu candidato para o segundo turno e, aí, tudo pode acontecer, até eleger um candidato sem grandes apelos populares no momento. Seria o caso de Tarso Genro, Patrus Ananias e Marta Suplicy, por exemplo. Não valeria apurar com mais precisão? Ou é melhor não rastrear o "fogo amigo" se ele for útil a objetivos maiores? A interlocução cordial com os senadores tucanos Sérgio Guerra, Flexa Ribeiro e Arthur Vírgilio parece desvendar o mistério inicial.Dilma não é um quadro orgânico, não está vinculada/comprometida com corrente alguma. Isso, segundo alguns analistas, também não entusiasmaria algumas lideranças do PT gaúcho, pois caso ela não saia para concorrer ao Planalto – e se o PAC emplacar, até inícios de 2010, 60% das obras – seria muito difícil impedir sua candidatura ao governo do Rio Grande do Sul. Lula sabe de tudo isso. E Dilma também. É licito imaginar que os dois tenham se lançado ao Planalto para ocupar espaço político antes das eleições de 2010, pois apenas o PSDB (Serra/Aécio) e, com menos visibilidade, o PSB (Ciro) aparecem para a opinião pública como candidatos para 2010.Assim, antes do depoimento de Denise, era possível conjecturar que o fogo contra a ministra-chefe da Casa Civil podia vir de qualquer lugar, de amigos e inimigos: oposição, direção nacional, paulistas, gaúchos etc. Dilma seria a Geni da vez. Agora, no entanto, com a afirmação da espiritualizada advogada de que a ministra nunca exerceu qualquer tipo de pressão, uma coisa é certa: jornalistas experientes sabem quem pilota o zepelim que paira sobre os edifícios. A artilharia vem dos senhores da direita.Seria uma inflexão admirável se alguns editores, inspirados na poética de Chico Buarque, proferissem a sentença do comandante: "Mudei de idéia". Pelo que foi dito até agora no Senado, todos os indícios apontam para Deus. Será ele quem pilota o enorme zepelim do atraso? A continuar assim, “a cidade apavorada, quedará paralisada, pronta pra virar geléia."Contra uma agenda que nos quer caminhando para trás na história, é hora de as forças progressistas contra-atacarem com igual intensidade. E, de preferência, mirarem no plano terreno.

O original encontra-se em Carta Maior


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sábado, 14 de junho de 2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Depois de 120 anos da abolição, racismo continua


Em maio, quando se comemorou os 120 anos do fim da escravidão no Brasil, foram divulgados alguns estudos sobre a situação atual dos negros. Eles são 45% da população (6% pretos e 39% pardos). Ou seja, quase metade dos brasileiros. Os que se declaram brancos são 54%, de acordo
com o IBGE.
Mostra, mais uma vez, que o preconceito racial continua a existir no Brasil. Um exemplo, mostrado pela pesquisa do Ibope, é a participação dos negros em cargos de chefia: só 3,5% dos egros (e 0,5% das mulheres negras) ocupam cargos desse tipo. Boa parte disso se deve ao fato de que os negros, historicamente, tiveram menos acesso à educação de qualidade em comparação com os brancos. Mas a explicação principal é o racismo: “o senso comum é de que o negro não tem qualificação ou competência intelectual. Assim ele é visto”, diz José Vicente, reitor da Unipalmares.
Pensando em promover políticas para diminuir as diferenças entre brancos e negros, a Secretaria da Igualdade Racial fez um estudo, junto com o IBGE, mostrando quais os locais no Brasil onde há maior número de negros. O resultado mostrou que a distribuição desta população hoje corresponde à dos portos onde o tráfico escravista despejava seres humanos
transformados em mercadoria, vindos da África.

Original em Classe Operária
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terça-feira, 10 de junho de 2008

O Rio Grande mergulhado na lama II

Yeda anuncia "gabinete de transição" e critica Polícia Federal

Após gravações que derrubaram chefe da Casa Civil e secretário-geral de governo, governadora anuncia ampla reforma no secretariado. E volta a criticar a atuação da PF a quem chamou de "lado de lá". Vice-governador Paulo Feijó (DEM) desmente governadora e diz que lobista tucano, acusado de integrar quadrilha do Detran, captou recursos durante campanha.

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Marco Aurélio Weissheimer

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segunda-feira, 9 de junho de 2008

O IRAQUE PÓS "LIBERTAÇÃO"

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Continua crítica a situação dos refugiados na fronteira síria!

