Julian Assange Fonte: Uruknet |Tradução de F. Macias Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor do The News de Adelaide, escreveu: “Na corrida entre o sigilo e a verdade, parece inevitável que a verdade vencerá sempre”. A sua observação talvez fosse reflexo da revelação feita pelo seu pai Keith Murdoch, de que as tropas australianas estavam a ser sacrificadas inutilmente, por comandantes britânicos incompetentes nas costas de Gallipoli. Os Ingleses tentaram silencia-lo mas Keith Murdoch não se calaria e o seu empenho levou ao fim da devastadora campanha de Gallipoli. Quase um século depois, a Wikileaks está também destemidamente a publicar factos que devem ser publicados. Eu cresci no estado de Queensland, onde as pessoas diziam exactamente o que pensavam de forma directa. Elas suspeitavam dos grandes Estados como de qualquer coisa que podia ser corrompida se não fosse vigiada com cuidado. Os negros dias da corrupção do governo de Queensland antes do Inquérito Fitzgerald, são testemunhos do que acontece quando os políticos amordaçam a comunicação social, impedindo-a de relatar a verdade. Estes acontecimentos ficaram na minha memória. A Wikileaks foi criada em torno destes valores essenciais. A ideia concebida na Austrália, teve como objectivo empregar as tecnologias da internet em novas formas de relatar a verdade. A Wikileaks inventou um novo tipo de jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outras agências de informação, levando as notícias às pessoas mas também provando a verdade. O jornalismo científico permite às pessoas lerem a narração do facto e ao clicar on line verem o documento original em que ela se baseia. Desta forma as pessoas podem julgar por si próprias: Será o caso verdadeiro? E o jornalista relatou-o correctamente? As sociedades democráticas necessitam de uma comunicação social forte e a Wikileaks faz parte dela. A comunicação social ajuda a ter governos honestos. A Wikileaks tem revelado algumas duras verdades sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e informações humilhantes sobre a corrupção dos governos. Há pessoas que dizem que eu sou antiguerra: por acaso, não sou. Às vezes as nações precisam de fazer a guerra e há guerras justas. Mas não há nada de mais errado do que um governo mentir ao seu povo sobre essas guerras, ou pedir a esses mesmos cidadãos para porem as suas vidas e os seus impostos em risco, devido a essas mentiras. Se há razão para haver uma guerra, então diz-se a verdade e o povo decidirá se a deve apoiar. Se leram alguma dos documentos oficiais sobre a guerra do Afeganistão ou do Iraque, alguma das mensagens telegráficas das embaixadas dos EUA ou alguma das narrações acerca dos factos que a Wikileaks relatou, pensem como é importante para toda a comunicação social poder relatar esses factos livremente. A Wikileaks não é o único a publicar os telegramas de embaixadas dos EUA. Outras agências de informação, incluindo The Guardian da Inglaterra, The New York Times, El Pais de Espanha e Der Spiegel da Alemanha publicaram os mesmos telegramas redigidos. No entanto foi a Wikileaks, como coordenadora destes outros grupos, que sofreu os ataques e acusações mais violentos do governo dos EUA e seus acólitos. Eu tenho sido acusado de traição, embora seja um cidadão australiano e não norte-americano. Tem havido imensas vozes nos EUA a clamarem para eu ser “eliminado” pelas forças especiais. A Sarah Palin diz que eu devia ser “procurado como Osama bin Laden”, um cartaz do partido Republicano foi posto em frente ao Senado dos EUA declarando-me “uma ameaça transnacional” visando liquidarem-me. Um conselheiro do gabinete do primeiro-ministro do Canada exigiu na televisão nacional que eu fosse assassinado. Um blogger americano aconselhou que o meu filho de 20 anos, aqui na Austrália, fosse raptado e maltratado, só pela razão de assim me poderem apanhar. E os australianos devem perceber sem arrogância a inaceitável concordância com estas atitudes, pela primeira-ministra Gillard e a secretária de estado norte-americana Hillary Clinton não terem feito nenhuma crítica às outras organizações de comunicação social. Isto é porque o The Guardian, The New York Times e o Der Spiegel são velhos e grandes, enquanto a Wikileaks é ainda jovem e pequena. Nós somos as vítimas. O governo de Gilliard está a chutar o mensageiro porque não quer que a verdade seja revelada, inclusive quanto a informações sobre as suas próprias actividades diplomáticas e