Além do Cidadão Kane

domingo, 19 de dezembro de 2010

A Verdade Vencerá Sempre

Julian Assange
 
Fonte: Uruknet
|Tradução de F. Macias
 
Em 1958 o jovem Rupert Murdoch, então proprietário e editor do The News de Adelaide, escreveu: “Na corrida entre o sigilo e a verdade, parece inevitável que a verdade vencerá sempre”.
A sua observação talvez fosse reflexo da revelação feita pelo seu pai Keith Murdoch, de que as tropas australianas estavam a ser sacrificadas inutilmente, por comandantes britânicos incompetentes nas costas de Gallipoli. Os Ingleses tentaram silencia-lo mas Keith Murdoch não se calaria e o seu empenho levou ao fim da devastadora campanha de Gallipoli.
Quase um século depois, a Wikileaks está também destemidamente a publicar factos que devem ser publicados.
Eu cresci no estado de Queensland, onde as pessoas diziam exactamente o que pensavam de forma directa. Elas suspeitavam dos grandes Estados como de qualquer coisa que podia ser corrompida se não fosse vigiada com cuidado. Os negros dias da corrupção do governo de Queensland antes do Inquérito Fitzgerald, são testemunhos do que acontece quando os políticos amordaçam a comunicação social, impedindo-a de relatar a verdade.
Estes acontecimentos ficaram na minha memória. A Wikileaks foi criada em torno destes valores essenciais. A ideia concebida na Austrália, teve como objectivo empregar as tecnologias da internet em novas formas de relatar a verdade.
A Wikileaks inventou um novo tipo de jornalismo: o jornalismo científico. Trabalhamos com outras agências de informação, levando as notícias às pessoas mas também provando a verdade. O jornalismo científico permite às pessoas lerem a narração do facto e ao clicar on line verem o documento original em que ela se baseia. Desta forma as pessoas podem julgar por si próprias: Será o caso verdadeiro? E o jornalista relatou-o correctamente?
As sociedades democráticas necessitam de uma comunicação social forte e a Wikileaks faz parte dela. A comunicação social ajuda a ter governos honestos. A Wikileaks tem revelado algumas duras verdades sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e informações humilhantes sobre a corrupção dos governos.
Há pessoas que dizem que eu sou antiguerra: por acaso, não sou. Às vezes as nações precisam de fazer a guerra e há guerras justas. Mas não há nada de mais errado do que um governo mentir ao seu povo sobre essas guerras, ou pedir a esses mesmos cidadãos para porem as suas vidas e os seus impostos em risco, devido a essas mentiras. Se há razão para haver uma guerra, então diz-se a verdade e o povo decidirá se a deve apoiar.
Se leram alguma dos documentos oficiais sobre a guerra do Afeganistão ou do Iraque, alguma das mensagens telegráficas das embaixadas dos EUA ou alguma das narrações acerca dos factos que a Wikileaks relatou, pensem como é importante para toda a comunicação social poder relatar esses factos livremente.
A Wikileaks não é o único a publicar os telegramas de embaixadas dos EUA. Outras agências de informação, incluindo The Guardian da Inglaterra, The New York Times, El Pais de Espanha e Der Spiegel da Alemanha publicaram os mesmos telegramas redigidos.
No entanto foi a Wikileaks, como coordenadora destes outros grupos, que sofreu os ataques e acusações mais violentos do governo dos EUA e seus acólitos. Eu tenho sido acusado de traição, embora seja um cidadão australiano e não norte-americano. Tem havido imensas  vozes nos EUA a clamarem para eu ser “eliminado” pelas forças especiais. A Sarah Palin diz que eu devia ser “procurado como Osama bin Laden”, um cartaz do partido Republicano foi posto em frente ao Senado dos EUA declarando-me “uma ameaça transnacional” visando liquidarem-me. Um conselheiro do gabinete do primeiro-ministro do Canada exigiu na televisão nacional que eu fosse assassinado. Um blogger americano aconselhou que o meu filho de 20 anos, aqui na Austrália, fosse raptado e maltratado, só pela razão de assim me poderem apanhar.
E os australianos devem perceber sem arrogância a inaceitável concordância com estas atitudes, pela primeira-ministra Gillard e a secretária de estado norte-americana Hillary Clinton não terem feito nenhuma crítica às outras organizações de comunicação social. Isto é porque o The Guardian, The New York Times e o Der Spiegel são velhos e grandes, enquanto a Wikileaks é ainda jovem e pequena.
Nós somos as vítimas. O governo de Gilliard está a chutar o mensageiro porque não quer que a verdade seja revelada, inclusive quanto a informações sobre as suas próprias actividades diplomáticas e políticas.
Tem havido alguma resposta do governo australiano às inúmeras ameaças de violência públicas contra mim e outros colaboradores da Wikileaks? Poder-se-ia pensar que uma primeira-ministra australiana estaria a defender os seus cidadãos contra tais ameaças, mas o que apenas tem havido são algumas alegações inconsistentes de ilegalidade. A Primeira-Ministra e principalmente o Procurador-Geral são tidos por desempenharem as suas funções com dignidade e sem contestação. Fiquem certos que estes dois só pretendem é salvar a sua própria pele. Eles não nos defenderão.
 Sempre que a Wikileaks publica a verdade acerca de abusos cometidos com a intervenção dos EUA, os políticos australianos entoam um coro comprovadamente falso com o Departamento de Estado: “ “Vocês vão pôr vidas em risco! Segurança nacional! Vão pôr soldados em perigo!” Mas depois dizem que não há nada de importante no que a Wikileaks publica. Ora, não podem ser os dois. Qual deles é, afinal?
 Nenhum. A Wikileaks tem quatro anos. Durante esse tempo nós mexemos com muitos  Estados, mas nem uma única pessoa, como se sabe, foi maltratada. Porém os EUA, com a conivência do governo Australiano, matou milhares só nos últimos meses.
O Secretário da Defesa norte-americano Robert Gates admitiu numa carta ao Congresso dos EUA que nenhuma das sensíveis fontes de informações ou técnicas dos serviços secretos tinha sido comprometida pela divulgação das actas sobre a guerra no Afeganistão. O Pentágono declarou que não havia nenhuma prova de que os relatórios da Wikileaks tivessem causado mal a alguém no Afeganistão. A NATO em Cabul disse à CNN que não encontrou uma única pessoa a necessitar de protecção. O Departamento de Defesa australiano disse o mesmo. Nenhum dos soldados ou fontes de informações australianos foi atingido por algo que nós publicámos.
Mas a matéria que nós publicámos está longe de não ter importância. Os telegramas diplomáticos dos EUA revelam factos alarmantes:
Os EUA pediram aos seus diplomatas para roubarem material e informações de carácter pessoal de entidades das Nações Unidades e de organizações de defesa aos direitos humanos, incluindo DNA, impressões digitais, imagens dos olhos, números de cartões de crédito, acessos à internet e fotografias pessoais, em total violação aos tratados internacionais. Presume-se que os diplomatas australianos das Nações Unidas possam ter sido também alvo destas medidas.
O rei Abdullah da Arábia Saudita pediu às entidades norte-americanas na Jordânia e no Bahrein que parassem o programa nuclear iraniano por todos os meios disponíveis.
O inquérito da Inglaterra ao Iraque foi organizado para proteger “os interesses dos EUA”.
A Suécia é membro clandestino da NATO e a sua participação nos serviços secretos dos EUA é escondida do parlamento.
Os EUA estão a jogar fortemente para conseguirem que outros países recebam presos da Baía de Guantánamo. Barack Obama concordou em encontrar-se com o Presidente Esloveno só se a Eslovénia ficar com um prisioneiro. Foram oferecidos ao nosso vizinho do Pacífico, Quiribati, milhões de dólares para aceitar prisioneiros.
No seu acórdão proferido no caso Pentagon Papers, o Supremo Tribunal dos EUA disse “Só uma imprensa livre e sem restrições pode efectivamente revelar a fraude do governo”. A tempestade que roda em torno da Wikileaks hoje reforça a necessidade de defender o direito de todos os meios de comunicação revelarem a verdade.

