Além do Cidadão Kane

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

PSDB e DEM entram no STF contra programa que beneficia os pobres

PSDB e DEM decidiram entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o programa Territórios da Cidadania, lançado pelo presidente Lula para resolver os graves problemas sociais nas regiões mais pobres do país. O programa é considerado pelo governo como o segundo grande passo no combate à pobreza no Brasil, depois do Bolsa Família.
O projeto envolve ações de 19 ministérios, que levarão obras e serviços a regiões carentes, em um total de R$ 11,3 bilhões em recursos. São 958 municípios selecionados por terem baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ou ainda por critérios como a predominância de assentamentos da reforma agrária, agricultores familiares, além de comunidades indígenas e quilombolas. O programa prevê obras de infra-estrutura e saneamento básico.
A oposição, sem rumo e desesperada com a popularidade crescente do governo Lula, resolveu tentar impedir a implantação do programa. Segundo eles, não pode haver combate à pobreza em ano de eleições municipais. Ou seja, a oposição mostra que não está nem um pouco preocupada com a situação em que vive a população mais carente. Estão preocupados mesmo é com seus interesses mesquinhos e com sua provável derrota eleitoral em outubro. Para o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), a atitude da oposição é injustificável. “Seria uma mesquinharia, uma pequenez injustificável”, disse. “Não podemos deixar de combater a pobreza porque é ano eleitoral”.
Hora do Povo
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Aborto e a Hipocrisia Burguesa

Em nome de uma falsa moral, a burguesia despreocupada se opõe à descriminização do aborto. Para ela é muito simples, em caso de "acidente", procurar uma clínica-spa e com toda segurança se livrar do "aborrecimento". Depois, é só passar alguns meses na Europa e, com o auxílio de um bom analista, esquecer tudo isso. Ocorre que há uma imensa massa de "sem-cultura", de "sem-assistência-médica", de "sem anticoncepcional", de "sem-DIU", de "sem-dinheiro" que, frente ao mesmo "acidente" só lhe resta a comadre, a curiosa ou a auto-agressão para provocar o aborto. E o fazem! E continuarão fazendo seja o aborto considerado crime ou não. A Dep. Solange Almeida (PMDB-RJ) chegou a dizer que apenas trinta e poucas mulheres morreram em decorrência de abortos! É mentira, Deputada, e é mentira porque simplesmente não existe estatística da mortalidade materna nos Estados do norte e nordeste, bem como nos Estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. essa informação é do Ministério da Saúde. O site onde pode ser verificada essa informação é http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2006/c03.htm. Tivesse sido uma, Deputada, e já estaria justificada a descriminização do aborto. Na verdade foram centenas, talvez milhares de mortes desnecessária e que seriam evitadas se houvesse o entendimento de que, em primeiro lugar, mulher alguma faz um aborto pelo simples prazer de abortar. Todas as vezes que uma mulher decide realizar um aborto o está fazendo ou por pressão social ou por pressão econômica. Eu não conheço em minha vida profissional de quase trinta anos como Médico sequer uma mulher que tenha feito um aborto sem que houvesse um desses dois motivos; em segundo lugar, aquelas que decidiram levar adiante a interrupção da gravidez, o vão fazer com ou sem permissão legal. O oferecimento de apoio médico poderia, por mais estranho que possa parecer, diminuir o número de abortos porque permitiria uma troca de informações aberta entre médico e paciente onde poderia ser colocado o trauma emocional que acompanha a decisão de abortar. Poderia ser oferecida assistência psicológica o que reduziria em muito a procura posterior por atendimento psiquiátrico. Como se pode ver, a questão do aborto é uma questão de saúde pública no momento em que aumenta os índices de mortalidade materna e sua descriminização é um fator importante de liberdade individual. Em última análise, quem achar que é um procedimento que viola leis divinas ou outras, simplesmente não faz aborto, mas permite que outras, com outros pontos de vista, decidam suas vidas sem arriscar suas próprias vidas. Ou será que quem decide abortar deve correr o risco de ser "castigada por Deus" com a própria morte?
Valesca Moroli
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Caminha a Pátria Grande


A imagem é histórica e bela. Esperada, ansiada, por mais de 500 anos. Dia de sol, verão na Venezuela. Um avião cubano desce feito um pássaro mágico. De dentro dele desce o aymara Evo Morales, com sua cara larga e nariz adunco.