políticas. Tem havido alguma resposta do governo australiano às inúmeras ameaças de violência públicas contra mim e outros colaboradores da Wikileaks? Poder-se-ia pensar que uma primeira-ministra australiana estaria a defender os seus cidadãos contra tais ameaças, mas o que apenas tem havido são algumas alegações inconsistentes de ilegalidade. A Primeira-Ministra e principalmente o Procurador-Geral são tidos por desempenharem as suas funções com dignidade e sem contestação. Fiquem certos que estes dois só pretendem é salvar a sua própria pele. Eles não nos defenderão. Sempre que a Wikileaks publica a verdade acerca de abusos cometidos com a intervenção dos EUA, os políticos australianos entoam um coro comprovadamente falso com o Departamento de Estado: “ “Vocês vão pôr vidas em risco! Segurança nacional! Vão pôr soldados em perigo!” Mas depois dizem que não há nada de importante no que a Wikileaks publica. Ora, não podem ser os dois. Qual deles é, afinal? Nenhum. A Wikileaks tem quatro anos. Durante esse tempo nós mexemos com muitos Estados, mas nem uma única pessoa, como se sabe, foi maltratada. Porém os EUA, com a conivência do governo Australiano, matou milhares só nos últimos meses. O Secretário da Defesa norte-americano Robert Gates admitiu numa carta ao Congresso dos EUA que nenhuma das sensíveis fontes de informações ou técnicas dos serviços secretos tinha sido comprometida pela divulgação das actas sobre a guerra no Afeganistão. O Pentágono declarou que não havia nenhuma prova de que os relatórios da Wikileaks tivessem causado mal a alguém no Afeganistão. A NATO em Cabul disse à CNN que não encontrou uma única pessoa a necessitar de protecção. O Departamento de Defesa australiano disse o mesmo. Nenhum dos soldados ou fontes de informações australianos foi atingido por algo que nós publicámos. Mas a matéria que nós publicámos está longe de não ter importância. Os telegramas diplomáticos dos EUA revelam factos alarmantes: Os EUA pediram aos seus diplomatas para roubarem material e informações de carácter pessoal de entidades das Nações Unidades e de organizações de defesa aos direitos humanos, incluindo DNA, impressões digitais, imagens dos olhos, números de cartões de crédito, acessos à internet e fotografias pessoais, em total violação aos tratados internacionais. Presume-se que os diplomatas australianos das Nações Unidas possam ter sido também alvo destas medidas. O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu às entidades norte-americanas na Jordânia e no Bahrein que parassem o programa nuclear iraniano por todos os meios disponíveis. O inquérito da Inglaterra ao Iraque foi organizado para proteger “os interesses dos EUA”. A Suécia é membro clandestino da NATO e a sua participação nos serviços secretos dos EUA é escondida do parlamento. Os EUA estão a jogar fortemente para conseguirem que outros países recebam presos da Baía de Guantánamo. Barack Obama concordou em encontrar-se com o Presidente Esloveno só se a Eslovénia ficar com um prisioneiro. Foram oferecidos ao nosso vizinho do Pacífico, Quiribati, milhões de dólares para aceitar prisioneiros. No seu acórdão proferido no caso Pentagon Papers, o Supremo Tribunal dos EUA disse “Só uma imprensa livre e sem restrições pode efectivamente revelar a fraude do governo”. A tempestade que roda em torno da Wikileaks hoje reforça a necessidade de defender o direito de todos os meios de comunicação revelarem a verdade. Publicado em Tribunal Iraque |
Além do Cidadão Kane
domingo, 19 de dezembro de 2010
A Verdade Vencerá Sempre
Postado por O Velho Comunista às 13:05 0 comentários
Marcadores: Imperialismo, mídia
domingo, 12 de dezembro de 2010
Wikileaks Quem manipula as acusadoras de Assange?
1) Counter Pounch, Americ’as Best Political Newsletter, editado por Alexander Cockburn y Jeffrey St.Clair, http://www.counterpunch.org/shamir09142010.html
Para mais informação sobre a cubano-sueca Anna Cardin ler Jean-Guy Allard em http://contrainjerencia.com/index.php/?p=2730#more-2730
3) La “Festa do Chá” expressa a ultra-direita do Partido Republicano, que já é da hiper direita.
4) Philip Burnett Franklin Agee (1935-2008) foi um ex-agente da CIA que, em 1975, se celebrizou com a publicação do livro “Inside the Company: CIA Diary”, onde relatou as suas experiências na agência, desde que aí entrou em 1957; prestou serviço em Washington, Equador, Uruguai e México. Retirou-se em 1968 e converteu-se num denunciante dos métodos da CIA. Morreu em Cuba em 2008.