Publicado em Tribunal Iraque 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Wikileaks Quem manipula as acusadoras de Assange?




Depois de publicar o “Diário de Guerra Afegão, que tornou visível esta campanha neocolonial, cruel e desnecessária”, Julian Assange tornou-se um alvo a abater. No entanto, sua morte, ainda e sempre possível, não retirava o efeito da publicação dos 251.000 documentos secretos norte-americanos e desacreditava mais o imperialismo norte-americano. É sempre melhor desacreditar um inimigo que fazer dele um mártir, como diz o jornalista e radialista colombiano Ernesto Carmona.
Não são “flores que se cheirem” as virgens nórdicas que acusam Julian Assange de «violação» e «não utilização de preservativo». Por exemplo, Anna Ardin - a acusadora oficial - nasceu em Cuba e escreve artigos contra Fidel Castro e o seu país de origem em publicações financiadas com dólares do contribuinte estadunidense, através de grupos cubano-americanos apoiados em Miami pela CIA, enquanto a sua sócia, Sofia Wilen, de 26 anos, montou a Assange conhecido engate tipo «meias de rockeira» [calcetinera rockera] até o levar para a cama, para depois ser a primeira a acusá-lo de violação, aparentemente como vingança pelo fato de o responsável da Wikileaks não lhe ter telefonado no dia seguinte.
O historial político de Ardin foi detalhadamente descrito pelo jornalista canadiano-cubano do Granma, Jean_Guy Allard [1], enquanto a conspiração para destruir a imagem de Assange e desacreditar as divulgações de Wikileaks foi esmiuçada exaustivamente por Israel Shamir e Paul Bennet, tão antecipadamente como o dia 14 de Setembro de 2010, numa documentada nota intitulada «Brincando com o crime de violação pelo sitiado Assange» em CounterPounch.Org, cuja epígrafe reza «A melhor newsletter política estadunidense» (exceto Bound magazine). [1]
As linhas abaixo são a versão em castelhano da nota de Counter Pounch:
Tornou-se novamente nebulosa a conspiração contra o nosso herói preferido de Matrix. O nosso «Capitão Nero», Julian Assange, está outra vez frente ao perigo. Quando deixamos o lendário fundador de Wikileaks no capitulo anterior, este suspirava de alívio depois de escapar das falsas acusações de dupla violação. As denúncias caíram, e o nosso herói que ficou novamente livre para vaguear pelo globo. Mas as conspirações desta telenovela são repetitivas. A história foi rapidamente reciclada e agora o nosso valente capitão está, uma vez, mais sob a ameaça de castração por Stora Torget, de Estocolmo, ou o ansiado castigo por molestar sagradas virgens nórdicas numa terra onde em tempos reinaram os Vikings.
Por outras palavras, ressurgiram de novo as absurdas acusações de violação contra o Inimigo Público nº 1 do Pentágono. Assange agora é acusado de:
1) não ter telefonado no dia seguinte a ter desfrutado uma noite de amor;
2) ter-lhe pedido que pagasse o seu bilhete de autocarro;
3) ter feito sexo inseguro, e
4) participar em dois breves affairs numa semana.
Estas ridículas quatro acusações judiciais, dignas do simulacro de julgamento de Leopold Bloom no capítulo Nightown de Ulisses, foram mexidas e condimentadas até que pudessem ser cozinhadas como um desconchavado caso de violação! O Irão desceu e subiu a Suécia! Enquanto o Irã teve notoriedade pelas sentenças conservadoras contra o adultério, a Suécia mostra-nos o que parece ser o lado liberal da moeda, com a invenção de acusações criminais por não poder telefonar e pelo descuido de não usar preservativos em atos íntimos consensuais. Pior ainda, com propósitos políticos estão a misturar sexo convencional com violação. E nisto, a Suécia está a brincar com crime da muito real violação violenta.
Os suecos têm uma razão prática por trás do seu decepcionante e pífio trabalho policial. O fundador de Wikileaks, perseguido pelas forças malévolas de todo o mundo, procurou um alívio momentâneo na reputação da Suécia como bastião da liberdade de expressão. Mas no momento em que Julian procurou proteção da lei de imprensa sueca, a CIA imediatamente ameaçou de deixar de partilhar informações com o SEPO, o Serviço de Informações Sueco. Desde que chegou ao poder, o atual governo de direita faz tudo o que pode para enterrar a herança de cuidadosa neutralidade do primeiro-ministro Olof Palme. A suspeita de que a farsa da violação é uma campanha orquestrada clarifica-se com estes dois fatos:
1) a Suécia enviou tropas para o Afeganistão;
2) Assange publicou em Wikileaks o Diário de Guerra Afegão, que tornou visível esta campanha neocolonial, cruel e desnecessária [2].
Continuando, o web-sítio do norte-americano Tea Party (RightwingNews.com) [3] sugeriu que «a próxima vez que [Assange] apareça em público, um agente da CIA armado com uma carabina de franco-atirador dispare uma bala de advertência apontando próximo do crânio». Descansem, que a CIA é mais sábia que o Tea Party. Pelo menos aprendeu com a lição de Che Guevara. Hoje arrasam a reputação de um rebelde em vez de desperdiçar uma bala. A história testemunha que aumentou a eficácia no uso desta táctica. Não se esforçam para converter Assange em mártir. Recorrem, muito simplesmente, aos seus antigos aliados para o ridicularizar. Lançam sobre ele o opróbrio. É muito mais preciso e demolidor que a bala de um franco-atirador. Nos anos 70 só podiam dizer que Philip Agee [4] era um mulherengo e borrachão. Hoje não faltam acusações judiciais de pedofilia e, por exemplo, humilharam Scott Ritter [5] por não aceitar a charada de George W Bush sobre as armas de destruição massiva no Iraque. Para espanto de todos vós, a campanha de violação lançado sobre Assange pode ser apenas o primeiro passo da contradança. Talvez venham a decidir que, afinal, ele é pederasta. A ameaça tácita é suficientemente evidente para que alguns defensores manifestem o seu apoio a Wilileaks, como supostamente aconteceu no Parlamento da Islândia [6].
A bala sempre pode ser disparada mais tarde, se a campanha de desprestígio da vítima vier A ter sucesso. Os Evangelhos dizem que ninguém seguiu Cristo até Gólgota, apesar de na semana anterior a população de Jerusalém lhe ter manifestado todo o seu apoio. Numa leitura surpreendentemente moderna de uma velha história medieval, um judeu anti-Evangelho dirá agora que este foi o resultado de uma correta campanha de desprestígio executada por Judas.
