Além do Cidadão Kane

terça-feira, 30 de junho de 2009

O novo jeito de govervar...

RS foi o Estado que menos investiu em Educação em 2008, diz MEC

Governo gaúcho investiu 18% do orçamento na área e o mínimo exigido por lei é 25%

Um levantamento do governo federal mostra que o Rio Grande do Sul investiu 18% do orçamento no ano passado em Educação. O mínimo exigido por lei é 25%. Foi o pior resultado no país, segundo o Ministério da Educação (MEC).
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No último lugar no ranking, o governo gaúcho não pode fazer convênios para receber recursos da União,conforme o MEC. A secretária da Educação, Mariza Abreu, contesta e afirma que o Estado investiu, em 2008, 25,57% do orçamento em Educação:
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— O ministério da Educação é que está fazendo um cálculo que ele não pode fazer, que é não permitir as despesas com os inativos da educação dentro das despesas com a Educação.
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Sete cidades gaúchas estão na mesma situação. Porto Alegre foi a que menos investiu. Dos 25% exigidos por lei, aplicou apenas 16% dos recursos em Educação, segundo o MEC.
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Outras 21 prefeituras sequer preencheram os dados e só poderão receber dinheiro do MEC quando transmitirem as informações.
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RBS TV

Hondurenhos marcham para a capital apesar da repressão

Hondurenhos que apóiam ao presidente legítimo Manuel Zelaya se mobilizam desde o interior do país com o fim de chegar a Tegucigalpa para somar-se ao que exigem a restauração imediata da ordem constitucional. "O exército do povo fará frente ao exército repressor, não levamos armas, só levamos o espírito de luta e defesa da democracia", disse a teleSUR o dirigente social Freddy Vega.

Detalhou que frente ao silencio midiático, tem sido através das mobilizações pelo país que estão despertando o espírito de "resistência" de todos os hondurenhos. Assinalou que nenhuma instituição escolar voltará às atividades até que Zelaya retorne ao país.

Vega informou da realização de varias assembléias de cidadãos nas quais se determinará o plano de ação para receber na próxima quinta-feira ao presidente Manuel Zelaya, o qual anunciou que voltará ao país acompanhado do Secretario Geral da OEA, José Miguel Insulza; da presidente argentina Cristina Fernández e do mandatário do Equador, Rafael Correa.

"Chegaremos a todos os rincões do país porque tomamos a decisão de avançar até Tegucigalpa. Vamos em frente, em cada comunidade estamos mobilizando gente", acrescentou.

Insistiu em que apesar de que sabem que os militares os estão esperando para detê-los e reprimi-los "continuaremos marchando".

As forças militares ordenadas pelo governo de fato de Honduras, continuam reprimido nesta terça aos movimentos sociais, que se encontram nas ruas de diversas localidades do país para pedir o regresso do presidente Manuel Zelaya, seqüestrado domingo passado e levado a Costa Rica.

Eusebio Fernández, dirigente popular, detalhou a teleSUR que para esta quarta-feira está prevista uma mobilização popular a nível nacional como atividade previa para receber quinta-feira ao presidente Manuel Zelaya.

"Estamos dispostos a lutar pela democracia do país. O povo hondurenho está vivo e exigimos o retorno do presidente Manuel Zelaya", acrescentou.

O dirigente da Via Campesina, Rafael Alegría, declarou à teleSUR que "segue a resistência de nosso povo pelo regresso do presidente Manuel Zelaya. Neste momento realizamos uma manifestação bastante grande e no interior do país se mantém a resistência, também está praticamente paralisada a nação".

"Não há aulas no primário, secundário, o magistério está em greve", disse.

Por sua parte, Rafael Ramírez, um dos assistentes da marcha que levam a cabo os movimentos sociais em San Pedro Sula (a oeste do país), detalhou em contato telefônico com teleSUR, que os golpistas fecharam as vias nessa localidade para evitar que os manifestantes se reúnam nesta marcha pacífica.
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"Temos tomada as estradas até Tegucigalpa. Apesar de que este governo de fato nos tem incomunicáveis, vamos fazer uma marcha massiva, para fazer respeitar a democracia, com esta manifestação que partiu de Santa Bárbara (noroeste) até Tegucigalpa (sudeste)", enfatizou.
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O titular da Coordenadoria de Movimentos Sociais de Honduras, Luther Castillo, anunciou que já começaram a chegar a Tegucigalpa "reforços populares" em apoio a Manuel Zelaya, a quem reconhecem como único governante do país centro-americano.
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"Hoje se somaram novos contingentes de companheiros deslocados desde diferentes partes do país; indígenas e afro descendentes", reforçou Castillo em uma chamada telefônica exclusiva para teleSUR.
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"Em todo o país existe um forte movimento popular" e na capital "todas as organizações populares decidimos reiniciar hoje as concentrações" em repudio a Roberto Michelleti, investido pelo Congresso no lugar de Zelaya, presidente seqüestrado no domingo passado por forças militares e levado a Costa Rica.
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TeleSUR / in-YR
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Traduzido por Rosalvo Maciel

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O delito imperdoável de perguntar ao povo

EEUU e UE devem demonstrar que defendem a democracia


Na América Latina foram muitos os presidentes que chegaram ao cargo com promessas de políticas sociais que deitariam abandonadas para entregar-se a serviço dos setores mais oligarcas, desde empresariais a militares. Por isso, o caso aonde o presidente Manuel Zelaya em Honduras, chegando ao poder como candidato do Partido Liberal, houvesse realizado o caminho contrario, adotando iniciativas sociais e progressistas imprevistas em um candidato neoliberal era em todo um sacrilégio.

Chegava-nos a falsa interpretação de um presidente populista

Não esqueçamos que se trata do país utilizado pelos setores mais reacionários e direitistas da região para sua política de agressividade contra qualquer princípio de avanço na América Central. Em Honduras se treinava na década de oitenta os Contra nicaragüenses financiados mediante a trama denominada rede Irã-Contras que combateria contra o sandinismo e se coordenavam os esquadrões da morte que assassinavam a líderes progressistas e tentavam dinamitar o processo de paz em El Salvador.