5) William Scott Ritter Jr., nascido em 1961, na Florida, foi o principal inspetor de armas das Nações Unidas no Iraque no período 1991-1998, tendo depois criticado a política externa dos EUA no Médio Oriente. Antes da invasão defendeu publicamente que o Iraque não possuía armas atômicas; posteriormente foi uma figura popular como conferencista anti-guerra. Foi preso em 2001 por duas acusações de exploração sexual de menores. Uma terceira acusação aguarda julgamento.
Postado por O Velho Comunista às 09:58 0 comentários
Marcadores: Estados Unidos, mídia, repressão, resistência
Wikileaks: operação revanche
Erica Soares | |||||||||
Centenas de voluntários e "hackers" favoráveis à pirataria na Internet realizam ataques cibernéticos em massa em apoio a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, preso atualmente Londres. Este grupo, que se autodenomina "Anônimos", atacou os servidores das empresas transnacionais de cartões de crédito MasterCard e Visa bem como a página na Internet da ex-candidata republicana extremista à vice-presidência Sarah Palin. Antes havia atacado a Igreja da Cientologia e vários sites da indústria fonográfica, segundo o New York Times. Os sites atacados até agora em todos os casos empreenderam ações que afetam de uma ou outra maneira as operações do WikiLeaks. Os portais do promotor sueco que conduz o caso e do advogado que defende as duas mulheres que acusam o australiano Assange, também foram desativados ao mesmo tempo que o do senador estadunidense Joe Lieberman, que é um recalcitrante inimigo do WikiLeaks. O grupo também criou centenas de sites espelhos para que o WikiLeaks possa continuar revelando documentos secretos sem ser tirado do ar por seus atuais inimigos. A Operação Revanche está composta por milhares de usuários que se oferecem voluntariamente para integrar uma rede clandestina controlada remotamente, que adota o nome de "botnet". E através da mesma conseguem inabilitar servidores em diferentes países com total impunidade segundo o site The poet bench.com. Também foram massivamente atacados: o site de pagamentos PayPal, o de venda de livros pela Internet "Amazon", o de um banco suíço, bem como o principal portal do governo sueco, segundo a mesma fonte. Os ataques dos piratas rebeldes do ciberespaço afetaram seriamente todas as compras de Natal em diversos países e desataram uma onda de pânico entre diversos setores da vida política, comercial e militar, assegura a lista de e-mails actionla@lists.riseup.net.Esta dirección de correo electrónico está protegida contra los robots de spam, necesita tener Javascript activado para poder verla O vírus da liberdade da Internet Os voluntários oferecem uma ferramenta ou software que pode ser baixado por cada computador e que provoca o envio de mensagens simultâneos que literalmente fazem com que os servidores colapsem durante um tempo. Se as autoridades policiais revistam os computadores dos simpatizantes estes podem alegar que foram infectados por um vírus de computador de maneira casual e não podem ser penalizados legalmente por seus ataques. A ferramenta cibernética que utilizam anuncia, uma vez que é instalada, que "agora devem se sentar comodamente e olhar o show dos efeitos que vai provocar". As possibilidades de que alguém seja preso por tê-la instalada são nulas até agora, publica a lista de e-mails austinagainstwar@yahoogroups.com.Esta dirección de correo electrónico está protegida contra los robots de spam, necesita tener Javascript activado para poder verla Muitos usuários opinam que o próximo site que eventualmente será atacado é o Twitter, já que fechou unilateralmente a conta que tinha o grupo "Anônimos" com ele, denominada "Operação Anon". Um dos representantes dos hackers que utilizava o pseudônimo de "Sangue Frio", ou "Coldblood" em inglês, se identificou ante os meios de imprensa como um programador de 22 anos que trabalha em Londres. Assegurou que "todos os portais que se submeterem às pressões desatadas pelos Estados Unidos serão alvos dos próximos ataques no ciberespaço". O mesmo disse que o WikiLeaks é mais que um site que revela documentos e denúncias, mas que é também um novo campo de batalha onde o povo pode enfrentar seus governantes. Em um comunicado que apareceu no Twitter, o grupo "Anônimos" colocou a seguinte mensagem: "Olá mundo, nós somos um grupo que opera no anonimato e o que saibam ou ignorem sobre nós agora é irrelevante". Queremos contatar a todos, aos meios de imprensa para que conheçam