Para lançar uma nódoa é necessário um ex-apóstolo. A mera acusação de Caifás não impressiona. Quem quiser acusar um militante da esquerda, compare-o com um ex-militante da esquerda. Por exemplo, os trotskistas são acusados de serem capazes de se deixar utilizar contra os comunistas. Atualmente, estão a recorrer a pseudo anti-sionistas para parar um autêntico movimento favorável à Palestina.
Quem são os Judas desta campanha contra o nosso Julian?
Um grupo anônimo que proclama ter estado «dentro de Wikileaks» criou um novo web-site repleto de «revelações» sobre o passado e o presente de Assange, proclamando que vive luxuosamente da África do Sul, apesar de na Suécia ele aparecer quase diariamente nas notícias dos media e nos relatórios da polícia.
Outro ex-apóstolo é a política islandesa Birgitta Jonsdottir, que falsamente se auto-intitulou como «porta-voz de Wikileaks» e convidou Assange a «render-se», e a deixar o Wikileaks á deriva, sem a sua direção, como se de alguma forma Wikileaks fosse parte de Assange.
A pseudo progressista organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) atacou Assange por pôr em perigo as vidas de inocentes agentes secretos norte-americanos no Afeganistão. Apesar da sua fraseologia de esquerda, a RSF é uma organização não-governamental que recebe fundos governamentais dos EUA para financiar a sua campanha de destabilização em Cuba. A RSF está ligada às máfias cubano-americanas de Miami.
Anna Ardin (a denunciante oficial) é muitas vezes descrita pelos media como de esquerda, apesar de estar ligada a grupos anticastristas e anticomunistas financiados pelos EUA. Esta mulher, nascida em Cuba, publicou as suas diatribes anticastristas (7) em sueco na Revista de Estudos [Revista de Assinaturas] alojada em Miscelâneas de Cuba. Em Oslo, o professor Michaerl Seltzer disse que esta publicação é um produção de uma organização anticastrista abundantemente financiada na Suécia. Antes, já tinha dito que o grupo está ligado à União Liberal Cubana, liderada por Carlos Alberto Montaner, cujas ligações à CIA foram desmascaradas por Forlián Rodríguez no web-sítio Machetera [8]. Seltzer observou ainda que Ardin foi deportada de Cuba por atividades subversivas, e depois interatuou com o grupo feminista anticastrista as Damas de Branco, que recebem fundos do governo dos EUA, e que um dos seus principais amigos e financiadores é o convicto terrorista e anticomunista Luis Posada Carriles [9]. Hebe de Bonafini, presidenta das Mães da Praça de Maio da Argentina, disse mesmo que «as supostas Damas de Branco defendem o terrorismo dos EUA».
No entanto, não devemos aceitar a teoria da simples bala. A vida é mais complicada do que isso. Além do seu vincado anticastrismo pró-CIA, ao que parece, Anna Ardin tem como desporto favorito o engate de homens. [Jean-Guy Allard: Em 2007, fundou o clube «gay» Queer-klubb Feber de Gotland, numa ilha sueca situada a 60 km da costa, refúgio da chamada farândola]. Um fórum sueco divulgou que Ardin é perita em assédio sexual e perita nas mal afamadas artes de «supressão anti-masculina». Uma vez, quando falava numa conferência, um estudante da audiência só olhava para as suas notas em vez de a olhar enquanto ela falava. Anna Ardin denunciou-o por assédio sexual. Disse que o estudante a discriminou pelo fato de ser mulher e acusou-o por suposto uso masculino de «técnicas superiores de supressão», pois o jovem, ao ignorá-la, fê-la sentir-se invisível. Logo que o estudante soube desta denúncia, procurou-a para pedir-lhe desculpa e dar-lhe explicações. A resposta de Anna Ardin foi acusá-lo agora de assédio sexual, e voltou a aludir à «técnica superior de supressão», acrescentando desta vez sensações de menosprezo.
Aparentemente, Ardin está envolvida com um grupo Social-democrata «Cristão». A Igreja sueca tem fraca tem uma fraca implantação de clérigos do sexo masculino. São poucos os casais heterossexuais suecos que hoje em dia casam pela igreja ou mesmo os que casam. No entanto, a maioria dos casais gay sentem-se muito orgulhosos por serem «marido e mulher» perante a igreja.
A segunda acusadora, Sofia Wilen, de 26 anos, é amiga de Anna. No vídeo de uma conferência de imprensa de Assange podem ser vistas as duas mulheres juntas [10]. Os assistentes na conferência ficaram maravilhados com o seu comportamento como fãs. Embora as estrelas de rock se sirvam de jovens mulheres que dariam a vida por sexo, isto é muito menos comum no jornalismo político. Sofia, segundo a sua própria confissão, teve muito trabalho para levar Assange para a cama. Foi também a primeira a queixar-se à polícia. Sofia é pouco conhecida e os seus motivos são vagos. Por que é que uma jovem - que partilha a sua vida com o artista norte-americano Seth Benson - procurou uma aventura política tão sórdida?
Na sua divertida novela «O meu único e verdadeiro amor», o brilhante escritor israelita Gilad Atzmon descreve como os serviços secretos recorrem a jovens raparigas como doces armadilhas. É este o caso? Talvez não seja mais do que um caso de procura de dinheiro. A nova legislação sueca, e em toda a Europa, tornou os homens extremamente vulneráveis a vigarices neste tipo de extorsões. De acordo com o Daily Telegraph, uma jovem sueca (omite-se o nome), de 26 anos, conseguiu ganhar mais de um milhão de dólares durante umas férias na Grécia. Queixou-se de ter sido violada. Prenderam quatro homens que com divulgação dos nomes ficaram com o trabalho em perigo, mas a rapariga regressou a casa milionária, e a identidade protegida preservou a sua segurança futura. Este sucesso incentiva à imitação: de acordo com um relatório da UE, a Suécia tem 20 vezes mais denúncias de violação que as atribuídas aos apaixonados italianos. E a maioria esquece as denúncias e adeus…
A violação é um crime horrível que não deve ser alargado a delitos menores de pequena importância e pequenas falhas morais (como não fazer uma chamada telefônica no dia seguinte). Quando perguntaram ao advogado de acusação por que é que as jovens não estavam seguras de terem sido violadas, respondeu de forma reveladora: «Não são advogados». A violação - tal como o assassínio - é um crime que não precisa de qualquer advogado para o reconhecer. A violação é um crime capital: se se provar que as acusações são falsas, certamente que o denunciante deve ser punido por difamação criminosa.
Quanto a Julian Assange, precisamos dele. Seja casto ou mulherengo, precisamos do nosso capitão Nero para desmascarar as aditividades secretas dos nossos governos por trás de Matrix. Pelos nossos próprios motivos, todos nós devemos fazer o que nos compete para o proteger dos serviços secretos e das feministas pró castração. 