Segundo o Alto Comissionado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no Iraque viviam 34.000 palestinos antes da invasão estadounidense de 2003. Desde então, muitos sofreram perseguição , ameaças de deportação, mal tratados por parte dos meios de comunicação, detenções arbitrárias, torturas e assassinatos. Desde o início da ocupação têm sido bombardeados e atacados bairros palestinos de Bagdad tais como al-Hurriya e al-Baladiya. Muitos palestinos que viviam no Iraque têm sido assassinados ou encarcerados ou lhes obrigaram a fugir. Muitos deles foram desalojados de suas casas à força e em um primeiro momento acharam refúgio em barracas de campanha no estádio de Haifa, em Bagdad.
Segundo a ACNUR, cerca de 21.000 palestinos abandonaram o país desde 2003, permanecendo no Iraque apenas 13.000.
Alguns palestinos que foram obrigados a abandonar seus lugares no Iraque agora estão desamparados em campos na fronteira síria. Depois de quatro anos, os palestinos que estavam abandonados a sua própria sorte no campo de al-Ruweished, situado no deserto da Jordânia, foram levados ao Canadá e ao Brasil, como se mostra mais abaixo.

Campo de refugiados de al-Hol


Situado no lado sírio da fronteira com o Iraque, a princípio foi criado pelo ACNUR em 1991 para abrigar aos refugiados iraquianos que fugiam do Iraque após a repressão das revoltas depois da Guerra do Golfo (de 1991).
Atualmente há 305 palestinos em al-Hol. 18 dos 19 refugiados que inicialmente fugiram de Bagdad em Outubro de 2005 estão agora no campo de al-Hol. Uma anciã regressou a Bagdad para viver na casa de seus parentes. O resto dos palestinos chego ao campo em maio de 2006. Não têm nenhum estatus legal.

Campo de refugiados de al-Tanaf


Está situado em terra de ninguém na fronteira com a Síria. Aloja 340 refugiados palestinos que foram que fora abandonados à sua sorte neste campo desde maio de 2006. Ultimamente, a população do campo aumentou para 720 pessoas.
O campo está situado a 260 quilômetros da zona povoada mais próxima. Cerca de 10% dos refugiados necessitam tratamento médico, que atualmente não lhes é proporcionado. Até agora, os refugiados os refugiados do campo têm recebido ajuda de organizações locais.
Graças a doações de membros e simpatizantes de al-Awda tem sido proporcionada alguma ajuda econômica e material aos refugiados deste campo.

Campo de refugiados de al-Walid


Está situado do lado iraquiano da fronteira síria, na zona fronteiriça de al-Walid. Criado em 16 de Dezembro de 2006, tem agora mais de 2000 refugiados.
O campo está situado em uma área remota próximo ao campo de al-Tanaf. Até agora os refugiados têm recebido ajuda das organizações locais. O Comité Internacional da Cruz Vermelha e ACNUR Tem proporcionado ajuda material: mantas, fogareiros, cobertas de plástico, barracas de campanha e alimentos.

Campo de refugiados de al-Ruweished


Este campo foi criado em 2003 no lado jordaniano, a uns 70 quilômetros da fronteira com o Iraque, para alojar somálios e curdos iranianos, assim como a palestinos e iraquianos que fugiam da violência no Iraque.
A exceção dos palestinos, quase todos os refugiados que passaram por esse campo foram reacomodados muito rapidamente e outros países, entre eles Austrália, Canadá, Dinamarca, Nova Zelândia, Suécia e EEUU. No entanto, a maioria dos 148 palestinos foram abandonados em al-Ruweished durante mais de quatro anos e só há muito pouco tempo foram removidos para o Brasil depois que o país lhes garantiu asilo. Algumas crianças não haviam recebido nenhuma educação regular durante esses quatro anos. Um ano antes, o Canadá garantiu o asilo a 54 palestinos desse campo.
Al-Awda
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A situação atual não é a escassez de alimentos, mas a morte por fome

por Elson Cconcepción Pérez


"Independentemente da Declaração Final da Cúpula, vimos aqui a inconformidade dos representantes dos povos com a situação da crise alimentar. Certamente, não há tolerância, impõem-se as soluções", disse o primeiro vice-presidente cubano, José Ramón Machado Ventura, após avaliar o resultado da reunião da FAO que termina hoje, quinta-feira, 5 de junho, em Roma.
O primeiro vice-presidente cubano, José Ramón Machado Ventura foi recebido na tarde de 4 de junho, no Vaticano, pelo cardeal Tarcisio Bertone
Numa entrevista coletiva com a mídia cubana credenciada neste importante encontro, assinalou que Cuba apóia a opinião da FAO a respeito de que o tempo acaba, de que a situação de fome não se pode adiar mais; argumentos expostos com muita valentia pelo diretor-geral, Jacques Diouf.
"É bom salientar que não foram apenas os representantes dos países do Sul que colocaram os problemas e alertaram sobre sua gravidade. O próprio representante do papa, cardeal Tarcisio Bertone, deu uma explicação clara sobre a situação e reclamou a solidariedade necessária para resolvê-la", acrescentou.
Lembrou que mais de 100 milhões de toneladas de grãos se empregaram no ano passado na produção de etanol, o qual contribui para o alto custo da fome e da morte.
"A problemática atual não é a escassez de alimentos, mas a morte por fome", enfatizou o dirigente cubano. •