nossa mensagem, intenções e alvos futuros nesta campanha pacífica pela liberdade de expressão, acrescentou. Que a internet seja para os jornalistas honestos e os cidadãos de qualquer país independentemente do que pensem ou digam, afirmou. Este grupo luta por vocês e a Internet é o último bastião da liberdade neste mundo em acelerado desenvolvimento tecnológico onde todos podemos nos unir e sermos fortes, explicou. "Por isso querem eliminar o Wikileaks e temem nosso poder quando nos unirmos. Não somos uma organização que quer fazer justiça com suas próprias mãos, nem somos terroristas. Nunca esqueçam isto", pontualizou. Uma acusação risível Assange não foi formalmente acusado de nenhum delito, mas está sendo solicitado pela INTERPOL por ter supostamente mantido relações sexuais com duas mulheres de duvidoso passado, mas que estão vinculadas, segundo diversos meios de imprensa, aos serviços especiais estadunidenses. Ele continua declarando-se inocente e qualificou este caso é como uma caçada às bruxas que se intensificou desde que o WikiLeaks divulgou internacionalmente milhares dos mais sensíveis telegramas diplomáticos secretos do governo dos Estados Unidos. Um dos advogados da equipe de defesa de Assange, Mark Stephens, disse segundo Democracy Now: "O juiz do caso não viu nenhuma evidência contra seu cliente e se aprovou uma ordem de captura somente por supostamente praticar sexo sem proteção entre adultos, o que é um deboche ao sistema judicial sueco e a toda a comunidade internacional". Stephens expressou que: "Nestas circunstâncias, acho que veremos outra nova solicitação de fiança para meu cliente e isso será somente a ponta do iceberg do conjunto de ações internacionais que planejamos executar nos próximos dias" . E assegurou: "Isto vai se generalizar muito cedo, muitas pessoas vão se apresentar para servir de testemunhas ao senhor Assange. Há muitos que estão convencidos de que é inocente e a maioria pensa que esta acusação se deve a uma manobra por motivos notadamente políticos". O New York Times informou que o Departamento de Justiça investiga diferentes variantes para acusar Assange não só com a Lei de Espionagem, mas também por conspiração e tráfico de documentos secretos furtados. (*) O autor é chefe do Departamento de Difusão da Prensa Latina. Publicado em Prensa Latina |
Postado por O Velho Comunista às 09:37 0 comentários
Marcadores: fascismo, mídia, repressão, resistência
Lula faz ato em defesa do WikiLeaks e expõe hipocrisia da mídia
O vídeo com o protesto de Lula
Ao se referir às correspondências de embaixadores estadunidenses, com revelações sobre o modo, arrogante e míope, que o império avalia “o resto do mundo”, o presidente enalteceu o trabalho jornalístico realizado pelo WikiLeaks, que deixou o rei nu e despertou uma reação irada contra a liberdade de imprensa e expressão.
“E aí aparece o tal do Wikileaks, desnuda a diplomacia que parecia inatingível, parecia a mais certa do mundo”, observou. ”Então começa uma busca, eu não sei se chegaram a colar cartazes por aí com o rosto do rapaz, que nem no tempo do faroeste, com inscrição de um procura-se vivo ou morto, mas prenderam o rapaz e eu não vejo um voto de protesto em defesa da liberdade de expressão. É engraçado isto.”
Primeiro protesto
Voltando-se para o fotógrafo oficial da presidência, Ricardo Stuckert, Lula falou: “Ô, Stuckinha, pode colocar no Blog do Planalto o primeiro protesto, então, contra [o cerceamento à] liberdade de expressão na internet, para a gente poder protestar, porque o rapaz estava apenas colocando aquilo que ele leu. E se ele leu foi porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem porque se não tivesse escrito não teria o escândalo que tem. Então, ao WikiLeaks minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra [o cerceamento à] liberdade de expressão.”
A ironia do presidente é uma crítica velada e bem humorada ao comportamento da mídia hegemônica, que não o perdoa por promover a Conferência Nacional da Comunicação (Confecom) nem se cansa de acusá-lo em editorial de querer acabar com a liberdade de imprensa e instituir a censura no país.
Esses veículos de comunicação, liderados por não mais que quatro ilustres famílias burguesas (Marinho, Civita, Frias e Mesquita), gostam de se apresentar à opinião pública como paladinos da democracia e, em especial, da liberdade de imprensa e expressão, embora isto não esteja em sintonia com a folha corrida dos veículos que dirigem (Globo, Veja, Folha e Estadão).