Notas:
1) Counter Pounch, Americ’as Best Political Newsletter, editado por Alexander Cockburn y Jeffrey St.Clair, http://www.counterpunch.org/shamir09142010.html
Para mais informação sobre a cubano-sueca Anna Cardin ler Jean-Guy Allard em http://contrainjerencia.com/index.php/?p=2730#more-2730
 
3) La “Festa do Chá” expressa a ultra-direita do Partido Republicano, que já é da hiper direita.
 
4) Philip Burnett Franklin Agee (1935-2008) foi um ex-agente da CIA que, em 1975, se celebrizou com a publicação do livro “Inside the Company: CIA Diary”, onde relatou as suas experiências na agência, desde que aí entrou em 1957; prestou serviço em Washington, Equador, Uruguai e México. Retirou-se em 1968 e converteu-se num denunciante dos métodos da CIA. Morreu em Cuba em 2008.
 
5) William Scott Ritter Jr., nascido em 1961, na Florida, foi o principal inspetor de armas das Nações Unidas no Iraque no período 1991-1998, tendo depois criticado a política externa dos EUA no Médio Oriente. Antes da invasão defendeu publicamente que o Iraque não possuía armas atômicas; posteriormente foi uma figura popular como conferencista anti-guerra. Foi preso em 2001 por duas acusações de exploração sexual de menores. Uma terceira acusação aguarda julgamento.

* Jornalista e proprietário da Rádio Caracol, emissora de enorme difusão na Colômbia 

Este texto foi publicado em anncol

Tradução de José Paulo Gascão

Reproduzido de O Diário

Wikileaks: operação revanche



Erica Soares   
Imagen de muestra  Centenas de voluntários e "hackers" favoráveis à pirataria na Internet realizam ataques cibernéticos em massa em apoio a Julian Assange, fundador do WikiLeaks, preso atualmente Londres.

  Este grupo, que se autodenomina "Anônimos", atacou os servidores das empresas transnacionais de cartões de crédito MasterCard e Visa bem como a página na Internet da ex-candidata republicana extremista à vice-presidência Sarah Palin.

Antes havia atacado a Igreja da Cientologia e vários sites da indústria fonográfica, segundo o New York Times.

Os sites atacados até agora em todos os casos empreenderam ações que afetam de uma ou outra maneira as operações do WikiLeaks.

Os portais do promotor sueco que conduz o caso e do advogado que defende as duas mulheres que acusam o australiano Assange, também foram desativados ao mesmo tempo que o do senador estadunidense Joe Lieberman, que é um recalcitrante inimigo do WikiLeaks.

O grupo também criou centenas de sites espelhos para que o WikiLeaks possa continuar revelando documentos secretos sem ser tirado do ar por seus atuais inimigos.

A Operação Revanche está composta por milhares de usuários que se oferecem voluntariamente para integrar uma rede clandestina controlada remotamente, que adota o nome de "botnet".

E através da mesma conseguem inabilitar servidores em diferentes países com total impunidade segundo o site The poet bench.com.

Também foram massivamente atacados: o site de pagamentos PayPal, o de venda de livros pela Internet "Amazon", o de um banco suíço, bem como o principal portal do governo sueco, segundo a mesma fonte.

Os ataques dos piratas rebeldes do ciberespaço afetaram seriamente todas as compras de Natal em diversos países e desataram uma onda de pânico entre diversos setores da vida política, comercial e militar, assegura a lista de e-mails actionla@lists.riseup.net.Esta dirección de correo electrónico está protegida contra los robots de spam, necesita tener Javascript activado para poder verla

O vírus da liberdade da Internet

Os voluntários oferecem uma ferramenta ou software que pode ser baixado por cada computador e que provoca o envio de mensagens simultâneos que literalmente fazem com que os servidores colapsem durante um tempo.

Se as autoridades policiais revistam os computadores dos simpatizantes estes podem alegar que foram infectados por um vírus de computador de maneira casual e não podem ser penalizados legalmente por seus ataques.

A ferramenta cibernética que utilizam anuncia, uma vez que é instalada, que "agora devem se sentar comodamente e olhar o show dos efeitos que vai provocar".

As possibilidades de que alguém seja preso por tê-la instalada são nulas até agora, publica a lista de e-mails austinagainstwar@yahoogroups.com.Esta dirección de correo electrónico está protegida contra los robots de spam, necesita tener Javascript activado para poder verla

Muitos usuários opinam que o próximo site que eventualmente será atacado é o Twitter, já que fechou unilateralmente a conta que tinha o grupo "Anônimos" com ele, denominada "Operação Anon".

Um dos representantes dos hackers que utilizava o pseudônimo de "Sangue Frio", ou "Coldblood" em inglês, se identificou ante os meios de imprensa como um programador de 22 anos que trabalha em Londres.

Assegurou que "todos os portais que se submeterem às pressões desatadas pelos Estados Unidos serão alvos dos próximos ataques no ciberespaço".

O mesmo disse que o WikiLeaks é mais que um site que revela documentos e denúncias, mas que é também um novo campo de batalha onde o povo pode enfrentar seus governantes.

Em um comunicado que apareceu no Twitter, o grupo "Anônimos" colocou a seguinte mensagem:

"Olá mundo, nós somos um grupo que opera no anonimato e o que saibam ou ignorem sobre nós agora é irrelevante".

Queremos contatar a todos, aos meios de imprensa para que conheçam nossa mensagem, intenções e alvos futuros nesta campanha pacífica pela liberdade de expressão, acrescentou.

Que a internet seja para os jornalistas honestos e os cidadãos de qualquer país independentemente do que pensem ou digam, afirmou.

Este grupo luta por vocês e a Internet é o último bastião da liberdade neste mundo em acelerado desenvolvimento tecnológico onde todos podemos nos unir e sermos fortes, explicou.