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Presidente eleito da Bolívia numa votação histórica. No chão, o espera outro homem moreno, de rosto autóctone, também oriundo dos povos originários. Presidente da Venezuela, confirmado pelas gentes por sucessivas vezes. Os homens se abraçam e passam em revista às tropas. Caminham sérios rumo ao que chamam de “a hora do povo”. É como se Awyayala renascesse. Impossível ficar imune a cena.

Na voz dos repórteres das TVs, mui dignos representantes da ordem burguesa, os textos são eivados de preconceito. “Amigos de Fidel”, “provocadores”, “populistas”, e toda a sorte de adjetivos desairosos permeiam as falas, deixando claro que aquela cena é pura glicerina. Um perigo para a ordem internacional. Esse cheiro de coisa primitiva que tanto assusta mercados e mercadores.

Os dois homens não se furtam de lembrar Fidel. Dizer-se amigo do velho comandante não lhes parece desairoso. É honra. Eles falam de socialismo, de parcerias bolivarianas, de nacionalização, de povo. Temas perigosos para quem domina. Por outro lado, são modestos. Buscaram a via da “ordem”, disputaram as burguesas eleições, sentam à mesa com o grande capital, admitem acordos. Mesmo assim, são temidos. O “grande irmão” sabe que lhes podem escapar. Aquelas caras originárias, aparentemente inexpressivas, têm a potência da explosão e já mostraram isso. E mais. Juntos, os dois homens querem mudar a face da Pátria Grande. Esperam contar com Kirchner, na Argentina, com Tabaré, no Uruguai, com Lula, no Brasil. Sonham. Conspiram.

Mas, o pretenso dono do mundo – o governo dos EUA - também conspira e, ao contrário dos dois homens descendentes dos autóctones de Awyayala, o faz em surdina, escondido, usando todas as armas sujas de que a cultura humana dispõe. Quem conhece a história sabe. Foi assim na sua formação, quando o governo branco inventava mentiras sobre os povos originários e massacrava grupos inteiros, abrindo o famoso “caminho para o oeste”, coisa que muita gente aplaude nos malfadados filmes de mocinho, até hoje em voga – inclusive inspirando novelas da Globo.

O medo de perder o controle leva o governo estadunidense a usar de seus agentes secretos que plantam informações falsas, criam intrigas, promovem assassinatos e provocam a guerra. Foi assim na época dos escravos, quando disseminavam o ódio entre negros e brancos pobres, para impedir a rebelião. Foi assim quando inventaram uma guerra civil dentro de sua casa para impedir o avanço da luta dos trabalhadores.

Foi assim no século XIX quando intervieram na vida de países como Cuba, Argentina, Nicarágua, Japão, Uruguai, China, Angola, Haiti e Hawai, sempre para defender os interesses das empresas estadunidenses, embora usando o velho refrão de “luta pela liberdade”. Desde estes idos tempos, o mote que tem movido os governos sucessivos é de que “a guerra é a saúde do estado”, pois é nesses períodos que a economia cresce e o povo pode ser unificado num objetivo comum.

Tudo isso pode ser confirmado também no século XX quando, sob a lógica do combate ao socialismo, os Estados Unidos fizeram a guerra praticamente o tempo todo e sempre amparado em mentiras. Mentiu na primeira guerra mundial quando disse que o navio torpedeado pelos alemães – que levou os EUA a combater – era um inocente navio mercante. Não era. Levava milhares de caixas de munição, abastecendo a guerra. Segundo o historiador estadunidense Howard Zinn, a lista de carga foi falsificada.

Também mentiu o governo ao fazer intervenções em Cuba, no México, na Nicarágua, Guatemala e Honduras. Dizia defender a liberdade quando na verdade defendia a United Fruit dos ataques de governos “socialistas”. Mentiu quando jogou as bombas atômicas contra um país quase rendido. Mentiu quando fez a guerra no Vietnã, usando espiões e falsas provas para combater um governo que não se alinhava aos seus planos de poder. E assim seguiu mentindo até os dias de hoje quando invadiu Afeganistão e Iraque também usando os artifícios das falsas acusações.