Conspiração do silêncio
Com ou sem ironia, é de se estranhar, conforme notou o presidente, a conspiração do silêncio da mídia hegemônica com a caçada implacável movida contra o sitio rebelde e seu fundador, alvo de acusações provavelmente forjadas. Outro escândalo foi o envolvimento de grandes empresas (Amazon, Visa, Mastercard), na operação de estrangulamento financeiro do WikiLeaks, o que evidencia a dimensão dos tentáculos do império.
Esses acontecimentos, em conjunto, configuram um atentado à democracia e à liberdade de imprensa e expressão. Mas aqui, como em muitos países, a mídia é cúmplice dos imperialistas americanos. Várias empresas jornalísticas envolveram-se na campanha de crítica e difamação do WikiLeaks liderada pelos EUA.
A hipocrisia das potências imperialistas e da mídia servil transparece sem disfarces nesses dias. Não há a menor tolerância com a liberdade de imprensa que exponha à opinião pública os crimes e as misérias da diplomacia imperial, que se movimenta num teatro de sombras e tem por fundamento a mentira, o engodo, o cinismo e a hipocrisia. Só pode sobreviver em segredo, à margem da luz dos noticiários.
Nem um editorial
A mídia monopolizada não dedicou sequer um editorial aos fatos, noticiados com naturalidade, sem maiores comentários. Nem uma mísera palavra de indignação. O silêncio notado e criticado por Lula é mais um gesto de servilismo diante do império, que contrasta fortemente com a reação virulenta contra as reformas que governos progressistas como o de Chávez, na Venezuela, Evo Morales, na Bolívia, Cristina Kirchner na Argentina, Correa no Equador e Lula no Brasil, defendem ou realizam com o objetivo de romper monopólios e democratizar os meios de comunicação.
Tal mídia, que bem merece o apelido de PIG (Partido da Imprensa Golpista) nunca esteve seriamente comprometida com a defesa da democracia e da liberdade de imprensa. Pelo contrário, apoiou com entusiasmo o golpe militar contra a “república de sindicalistas” presidida por João Goulart, sendo que a Folha cedeu até peruas para a “ditabranda” carregar presos políticos para salas de tortura do DOI-Codi.
A crítica aos monopólios de comunicação, cujas orientações editoriais são ditadas pelos patrões, não se estende à categoria dos jornalistas, em que pese o fato de muitos profissionais vestirem a camisa da empresa, talvez por carência de senso crítico e imaginação própria. A indignação é grande entre os trabalhadores da comunicação e a solidariedade com o WikiLeaks e seu fundador vem crescendo.
Destaca-se, neste sentido, o manifesto que jornalistas de várias partes do mundo (40 países) redigiram sobre o tema:
“Julian Assange, fundador da organização WikiLeaks, está sendo alvo de massiva campanha de crítica e difamação, ameaçado por trabalhar para divulgar documentos militares sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque (“War Diaries”). Assange está sendo acusado de ter divulgado informação militar confidencial, que poria em risco a vida das pessoas cujos nomes aparecem nos documentos vazados e, também, de espionagem. Várias empresas jornalísticas envolveram-se também na mesma campanha de crítica e difamação.
“Nós, jornalistas e organizações de jornalistas de vários países, manifestamos aqui nosso apoio ao Sr. Julian Assange e a organização WikiLeaks.
“Acreditamos firmemente que o Sr. Assange trouxe contribuição extraordinária com vistas a maior transparência e a indispensável relação de prestação e cobrança de contas, no campo da informação democrática, no que tenha a ver, até agora, com as guerras do Afeganistão e do Iraque – assuntos em relação ao quais a transparência e a livre divulgação de informação têm sofrido pesadas restrições, seja por ação dos governos, seja pelo controle e censura que as empresas jornalísticas se autoimpõem. Assange tem sido atacado por divulgar informações que de modo algum poderiam ter sido censuradas e impedidas de chegar à opinião pública.
“Cremos firmemente que WikiLeaks tem e deve ter pleno direito de divulgar material militar confidencial, porque é do alto interesse da opinião pública saber o que realmente se passou e continua a passar-se naquelas duas guerras. Os documentos divulgados por WikiLeaks são prova viva de que o governo dos EUA mentiu à opinião pública sobre suas atividades no Iraque e no Afeganistão; e que pode ter cometido crimes de guerra.