"Por isso querem eliminar o Wikileaks e temem nosso poder quando nos unirmos. Não somos uma organização que quer fazer justiça com suas próprias mãos, nem somos terroristas. Nunca esqueçam isto", pontualizou.

Uma acusação risível

Assange não foi formalmente acusado de nenhum delito, mas está sendo solicitado pela INTERPOL por ter supostamente mantido relações sexuais com duas mulheres de duvidoso passado, mas que estão vinculadas, segundo diversos meios de imprensa, aos serviços especiais estadunidenses.

Ele continua declarando-se inocente e qualificou este caso é como uma caçada às bruxas que se intensificou desde que o WikiLeaks divulgou internacionalmente milhares dos mais sensíveis telegramas diplomáticos secretos do governo dos Estados Unidos.

Um dos advogados da equipe de defesa de Assange, Mark Stephens, disse segundo Democracy Now:

"O juiz do caso não viu nenhuma evidência contra seu cliente e se aprovou uma ordem de captura somente por supostamente praticar sexo sem proteção entre adultos, o que é um deboche ao sistema judicial sueco e a toda a comunidade internacional".

Stephens expressou que: "Nestas circunstâncias, acho que veremos outra nova solicitação de fiança para meu cliente e isso será somente a ponta do iceberg do conjunto de ações internacionais que planejamos executar nos próximos dias" .

E assegurou: "Isto vai se generalizar muito cedo, muitas pessoas vão se apresentar para servir de testemunhas ao senhor Assange. Há muitos que estão convencidos de que é inocente e a maioria pensa que esta acusação se deve a uma manobra por motivos notadamente políticos".

O New York Times informou que o Departamento de Justiça investiga diferentes variantes para acusar Assange não só com a Lei de Espionagem, mas também por conspiração e tráfico de documentos secretos furtados.

(*) O autor é chefe do Departamento de Difusão da Prensa Latina.
 
Publicado em Prensa Latina 

Lula faz ato em defesa do WikiLeaks e expõe hipocrisia da mídia

Em discurso improvisado durante apresentação do balanço do PAC, nesta quinta-feira (9), em Brasília, o presidente Luiz Inácio da Silva não poupou ironia ao estranhar o silêncio da mídia hegemônica diante do atentado à liberdade de imprensa e expressão que os EUA e algumas potências aliadas estão perpetrando contra o sitio WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange , encarcerado em Londres.
Veja também:
O vídeo com o protesto de Lula

Ao se referir às correspondências de embaixadores estadunidenses, com revelações sobre o modo, arrogante e míope, que o império avalia “o resto do mundo”, o presidente enalteceu o trabalho jornalístico realizado pelo WikiLeaks, que deixou o rei nu e despertou uma reação irada contra a liberdade de imprensa e expressão.

“E aí aparece o tal do Wikileaks, desnuda a diplomacia que parecia inatingível, parecia a mais certa do mundo”, observou. ”Então começa uma busca, eu não sei se chegaram a colar cartazes por aí com o rosto do rapaz, que nem no tempo do faroeste, com inscrição de um procura-se vivo ou morto, mas prenderam o rapaz e eu não vejo um voto de protesto em defesa da liberdade de expressão. É engraçado isto.”

Primeiro protesto

Voltando-se para o fotógrafo oficial da presidência, Ricardo Stuckert, Lula falou: “Ô, Stuckinha, pode colocar no Blog do Planalto o primeiro protesto, então, contra [o cerceamento à] liberdade de expressão na internet, para a gente poder protestar, porque o rapaz estava apenas colocando aquilo que ele leu. E se ele leu foi porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem porque se não tivesse escrito não teria o escândalo que tem. Então, ao WikiLeaks minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra [o cerceamento à] liberdade de expressão.”

A ironia do presidente é uma crítica velada e bem humorada ao comportamento da mídia hegemônica, que não o perdoa por promover a Conferência Nacional da Comunicação (Confecom) nem se cansa de acusá-lo em editorial de querer acabar com a liberdade de imprensa e instituir a censura no país.

Esses veículos de comunicação, liderados por não mais que quatro ilustres famílias burguesas (Marinho, Civita, Frias e Mesquita), gostam de se apresentar à opinião pública como paladinos da democracia e, em especial, da liberdade de imprensa e expressão, embora isto não esteja em sintonia com a folha corrida dos veículos que dirigem (Globo, Veja, Folha e Estadão).

Conspiração do silêncio

Com ou sem ironia, é de se estranhar, conforme notou o presidente, a conspiração do silêncio da mídia hegemônica com a caçada implacável movida contra o sitio rebelde e seu fundador, alvo de acusações provavelmente forjadas. Outro escândalo foi o envolvimento de grandes empresas (Amazon, Visa, Mastercard), na operação de estrangulamento financeiro do WikiLeaks, o que evidencia a dimensão dos tentáculos do império.

Esses acontecimentos, em conjunto, configuram um atentado à democracia e à liberdade de imprensa e expressão. Mas aqui, como em muitos países, a mídia é cúmplice dos imperialistas americanos. Várias empresas jornalísticas envolveram-se na campanha de crítica e difamação do WikiLeaks liderada pelos EUA.

A hipocrisia das potências imperialistas e da mídia servil transparece sem disfarces nesses dias. Não há a menor tolerância com a liberdade de imprensa que exponha à opinião pública os crimes e as misérias da diplomacia imperial, que se movimenta num teatro de sombras e tem por fundamento a mentira, o engodo, o cinismo e a hipocrisia. Só pode sobreviver em segredo, à margem da luz dos noticiários.

Nem um editorial

A mídia monopolizada não dedicou sequer um editorial aos fatos, noticiados com naturalidade, sem maiores comentários. Nem uma mísera palavra de indignação. O silêncio notado e criticado por Lula é mais um gesto de servilismo diante do império, que contrasta fortemente com a reação virulenta contra as reformas que governos progressistas como o de Chávez, na Venezuela, Evo Morales, na Bolívia, Cristina Kirchner na Argentina, Correa no Equador e Lula no Brasil, defendem ou realizam com o objetivo de romper monopólios e democratizar os meios de comunicação.

Tal mídia, que bem merece o apelido de PIG (Partido da Imprensa Golpista) nunca esteve seriamente comprometida com a defesa da democracia e da liberdade de imprensa. Pelo contrário, apoiou com entusiasmo o golpe militar contra a “república de sindicalistas” presidida por João Goulart, sendo que a Folha cedeu até peruas para a “ditabranda” carregar presos políticos para salas de tortura do DOI-Codi.

A crítica aos monopólios de comunicação, cujas orientações editoriais são ditadas pelos patrões, não se estende à categoria dos jornalistas, em que pese o fato de muitos profissionais vestirem a camisa da empresa, talvez por carência de senso crítico e imaginação própria. A indignação é grande entre os trabalhadores da comunicação e a solidariedade com o WikiLeaks e seu fundador vem crescendo.