Agora os olhos estão pregados na América Latina. Pelas veredas da “nuestra pátria grande” caminham os espiões, os desagregadores, os infiltrados. Contam com as elites locais, com a mídia cortesã e vão disseminando mentiras que viram verdades. Estão na Colômbia, ocupando tudo sob o argumento de que querem livrar o mundo da cocaína – como se não fossem eles os produtores. Cocaína não é o mesmo que coca e sua ancestral utilidade para os povos andinos. Estão no Equador, na Argentina, no Peru, no Brasil. Estão em toda a parte. O império treme e se arma.

Por isso a imagem dos dois homens de pela morena, de cara autóctone, é ao mesmo tempo bela e triste. Bela, porque mostra que algo está mudando nessas terras do sul e triste, porque alerta para momentos de grande tensão. Uma luta feroz está sendo travada nos bastidores da vida real. As mentiras pululam e o véu de maya está estendido nas telas de tv, nas ondas do rádio, nas páginas do jornal.

Resta saber se as populações estão atentas para não se deixarem iludir pelo velho argumento de “luta pela liberdade” que os EUA não cansam de apregoar. A única liberdade que defendem é a de suas empresas e seus interesses. Um novo tempo se anuncia em Awyayala, mas não virá de governos – ainda que socialistas ou libertários. Virá das gentes, unidas, organizadas e capazes de fechar os ouvidos ao canto enganador...

Elaine Tavares
Jornalista no OLA/UFSC.
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

A "renúncia" de Fidel Castro


A direita iracunda ou não entendeu, ou não quis entender, ou faz questão de confundir o Povo ao divulgar em âmbito mundial a "renúncia de Fidel Castro". Renúncia é algo que dá uma ideia de desistência, de recuo, de abandono da causa, e é essa ideia que o imperialismo internacional quer passar àqueles que vivem da esperança de que um dia as coisas sejam melhores do que hoje são. Qualquer semi-alfabetizado que leia o texto original do Comandante, perceberá que o que foi dito é que "não aspirarei nem aceitarei -- repito -- não aspirarei nem aceitarei o cargo de Presidente do Conselho de Estado e Comandante-em-Chefe". O que foi omitido pela imprensa burguesa é que, tendo sido eleito novamente Deputado, Fidel poderia ser novamente eleito, no próximo domingo, pela Assembléia Nacional para continuar ocupando esses dois cargos. Então, o que a direita hidrófoba, distorce é que Fidel Castro continua, até domingo próximo, como Presidente do Conselho de Estado e Comandante-em-Chefe licenciado. Não houve, portanto, renúncia a esses cargos, mas simplesmente o não colocar a disposição seu nome para uma nova reeleição. É claro que a burguesia internacional, que supõem ser Democracia o que se vê nos Estados Unidos da América, imagina que a legalidade institucional de Cuba foi rompida - e supõe com tal convicção que os fascistas de Miami foram para as ruas comemorar - e que agora será possível dobrar a vontade do Povo cubano. Vamos deixar que se iludam. O que eles não sabem é que em Cuba o fascismo não passará.


Vasco Malleiro - Médico
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Iniciação do Prisioneiro

(Poema escrito a 21 de novembro de1965, numa cela do Quartel da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, ao qual o autor foi recolhido por haver participado de uma manifestação contra a ditadura, em frente ao Hotel Glória, no instante mesmo em que ali chegava o ditador para inaugurar a Conferênciada OEA. Desse protesto participaram,entre outros, os companheiros AntônioCallado, Jayme de Azevedo Rodrigues,Carlos Heitor Cony, Márcio Moreira Alves, Flávio Rangel, Glauber Rocha,Joaquim Pedro de Andrade e MárioCarneiro, todos eles presos — e aos quais é dedicado este poema.)


É preciso que Amor seja a primeira
palavra a ser gravada nesta cela.
Para servir-me agora e companheira
seja amanhã de quem precise dela

Não sei o que vai vir, mas se desprende
dessa palavra tanta claridão,
que com poder de povo me defende
e me mantém erguido o coração.

No muro sujo, Amor é uma alegria
que ninguém sabe, livre e luminosa
como as lanças de sol da rebeldia,
que é amor, é brasa e de repente é rosa.