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domingo, 8 de junho de 2008

O Rio Grande mergulhado na lama

A nós, Gaúchos honrados, que historicamente nos levantamos em armas contra todas as formas de injustiça e desonestidade, enche de horror a improbidade, a corrupção, a ganância, a falta de escrúpulos, a forma leviana e imoral de conduzir a administração da pátria de Bento Gonçalves, de Getúlio Vargas, de Prestes, de Leonel Brizola, e de tantos outros que dignificaram a história rio-grandense, por aqueles que hoje, momentaneamente, ocupam o Palácio Piratiní. Os de mais idade, como eu, ainda lembram do tempo em que até mesmo trocar de partido político era de uma atroz indignidade; o quanto era corriqueiro o fato de um prefeito ou um governador, ao fim do mandato, deixar o cargo mais pobre do que quando havia chegado a ele. Hoje uma caterva ocupa os salões para se locupletar com o dinheiro a eles confiado para gerenciar a coisa pública, fechar escolas, sucatear universidades, destruir o patrimônio público e aproveitar as benesses que os mandatos, delegados pelo Povo, lhes permite. Não. Com certeza esse não é o perfil do político gaúcho que sempre se espelhou na honra e na dignidade para governar. Onde a coerência de um Luis Carlos Prestes? Onde a honestidade de um Júlio de Castilhos? Onde a integridade moral de um Raul Pilla, de um Assis Brasil, de um Gaspar Martins, de um Paulo Brossard - para não falar só no passado. Onde a coragem e a coerência de um Brizola? Infelizmente o Rio Grande do Sul, cujas tradições são cultuadas em todo o mundo, está entregue aos magarefes, aos aproveitadores, a estrangeiros que aqui vieram para denegrir o passado e destruir o futuro da Pátria Gaúcha.
R.Maciel
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sábado, 7 de junho de 2008

Manuela D'Ávila: "Vou fazer o que ainda não foi feito"

Em entrevista ao site "Delas", do portal iG, a deputada federal Manuela D'Ávila fala dos desafios da disputa para a prefeitura de Porto Alegre. Manuela é pré-candidata a prefeita pelo PCdoB. Segundo ela, o "mote" da campanha será a vontade de trabalhar. "Vou levar essa vontade pra dentro da prefeitura. Vou fazer o que ainda não foi feito", diz Manuela. Na entrevista, a deputada também reafirma sua adesão às idéias avançadas da esquerda, defende o socialismo e esclarece sobre o protagonismo político da juventude. Como a entrevista foi feita por um site dedicado ao público feminino, Manuela fala também sobre vaidade e sobre a valorização da condição feminina.
Veja, abaixo, a íntegra da entrevista:

Ela é gaúcha, jornalista e foi eleita vereadora em Porto Alegre aos 23 anos. Dois anos depois, elegeu-se deputada federal pelo PCdoB. Agora, seu desafio é enfrentar a concorrência na disputa pela prefeitura de Porto Alegre, e ela garante: “Vou fazer o que ainda não foi feito”. Fã de Marília Pêra, da escritora nicaraguense Gioconda Belli e do grupo norueguês Secret Garden, Manuela d’Ávila deu um banho de simpatia conversando com o iG.

Com a queda do muro de Berlim e tudo o que aconteceu nos últimos anos, é difícil não associar o comunismo a algo quase em desuso. O que tem de novo no comunismo?
O novo são as idéias e os projetos. Cada tentativa de melhorar a vida das pessoas, em bases de igualdade e respeito são, sim, valores comunistas. As antigas fórmulas que a história provou estarem erradas foram abandonadas e hoje o que se visa é que as possibilidades sejam iguais para todos, que o acesso seja igual. Diferenças individuais existem, sempre existirão, e devem ser respeitadas. Nenhuma diferença pode servir de argumento para a exclusão.