Na madrugada de domingo, um comando militar seqüestrava ao presidente e o tirava do país para levá-lo a Costa Rica. O Exército hondurenho revivia assim os tempos mais escuros da guerra fria, quando cumpria fielmente com o papel de desfazer qualquer iniciativa ou movimento social que pudesse pretender um mínimo avanço dos setores mais empobrecidos do país.

Zelaya havia decretado um importante aumento para o salário mínimo e estreitado relações com os setores populares. Na política internacional se somou à onda de governos progressistas que renegavam as políticas neoliberais que dominaram os anos noventa, se integrou na Alternativa Bolivariana para as Américas, um projeto de cooperação e integração latino-americana sugerido por Hugo Chávez, e restaurou as relações diplomáticas com Cuba.

EEUU e a UE devem demonstrar que defendem a democracia

Para este domingo cometeu o delito imperdoável de "perguntar ao povo". Convocadas eleições legislativas e municipais idealizou a proposta de instalar uma urna mais onde os cidadãos se pudessem pronunciar sobre a convocatória de uma Assembléia Constituinte para o próximo ano. Uma iniciativa apoiada pela assinatura de 400.000 cidadãos hondurenhos, as três centrais de trabalhadores, o Bloco Popular de Honduras e toda uma serie de organizações sociais, mas não pelos setores empresariais que temem mudanças em seus privilégios fiscais e na política de espólio dos recursos naturais do país.

A grande maioria de países da região, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou imediatamente o golpe de Estado. Tudo isso contrasta com o silencio inicial dos governos europeus, instituições da União e políticos e analistas de opinião.

Os paralelismos com a cumplicidade com o golpe de Estado na Venezuela, em abril de 2002, são evidentes. Também agora nos chegava a tendenciosa e falsa interpretação de um presidente populista que desejava mudar a Constituição para pressionar o cargo só porque tentou consultar aos cidadãos.

Curiosa União Européia, que adota resoluções condenando quando não se renova um canal de televisão na Venezuela e que seguia sem pronunciar-se horas depois de que os militares seqüestraram a um presidente latino-americano.

É nestes momentos quando Estados Unidos e a União Européia devem demonstrar que defendem a democracia e as instituições. Sua mera passividade mostraria uma convivência com o golpismo que terminaria com o pouco prestigio que lhes possa restar entre os latino-americanos.

Original em Público.es

Traduzido por Rosalvo Maciel

...............................................................................Iván Lira

Honduras: a futilidade do golpe

por Atilio A. Boron (*)

A história repete-se e, muito provavelmente, conclui-se da mesma maneira. O golpe de estado nas Honduras é uma re-edição do que se perpetrou em Abril de 2002 na Venezuela e daquele que foi abortado na Bolívia no ano passado, após a fulminante reação de vários governos da região. Um presidente violentamente seqüestrado durante a madrugada por militares encapuzados, seguindo ao pé da letra o que indica o Manual de Operações da CIA e a Escola das América para os esquadrões da morte; uma carta de renúncia apócrifa que foi divulgada a fim de enganar e desmobilizar a população — e que foi de imediato retransmitida para todo o mundo pela CNN sem confirmar previamente a veracidade da notícia; a reação do povo que, consciente da manobra, sai às ruas para deter os tanques e os veículos do Exército com as mãos limpas e exigir o retorno de Zelaya à presidência; o corte da energia elétrica para impedir o funcionamento da rádio e da televisão e semear a confusão e o desânimo. Tal como na Venezuela, mal encarceraram Hugo Chávez os golpistas instalaram um novo presidente: Pedro Francisco Carmona, rebatizado pela criatividade popular como "o efêmero". Quem desempenha o seu papel nas Honduras é o presidente do Congresso unicameral desse país, Roberto Micheletti, que neste domingo juro como mandatário provisório e só um milagre o impediria de correr a mesma sorte que o seu antecessor venezuelano.

O que aconteceu nas Honduras põe em evidência a resistência que provoca nas estruturas tradicionais de poder qualquer tentativa de aprofundar a vida democrática. Bastou que o presidente Zelaya decidisse convocar uma consulta popular – apoiada com a assinatura de mais de 400 mil cidadãos – sobre uma futura convocatória a uma Assembléia Constitucional para que os diferentes dispositivos institucionais do estado se mobilizassem para impedi-lo, desmentindo desse modo o seu suposto caráter democrático: o Congresso ordenou a destituição do presidente e uma sentença do Tribunal Supremo validou o golpe de estado. Foi nada menos que este tribunal quem emitiu a ordem de seqüestro e expulsão do país do presidente Zelaya, perfilhando como fez ao longo de toda a semana a conduta sediciosa das Forças Armadas.

Zelaya não renunciou nem solicitou asilo político na Cosa Rica. Foi seqüestrado e expatriado, e o povo saiu às ruas para defender o seu governo. As declarações que conseguem sair de Honduras são claríssimas nesse sentido, especialmente a do líder mundial da Via Campesina, Rafael Alegría. Os governos da região repudiaram o golpismo e no mesmo sentido manifestou-se Barack Obama ao dizer que Zelaya "é o único presidente de Honduras que reconheço e quero deixar isso muito claro". A OEA exprimiu-se nos mesmos termos e na Argentina a presidenta Cristina Fernández declarou que "vamos promover uma reunião da Unasur, ainda que Honduras não faça parte desse organismo, e vamos exigir à OEA o respeito da institucionalidade e a reposição de Zelaya, além de garantias para a sua vida, sua integridade física e da sua família, porque isso é fundamental, porque é um ato de respeito à democracia e a todos os cidadãos".