Destaca-se, neste sentido, o manifesto que jornalistas de várias partes do mundo (40 países) redigiram sobre o tema:

“Julian Assange, fundador da organização WikiLeaks, está sendo alvo de massiva campanha de crítica e difamação, ameaçado por trabalhar para divulgar documentos militares sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque (“War Diaries”). Assange está sendo acusado de ter divulgado informação militar confidencial, que poria em risco a vida das pessoas cujos nomes aparecem nos documentos vazados e, também, de espionagem. Várias empresas jornalísticas envolveram-se também na mesma campanha de crítica e difamação.

“Nós, jornalistas e organizações de jornalistas de vários países, manifestamos aqui nosso apoio ao Sr. Julian Assange e a organização WikiLeaks.

“Acreditamos firmemente que o Sr. Assange trouxe contribuição extraordinária com vistas a maior transparência e a indispensável relação de prestação e cobrança de contas, no campo da informação democrática, no que tenha a ver, até agora, com as guerras do Afeganistão e do Iraque – assuntos em relação ao quais a transparência e a livre divulgação de informação têm sofrido pesadas restrições, seja por ação dos governos, seja pelo controle e censura que as empresas jornalísticas se autoimpõem. Assange tem sido atacado por divulgar informações que de modo algum poderiam ter sido censuradas e impedidas de chegar à opinião pública.

“Cremos firmemente que WikiLeaks tem e deve ter pleno direito de divulgar material militar confidencial, porque é do alto interesse da opinião pública saber o que realmente se passou e continua a passar-se naquelas duas guerras. Os documentos divulgados por WikiLeaks são prova viva de que o governo dos EUA mentiu à opinião pública sobre suas atividades no Iraque e no Afeganistão; e que pode ter cometido crimes de guerra.

“Os documentos vazados por WikiLeaks criaram risco de vida para várias pessoas. Essa talvez seja a única crítica legítima que se poderia fazer a WikiLeaks, por não ter revisado suficientemente os documentos, de modo a ter impedido a divulgação de nomes de pessoas – agentes duplos e espiões – cujas vidas pudessem ficar ameaçadas pela divulgação. Felizmente, ainda não há qualquer sinal de que alguém tenha sido ferido ou morto por ter tido seu nome exposto nos documentos vazados. Observamos também que WikiLeaks aprendeu com aquele primeiro erro. A divulgação dos documentos sobre a guerra do Iraque foi mais cuidadosa nesse quesito.

“O que realmente importa, contudo, são as provas que WikiLeaks afinal divulgou, de que, sim, tem havido inúmeros abusos e crimes, cometidos por exércitos dos EUA e aliados. Essa divulgação é imensamente mais importante, e os crimes afinal comprovados são imensamente mais graves do que algum eventual erro de redação jornalística.

“O Sr. Assange tem sido atacado e pressionado pessoalmente, por ser divulgador de seu próprio trabalho. Já pesam sobre ele, inclusive, acusações de espionagem. O Sr. Assange é tão ‘espião’ quanto qualquer jornalista e ou qualquer fonte das quais depende o trabalho dos jornalistas investigativos. Acusar Julian Assange de espionagem é precedente terrível, que ataca o coração de qualquer governo democrático.

“Se houver crime de espionagem em publicar documentos recebidos de fontes confiáveis, praticamente todos os jornalistas do mundo serão culpados do mesmo crime. Os jornalistas temos o dever de apoiar e defender Julian Assange, face aos ataques que tem sofrido.

“Desde a criação, em 2006, a organização Wikileaks tem sido fonte extraordinária de recursos e informação para jornalistas de todo o mundo, fazendo aumentar a transparência e democratizando a informação, em tempos em que os governos trabalham exatamente na direção oposta.

“Embora não seja incluído no conjunto que se designa como ‘a mídia’ – e não aspire a ser aí incluído – a missão de WikiLeaks é oferecer informação confiável à opinião pública, sem se render a restrições injustificáveis na divulgação de segredos injustificáveis. O trabalho de WikiLeaks é ajuda formidável ao nosso trabalho jornalístico.

“Na posição de beneficiários agradecidos do trabalho de Wikileaks e de Julian Assange, aqui manifestamos nosso apoio àquele trabalho.”

Da redação, Umberto Martins, com Luiz Nassif Online
Publicado em Pátria latina 

Evo Morales: "Ou morre o capitalismo ou morre a mãe Terra"

Evo Morales, presidente da Bolívia, fez um enérgico discurso contra o capitalismo nesta quinta-feira (9), durante a 16ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-16), que está sendo realizada em Cancún, no México.
Depois de discursar no espaço reservado aos chefes de Estado e ministros pedindo para que a natureza não seja transformada em mercadoria, o líder boliviano repetiu seu discurso aos jornalistas, em entrevista coletiva.

"Nós aprendemos a gritar 'pátria ou morte'. Agora já não se trata disso. É 'planeta ou morte'. Ou morre o capitalismo ou morre a mãe Terra", disse. Morales disse que as "potências" precisam "abandonar sua arrogância, sua soberba". "Temos que abandonar o luxo do mercado, enquanto não o abandonarmos, certamente milhões vão continuar pagando pelo luxo de alguns".

O presidente classificou a crise climática como uma das crises do capitalismo e destacou que o aquecimento global afeta a produção de alimentos. Em Cancún, Evo defendeu a prorrogação do Protocolo de Quioto e disse que a falta de acordo entre os países pode significar um "ecocídio", um "atentado à humanidade". Para ele, o mais importante é que os governos sigam a vontade dos povos. "Vamos praticar a democracia mundial".

Protocolo de Quioto

"Se mandarmos para o lixo a partir de agora o protocolo de Quioto, seremos responsáveis por um economicídio, um ecocídio, portanto, um genocídio, porque estamos atentando contra a humanidade em seu conjunto", disse também Morales.

Aplaudido pela plenária da conferência da ONU, que reúne mais de 190 países em Cancún em busca de acordos para enfrentar as mudanças climáticas do planeta, Morales afirmou que os desastres do clima já tiram 300 mil vidas anualmente e que em poucos anos o número chegará a um milhão.

"Cada um de nós, especialmente presidentes, chefes de delegações, governos, coloquem-se à altura das milhões e milhões de famílias que são vítimas do aquecimento global, das mudanças climáticas", acrescentou Morales ao pedir compromissos e eforços claros dos países.

Os países em desenvolvimento se enquadraram nesta conferência nesta reivindicação de uma extensão para além de 2012 do Protocolo de Quioto. Este é um dos grandes obstáculos das negociações, uma vez que o Japão disse que não renovará o protocolo sob a alegação de que Estados Unidos e China, os maiores emissores do planeta, estão fora do mesmo.