Thiago de Mello

Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto. A anção do Amor Armado (1966).In: MELLO, Thiago de. Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1987
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Rosa Luxemburgo

Há 90 anos a social-democracia assassinava uma das maiores revolucionárias de todos os tempos

Rosa Luxemburgo Filha de família pequeno burguesa, de origem judia, cujo pai, educado na Alemanha, era proprietário de uma serralheria e a mãe, mulher culta, leitora assídua dos clássicos alemães, Rosa Luxemburgo, nasceu em Zamosc, sudeste da Polônia, em 5 de março de 1871.Rosa era a filha caçula, possuindo quatro irmãos. Aos dois anos e meio de idade foi com a família para Vasórvia. Aos cinco já sabia ler e escrever. Um diagnóstico incorreto de uma doença na coluna contraída nos seus primeiros anos de vida, além de deixá-la por cerca de um ano acamada, provoca uma deficiência que a fará mancar por toda a sua vida.Ainda nos primeiros anos de sua vida aprenderá além do polonês, o alemão e, logo no início de sua juventude, dominará o russo.
Jovem rebelde
Aos 13 anos, ingressará na escola secundária para mulheres em Vasórvia, na qual concluirá os estudos em 1887 e, apesar das excelentes notas obtidas, não receberá a tradicional medalha de ouro, destinada aos melhores alunos, em função de sua "atitude rebelde" diante das autoridades escolares.Foi justamente como secundarista que iniciou sua militância política, na clandestinidade, no Partido Revolucionário Proletário.
Rosa em 1883 Perseguida pela polícia e ameaçada de prisão, em 1889, Rosa deixará a Polônia dirigindo-se para Zurique, destino da maioria dos refugiados políticos de toda a Europa, onde permanecerá por nove anos, encontrando-se como importantes dirigentes marxistas da época, como os russos Jorge Plekhânov e Pavel Axelrod.Em 1891, entra para a Universidade, cursando Direito e dedicando-se também ao estudo das ciências naturais e da matemática. Torna-se, em 1897, uma das primeiras mulheres a concluir o curso de doutorado em ciências políticasNestes anos, conhecerá Leo Jogiches, também militante socialista polonês, que trabalhará politicamente em estreita colaboração com Rosa, pelo resto de suas vidas e com o que se tornará seu marido por 15 anos.
Social-democrata
Em 1892, Rosa participa da fundação do Partido Socialista Polonês; tentativa de unificação dos diferentes grupos socialistas poloneses. Desde os primeiros momentos, estabelecerá com os principais dirigentes do PSP uma divergência sobre a questão do nacionalismo polaco, mostrando-se contrária à adoção da luta pela independência da Polônia como um eixo do partido, por entender que esta reivindicação subordinava os interesses dos operários e demais explorados da nação aos interesses da burguesia polonesa.Dois anos depois, rompe com o PSP, fundando junto com Leo Jogiches, Marchlewski e Wazawski, a Social-democracia do Reino da Polônia, grupo que será o embrião do Partido Social Democrata da Polônia e Lituânia, tornando-se desde então uma das principais dirigentes da social-democracia européia.Em 1896, quando já escreve para diversos jornais socialistas da Europa Ocidental, participa pela primeira vez como delegada do Congresso Mundial da Internacional Socialistas, a II Internacional. Nele polemiza com importantes lideranças da social democracia mundial, como Karl Kautski e Wilhelm Liebknecht - renomados dirigentes do poderoso Partido Social Democrata Alemão - sobre a questão nacional.
Contra o reformismo