A brutalidade de toda a operação tem a marca indelével da CIA e da School of Americas: desde o seqüestro do presidente, enviado em pijama para a Costa Rica, e o insólito seqüestro e as pancadas dadas em três embaixadores de países amigos: Nicarágua, Cuba e Venezuela, que se haviam aproximado da residência da ministra das Relações Exteriores de Honduras, Patrícia Rodas, para exprimir-lhe a solidariedade dos seus países, passando pela ostentatória exibição de força feita pelos militares nas principais cidades do país com a intenção clara de aterrorizar a população. Na ultima hora da tarde impuseram o toque de recolher e existe uma censura estrita da imprensa, apesar do que não se sabe de declaração alguma da Sociedade Interamericana de Prensa (sempre tão atenta perante a situação dos media na Venezuela, Bolívia e Equador) a condenar este atentado contra a liberdade de imprensa.

Cabe recordar que as forças armadas das Honduras foram completamente reestruturadas e "re-educadas" durante os anos oitenta, quando o embaixador dos EUA nas Honduras era nada menos que John Negroponte, cuja carreira "diplomática" conduziu-o a destinos tão distintos como Vietnam, Honduras, México, Iraque, para posteriormente encarregar-se do super-organismo de inteligência do seu país chamado Conselho Nacional de Inteligência. A partir de Tegucigalpa monitorou pessoalmente as operações terroristas realizadas contra o governo sandinista e promoveu a criação do esquadrão da morte mais conhecido como o Batalhão 316, que seqüestrou, torturou e assassinou centenas de pessoas dentro de Honduras enquanto nos seus relatórios para Washington negava que houvesse violações dos direitos humanos nesse país. Certa vez o senador estadunidense John Kerry demonstrou que o Departamento de Estado havia pago 800 mil dólares a quatro companhias de aviões de carga pertencentes a grandes narcotraficantes colombianos para transportassem armas para os grupos que Negroponte organizava e apoiava nas Honduras. Estes pilotos testemunharam sob juramento, confirmando as declarações de Kerry. A própria imprensa estadunidense informou que Negroponte esteve ligado ao tráfico de armas e de drogas entre 1981 e 1985 com o objetivo de armar os esquadrões da morte, mas nada interrompeu a sua carreira. Essas forças armadas são as que hoje depuseram Zelaya. Mas a correlação de forças no plano interno e internacional é tão desfavorável que a derrota dos golpistas é só questão de (muito pouco) tempo.
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(*) Diretor do Programa Latino-americano de Educação a Distancia em Ciências Sociais (PLED), Buenos Aires, Argentina

O original encontra-se em ATILIO BORON

Este artigo encontra-se em Resistir.info

HONDURAS: O POVO RESISTE

Centenas de hondurenhos continuam nas ruas nesta segunda-feira, apesar do toque de recolher de 48 horas decretado domingo pelo presidente de fato Roberto Micheletti, exigindo o regresso do presidente constitucional da nação centro-americana, Manuel Zelaya. Alem disso, em meio de uma greve geral convocada por diversos setores sociais do país que repudiam o golpe de Estado.
Assim afirmou a colaboradora da teleSUR desde Tegucigalpa, Adriana Sívori, ao declarar que manifestantes em apoio ao presidente constitucional de Honduras, Manuel Zelaya, fizeram uma vigília por toda a noite apesar do toque de recolher anunciado pelo presidente de fato, Roberto Michelleti.

Igualmente, o grupo - cada vez maior - tenta dialogar com os militares que se encontram nos arredores da Casa Presidencial, armados e apontando armas para eles, segundo declarou Sívori, ao dizer-lhes que não traiam a sua pátria. Apesar da chuva, os militares se mantém armados nos tanques militares frente a um povo que luta pela democracia de seu país e o retorno do presidente eleito democraticamente.

Sívori assegurou que se evidenciam movimentos militares, que têm cercado o lugar com viaturas e tanques.

Alem disso, segundo declarou Sívori vários estrangeiros travam de tomar vôos para sair do país ante a militarização do mesmo. Isto, enquanto se realiza uma greve geral em Honduras convocado por diversos setores sociais do país.

Os manifestantes se encontram reunidos na Casa Presidencial, em pé de guerra para repudiar o golpe de Estado das Forças militares contra o presidente Zelaya, que deixou uma situação tensa no país pela medida de exceção aplicada pelos golpistas.

Por sua parte, o jornalista colaborador da teleSUR, Roberto Parra, desde o departamento de Intibucá (ocidente de Honduras), declarou que no país centro-americano se vive uma “tensa calma”, devido a que a população se encontra preocupada e atemorizada pela imensa operação militar deflagrada pelo território nacional. Inclusive os acesos às estradas principais se encontram militarizados.

O chamado à greve geral proposto por sindicatos e pela sociedade civil de Honduras persegue o objetivo de não reconhecer e destituir ao Governo de fato de Roberto Micheletti.

Também se viveu uma situação irregular para 102 observadores internacionais provenientes de El Salvador para a consulta prevista para este domingo, que tiveram que obter um salvo-conduto por temor a seu bem-estar pessoal.

Tal como declarou Roberto Parra, que manteve conversações com a dirigente do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas do país centro-americano, Bertha Cáceres, as comunidades étnicas estão em resistência e desconhecem ao governo de Micheletti, e se preparam para uma mobilização a Tegucigalpa.

Assim mesmo, sustentou que apesar de que não se tenha conhecimento casos de ameaças ou seqüestros se sabe que há ordens de capturas contra os principais dirigentes sociais. Um fato confirmado mais adiante pela enviada especial da teleSUR desde Tegucigalpa, Madelein García, que asseverou que se conhecem 13 ordens de captura das pessoas do grupo Executivo mais próximo a Manuel Zelaya.

Madelein García nas cercanias do Palácio Presidencial afirmou que os manifestantes em apoio ao presidente constitucional de Honduras, realizaram barricadas nos lugares próximos, enquanto a militarização no país centro-americano aumenta.