“Os documentos vazados por WikiLeaks criaram risco de vida para várias pessoas. Essa talvez seja a única crítica legítima que se poderia fazer a WikiLeaks, por não ter revisado suficientemente os documentos, de modo a ter impedido a divulgação de nomes de pessoas – agentes duplos e espiões – cujas vidas pudessem ficar ameaçadas pela divulgação. Felizmente, ainda não há qualquer sinal de que alguém tenha sido ferido ou morto por ter tido seu nome exposto nos documentos vazados. Observamos também que WikiLeaks aprendeu com aquele primeiro erro. A divulgação dos documentos sobre a guerra do Iraque foi mais cuidadosa nesse quesito.
“O que realmente importa, contudo, são as provas que WikiLeaks afinal divulgou, de que, sim, tem havido inúmeros abusos e crimes, cometidos por exércitos dos EUA e aliados. Essa divulgação é imensamente mais importante, e os crimes afinal comprovados são imensamente mais graves do que algum eventual erro de redação jornalística.
“O Sr. Assange tem sido atacado e pressionado pessoalmente, por ser divulgador de seu próprio trabalho. Já pesam sobre ele, inclusive, acusações de espionagem. O Sr. Assange é tão ‘espião’ quanto qualquer jornalista e ou qualquer fonte das quais depende o trabalho dos jornalistas investigativos. Acusar Julian Assange de espionagem é precedente terrível, que ataca o coração de qualquer governo democrático.
“Se houver crime de espionagem em publicar documentos recebidos de fontes confiáveis, praticamente todos os jornalistas do mundo serão culpados do mesmo crime. Os jornalistas temos o dever de apoiar e defender Julian Assange, face aos ataques que tem sofrido.
“Desde a criação, em 2006, a organização Wikileaks tem sido fonte extraordinária de recursos e informação para jornalistas de todo o mundo, fazendo aumentar a transparência e democratizando a informação, em tempos em que os governos trabalham exatamente na direção oposta.
“Embora não seja incluído no conjunto que se designa como ‘a mídia’ – e não aspire a ser aí incluído – a missão de WikiLeaks é oferecer informação confiável à opinião pública, sem se render a restrições injustificáveis na divulgação de segredos injustificáveis. O trabalho de WikiLeaks é ajuda formidável ao nosso trabalho jornalístico.
“Na posição de beneficiários agradecidos do trabalho de Wikileaks e de Julian Assange, aqui manifestamos nosso apoio àquele trabalho.”
Da redação, Umberto Martins, com Luiz Nassif Online
Postado por O Velho Comunista às 09:25 0 comentários
Marcadores: Estados Unidos, fascismo, Lula, mídia
Evo Morales: "Ou morre o capitalismo ou morre a mãe Terra"
"Nós aprendemos a gritar 'pátria ou morte'. Agora já não se trata disso. É 'planeta ou morte'. Ou morre o capitalismo ou morre a mãe Terra", disse. Morales disse que as "potências" precisam "abandonar sua arrogância, sua soberba". "Temos que abandonar o luxo do mercado, enquanto não o abandonarmos, certamente milhões vão continuar pagando pelo luxo de alguns".
O presidente classificou a crise climática como uma das crises do capitalismo e destacou que o aquecimento global afeta a produção de alimentos. Em Cancún, Evo defendeu a prorrogação do Protocolo de Quioto e disse que a falta de acordo entre os países pode significar um "ecocídio", um "atentado à humanidade". Para ele, o mais importante é que os governos sigam a vontade dos povos. "Vamos praticar a democracia mundial".
Protocolo de Quioto
"Se mandarmos para o lixo a partir de agora o protocolo de Quioto, seremos responsáveis por um economicídio, um ecocídio, portanto, um genocídio, porque estamos atentando contra a humanidade em seu conjunto", disse também Morales.
Aplaudido pela plenária da conferência da ONU, que reúne mais de 190 países em Cancún em busca de acordos para enfrentar as mudanças climáticas do planeta, Morales afirmou que os desastres do clima já tiram 300 mil vidas anualmente e que em poucos anos o número chegará a um milhão.
"Cada um de nós, especialmente presidentes, chefes de delegações, governos, coloquem-se à altura das milhões e milhões de famílias que são vítimas do aquecimento global, das mudanças climáticas", acrescentou Morales ao pedir compromissos e eforços claros dos países.
Os países em desenvolvimento se enquadraram nesta conferência nesta reivindicação de uma extensão para além de 2012 do Protocolo de Quioto. Este é um dos grandes obstáculos das negociações, uma vez que o Japão disse que não renovará o protocolo sob a alegação de que Estados Unidos e China, os maiores emissores do planeta, estão fora do mesmo.
