Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Quatro Hai-Kais


Na criança morta
A tristeza toda some:
Já não sente fome.

A terra lavrada,
Regada com sangue, guarda
Lembranças da farda.

Lavrador pensando,
Foice, arma afiada,
Guardada, esperando.

Família reunida,
Entorno ao lixo do bar,
Buscando comida.

Vasco Malleiro
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Bush diz que Irã é o maior patrocinador do terrorismo no mundo

Mr. Bush disse hoje, 3 de janeiro, em discurso proferido em Abu Dhabi que o Irã apóia e personifica os extremistas e gasta milhões de dólares para financi- ar os grupos terroristas Hezbollah (xiita, Líbano), Hamas e Jihad Islâmica Pa- lestina (sunitas), e cede armas ao Talibã (sunitas, no Afeganistão) e às milícias xiitas no Iraque. O que Mr. Bush esqueceu de dizer é que até hoje a guerra no Iraque custou aos norte-americanos US$ 485.481.500.000,00 e a vida de cerca de 4.000 soldados - quase o dobro dos mortos no atentado ao WTC -além de 60.000 feridos. Também já produziu a morte de 700.000 iraquianos e 4.000.000 de refugiados.
Considerando que a renda per capita mundial é de US$ 8.200,00, esses 485 bilhões de Dólares seriam suficientes para dar uma vida digna a 59.205.061 de seres humanos durante um ano. Frente a esses dados, é pertinente perguntar: Afinal quem é o terrorista?
Rosalvo Maciel
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Virologista diz que País não tem sequer surto de febre amarela

O comportamento irresponsável e sensacionalista de boa parte da mídia tem feito com que surgimento de alguns poucos casos suspeitos de febre amarela causem uma corrida desnecessária aos postos de vacinação. Apenas no Distrito Federal, mais de 1 milhão de pessoas já tomaram a vacina. Em Goiás, foram cerca de 1,5 milhão de pessoas. Até mesmo na capital paulista, onde o risco de se contrair febre amarela é praticamente nulo, muitas pessoas desinformadas e afoitas têm lotado os postos de saúde em busca da vacina.
Segundo o virologista e pesquisador em febre amarela e dengue do Instituto Oswaldo Cruz, Hermann Schatzmayr, não se pode sequer considerar que haja um surto de febre amarela nestes locais, pois só existem três casos confirmados até o momento em todo o país.
Nos últimos 12 anos, o Brasil tem apresentado uma média de 15 a 40 casos de febre amarela por ano, todos relacionados a pessoas que entram em florestas e reservas ambientais sem vacina.
Os únicos períodos que fugiram desta média foram os anos de 2000 e 2003, que tiveram 85 e 64 casos registrados respectivamente. Nestes anos, houve surtos de 53 casos em Goiás e 58 em Minas Gerais.
De acordo com o virologista, só é correto chamar de epidemia uma situação em que ocorram o dobro de casos ou mais que a média habitual como no ano 2000 por exemplo.
Segundo Schatzmayr, o surto é uma espécie de epidemia localizada. Ainda segundo o pesquisador, as áreas endêmicas são aquelas que têm o vírus em circulação na natureza.
Como o vírus amarílico vive em macacos, estas áreas só deixariam de ser consideradas de risco caso deixassem de ter esse tipo de animal. O homem só é atingido pela doença quando entra na mata sem se vacinar. "Enquanto tiver macaco circulando, ele vai estar ali, o vírus vai se transferir de um animal para o outro e sem que o homem possa interferir", diz o pesquisador.
O corte de árvores também facilita a contaminação humana porque os macacos fogem e os mosquitos que vivem dentro delas se desorientam e procuram outros animais para se alimentar.
"Tem a doença que é de gravidade leve, que o paciente sente dor, febre e moleza. A mediana que, além desses sintomas, apresenta alguma insuficiência renal, hepática ou cardíaca, mas que consegue controlar com facilidade. E a grave, na qual apresenta lesão renal, hepática e cardíaca grave e resulta facilmente em morte", explica o virologista.
O tratamento é de suporte, ou seja, à base de soro e medicação para diminuir os sintomas, mas a recuperação depende apenas da imunidade de cada paciente.
Fonte: Agência Brasil
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domingo, 27 de janeiro de 2008

Até quando?





Pai libanês segura filho morto nos ataques de Israel

Eduardo Galeano

Até quando os horrores continuarão a ser chamados de erros?