O movimento militar segue intensificando-se na Casa Presidencial e arredores, donde se encontram concentrados os seguidores de Zelaya, resistindo por sua saída abrupta do poder e da Presidência.

A forte vigília se deve a que se prevê a chegada de Micheletti à Casa Presidencial, fato que os manifestantes garantiram que não permitirão.

Assim assegurou o dirigente da Via Campesina, Rafael Alegría, em contato telefônico exclusivo com teleSUR, que disse que se Roberto Micheletti aspira ingressar, “deverá fazê-lo via aérea”, porque por terra o “impediremos”.

“A resistência do povo continua e se generaliza. Já na zona ocidental do país, campesinos tomam estradas e há tropas militares que impedem viajar em ônibus, pelo que decidiram viajar a pé a Tegucigalpa. Continua a resistência apesar da perseguição de patrulhas militares”, asseverou Alegría.

A respeito da greve geral, o dirigente explicou que agora se realiza nas instituições do Estado “e progressivamente no setor privado”.
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Traduzido por Rosalvo Maciel.
Original em TeleSUR

Países da Alba retiram embaixadores de Honduras em apoio a Zelaya

Decisão é válida até que ele volte à Presidência do país

Os países-membros da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) decidiram nesta segunda-feira retirar seus embaixadores credenciados de Tegucigalpa, até que volte à Presidência de Honduras Manuel Zelaya, destituído pelo Parlamento.
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"Diante da taxativa rejeição manifestada pela comunidade internacional ao governo ditatorial que pretende se impor, os países-membros do Alba decidiram retirar os embaixadores" de Tegucigalpa, diz a declaração elaborada em Manágua e lida pelo chanceler do Equador, Fander Falconí.
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Os países-membros da Alba definiram que deixarão "a mínima expressão" de suas representações diplomáticas em Tegucigalpa, até que o "governo legítimo do presidente Manuel Zelaya seja restituído plenamente em suas funções".
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A Alba é integrada por Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Honduras, Nicarágua, São Vicente e Granadinas e Venezuela.
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Os países da entidade, reunidos em caráter emergencial na Nicarágua, também se declararam em "alerta permanente" devido à situação em Honduras e reconheceram Zelaya como único presidente desse país.
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A declaração foi assinada pelos presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, da Nicarágua, Daniel Ortega, e da Venezuela, Hugo Chávez, além do chanceler cubano, Bruno Rodríguez.
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No texto, os Estados-membros da Alba deixam claro que reconhecem "o pessoal designado pelo presidente Zelaya como únicos representantes diplomáticos de Honduras em nossos países".
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Os governos da Alba afirmaram que, sob nenhuma circunstância, credenciarão pessoas designadas pelos usurpadores, em alusão aos aliados do novo presidente de Honduras, Roberto Micheletti.
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Além disso, a declaração diz que os países da organização estão em "alerta permanente para acompanhar o valente povo de Honduras nas ações de luta que convocaram".
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A Alba, que classificou os golpistas como inimigos da independência e da liberdade, também pediu que os militares hondurenhos "ponham suas armas a serviço do povo de Honduras e de seu comandante-em-chefe, Manuel Zelaya".
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"O único caminho que resta aos golpistas é desistir de sua atitude e garantir de maneira imediata, segura e incondicional o retorno do presidente Zelaya a suas funções constitucionais", afirma o documento.
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Zero Hora

domingo, 28 de junho de 2009

A Posição do Império: Verdade ou Mentira?

Segundo The New York Times, "President Obama said he was deeply concerned and in a statement called on Honduran officials “to respect democratic norms, the rule of law and the tenets of the Inter-American Democratic charter.
“Any existing tensions and disputes must be resolved peacefully through dialogue free from any outside interference,” he said. His quick condemnation offered a sharp contrast with the actions of the Bush administration, which in 2002 offered a rapid, tacit endorsement of a short-lived coup against Mr. Chávez"
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Agora é ver até onde as coisas realmente mudaram na Casa Branca pós Bush, pois basta o não reconhecimento do governo ilegal e imoral que se estabeleceu em Tegucicalpa para que a vontade popular seja mantida.
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Ou será, como eu disse, apenas um "mise-en-scéne" imperial repaginado?
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Rosalvo Maciel

Zelaya:

"Si Estados Unidos no esta detrás de este golpe, estos golpistas no podrán mantenerse ni 48 horas en el poder."

EE.UU. só reconhecem a Manuel Zelaya como presidente de Honduras

O presidente de Estados Unidos, Barack Obama, se manifestou preocupado neste domingo pela situação em Honduras, e pediu respeito às normas democráticas ante o golpe de Estado que se levou a cabo nesse país centro-americano contra seu presidente, Manuel Zelaya, de quem afirmou "é o único presidente de Honduras que reconheço e quero deixá-lo muito claro".

Através de um comunicado, Obama disse estar "profundamente consternado pelos informes que saem de Honduras sobre a detenção e expulsão do presidente Manuel Zelaya".

Às primeiras horas deste domingo, militares encapuzados tomaram a residência do presidente Manuel Zelaya, onde o seqüestraram e, nessa condição, o levaram a uma base aérea desse país, para posteriormente ser levado a Costa Rica, onde atualmente permanece.

Obama recordou que na ultima sexta-feira o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), depois de aprovar uma resolução na qual se estabeleceu o envio de uma comissão a Honduras, pediu aos setores políticos do país a resolver suas diferenças através de vias democráticas."Tal como o fez a Organização dos Estados Americanos na sexta-feira, peço a todos os agentes políticos e sociais em Honduras que respeitem as normas democráticas, o império da lei e os fundamentos da Carta Democrática Interamericana", ressaltou o mandatário estadunidense."As tensões e disputas que possam existir devem resolver-se pacificamente através do diálogo livre de qualquer interferência exterior", acrescentou.

Em um comunicado transmitido pelo embaixador dos EE.UU. em Honduras o governo norte-americano indicou que a liberdade de imprensa deve ser restituída no país centro-americano e os colaboradores do governo democraticamente eleito pelo povo devem ser liberados.