O fato de você ser uma mulher jovem e bonita ajuda, de alguma maneira, a mudar a imagem padrão que o povo faz dos políticos?
Na verdade, o que ajuda é eu ter idéias avançadas. Quando estava em campanha, concorri com outras mulheres jovens e bonitas que não ganharam por falta de idéias. Como as pessoas acabam olhando para mim, por eu ser jovem, eu consigo chamar atenção para a retidão e empenho que tenho no meu trabalho. Dá para se fazer acreditar, é a parte mais satisfatória desse clichê! Por outro lado tem o equilíbrio, como no ying yang, onde alguns colegas questionam meu trabalho por conta de eu ser jovem e ser mulher, tentando esvaziar o conteúdo e intenção política das coisas que eu faço e prego. Mas, na verdade, a gente sabe que quem questiona meu trabalho por esse lado nem deve ser levado a sério!

O que é mais difícil na vida política?
Difícil é ver o que ultrapassa o campo das idéias. Quando você tem um colega que defenda idéias diferentes das tuas, que discorda de você, é uma questão de respeitar e tentar aceitar e entender. Mas é péssimo quando acontece o rebaixamento moral e você vê colegas que roubam, ou são corruptos. É muito ruim saber que isso acontece e ver isso acontecer. Muita coisa, muitas propostas aparecem e aparentemente são geniais, coisas boas, mas aí você começa a ver com mais cautela e descobre que por trás dessa “iniciativa bacana” tem tanto interesse escuso... A gente tem que tomar muito cuidado sempre. Não tem espaço para vacilo na política.

Quer dizer que a máxima que diz que o preço da liberdade é a eterna vigilância também se aplica à democracia?
É sim, e é muito difícil conviver com essa política errada. E tem mais, esse tipo de cuidado extremo que a gente tem pra não cair em ciladas gera duas posturas diferentes, da parte do político correto e sério é essa vigilância constante mesmo e a outra é que gera uma imagem padronizada de toda a classe política. O público fica sempre achando que você está abusando, te cobra – algumas vezes – injustamente, e por mais que seja certo que a população cobre o poder público, sabemos que essa prevenção com a classe política não devia ser generalizada. Mas é um dos ossos do ofício.

Você fez parte da UNE. Hoje em dia, a gente vê que os movimentos estudantis não têm mais a força que tiveram no passado. A juventude se desinteressou da política?
Não, a juventude é engajada, eles não podem ser comparados à juventude que combateu a ditadura. Outro dia o Caetano Veloso disse que a juventude daquela época lutou pra essa poder ser diferente. Parte dessa diferença é o fato de eles poderem lutar por seus direitos e reclamar, reivindicar de outras formas. Não é justo comparar, são momentos diferentes.
A juventude brasileira atua em diferentes áreas, à sua maneira. Estão trabalhando da inclusão digital ao movimento Hip Hop. O que não tem é uma transmissão linear entre essas iniciativas da juventude e os políticos. Há um abismo entre a vida real dos jovens e a política, por culpa dos processos políticos que são burocratizados e inacessíveis. Daí a juventude realmente se desinteressa, além da imagem da política em si não ser lá essas coisas por aqui!
Você começou a trabalhar com política ainda muito jovem. Como encontrou espaço?Encontrei porque meu partido (PCdoB) possibilita isso. Aqui não tem disputa pessoal, ego ou vaidade. A gente apóia e defende projetos, não pessoas. Não temos caciques. Isso possibilita que você consiga entrar e se fazer notar através de idéias. Isso não teria acontecido em outro partido.
Você vai concorrer à prefeitura de Porto Alegre, qual vai ser o mote da campanha?A vontade de trabalhar (risos)! Vou levar essa vontade pra dentro da prefeitura. Vou fazer o que ainda não foi feito.
Com tanto trabalho, você consegue tempo para você mesma? Consigo, mas muito pouco! Vejo minha família quando posso, namoro quando dá... (Manuela namora o Deputado Luiz Eduardo Cardoso do PT há 4 meses).

E a vaidade feminina?
Eu nunca fui de perder muito tempo com isso. Gosto muito de cremes hidratantes. É meu único vício. De resto, a praticidade impera! Corto os cabelos uma vez por mês, gosto de manter esse comprimento curto, daí tem que cortar sempre! Faço as unhas pra não roer, acho muito feio unhas roídas. Não tenho muita paciência – nem tempo – para ficar horas numa loja ou batendo perna no shopping. Vou direto ao que quero, compro e pronto!

Qual a melhor coisa de ser mulher?
Eu tenho muito orgulho em ser mulher, sempre tenho. Várias vezes, na política e na vida pessoal, eu percebo que valorizo as coisas numa dimensão mais humana, de afeto. Eu gosto de gostar das pessoas, gosto do afeto que elas despertam em mim. Isso é coisa de mulher, isso nos faz especiais!