Para burlar a proibição de que estrangeiros desenvolvessem atividades políticas na Alemanha, Rosa casa-se, em abril de 1897, com Gustav Lueck, filho de um amigo alemão, obtendo a cidadania alemã para o resto de sua vida. A encenação do enlace matrimomial dura apenas até a porta do Cartório de Registro Civil e cinco anos depois - tempo mínimo estabelecido pela legislação do país - os dois se divorciam.
Rosa Luxemburgo A partir de 1898, fixa residência em Berlim e milita no SPD, então o principal exemplo da enorme influência que política revolucionária conquistará no movimento operário europeu e a maior organização proletária de todos os tempos. Em 1898 possui mais de dois milhões de eleitores; os quais ultrapassaram os 4,2 milhões em 1912 (34,7% do eleitorado), sua bancada parlamentar vai de 12 deputados em 1877, para 35 eleitos, em 1890, ultrapassando uma centena na segunda década deste século. O partido possuiu organizações femininas, da juventude, uma cooperativa, organizações desportivas e culturais e uma universidade. Chegou a publicar noventa jornais que possuíam mais de um milhão e meio de assinantes. Movimentava um capital de 21,5 milhões de marcos e possuía cerca de 3.500 empregados, incluindos os dos sindicatos que dirigia, com vários milhões de filiados.Rosa torna-se na social-democracia alemã uma das principais opositoras da política reformista de Eduard Bernstein e outros que preconizavam o afastamento do SPD de uma política revolucionária, defendendo sua integração crescente ao Estado burguês.Indicada em mais de uma oportunidade para organizar o trabalho feminino do SPD, rejeitou a tarefa pois apesar de compreender a importância da organização das mulheres para a luta pela sua emancipação e que esta só seria possível com a revolução socialista e o fim da escravidão econômica do matrimônio, entendia, acertadamente, a necessidade de estabelecer-se como uma das principais dirigentes do conjunto do partido.
Esquerda revolucionária
Integrando sempre a ala esquerda do SPD, colocou-se ao lado dos bolcheviques russos, contra os mencheviques, nas discussões sobre o caráter das revoluções russas de 1905 e 1917, posicionando-se sempre a favor de que a classe operária é quem deveria dirigir a luta por seus interesses.
Rosa Luxemburgo Desde antes da I Guerra Mundial, integra a ala internacionalista da II internacional, que se oporá ao apoio que o SPD e grande maioria dos partidos social-democratas emprestaram às burguesia de seus países na I Guerra Mundial, traindo a luta da classe operária.Conseqüente com sua oposição à guerra e a defesa de que os operários e soldados deveriam voltar suas armas contra as burguesia de seus países, impulsionará a ruptura com as posições da direção da social-democracia, criando com Karl Liebknecht e outros a Liga Espartáco - depois Partido Comunista Alemão - e participando do movimento que levará à criação da III Internacional, Internacional Comunista, sob a direção de Lênin e Trotski, em 1919.Brilhante oradora, Rosa foi presa várias vezes, principalmente no período em que se lançou com todas suas energias à campanha contra a guerra imperialista. Saiu de sua última prisão libertada pelas massas sublevadas na Revolução Alemã de 1918.Há 90 anos, no dia 15 de janeiro, junto com Liebknecht, foi brutalmente assassinada por forças paramilitares dirigidas pelo governo, então dirigido pelo SPD.Entre seus principais escritos destacamos: A Polônia independente e a causa dos operários; Reforma social ou revolução; O socialismo e as igrejas; A crise da Social Democracia; A Revolução Russa; a Que se propõe o grupo Espártaco.