Alem disso, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, também emitiu um comunicado no qual condenou o golpe de Estado contra Zelaya, e coincidiu com Obama em exortar a uma resolução pacífica da crise.

"Instamos a todas as partes em Honduras a respeitar a ordem constitucional e o estado de direito, para reafirmar sua vocação democrática e comprometer-nos nós mesmos a resolver as disputas políticas de forma pacífica e através do diálogo”, disse Clinton no documento.

Também, o presidente da Assembléia Geral da ONU, Miguel D' Escoto também condenou, mas de maneira clara e categórica, o golpe de Estado militar que se levou a cabo este domingo em Honduras contra Zelaya.

Através de um comunicado, D' Escoto faz um chamado ao Exército hondurenho para que desista de imediato de suas intenções golpistas, e ao mesmo tempo convidou a todos os governos do mundo a que se pronunciem e condenem o ato.

De igual maneira mostrou sua solidariedade e apoio ao povo de Honduras e a seu presidente constitucional, Manuel Zelaya.

A ação golpista contra Zelaya ocorre quando neste domingo devia se desenvolver em Honduras uma consulta popular, através da qual se determinaria a colocação de uma quarta questão nas eleições de novembro próximo, para os cidadãos decidissem a convocação a uma Assembléia Nacional Constituinte.

teleSUR-Efe-Ansa-Abn/md- FC
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Traduzido por Rosalvo Maciel

Governos latino-americanos repudiam golpe de Estado em Honduras

Os governos da Colômbia, Brasil e Equador emitiram neste domingo comunicados repudiando o golpe de Estado que militares hondurenhos executaram contra o presidente constitucional dessa nação, Manuel Zelaya, o qual foi seqüestrado e levado a Costa Rica donde se encontra na qualidade de hóspede.

O Ministério de Relações Exteriores da Colômbia expressou "sua profunda consternação pela ruptura da ordem constitucional na irmã República de Honduras".

Da mesma maneira o Governo colombiano condenou que se haja afastado do poder pela força a um presidente democraticamente eleito, e fez um chamado ao "restabelecimento pleno da ordem constitucional e legal".

O comunicado da chancelaria da Colômbia culmina respaldando todas as ações adotadas pela "Organização dos Estados Americanos (OEA), com o fim de encontrar soluções democráticas para a atual situação".

Por sua parte, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pediu a imediata reposição do deposto mandatário Manuel Zelaya.

"O Governo brasileiro condena de forma veemente a ação militar que resultou na saída do presidente de Honduras", disse em um comunicado o Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

"Ações militares deste tipo configuram um atentado à democracia", acrescentou a nota, na qual o Brasil exigiu a recondução de Zelaya às suas funções "de forma imediata e sem condições".

O Governo do Equador também se somou aos protestos internacionais contra o golpe de Estado, "em um ato violentador das mais elementares normas de convivência democrática e do direito internacional".

Também exigiu o imediato restabelecimento do exercício da Presidência da República por Manuel Zelaya. "Não aceitará qualquer pretensão de invocar a sucessão presidencial para justificar esta clara ruptura da ordem constitucional de Honduras nem reconhecerá a nenhum governo que não seja o do Presidente Manuel Zelaya, democraticamente eleito" aponta o comunicado.

Condenação de organismos internacionais

O secretario geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, que convocou uma reunião urgente do Conselho Permanente para "defender a estabilidade democrática", condenou energicamente o golpe militar em Honduras e pediu a colaboração do mundo para restabelecer a ordem democrática no país centro-americano.

Também, o presidente da Assembléia Geral da ONU, o nicaragüense Miguel D' Escoto, qualificou os fatos ocorridos neste domingo em Honduras como um “ato criminoso do Exército golpista" e lhes fez um chamado para que desistam "de imediato de suas intenções golpistas ao mesmo tempo em que pediu a todos os presidentes da América Central, América Latina, Caribe e o mundo que de imediato se pronunciem contra a tentativa de golpe" .

Paralelamente, a União Européia (UE) se uniu à condenação do golpe militar em Honduras e pediu a imediata restauração da ordem constitucional, segundo anunciou em Corfú o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Miguel Ángel Moratinos.

"Informei a meus colegas, ao saber da noticia, de que o presidente constitucional Zelaya havia sido detido pelas forças armadas hondurenhas e a UE vai condenar sem piedade esse golpe militar", declarou Moratinos a Efe após uma reunião com os ministros de Exteriores europeus.

teleSUR - Efe - Chancelaría do Equador - Chancelaría da Colombia / FC
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Traduzido por Rosalvo Maciel
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Original em Telesur

Insistem que EE.UU. condene o golpe de Estado em Honduras

O titular da Assembléia Geral da ONU, Miguel D' Escoto, pediu hoje ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que condene de imediato a ação golpista contra o mandatário hondurenho, Manuel Zelaya.

Em uma declaração divulgada nesta sede, o ex-ministro de Relações Exteriores da Nicarágua pede ao Exército de Honduras que desista de imediato de suas intenções golpistas.

Igualmente conclamou a todos os presidentes de Centro América, América Latina, do Caribe e do mundo que "de imediato se pronunciem contra a tentativa de golpe e em solidariedade com o presidente constitucional de Honduras".

Em seu pedido a Obama, D' Escoto faz referencia às declarações do chefe da Casa Branca na Conferência das Américas sobre sua nova política para com a América Latina.

"Muitos se perguntam se acaso esta intenção de golpe é parte dessa nova política, já que como bem é sabido o Exército hondurenho tem um histórico de entreguismo total aos Estados Unidos", comenta o presidente da Assembléia Geral.

Por isso é imprescindível que Obama - para não dar lugar a estas dúvidas - de imediato condene a ação golpista contra o presidente Zelaya, acrescenta.