Obtido em Vermelho

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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Crise alimentar - que pode a FAO contra a fome do mundo?

O caráter dramático da crise não pode escapar à ninguém, bem como as suas consequências para os países pobres”. Abrindo terça-feira a cimeira da FAO sobre a crise alimentar mundial, o presidente da República italiana, Giorgio Napolitano, colocou imediatamente sob o sinal das perturbações que golpeiam os mais pobres dos Estados, que conhecem já “motins da fome”. A conferência, que reune durante três dias em Roma uma cinquentena de chefes de Estado e de governo, tinha programado a partir do ano passado pelo seu presidente, Jacques Diouf, antes que os preços aumentasse e que a crise não tivesse a sua amplitude atual. O aumento dos preços das matérias primas agrícolas é ligadas à vários fatores, incluindo as más colheitas, uma baixa das reservas e um pedido em aumento. E doravante, a FAO espera que os preços continuam a ser elevados pelo menos dez anos.

Nesta crise, numerosos fatores o agravam: especulação sobre os produtos básicos, políticas de certos Estados - mesmo biocombustíveis , a um tempo considerados uma solução ideal perante a baixa das reservas mundiais de petróleo, estão em linha de mira. A acusada de ineficácia perante o problema da fome no mundo, nomeadamente por Estados como o Senegal, a FAO espera reverter o seu padrão por ocasião desta cimeira permitindo obter maior solidariedade entre Estados. Dirigindo-se à tribuna, após o discurso do presidente italiano, na frente dos representantes da maior parte dos 193 países-membros da agência internacional para a alimentação e a agricultura, o secretário geral da O.N.U Ban Ki-Moon pediu que não fossem tentados aos participantes da cimeira “pelas políticas alimentares que empobrecem os vizinhos”. E chamou “maior grau de consenso internacional sobre combustíveis”.

Duas iniciativas francoegípcias

Desta cimeira deve normalmente sair “um plano de ação” que enuncia princípios para lutar contra o aumento dos preços. Vários tipos de iniciativas procedentes de Estados-Membros ou discussões bilaterais já são anunciados. Nicolas Sarkozy e o seu homólogo egípcio Hosni Moubarak deveria nomeadamente propôr a criação de um Grupo internacional sobre a segurança alimentar mundial. Esta nova entidade reuniria grandes instituições internacionais (agências da O.N.U, Banco Mundial, FMI, bancos regionais, etc.), Estados, empresas, ONG, cientistas, instituições de financiamento do desenvolvimento e investidores institucionais. Segunda iniciativa francoegípcia: instaurado de um Grupo internacional de cientistas especialistas da segurança alimentar, sobre o modelo do Giec (Grupo de peritos intergovernamental sobre a evolução do clima). Teria por missão de precisar o diagnóstico em matéria de segurança alimentar, de analisar a evolução possível por produto e por região e de propôr cenários.
Teria por missão de precisar o diagnóstico em matéria de segurança alimentar, de analisar a evolução possível por produto e por região e de propôr cenários.

O original está em LCI.fr

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UM JEITO NOVO DE GOVERNAR! ( II )

Após gravações, carta de lobista complica ainda mais governo Yeda Crusius

Menos de 24 horas depois de a CPI do Detran divulgar conteúdo de conversas interceptadas pela PF, vem a público uma carta que um dos principais acusados, o lobista tucano Lair Ferst (foto), escreveu para a governadora Yeda Crusius denunciando a ação de uma máfia no governo. Ouça duas gravações que sacudiram a política gaúcha.
Marco Aurélio Weissheimer