Da redação do Vermelho, com agências
Postado por O Velho Comunista às 09:21 0 comentários
Marcadores: capitalismo, Ecologia, Evo Morales
Mauro Santayana nos lembra: “Roma não era tão forte assim”
Postado por O Velho Comunista às 09:10 0 comentários
Marcadores: Estados Unidos, fascismo, Imperialismo, mídia, obscurantismo, prepotência, repressão
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
O "Mundo Livre" contra a Liberdade do WikiLeaks
Caros amigos,
A campanha de intimidação massiva contra o WikiLeaks está assustando defensores da mídia livre do mundo todo.
Advogados peritos estão dizendo que o WikiLeaks provavelmente não violou nenhuma lei. Mas mesmo assim políticos dos EUA de alto escalão estão chamando o site de grupo terrorista e comentaristas estão pedindo o assassinato de sua equipe. O site vem sofrendo ataques fortes de países e empresas, porém o WikiLeaks só publica informações passadas por delatores. Eles trabalham com os principais jornais (NY Times, Guardian, Spiegel) para cuidadosamente selecionar as informações que eles publicam.
A intimidação extra judicial é um ataque à democracia. Nós precisamos de uma manifestação publica pela liberdade de expressão e de imprensa. Assine a petição pelo fim dos ataques e depois encaminhe este email para todo mundo – vamos conseguir 1 milhão de vozes e publicar anúncios de página inteira em jornais dos EUA esta semana!
http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?vl
O governo dos EUA está usando todas as vias legais para impedir novas publicações de documentos, porém leis democráticas protegem a liberdade de imprensa. Os EUA e outros governos podem não gostar das leis que protegem a nossa liberdade de expressão, mas é justamente por isso que elas são importantes e porque somente um processo democrático pode alterá-las.
Algumas pessoas podem discordar se o WikiLeaks e seus grandes jornais parceiros estão publicando mais informações que o público deveria ver, se ele compromete a confidencialidade diplomática, ou se o seu fundador Julian Assange é um herói ou vilão. Porém nada disso justifica uma campanha agressiva de governos e empresas para silenciar um canal midiático legal. Clique abaixo para se juntar ao chamado contra a perseguição:
http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?vl
Você já se perguntou porque a mídia raramente publica as histórias completas do que acontece nos bastidores? Por que quando o fazem, governos reagem de forma agressiva, Nestas horas, depende do público defender os direitos democráticos de liberdade de imprensa e de expressão. Nunca houve um momento tão necessário de agirmos como agora.
Com esperança,
Ricken, Emma, Alex, Alice, Maria Paz e toda a equipe da Avaaz
Fontes:
Fundador do site WikiLeaks é preso em Londres:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/fundador+do+site+wikileaks+e+preso+em+londres/n1237852973735.html
Visa e MasterCard se unem ao boicote contra WikiLeaks:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/visa-e-mastercard-se-unem-ao-boicote-contra-wikileaks
Hackers lançam ataques em resposta a bloqueio de dinheiro do Wikileaks:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g5_1RyqwzqqSdcdkuXSkRwc3OCbA?docId=CNG.3ee5f70f5e1bc38f749f897810be5a31.6a1
Conheça o homem por trás do site que revelou documentos secretos americanos:
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/conheca-a-historia-do-site-que-revelou-documentos-secretos-americanos/
O criador do WikiLeaks, entre a sombra e a busca pela verdade:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hRW1-BWMeIXP6Spyr_UdQJbqu5_g?docId=CNG.24a480c86aa11494311806f554755ceb.701
Saiba mais sobre os telegramas diplomáticos:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/saiba+mais+sobre+os+telegramas+diplomaticos/n1237852399276.html
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Postado por O Velho Comunista às 20:37 0 comentários
Marcadores: Estados Unidos, fascismo, globalização, Imperialismo, mídia, prepotência, repressão, resistência
domingo, 5 de dezembro de 2010
ESTADOS UNIDOS
EUA: O fedor da decadência econômica fica cada vez mais forte
Isto é grande notícia, especialmente no período de poucas notícias do feriado do dia de ação de graças, mas não a vi relatada na Bloomberg, CNN, New York Times ou em qualquer media impresso ou na TV dos EUA. A cabeça do avestruz permanece na areia.
Anteriormente, a China concluíra o mesmo acordo com o Brasil.