No comunicado se precisa que D' Escoto convocou de urgência a seu gabinete de crise em seu escritório das Nações Unidas em Nova York para acompanhar de perto os acontecimentos e adotar as medidas que ache mais oportunas.

Para o sacerdote católico, "a única solução para a atual crise passa pela recondução imediata do presidente Zelaya ao cargo e as funções que a soberania popular outorgaram a ele através das urnas".

Sublinha que "nenhuma outra alternativa será aceitável pela comunidade internacional".

Por último, D' Escoto declara sua profunda preocupação pela forma como se está realizando a ruptura da legalidade vigente, com práticas que deveriam formar parte do passado da historia da América Latina e não do presente democrático do século XXI.
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Traduzido por Rosalvo Maciel
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Original em Granma

Centena de manifestantes se opõe a golpe militar em Honduras

Centenas de pessoas começaram a concentrar-se hoje em frente a sede da Presidência em Tegucigalpa reclamando a volta do presidente Manuel Zelaya, seqüestrado por militares golpistas nesta madrugada

"Queremos a Mel", grita a multidão em referencia ao apelido do estadista, o qual foi lavado à Costa Rica.

Por um alto-falante colocado em uma camionete, um porta-voz popular frente à sede da casa de governo exorta aos manifestantes a manter-se no local até que se restitua a institucionalidade democrática no país.

"Mel é o único Presidente que se preocupou pela felicidade do povo", assinalou o porta-voz.

"Aos soldados, aos sargentos, lhes estamos pedindo que dêem um golpe em seus comandantes. Este é o povo de vocês, não o dos poucos ricos", disse aos soldados que guardam a sede governamental e a Praça Morazán.

Vários manifestantes provocaram fogueiras com pneus, madeiras e outros objetos, na avenida João Paulo II, frente à casa presidencial.

A multidão é vigiada constantemente por um helicóptero militar, enquanto aviões de combate sobrevoam a capital, onde foram interrompidos os serviços de eletricidade, telefonia e Internet.
Os manifestantes exigem ainda levar adiante a consulta popular prevista para este domingo, cuja logística foi seqüestrada também pelos militares esta madrugada.

A dirigente sindical Maritza Zomoza informou a Prensa Latina que as associações do setor público já fizeram um chamado para a greve geral.

Zomoza afirmou que a direção da Central Unitária de Trabalhadores de Honduras se encontra reunida para adotar uma nova estratégia para frustrar o golpe militar.

"Não temos medo", gritava a multidão este domingo, frente os militares colocados na sede presidencial.

O presidente havia denunciado desde quarta-feira passada uma tentativa de golpe de Estado a base da insubordinação do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Romeo Vásquez, e uma manobra parlamentar que procurou desabilitá-lo como mandatário.

Sequestram em Honduras aos embaixadores de Cuba, Nicarágua e Venezuela

A chanceler de Honduras, Patricia Rodas, foi seqüestrada neste domingo pelos militares que deram um golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya, nesta ação também foram capturados os embaixadores de Cuba, Venezuela e Nicarágua os quais após serem golpeados foram deixados em liberdade, situação que não ocorreu com Rodas que foi levada à força para a base aérea de Tegucigalpa.

O embaixador da Venezuela em Honduras Armando Laguna confirmou em contato telefônico com a teleSUR que foram seqüestrados e golpeados por integrantes das Forças Armadas as quais segundo relatou estavam encapuzados e armados.

O seqüestro desta chanceler junto com Mario Duarte de Cuba e Juan Carlos Fernández da Nicarágua, ocorreu quando estes diplomatas se encontravam na residência da chanceler Patricia Rodas para expressar sua solidariedade ante esta crise.

Detalhou que os militares com o uso da força embarcaram Rodas em um veículo para presumivelmente levá-la à sede da base aérea de Tegucigalpa. Os outros foram liberados, apos serem agredidos apesar de terem se identificado como diplomatas.

"Estão sendo agredidos pelos militares encapuzados, inclusive a chanceler Patricia Rodas", havia denunciado previamente o representante da Venezuela ante a Organização dos Estados Americanos Roy Chaderton Matos, presente na reunião de urgência desde onde se conheceu a situação de seqüestro.

Ante a crítica situação de Honduras país vítima de um golpe de Estado, o presidente da OEA José Miguel Insulza decidiu abandonar o ciclo de reuniões, assim como autorização para viajar de imediato a Honduras.

Manuel Zelaya que confirmou estar na Costa Rica, declarou com exclusividade à teleSUR que não está pedindo asilo neste país. Disse que apesar do golpe de Estado perpetrado contra ele "meu mandato termina em 2010".

"Enquanto não termine mi mandato eu sigo sendo o presidente eleito desde qualquer lugar do mundo (...) não podem manter um Estado de fato", afirmou.

teleSUR/YR

Movimentos sociais exigem liberação do presidente Zelaya

Integrantes de movimentos sociais em Honduras se estão reunindo nas cercanias da Casa Presidencial desse país, de onde foi tirado pela força o presidente Manuel Zelaya por militares insurrectos, para exigir o regresso do chefe de Estado.

O protesto social denuncia a perpetração de um golpe de Estado contra Zelaya, que está seqüestrado, presumivelmente, em uma base aérea de Tegucigalpa, a capital hondurenha.

O coordenador de Movimentos Sociais, Luther Castillo, em declarações feitas à teleSUR fez um chamento às organizações internacionais "para que ponham sua atenção em Honduras", porque ainda que à vista dos observadores internacionais presentes em seu país, "militares tenham entrado na casa do presidente e o prenderam”.

"O que estamos pedindo é respeito à integridade física do presidente e que seja liberado", disse Castillo.

Sustentou que se realizou um chamado aos organizadores da consulta para que permaneçam nos locais habilitados para a votação.

"Nós estamos conclamando aos companheiros a que permaneçam em seus locais firmes, defendendo a realização da consulta", disse Castillo, o qual considerou que a atuação da Força Armada hondurenha "é uma violação flagrante aos diretos humanos".