Quando ainda estava tentando absorver o duro golpe que sofreu, quarta-feira, na CPI do Detran, o governo Yeda Crusius (PSDB) sofreu um novo baque nesta quinta com a divulgação da carta que o empresário e lobista tucano Lair Ferst escreveu para a governadora (em 2007, antes da ação da Polícia Federal, que ocorreu em novembro) denunciando uma suposta campanha difamatória contra ele e a ação de um grupo mafioso com a participação de integrantes do governo.Obtida pela jornalista Adriana Irion, do jornal Zero Hora, a carta foi apreendida pela Polícia Federal durante a Operação Rodin e interpretada como uma confissão extrajudicial do esquema de fraude no Detran. A carta teria sido entregue por Lair para Marcelo Cavalcante, ex-chefe de gabinete de Yeda Crusius (quando era deputada federal) e atual chefe do escritório de representação do Rio Grande do Sul em Brasília, com status de secretário de Estado.Marcelo Cavalcante admitiu ao jornalista Leandro Fontoura, de ZH, que recebeu a carta mas que não teria entregue a mesma à governadora pelo fato de não ter apresentado prova das acusações. Como secretário de Estado, Cavalcante tinha a obrigação de encaminhar as graves denúncias feitas na carta para instâncias superiores do Estado. De acordo com sua primeira explicação, não fez nada.Assim como as gravações telefônicas, a carta é explosiva. Lair Ferst diz que, em virtude da visibilidade adquirida durante a campanha eleitoral de Yeda (na CPI, ele assegurou que não teve nenhum papel importante na mesma), passou a ser vítima de uma campanha difamatória por parte de um grupo de pessoas corruptas chefiadas por José Fernandes, da empresa Pensant, um dos pivôs da fraude no Detran,Além de Fernandes, participariam desse grupo de pessoas corruptas seus sócios José Barrionuevo (conhecido jornalista gaúcho, ex-colunista político do jornal Zero Hora) e João Luiz Vargas, presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), com o apoio do ex-diretor da CEEE, Antonio Dorneu Maciel, do ex-presidente do Detran, Flávio Vaz Netto, do diretor do Detran, Fernando Coronel e do secretário-geral da prefeitura de Canoas (administrada pelo PSDB), Chico Fraga. Além destes, o “grupo mafioso” contaria com o apoio de uma série de colunistas de vários jornais pagos por José Fernandes para plantar notícias de seus interesses.Lair Ferst coloca-se como “vítima” no processo de transição do contrato da Fatec para a Fundae (as duas fundações universitárias ligadas à UFSM) junto ao Detran (para a realização dos exames de habilitação). A versão apresentada na carta expõe as vísceras da disputa interna em torno dos contratos do Detran, envolvendo membros do governo. Segundo a versão de Lair Ferst, as metas desse grupo eram ambiciosas. Além do Detran, estaria preparando um esquema de fraudes junto a outros órgãos públicos como a CEEE, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). “Estão formando uma máfia para extorquir o Estado com esquemas de superfaturamento”, denunciou o lobista. Gravações revelam detalhes da fraudeA governadora Yeda Crusius fugiu dos jornalistas nesta quinta para não ter que responder a perguntas sobre as gravações telefônicas da Operação Rodin. Ela deixou abruptamente uma entrevista no Palácio Piratini quando repórteres se preparavam para indagá-la sobre a questão. O porta-voz da governadora, Paulo Fona, tentou minimizar o ocorrido ontem dizendo que as gravações não representavam "nenhum fato relevante". Não é o que se viu nesta quinta no Estado, onde o assunto dominou todas as conversas e noticiários.Uma das gravações mais impactantes é aquela onde o ex-diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) sugere ao ex-presidente do Detran, Flávio Vaz Netto, que ele converse com a governadora Yeda Crusius para saber qual a orientação que deveria ser seguida para resolver um problema relacionado aos contratos do Detran com fundações universitárias ligadas à Universidade Federal de Santa Maria. O problema em questão era a pressão que vinha sendo exercida pelo lobista tucano Lair Ferst, cujas empresas tinham sido excluídas do sistema. Nesta conversa, Dorneu Maciel diz a Vaz Netto: “Quem vai definir é ela” (a governadora Yeda Crusius).O ex-diretor da CEEE revela que Lair estava muito descontente e criticava a governadora (chega a chamá-la de “sem-vergonha) por seu hábito de “jogar uns contra os outros”. “Pelo jeito agora é guerra”, comenta Vaz Netto. A guerra em questão era a disputa entre grupos dentro do esquema. Clique AQUI para ouvir.Outra conversa que causou grande impacto na CPI do Detran é a que traz o diálogo entre Flávio Vaz Neto e o auditor do Tribunal de Contas do Estado, Cézar Santolin. Nesta conversa, o servidor de carreira do TCE avisa o ex-presidente da autarquia da realização de uma inspeção extraordinária no departamento de trânsito para apurar irregularidades em contratos com fundações. Clique AQUI para ouvir.