Da redação do Vermelho, com agências

Mauro Santayana nos lembra: “Roma não era tão forte assim”


O mundo, depois de Julian Assange

Mauro Santayana

“Todos os que sabem escrever e manipular um computador são cidadãos, que são mais que jornalistas.”

O presidente Lula e o primeiro-ministro Putin tiveram o mesmo discurso, ontem [9/12], em defesa de Julian Assange, embora com argumentos diferentes. Lula foi ao ponto: Assange está apenas usando do velho direito da liberdade de imprensa, de informação. Não cabe acusá-lo de causar danos à maior potência da História, uma vez que divulga documentos cuja autenticidade não está sendo contestada. Todos sabem que as acusações de má conduta em relacionamento consentido com duas mulheres de origem cubana, na Suécia, são apenas um pretexto para imobilizá-lo, a fim de que outras acusações venham a ser montadas, e ele possa ser extraditado para os Estados Unidos.

O que cabe analisar são as conseqüências políticas da divulgação dos segredos da diplomacia ianque, alguns deles risíveis, outros extremamente graves. Ontem [9/12], em Bruxelas, o chanceler russo Sergei Lavrov comentava revelações do WikiLeaks sobre as atitudes da Otan com relação a seu país: enquanto a organização, sob o domínio de Washington, convidava a Rússia a participar da aliança, atualizava seus planos de ação militar contra o Kremlin, na presumida defesa da Polônia e dos países bálticos. Lavrov indagou da Otan qual é a sua posição real, já que o que ela publicamente assume é o contrário do que dizem seus documentos secretos. Moscou foi além, ao propor o nome de Assange como candidato ao próximo Prêmio Nobel da Paz.

O exame da história mostra que todas as vezes que os suportes da palavra escrita mudaram, houve correspondente revolução social e política. Sem Guttenberg não teria havido o Renascimento; sem a multiplicação dos prelos, na França dos Luíses, seria impensável o Iluminismo e sua conseqüência política imediata, a Revolução Francesa.

A constatação do imenso poder dos papéis impressos levou a Assembléia Constituinte aprovar o artigo XI da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, logo no início da Revolução, em agosto de 1789. O dispositivo do núcleo pétreo da Constituição determina que todo cidadão tem o direito de falar, escrever e imprimir com toda liberdade. As leis punem os que, mentindo, atingem a honra alheia. A liberdade de imprensa, sendo dos cidadãos, é da sociedade. Das sociedades nacionais e, em nossa época de comunicações eletrônicas e livres, da sociedade planetária dos homens.

É surpreendente que, diante dessa realidade irrefutável, jornalistas de ofício queiram reivindicar a liberdade de imprensa (vocábulo que abarca, do ponto de vista político, todos os meios de comunicação) como monopólio corporativo. A internet confirma a intenção dos legisladores franceses de há 221 anos: a liberdade de expressão é de todos, e todos nós somos jornalistas. Basta ter um endereço eletrônico. As pesadas e, relativamente caras, máquinas gráficas do passado são hoje leves e baratíssimos notebooks, e de alcance universal.
É sempre citável a observação de Isidoro de Sevilha, sábio que marcou o sétimo século, a de que “Roma não era tão forte assim”. Bradley Manning e Julian Assange estão mostrando que Washington – cujo medo é transparente em seus papéis diplomáticos – não é tão poderosa assim. É interessante registrar que o nome de Santo Isidoro de Sevilha está sendo sugerido, por blogueiros católicos, como o padroeiro da internet.

Os jornalistas devem acostumar-se à ideia de renunciar a seus presumidos privilégios. Todos os que sabem escrever e manipular um computador são cidadãos, e ser cidadão é muito mais do que ser jornalista. São esses cidadãos que, na mesma linha de Putin e Lula, se mobilizam, na ágora virtual, para defender Assange, da mesma forma que se mobilizaram em defesa da mulher condenada à morte por adultério. O mundo mudou, mas nem todos perceberam essa mudança.

Publicado em Pátria Latina 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A História se repete...


Produzido por Associação Cultural José Martí - Rio Grande
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O "Mundo Livre" contra a Liberdade do WikiLeaks

Caros amigos,


A campanha de intimidação agressiva de governos e empresas sobre o WikiLeaks (que provavelmente não violou nenhuma lei) é um ataque à liberdade de imprensa e democracia. Nós precisamos de uma manifestação pública massiva para acabar com os ataques -- vamos conseguir 1 milhão de vozes e publicar anúncios de página inteira nos principais jornais dos EUA esta semana!

Sign the petition


A campanha de intimidação massiva contra o WikiLeaks está assustando defensores da mídia livre do mundo todo.

Advogados peritos estão dizendo que o WikiLeaks provavelmente não violou nenhuma lei. Mas mesmo assim políticos dos EUA de alto escalão estão chamando o site de grupo terrorista e comentaristas estão pedindo o assassinato de sua equipe. O site vem sofrendo ataques fortes de países e empresas, porém o WikiLeaks só publica informações passadas por delatores. Eles trabalham com os principais jornais (NY Times, Guardian, Spiegel) para cuidadosamente selecionar as informações que eles publicam.

A intimidação extra judicial é um ataque à democracia. Nós precisamos de uma manifestação publica pela liberdade de expressão e de imprensa. Assine a petição pelo fim dos ataques e depois encaminhe este email para todo mundo – vamos conseguir 1 milhão de vozes e publicar anúncios de página inteira em jornais dos EUA esta semana!

http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?vl

O WikiLeaks não age sozinho – eles trabalham em parceria com os principais jornais do mundo (NY Times, Guardian, Der Spiegel, etc) para cuidadosamente revisar 250.000 telegramas (cabos) diplomáticos dos EUA, removendo qualquer informação que seja irresponsável publicar. Somente 800 cabos foram publicados até agora. No passado, a WikiLeaks expôs tortura, assassinato de civis inocentes no Iraque e Afeganistão pelo governo, e corrupção corporativa.

O governo dos EUA está usando todas as vias legais para impedir novas publicações de documentos, porém leis democráticas protegem a liberdade de imprensa. Os EUA e outros governos podem não gostar das leis que protegem a nossa liberdade de expressão, mas é justamente por isso que elas são importantes e porque somente um processo democrático pode alterá-las.

Algumas pessoas podem discordar se o WikiLeaks e seus grandes jornais parceiros estão publicando mais informações que o público deveria ver, se ele compromete a confidencialidade diplomática, ou se o seu fundador Julian Assange é um herói ou vilão. Porém nada disso justifica uma campanha agressiva de governos e empresas para silenciar um canal midiático legal. Clique abaixo para se juntar ao chamado contra a perseguição:

http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?vl

Você já se perguntou porque a mídia raramente publica as histórias completas do que acontece nos bastidores? Por que quando o fazem, governos reagem de forma agressiva, Nestas horas, depende do público defender os direitos democráticos de liberdade de imprensa e de expressão. Nunca houve um momento tão necessário de agirmos como agora.