O representante do movimento Via Campesina, Rafael Alegría, sustentou que tropas do Exército sitiaram a casa do presidente Zelaya, onde o capturaram para posteriormente levá-lo à base aérea Armando Escalón, em Tegucigalpa.

Alegría pediu ao povo hondurenho para defender a democracia que representa o governo que lidera Zelaya.

"Não tenhamos medo, temos que defender este processo democrático que tanto nos tem custado", acrescentou.

Também chamou aos organismos internacionais que estão em Honduras para observar a consulta que se devia levar a cabo este domingo, "que façam pressão sobre as Forças Armadas para que desistam de levar adiante esta tentativa de golpe de Estado".

O presidente Manuel Zelaya, denunciou na última quinta-feira que se havia desencadeado um "processo de golpe de Estado" contra ele, pelo que fez um chamado o povo para que não se preste ao jogo das oligarquias e para que defendam, a seu lado, o estado de direito.

Em declarações exclusivas à teleSUR assinalou que recorreu ao povo "para que me defenda, para que defendam os diretos constitucionais do país, o estado de direito".

As declarações do primeiro mandatário foram feitas minutos depois que a Corte Suprema de Justiça ordenara a restituição em seu cargo do Chefe do Estado Maior Conjunto da Força Armada, Romeo Vásquez, removido por desobedecer as ordens do presidente Manuel Zelaya.

O pleno do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) interpôs ao meio dia desta quinta-feira no Ministério Público uma denuncia para que esta instituição proceda de imediato a desmontar toda a logística referente à realização da consulta de opinião que o Poder Executivo planejar realizar no próximo domingo.

Após a denuncia, o fiscal geral Jorge Alberto Rubí ordenou a integração de una equipe de fiscais encabeçado por Henry Salgado, titular da Fiscalização Contra a Corrupção para que em conjunto com o TSE processe ao recolhimento do material.

Ante esta medida milhares de hondurenhos se mobilizaram junto a Zelaya para resgatar o material que permanecia seqüestrado na sede da Força Aérea do país.

Ante a negativa dos militares para a distribuição do material eleitoral, o mesmo foi distribuído por uns 45 mil cidadãos da sociedade civil hondurenha.
Topo
teleSUR/md-YR

Golpe militar em Honduras: já vi esta história antes

Rosalvo Maciel

A mais tímida iniciativa de um governo para dar um pouco mais de vez e voz ao povo, os militares “democratas”, sob ordem do governo norte-americano, tratam de anulá-la.

Agora foi a vez de Honduras. Qual a alegação? O Presidente Zelaya propôs a realização e um referendum!

Claro que essa foi a gota d’água que faltava para as elites, enriquecidas com o dinheiro público e com grandes negociatas, naturalmente com o aval político de Washington, destituíssem o Presidente democraticamente eleito.

Antes disso o governo democrático de Honduras havia terminado com negócios milionários do dono de dois jornais que incluíam a importação de medicamentos e de armas os quais eram revendidos ao governo; estava em vias de terminar com o financiamento de campanhas políticas com o dinheiro público, uma caixa preta que envolvia milhares de dólares e que era gerenciada pelo presidente do Congresso; aumentou o salário mínimo e  ultraje aos fascistas!  abriu ao povo o acesso direto ao Presidente.

Que desculpa usarão os golpistas? Defesa da democracia? O perigo comunista?

São covardes demais para admitir que estejam apenas defendendo os poderosos.

Quanto a Mr. Barack “Yes We Can” Obama, este “lamentará”, mas, se não estivesse falido, mandaria alguns milhões de dólares para que a “democracia” não corresse perigo...

A verdade é que a democracia burguesa só é aceita pela elite quando expressa a opinião da própria burguesia.

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ARAGUAIA: Exército tinha campos de execução de guerrilheiros, afirma Curió

Pelo menos oito morreram em clareira utilizada por militares para eliminar prisioneiros após interrogatórios O regime militar repetiu, ao longo de 1974, nas matas do Araguaia, o método usado décadas antes pelos franquistas na Galícia para eliminar guerrilheiros republicanos presos. Após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), os vencedores utilizaram o verbo "passear" ao se referirem à "libertação" de presos e à transferência deles das celas para campos afastados das cidades, onde eram fuzilados e deixados em valetas às margens de rios e estradas. No Sul do Pará, os militares brasileiros optaram por dar ao verbo "fugir" um novo significado - execução sumária.