O original encontra-se em Carta Maior

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quinta-feira, 5 de junho de 2008

Separatismo é derrotado em referendo ilegal na Bolívia

Governo denuncia métodos fascistas usados pela oligarquia para impor consulta anticonstitucional. Evo advertiu que os referendos não serão reconhecidos

“O Norte da Bolívia rechaçou esses estatutos autonômicos, realizados fora do marco constitucional, desrespeitando a lei, e usando métodos de puro cunho fascista para golpear a unidade nacional”, afirmou, em nome do Executivo, o ministro de Governo, Alfredo Rada, em coletiva de imprensa no domingo passado. Assinalou que o resultado do referendo imposto ilegalmente nos estados de Pando e Beni, em lugar de fortalecer a oligarquia, “rechaçou a política separatista dos setores enriquecidos pela exploração da principal riqueza do país, o gás, que antes do governo do presidente Evo Morales era monopolizada pelas empresas transnacionais”.
Rada denunciou que “além de um tratamento absolutamente tergiversado da realidade por parte de um setor da mídia que ocultou o absentismo inédito numa votação nessa região, o que se viu no dia 1º de junho é uma fraude”. “O caminho para chegar à autonomia deve ser legal, e deve verdadeiramente impulsionar a democracia, uma maior participação do povo, e não o separatismo”, frisou o ministro.
O senador do partido Unidade Nacional (UN) eleito por Pando, Abraham Cuellar - ressalvando a falta de credibilidade dos números que os governos dos estados assumem -, disse que os separatistas “divulgam que a abstenção e o voto pelo Não, juntos, somam 56,23 %. Meus amigos, isso não tem outra interpretação possível: até pelos números deles, o estatuto autonômico em Pando foi rejeitado de forma indiscutível”.
Segundo Cuellar, o triunfalismo de mais de 80 % a favor dessa autonomia propagandeado por alguns meios de comunicação, representa só 39 % do total dos inscritos segundo o padrão eleitoral do estado.
“O governo não pode aceitar esses referendos que são um arremedo de democracia, que falseiam informações, utilizam recursos públicos para enganar os bolivianos e o mundo”, acrescentou o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana, revelando a chegada a essas regiões de membros da União Juvenil Crucenhista - grupo fascista do estado de Santa Cruz, protagonista de numerosos atos de violência e racismo contra os indígenas, maioria da população da Bolívia - para ameaçar e amedrontar as pessoas contrárias à divisão do país.
“Os movimentos sociais trabalharam durante vários dias convocando suas bases para defender a abstenção, e em alguns casos instruíram a votar pelo ‘Não’, o que provocou em Beni e Pando a reação criminosa dos grupos de choque de ‘unionistas’ pagos, que pretenderam pela força obrigar a população a votar”, afirmou.
Em encontro com mineiros da cidade de Huanuni, no estado de Oruro, o presidente Evo Morales condenou as ações dos fascistas da União Juvenil para forçar as pessoas a participar nessas consultas. Advertiu que os referendos são “espúrios e de cunho separatista” e, portanto, não serão reconhecidos.

VIOLÊNCIA FASCISTA


“Os latifundiários e os que se beneficiaram estes anos todos dos lucros das multinacionais de hidrocarbonetos que defendem o estatuto autonômico, com o poder que lhes dá o governo do estado de Beni, dirigiram este domingo seus ataques violentos contra as sedes de camponeses, indígenas, sindicatos, setores sociais, e contra jornalistas que desmascaravam, com perguntas que lhes incomodavam, esse processo autonômico”, denunciou Gustavo Moreno, diretor da Federação Única de Trabalhadores de Camponeses de Beni (FUTCB), que foi atacada “por dezenas de frenéticos jovens unionistas”.
Descrevendo as agressões cometidas, o líder camponês relatou que “os promotores do estatuto recrutaram como braço operador e repressor jovens marginais de Santa Cruz, muitos deles com passagem na polícia, além de pessoas daqui que receberam instrução básica de ataque, manipulação de armas, bombas, e gazes”.
Em Pando, a diretora da Federação Departamental de Mulheres Bartolina Sisa, Doris Dominguez, testemunhou os enfrentamentos provocados “por vândalos trazidos de fora contra os que defendiam a abstenção. Estavam armados com paus, com bombas, saqueavam as entidades e as casas das pessoas que eles reconheciam a favor do governo do presidente Evo. Nós não chegamos até aqui com poucos sacrifícios, e agora não será um bando de fascistas que vai nos deixar no meio do caminho”.

SUSANA SANTOS
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Governo quer coibir ocupação de estrangeiros na Amazônia

Só um milionário sueco possui 160 mil hectares e sua ONG 145 mil. Incra mostra que estrangeiros são donos de 33 mil imóveis rurais na região