Flora Silva
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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Novo Dia

A edição do Novo Dia
Foi toda ela apreendida
Por órgão da Segurança.
E foi lacrada a oficina,
E o redator foi detido
Pra prestar depoimento.
No entanto, por descuido,
Imperícia ou sabotagem,
Com o sol chegou às bancas,
À cores o Novo Dia,
Pontualmente dois minutos
Depois das seis da manhã.

Vasco Malleiro
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Oposição sem CPI dos cartões no Senado: “assim não vale”

Jucá, líder do governo no Senado, antecipou-se e protocolou CPI com 31 assinaturas, restando à oposição reclamar ao se ver sem os holofotes

A CPI não seria necessária, mas pior do que fazer a CPI é ficar uma nuvem pairando em cima do governo como se o governo tivesse algo a esconder. O governo não ficará refém da oposição”, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), logo após protocolar um requerimento com a assinatura de 31 senadores para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar possíveis desvirtuamentos na utilização de recursos destinados a cobrir gastos de servidores públicos, pagos por meio das contas bancárias denominadas tipo “B” ou cartões de crédito.
Mais do que uma ducha de água fria, a atitude de Jucá deixou a oposição atônita, perdida e sem bandeira. Não é nenhum exagero afirmar que alguns conhecidos caçadores de holofotes passaram o carnaval inteiro treinando o que iriam dizer no retorno dos trabalhos do Congresso. A mídia já havia montado o seu carnaval. Era necessário ocupar lugar de destaque.
TINTAS
Porém, a CPI foi um estouro no galinheiro. Não que fosse necessária, pois a Controladoria Geral da União (CGU) já havia esclarecido o que representavam os gastos do cartão. No mesmo sentido, o governo já havia anunciado medidas para limitar o seu uso, principalmente para saques. Isso não era suficiente para a oposição e a mídia, pois nem a oposição e muito menos a mídia queriam melhorar alguma coisa. O que importava era a balbúrdia.
Os cartões corporativos foram criados no governo Fernando Henrique para substituir as chamadas “caixinhas” ou contas “tipo B” utilizadas pelos órgãos públicos para suprir gastos emergenciais. Como mostra o levantamento da CGU, o governo Lula vem aumentando o gasto no cartão e diminuindo o das contas bancárias, exatamente para aumentar o controle sobre esses gastos. Isso foi efetivo e a despesa total (a somatória da conta bancária com o cartão) foi reduzida significativamente no governo Lula em relação ao governo anterior.
A Controladoria revelou que enquanto em 2001 e 2002 os gastos totais foram de R$ 213,6 milhões e R$ 233,2 milhões respectivamente, a partir de 2003 foram reduzidos para R$ 143,5 milhões em média. Em 2007, segundo a CGU, o gasto do governo com o cartão corporativo representou entre 0,002% e 0,004% das despesas totais do Poder Executivo. “O cartão é um instrumento mais moderno, que permite melhor controle do que o velho talonário de cheques”, disse o secretário executivo da CGU, Luiz Navarro, acrescentando que “o aumento das despesas pagas com o uso do cartão nos últimos anos acontece, na grande maioria dos casos, simultaneamente a uma redução no volume de pagamentos feitos pelo sistema antigo (tipo B) e corresponde à gradativa migração de um sistema para o outro”.
Entretanto, mesmo depois de todos os is estarem com seus pingos, tintas e mais tintas foram gastas para bater na tapioca de oito reais e cinqüenta centavos do ministro Orlando Silva ou nos setenta reais gastos pelo ministro da Pesca, Altemir Gregolin, no “Pingüim”, em Ribeirão Preto (SP), que não é só choperia como tanto foi martelado, mas um bom e agradável restaurante.
Da tapioca pularam para os gastos sigilosos dos servidores que fazem a segurança dos filhos do presidente. Foi o sinal para os candidatos a líderes da oposição disputarem os microfones para denunciar que a CPI sairia “de qualquer jeito”, nem que tivessem que “recorrer ao STF”. Enquanto Onyx Lorenzoni (Dem-RS), por um lado, corria para anunciar que iria recolher assinaturas na Câmara, Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP), por outro, fazia o mesmo. No Senado, Demóstenes Torres (Dem-GO) reclamava o título de recolhedor oficial de assinaturas, já que os demais se atrasaram, e Eduardo Suplicy (PT-SP) já declarava apoiar a CPI (um filme nada novo). Porém, envolvidos nas disputas, nem perceberam que Romero Jucá já tinha as assinaturas necessárias. Às 18:05 h a novela estava parcialmente encerrada.
Pior ainda para a oposição: a CPI protocolada por Jucá pede apurações em “eventuais irregularidades na utilização de suprimento de fundos por meio de adiantamentos, de contas bancárias destinadas à sua movimentação e dos denominados cartões de pagamento [corporativos] no período de janeiro de 1998 até a presente data”. E agora? Como explicar que os gastos foram muito maiores no governo anterior? E naquela época a mídia sequer olhava para qualquer prestação de contas do governo. Mas agora alguém vai olhar.
Restou ao senador e líder do PSDB, Arthur Virgílio, reclamar da CPI dizendo que era uma farsa. Em nota, ele disse que “o PSDB quer investigação completa, quer saber os gastos de todos os Ministérios, autarquias ou qualquer outra titularidade” para “compará-los com os do mercado e saber da necessidade e legitimidade das aquisições”. Nem bem a súplica de Virgílio foi lançada e o jornalista Paulo Henrique Amorim a atendeu, publicando os gastos do governo de São Paulo com os “famosos” cartões corporativos, um ótimo parâmetro, não do mercado, mas de um governo do PSDB, para as comparações do senador.
GUICHÊ
Como mostrou Amorim, “o gasto total com cartões corporativos no Estado de São Paulo em 2007 chegou a R$ 108 milhões”. Aumentaram 5,82% em 2007 em relação a 2006, ano em que já havia crescido 22,93% em relação ao anterior. Mais ainda: 44,58% dos gastos com o cartão em São Paulo são saques diretos no caixa, ou seja, dinheiro sacado no guichê ou no caixa eletrônico, sem nenhum controle do seu uso.
Já o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), homem de estilo enfático, reclamou que a CPI “queria abarcar o mundo com as pernas”, coisa a que ele tem o maior horror, pois, “não chega a lugar nenhum”.
Sem se abalar com as reclamações, Jucá encerrou o assunto tranqüilizando a todos. “Percebemos que a CPI seria uma disputa, um Carnaval político. A oposição dizia que se não houvesse CPI mista, haveria no Senado. Estamos apenas antecipando o pedido”, disse o líder.
ALESSANDRO RODRIGUES