Esta carnificina de civis começou a partir do seqüestro de um soldado. Até quando o seqüestro de um soldado israelense poderá justificar o seqüestro da soberania palestina?

Até quando o seqüestro de dois soldados israelenses poderá justificar o seqüestro de todo o Líbano?

A caça aos judeus foi, durante séculos, o esporte preferido dos europeus. Em Auschwitz desembocou um antigo rio de espantos, que havia atravessado toda a Europa. Até quando os palestinos e outros árabes continuarão a pagar por crimes que não cometeram? O Hezbolá não existia quando Israel arrasou o Líbano em suas invasões anteriores.

Até quando continuaremos a acreditar no conto do agressor agredido, que pratica o terrorismo porque tem direito de se defender do terrorismo? Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano... Até quando se poderá continuar a exterminar países impunemente?

As torturas de Abu Ghraib, que despertaram certo mal-estar universal, nada têm de novo para nós, os latino-americanos. Nossos militares aprenderam essas técnicas de interrogatório na Escola das Américas, que agora perdeu o nome, mas não as manhas. Até quando continuaremos aceitando que a tortura continue legitimando, como fez a Corte Suprema de Israel, em nome da legítima defesa da pátria?

Israel deixou de ouvir 46 recomendações da Assembléia Geral e de outros organismos das Nações Unidas. Até quando o governo israelense continuará a exercer o privilégio de ser surdo? As Nações Unidas recomendam, mas não decidem. Quando decidem, a Casa Branca impede que decidam porque tem direito de veto. A Casa Branca vetou, no Conselho de Segurança, 40 resoluções que condenavam Israel. Até quando as Nações Unidas continuarão a atuar como se fossem outro nome dos Estados Unidos? Desde que os palestinos foram desalojados de suas casas e despojados de suas terras muito sangue correu. Até quando continuará correndo sangue para que a força justifique o que o direito nega?

A história se repete, dia após dia, ano após ano, e um israelense morre para cada 10 árabes que morrem. Até quando a vida de cada israelense continuará valendo 10 vezes mais? Em proporção à população, os 50 mil civis, em sua maioria mulheres e crianças, mortos no Iraque equivalem a 800 mil americanos. Até quando continuaremos a aceitar, como se fosse costume, a matança de iraquianos, em uma guerra cega que esqueceu seus pretextos? Até quando continuará sendo normal que os vivos e os mortos sejam de primeira, segunda, terceira ou quarta categoria?

O Irã está desenvolvendo a energia nuclear. Até quando continuaremos a acreditar que isso basta para provar que um país é um perigo para a humanidade? A chamada comunidade internacional não se angustia em nada com o fato de Israel ter 250 bombas atômicas, embora seja um país que vive à beira de um ataque de nervos. Quem maneja o perigosímetro universal? Terá sido o Irã o país que lançou as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki?

Na era da globalização, o direito de pressão pode mais do que o direito de expressão. Para justificar a ocupação ilegal de terras palestinas, a guerra se chama paz. Os israelenses são patriotas e os palestinos são terroristas, e os terroristas semeiam o alarme universal.

Até quando os meios de comunicação continuarão a ser receios de comunicação?

Esta matança de agora, que não é a primeira nem será, receio, a última, ocorre em silêncio? O mundo está mudo? Até quando seguirão soando em sinos de madeira as vozes da indignação?

Estes bombardeios matam crianças: mais de um terço das vítimas, não menos da metade. Os que se atrevem a denunciar isto são acusados de anti-semitismo. Até quando continuarão sendo anti-semitas os críticos dos crimes do terrorismo de Estado? Até quando aceitaremos esta extorsão? São anti-semitas os judeus horrorizados pelo que se faz em seu nome? São anti-semitas os árabes, tão semitas como os judeus? Por acaso não há vozes árabes para defender a pátria palestina e repudiar o manicômio fundamentalista?

Os terroristas se parecem entre si: os terroristas de Estado, respeitáveis homens de governo, e os terroristas privados, que são loucos soltos ou loucos organizados desde os tempos da Guerra Fria contra o “totalitarismo comunista”. E todos agem em nome de Deus, seja Deus, Alá ou Jeová. Até quando continuaremos a ignorar que todos os terrorismos desprezam a vida humana e que todos se alimentam mutuamente. Não é evidente que nesta guerra entre Israel e Hezbolá são civis, libaneses, palestinos, israelenses, os que choram os mortos? Não é evidente que as guerras do Afeganistão e do Iraque e as invasões de Gaza e do Líbano são incubadoras do ódio, que fabricam fanáticos em série?