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigou as atividades do milionário sueco, com cidadania britânica, Johan Eliasch, que adquiriu através de um “fundo de investimento” de sua propriedade, com sede em Delaware, nos Estados Unidos, terras na Amazônia que somam 160 mil hectares, área maior que a cidade de São Paulo.
Segundo o relatório da Abin, Eliasch é também um dos fundadores e controladores da ONG britânica “Cool Earth”, denunciada por receber doações através de seu site na internet para comprar terras na Amazônia. Pela internet, a Cool Earth pede doações para “preservar” a floresta Amazônica. Segundo a Abin, há indícios de que isso é uma fraude e que os recursos são utilizados para adquirir terras na Amazônia.
A investigação identificou cinco áreas de proteção ambiental, num total de 145 mil hectares, que estariam sob controle da ONG britânica. Duas das áreas identificadas pelo órgão são bastante suspeitas: Cristalino e Teles Pires, na divisa dos estados de Mato Grosso e Pará. Elas somam 130 mil hectares (1.300 k2). Segundo o relatório, esses dois projetos estão ladeados “por solicitações de pesquisa geológica de reservas de ouro”. Além disso, diz a Abin, “esta região repousaria sobre formação geológica rica em lamprófiro, mineral encontrado em áreas de jazidas de diamante”.
O relatório da Abin, que teve trechos divulgados no Programa “Fantástico”, da Rede Globo, no último domingo, informa ainda que “diferentemente do que atesta os certificados emitidos pela ONG, há áreas já desmatadas e duas pequenas centrais hidrelétricas nos rios Nhandu e Rochedo”. A porta-voz da ONG britânica no Brasil é a socialite paulista, Ana Paula Junqueira, organizadora junto com outros milionários do movimento “Cansei”, de oposição ao governo Lula. Ela é casada com o milionário sueco.
Eliasch foi um dos financiadores do Partido Conservador na Inglaterra e agora é consultor do primeiro-ministro Gordon Brown para assuntos ambientais. Ele começou a ser investigado pela Abin em 2007 por estar comprando, desde 2005, muitas terras na região amazônica. As terras estão nos municípios de Manicoré e Itacoatiara.
Foi Eliasch quem afirmou, em 2006, durante uma conferência, que a Amazônia poderia ser comprada por US$ 50 bilhões. Em entrevista à Globo no domingo, o milionário tentou se explicar dizendo que quis mostrar que “o valor hipotético da Amazônia era pequeno comparado ao que as seguradoras gastaram com os prejuízos do furacão Katrina”.
Diante de sua afirmação de que financiava projetos sociais na região, o repórter foi até o local para conferir. Nenhum sinal das melhorias que ele disse estar fazendo foi encontrado. Por meio da página da Cool Earth na Internet, o repórter da Globo pediu informações sobre a atuação da ONG no município de Democracia. Na resposta, a afirmação de que duas escolas e uma clínica teriam sido construídas e que os projetos estariam dando emprego a 100 pessoas. Mas em Democracia nada foi encontrado e apenas uma pessoa, de nome Ivanildo, estava empregado como segurança da propriedade do milionário.
A Cool Earth diz ainda que construiu seis depósitos para secar e armazenar castanha. Mas apenas o que já existia antes da chegada da organização na região foi encontrado. Em seu material de divulgação, a ONG mostra um homem que estaria sendo beneficiado pelo projeto, o extrativista Alfredo Ferreira, de 60 anos, que ficou surpreso ao ver sua foto sendo usada pela ONG. “Eu nunca recebi nenhum benefício da organização, desse pessoal do sueco, não. Nunca recebi nada”, afirmou. Durante a entrevista, o milionário acabou confessando que possui terras na Amazônia. “No total, são cerca de 160 mil hectares, mas eu não posso dizer quanto eu paguei porque, no contrato de compra, o preço é uma informação confidencial”, disse. “Eu também gosto de árvores, floresta. O que existe é apenas um apoio financeiro para pessoas pobres”, acrescentou o desinteressado milionário sueco.
Segundo o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), 33 mil imóveis rurais estão registrados em nome de estrangeiros. Eles somam 5,5 milhões de hectares. Desse total, 3,1 milhões de hectares estão na chamada Amazônia Legal.
O governo decidiu limitar esse tipo de aquisição. “Trata-se de estabelecer regras para as empresas nacionais, com capital estrangeiro, que adquirem imóveis rurais no Brasil. Essa é uma questão de soberania nacional”, explica Rolf Hackbart, presidente do Incra. Uma lei de 1971 estabelecia que a compra de terras por estrangeiros deveria ser submetida ao Congresso Nacional. Um parecer da Advocacia Geral da União, de 1998, encomendado pelo então presidente Fernando Henrique, derrubou a lei eliminando as restrições. Agora, a AGU prepara um novo parecer. O consultor-geral do órgão, Ronaldo Jorge, explicou que o parecer está sendo revisto porque “as empresas estrangeiras se associam a empresas brasileiras, e adquirem grandes extensões de terras sem que se possa estabelecer qualquer tipo de restrição”, denunciou.

O artigo original está em "Hora do Povo"

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