Como a China tem uma grande e crescente provisão de dólares com os excedentes comerciais com os quais comercia, a China está a indicar que prefere rublos russos e reais brasileiros a mais US dólares.
A imprensa financeira americana consola-se com os episódios em que a dívida soberana amedronta a UE e remete o dólar para cima contra o euro e a libra esterlina. Mas estes movimentos de divisas são apenas medidas de atores financeiros a protegerem-se de dívidas perturbadas denominadas em euros. Eles não medem a força do dólar.
O papel do dólar como divisa mundial de reserva é um dos principais instrumentos da hegemonia financeira americana. Não nos disseram quanto dano a fraude da Wall Street infligiu às instituições financeiras da UE, mas os países da UE já não necessitam do US dólar para comerciarem entre si pois partilham uma divisa comum. Uma vez que os países da OPEP cessem de manter os dólares com que são pagos pelo petróleo, a hegemonia do dólar ter-se-á desvanecido.
Outro instrumento da hegemonia financeira americana é o FMI. Sempre que um país não pode honrar suas dívidas e reembolsar os bancos americanos, entra o FMI com um pacote de austeridade que esmaga a população do país com impostos mais altos e cortes em programas de educação, cuidados médicos e apoio ao rendimento até que os banqueiros obtenham o seu dinheiro de volta.
Isto está agora a acontecer à Irlanda e provável que se propague a Portugal, Espanha e talvez mesmo a França. Após a crise financeira causada pela América, o papel do FMI como uma ferramenta do imperialismo estadunidense é cada vez menos aceitável. O fato poderá tornar-se evidente quando os governos não puderem mais liquidar os seus povos em benefício dos bancos americanos.
Há outros sinais de que alguns países estão a cansar-se da utilização irresponsável do poder por parte da América. Governos civis da Turquia há muito têm estado sob o controle dos militares turcos influenciados pela América. Contudo, recentemente o governo civil atuou contra dois altos generais e um almirante suspeitos de envolvimento no planejamento de um golpe. O governo civil afirmou-se mais uma vez quando o primeiro-ministro anunciou no dia de ação de graças que a Turquia está preparada para reagir a qualquer ofensiva israelense contra o Líbano. Eis aqui um aliado da NATO americana a libertar-se da suserania americana exercida através dos militares turcos. Quem sabe a Alemanha podia ser o próximo.
Enquanto isso, na América a administração Obama conseguiu propor uma Comissão do Déficit cujos membros querem pagar as guerras de muitos milhões de milhões (trillion) de dólares que estão a enriquecer o complexo militar/segurança e o muitos milhões de milhões de dólares dos salvamentos do sistema financeiro através da redução de aumentos anuais da Segurança Social conforme o custo de vida, da elevação da idade de reforma para 69 anos, do fim da dedução do juro hipotecário, do fim da dedução fiscal de seguro de saúde proporcionado pelo empregador, da imposição de um imposto federal sobre vendas de 6,5 por cento, enquanto corta a taxa fiscal de topo para os ricos.
Mesmo as baixas taxas de juro do Federal Reserve são destinadas a ajudar os banksters [1] . As baixas taxas de juro privam os reformados e aqueles que vivem das suas poupanças do rendimento do juro. As baixas taxas de juro também privaram pensões corporativas de financiamento. Para colmatar o fosso há corporações que estão a emitir milhares de milhões de dólares em títulos corporativos a fim de financiar as suas pensões. A dívida corporativa está a aumentar, mas não as instalações e equipamentos que produziriam receitas para o serviço da dívida. À medida que a economia piora, servir a dívida adicional será um problema.
Além disso, os idosos da América estão a descobrir que cada vez menos médicos os aceitarão como pacientes pois um corte de 23 por cento prepara-se nos já baixos pagamentos do Medicare aos médicos.
O governo americano só tem recursos para guerras de agressão, intrusões de estado policial e salvamentos de banksters ricos. O cidadão americano tornou-se um mero sujeito a ser sangrado para as oligarquias dominantes.
A atitude de estado policial do Ministério da Segurança Interna em relação a viajantes de linhas aéreas é uma clara indicação de que os americanos já não são cidadãos com direitos mas sujeitos sem direitos. Ainda virá o dia talvez em que americanos oprimidos tomarão as ruas como os franceses, os gregos, os irlandeses e os britânicos.
[*] Foi editor do Wall Street Journal e secretário assistente do Tesouro dos EUA. Seu livro mais recente é How the Economy Was Lost .
O original encontra-se em counter punch
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Postado por O Velho Comunista às 11:33 0 comentários
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