Somos a única espécie animal especializada no extermínio mútuo. Destinamos US$ 2,5 bilhões, a cada dia, para os gastos militares. A miséria e a guerra são filhas do mesmo pai: como alguns deuses cruéis, come os vivos e os mortos. Até quanto continuaremos a aceitar que este mundo enamorado da morte é nosso único mundo possível?
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Eduardo Galeano é escritor e jornalista uruguaio. Artigo escrito originalmente para a revista cubana La Jiribilla.
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Febre Amarela no Brasil

No momento o assunto da mídia golpista no Brasil é a febre amarela. Passada a “euforia” do que chamaram “caos aéreo”, a Dengue já não dando mais “ibope”, foi necessário criar mais um factício com a intenção de levar os incauto à critica das medidas governamentais. Criou-se, então a “epidemia” de febre amarela com a ampla divulgação de 11 casos da enfermidade no País. O interessante, o revelador do caráter DEM dos meio de comunicação, é o fato de que em 2000 ocorreram 85 casos de febre amarela distribuídos em 10 Estados brasileiros e nenhuma linha ter sido escrita pelos vigilantes jornalistas deste País. Será que esse descuido ocorreu por ser, na época, o Brasil governado pelo “Príncipe”?
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sábado, 12 de janeiro de 2008




Até que chegue!...
por Elaine Tavares *
A foto revela a crua realidade no Iraque. Expressa a bestialidade humana, imperdoável. Uma menina, morta, com os olhos abertos, vidrados. Perdidos sabe-se lá onde. A expressão é de um susto, misturado à perplexidade. Possivelmente ela brincava, em algum jardim, ainda que destroçado.
Na sua inocência, talvez não imaginasse que seria atingida por balas, dessas que matam. Veste apenas um calção, feito de um pano velho e o corpo está sujo de sangue. Seu rosto virado para o céu, estendido num catre, é puro assombro. A mãe, em pé, ergue preces a Allá, coberta de uma dor sem fim.E assim é! Todos os dias. Nas ruas e cidades do Iraque há sempre uma garotinha ou um menino entrando no paraíso. Vítimas da guerra suja, da ganância, do ódio. Crianças morrem como moscas porque são mais frágeis, porque nada temem, porque ainda estão mergulhadas na idade da fantasia. Porque se colocam, inocentes, nas portas das casas a olhar o passeio das balas, sem entender muito bem por que aquela gente, vinda de tão longe, anda por ali, matando seus amigos e parentes. Por isso são surpreendidas, como aquela menina morta, e tombam com um olhar de estupor. Foi tão curto o tempo... A menina da foto não deve ter mais que cinco anos. Interrompida está. Não vai mais à Meca, não vai mais cantar, nem pular corda. A menina morta não vai mais à escola, não vai aprender a ler, não vai buscar água na fonte. Pagou o pecado de ter nascido no Iraque, ocupado há anos pelo exército estadunidense, porque um governo escroto quer petróleo e riquezas. Vivia num país em que soldados estrangeiros, amedrontados, jogam bombas em casas de família e chamam qualquer coisa que se move de "terroristas". A menina morta não era terrorista. A guriazinha iraquiana era só uma criança cheia de sonhos e desejos de vida boa. Estava quieta, no jardim de sua casa, a brincar. Agora seu corpo está ali, jogado numa mesa suja. Seu rostinho assombrado parece perguntar: por quê? Mas não há respostas. Certamente, tão logo seu corpinho miúdo baixe a sepultura, tudo vai seguir igual. Na manhã seguinte, num outro jardim destroçado, uma outra criança será alcançada pelas balas. Mais uma "terrorista" vai tombar. As vidas seguirão sendo interrompidas pelo medo do opressor. Os soldadinhos estadunidenses vão dormir, todas as noites, com a sensação de que cumpriram seu dever: limparam o mundo da sujeira iraquiana. Nos Estados Unidos, garotos e garotas como aquele que tombou vão ser ensinados que todo árabe é feio e ruim, um terrorista em potencial. E nos demais países, onde estão aqueles que não se importam, porque não é com eles, a pessoas seguirão jantando e dizendo: que coisa! Até que um dia, a guerra chegue a seu jardim...
Elaine Tavares Jornalista no OLA/UFSC.">
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