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sábado, 9 de fevereiro de 2008

Papel do dólar como moeda de reserva está no fim


É difícil saber onde Bush efetuou mais destruição, se na economia iraquiana ou na dos EUA. No último número da revista Manufaturing & Technology News, o economista Charles McMillion observa que durante os sete anos de Bush a dívida federal aumentou em dois terços enquanto a dívida imobiliária duplicou.
Por Paul Craig Roberts.
Este maciço estímulo keynesiano produziu resultados econômicos deploráveis. O rendimento real médio declinou. A taxa de participação da força de trabalho diminuiu. O crescimento do emprego foi patético, com 28% dos novos empregos estando no setor governamental.

Todos os novos empregos no setor privado são devidos a burocracias da edução privada e cuidados de saúde e a bares e restaurantes. Foram perdidos 3,25 milhões de empregos na indústria e meio milhão de empregos de supervisão. O número de empregos na indústria caiu ao nível de 65 anos atrás.
Isto é o perfil de uma economia do Terceiro Mundo.
A "nova economia" tem estado a incidir num déficit comercial em produtos de tecnologia avançada desde 2002. O déficit comercial estadunidense em bens manufaturados amesquinha o do déficit comercial em petróleo. Os EUA não ganham o suficiente para pagar a sua fatura de importações, e não poupam bastante para financiar o déficit orçamental do governo.
Para financiar os seus déficits, a América recorre à bondade de estrangeiros a fim de continuar a aceitar o derramamento de dólares e de dívida denominada em dólares.
Os dólares são aceitos porque esta é a divisa de reserva do mundo.
Na reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, na semana passada, o multimilionário negociante de divisas George Soros advertiu que o papel do dólar como divisa de reserva estava a chegar ao fim. "A crise atual é não só o fracasso que se segue ao boom imobiliário, é basicamente o fim de um período de 60 anos de contínua expansão do crédito baseada no dólar como divisa de reserva. Agora o resto do mundo está cada vez mais relutante em acumular dólares".
Se o mundo está relutante em continuar a acumular dólares, os EUA não serão capazes de financiar o seu déficit comercial ou o seu déficit orçamental. Como ambos estão seriamente desequilibrados, a implicação é ainda maior declínio no valor de troca do dólar e uma ascensão aguda nos preços.
Certos economistas romantizaram o globalismo, deliciando-se na miríade de componentes estrangeiros em marcas de produtos estadunidenses. Isto é bonito para um país cujo comércio está em equilíbrio ou cuja divisa tem o papel de divisa de reservas. É uma terrível dependência para um país como os EUA que tem estado ocupado a trabalhar para deslocalizar sua economia enquanto destrói o valor de troca da sua divisa.
Quando o dólar perder valor e perder a sua posição privilegiada como divisa de reservas, os padrões de vida estadunidenses sofrerão um sério golpe.
Se o governo estadunidense não pode equilibrar o seu orçamento cortando nos gastos ou aumentando impostos, no dia em que não mais puder tomar emprestado veremos o governo a pagar as suas contas imprimindo dinheiro como uma república bananeira do Terceiro Mundo. Inflação e mais depreciação da taxa de câmbio estarão na ordem do dia.

Paul Craig Roberts é ex-secretário assistente do Tesouro na administração Reagan. Autor de Supply-Side Revolution: An Insider's Account of Policymaking in Washington; Alienation and the Soviet Economy e Meltdown: Inside the Soviet Economy, e co-autor com Lawrence M. Stratton de The Tyranny of Good Intentions: How Prosecutors and Bureaucrats Are Trampling the Constitution in the Name of Justice.
Reproduzido do Resistir
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