Com esperança,

Ricken, Emma, Alex, Alice, Maria Paz e toda a equipe da Avaaz

Fontes:

Fundador do site WikiLeaks é preso em Londres:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/fundador+do+site+wikileaks+e+preso+em+londres/n1237852973735.html

Visa e MasterCard se unem ao boicote contra WikiLeaks:
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/visa-e-mastercard-se-unem-ao-boicote-contra-wikileaks

Hackers lançam ataques em resposta a bloqueio de dinheiro do Wikileaks:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5g5_1RyqwzqqSdcdkuXSkRwc3OCbA?docId=CNG.3ee5f70f5e1bc38f749f897810be5a31.6a1

Conheça o homem por trás do site que revelou documentos secretos americanos:
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/conheca-a-historia-do-site-que-revelou-documentos-secretos-americanos/

O criador do WikiLeaks, entre a sombra e a busca pela verdade:
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hRW1-BWMeIXP6Spyr_UdQJbqu5_g?docId=CNG.24a480c86aa11494311806f554755ceb.701

Saiba mais sobre os telegramas diplomáticos:
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/saiba+mais+sobre+os+telegramas+diplomaticos/n1237852399276.html

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Por email da Avaaz

domingo, 5 de dezembro de 2010

ESTADOS UNIDOS

EUA: O fedor da decadência econômica fica cada vez mais forte

por Paul Craig Roberts [*]
Na véspera do dia e ação de graças o jornal em língua inglesa China Daily e People's Daily Online informaram que a Rússia e a China havia efetuado um acordo para abandonar a utilização do US dólar no seu comércio bilateral e usaram as suas próprias divisas em substituição. Os russos e os chineses disseram que haviam dado este passo a fim de isolar as suas economias dos riscos que minaram a sua confiança no US dólar como divisa de reserva mundial.

Isto é grande notícia, especialmente no período de poucas notícias do feriado do dia de ação de graças, mas não a vi relatada na Bloomberg, CNN, New York Times ou em qualquer media impresso ou na TV dos EUA. A cabeça do avestruz permanece na areia.

Anteriormente, a China concluíra o mesmo acordo com o Brasil.

Como a China tem uma grande e crescente provisão de dólares com os excedentes comerciais com os quais comercia, a China está a indicar que prefere rublos russos e reais brasileiros a mais US dólares.

A imprensa financeira americana consola-se com os episódios em que a dívida soberana amedronta a UE e remete o dólar para cima contra o euro e a libra esterlina. Mas estes movimentos de divisas são apenas medidas de atores financeiros a protegerem-se de dívidas perturbadas denominadas em euros. Eles não medem a força do dólar.

O papel do dólar como divisa mundial de reserva é um dos principais instrumentos da hegemonia financeira americana. Não nos disseram quanto dano a fraude da Wall Street infligiu às instituições financeiras da UE, mas os países da UE já não necessitam do US dólar para comerciarem entre si pois partilham uma divisa comum. Uma vez que os países da OPEP cessem de manter os dólares com que são pagos pelo petróleo, a hegemonia do dólar ter-se-á desvanecido.

Outro instrumento da hegemonia financeira americana é o FMI. Sempre que um país não pode honrar suas dívidas e reembolsar os bancos americanos, entra o FMI com um pacote de austeridade que esmaga a população do país com impostos mais altos e cortes em programas de educação, cuidados médicos e apoio ao rendimento até que os banqueiros obtenham o seu dinheiro de volta.

Isto está agora a acontecer à Irlanda e provável que se propague a Portugal, Espanha e talvez mesmo a França. Após a crise financeira causada pela América, o papel do FMI como uma ferramenta do imperialismo estadunidense é cada vez menos aceitável. O fato poderá tornar-se evidente quando os governos não puderem mais liquidar os seus povos em benefício dos bancos americanos.

Há outros sinais de que alguns países estão a cansar-se da utilização irresponsável do poder por parte da América. Governos civis da Turquia há muito têm estado sob o controle dos militares turcos influenciados pela América. Contudo, recentemente o governo civil atuou contra dois altos generais e um almirante suspeitos de envolvimento no planejamento de um golpe. O governo civil afirmou-se mais uma vez quando o primeiro-ministro anunciou no dia de ação de graças que a Turquia está preparada para reagir a qualquer ofensiva israelense contra o Líbano. Eis aqui um aliado da NATO americana a libertar-se da suserania americana exercida através dos militares turcos. Quem sabe a Alemanha podia ser o próximo.

Enquanto isso, na América a administração Obama conseguiu propor uma Comissão do Déficit cujos membros querem pagar as guerras de muitos milhões de milhões (trillion) de dólares que estão a enriquecer o complexo militar/segurança e o muitos milhões de milhões de dólares dos salvamentos do sistema financeiro através da redução de aumentos anuais da Segurança Social conforme o custo de vida, da elevação da idade de reforma para 69 anos, do fim da dedução do juro hipotecário, do fim da dedução fiscal de seguro de saúde proporcionado pelo empregador, da imposição de um imposto federal sobre vendas de 6,5 por cento, enquanto corta a taxa fiscal de topo para os ricos.

Mesmo as baixas taxas de juro do Federal Reserve são destinadas a ajudar os banksters [1] . As baixas taxas de juro privam os reformados e aqueles que vivem das suas poupanças do rendimento do juro. As baixas taxas de juro também privaram pensões corporativas de financiamento. Para colmatar o fosso há corporações que estão a emitir milhares de milhões de dólares em títulos corporativos a fim de financiar as suas pensões. A dívida corporativa está a aumentar, mas não as instalações e equipamentos que produziriam receitas para o serviço da dívida. À medida que a economia piora, servir a dívida adicional será um problema.

Além disso, os idosos da América estão a descobrir que cada vez menos médicos os aceitarão como pacientes pois um corte de 23 por cento prepara-se nos já baixos pagamentos do Medicare aos médicos.

O governo americano só tem recursos para guerras de agressão, intrusões de estado policial e salvamentos de banksters ricos. O cidadão americano tornou-se um mero sujeito a ser sangrado para as oligarquias dominantes.

A atitude de estado policial do Ministério da Segurança Interna em relação a viajantes de linhas aéreas é uma clara indicação de que os americanos já não são cidadãos com direitos mas sujeitos sem direitos. Ainda virá o dia talvez em que americanos oprimidos tomarão as ruas como os franceses, os gregos, os irlandeses e os britânicos.

[1] Banksters: banqueiros+gangsters.

[*] Foi editor do Wall Street Journal e secretário assistente do Tesouro dos EUA. Seu livro mais recente é How the Economy Was Lost
Contato: PaulCraigRoberts@yahoo.com

O original encontra-se em counter punch


Este artigo encontra-se em resistir.info

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