Um dos locais de "fuga" de guerrilheiros presos fica no município de Brejo Grande do Araguaia, no Sul do Pará. Pelo menos oito foram mortos numa área conhecida por Clareira do Cabo Rosa. É o que revela o manuscrito Relatório de Prisioneiros, cedido ao Estado pelo agente da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura. O documento, posterior à guerrilha, indica que morreram no local Antonio Ferreira Pinto, o Alfaiate, em 28 de abril de 1974, Luiz Renê Silveira e Silva, o Duda, em março de 1974, e Uirassu de Assis Batista, o Valdir, em 28 de abril de 1974. Todos passaram por interrogatório na base de Marabá.
A escolha do local de execuções teve um caráter simbólico: naquela área o cabo Odílio Cruz Rosa foi morto pelo grupo do guerrilheiro Osvaldo Orlando Costa, o Osvaldão, em 1972. A guerrilha teria feito ameaças a quem resgatasse o corpo. O Exército, então, mandou um grupo especial de 36 boinas pretas, comandado pelo general Thaumaturgo Sotero Vaz, para buscar o cadáver, que só foi recuperado dez dias depois da morte do militar.
A área aberta na selva por mateiros, para o pouso de helicópteros na operação de resgate do corpo, passou a ser utilizada na terceira campanha como campo de execução. Após os interrogatórios na Casa Azul, base militar em Marabá, prisioneiros foram levados de helicóptero para lá. Alguns, percorriam um trecho de mata até serem mortos. Outros tombavam ao redor da clareira. Os militares costumavam dizer aos presos que o deslocamento tinha por finalidade o reconhecimento de áreas utilizadas pela guerrilha. As informações sobre os campos de execuções foram confirmadas ao Estado por Curió e por dois mateiros ligados a ele. A Clareira do Cabo Rosa é citada quatro vezes como local de "fuga" - termo usado pelos militares para designar uma execução de guerrilheiro - no Relatório de Prisioneiros. O documento ainda faz referências a outros locais de fuzilamento: um trecho não identificado da antiga estrada PA-70, que liga Marabá a Conceição do Araguaia, e à região do Saranzal - onde está a Clareira do Cabo Rosa. Também consta como local de execução a própria base militar de Marabá, a Casa Azul, onde morreu José de Lima Piauhy Dourado, o Ivo, em 1º de novembro de 1973.
Em entrevistas ao Estado, Curió aponta ainda o sítio de Manezinho das Duas, na localidade de Somi Homi, em Palestina do Pará, como quarto local de execuções. O guerrilheiro Pedro Pereira de Souza, o Pedro Carretel, um dos mais atuantes no movimento armado, foi um dos executados nesse sítio - ele morreu no dia 6 de janeiro de 1974, segundo o Relatório dos Prisioneiros.
Passados 35 anos, tempo suficiente para a formação de uma mata secundária e transformações de terreno, a informação sobre a Clareira do Cabo Rosa não responde a perguntas de parentes dos guerrilheiros sobre a localização de seus restos mortais. Representantes da área de direitos humanos ouvidos pelo Estado disseram que é preciso impedir que os campos de execução, que há 35 anos guardam a memória dos guerrilheiros, virem cenário de espetáculo midiático e show político.
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Leonencio Nossa
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O germe de Auschwitz permanece latente

Inés Miriam Alemán
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APÓS o processo de Nüremberg, onde foram julgados os principais culpados de crimes de lesa-humanidade e contra a paz, parecia que o mundo assistia o ocaso de uma etapa histórica, o fim da barbárie e o início de uma nova era, baseada numa ordem internacional que não permitiria repetir os fatos vividos durante a Segunda Guerra Mundial.

Diante da atrocidade nazista, foi adotada a Declaração dos Direitos Universais do Homem, que todos os governos têm a obrigação de cumprir, quer seja em tempo de paz, quer em tempo de guerra.

Era uma definição muito clara do que constituem crimes contra a paz (aqueles que violam os acordos internacionais ou favorecem o ataque sem justificação contra outra nação), contra a humanidade (planejamento, execução ou participação em extermínios e genocídios) e crimes de guerra (descumprimento das leis ou convênios internacionais sobre a guerra).

Depois, um grande número de instrumentos legais internacionais codificaram cada vez mais os delitos contra os direitos humanos. O genocídio e a tortura são punidos conforme estes mecanismos. Os mais conhecidos são a Convenção de Genebra e, mais recentemente, a Convenção contra a Tortura, que obrigam, inclusive, os membros da ONU a agirem diante dos fatos que transgridam o acertado nestes tratados.

Contudo, numerosos testemunhos desde 2001 sobre a prática da tortura por parte dos EUA evidenciam premeditação na manipulação das leis internas e internacionais.

Com os mesmos métodos que utilizam para se intrometerem nos assuntos internos de outros países, alegam a "necessidade" de torturar para tirar informação, que poderia impedir um ataque a seu país ou o imperativo de um "interrogatório" pelos supostos vínculos com a Al-Qaeda, ou se atribui o "direito" de realizar ou ordenar execuções extrajudiciais contra toda pessoa que afete seus interesses imperiais.

A tortura é um dos muitos crimes que escurecem a história dos Estados Unidos.

A MÍDIA DOS EUA DEFENDEU A TORTURA

Depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, essa mídia que hoje simula estar aparvorada, suplicou para que se permitisse a tortura legal a prisioneiros pretensamente terroristas, de fato, aprovaram as que posteriormente se cometeram.

Em 5 de novembro desse mesmo ano, numa edição da Newsweek, o editor Jonathan Alter escreveu um artigo intitulado: É hora de considerar a tortura, onde expressava: "Não podemos legitimá-la porque é contrária aos valores do nosso país, mas... devemos manter uma perspectiva aberta acerca de certas práticas... devemos considerar o translado de alguns suspeitos para os países aliados, onde a tortura não afete tanto".

Nesse mesmo dia, o The New York Time publicou Na mídia, a tortura em debate, que oferecia uma longa relação de trabalhos a favor da tortura, propagados pelos meios de comunicação, entre os que se encontravam as televisoras CNN e Fox, e jornais como o Wall Street Journal, e outros.

O horror que agora mostram os meios de comunicação estadunidenses e os funcionários do governo diante de revelações sobre maus-tratos das forças dos EUA no Iraque, contrasta com o lançamento de bombas nucleares em Hiroshima e Nagasaki, chacina que ainda abala o mundo, com os atos brutais praticados no Vietnã e com o desenvolvimento de novos métodos de torturas.

A aprovação da tortura pela administração Bush não tem precedentes.

Exigiu, sem vergonha, o direito de torturar, legitimado por novas definições e leis.

Diante das mais recentes revelações de torturas praticadas pelos EUA não houve comoção e incredulidade, mas sim medos ressuscitados.

A lembrança daquele passado horrendo e as realidades atuais, dos cárceres estabelecidos pela CIA, onde são cruelmente martirizadas as pessoas, a maior parte delas, inocentes, leva a profundas reflexões. A amnésia histórica é um fenômeno muito perigoso.

"OLHAR PARA O FUTURO"

O presidente dos EUA, Barack Obama, quer abordar os abusos cometidos pelo seu antecessor. Disse que esta técnica deu "quase em nada" e que desprestigiou o país perante a comunidade internacional. No entanto, justificou a decisão de não divulgar centenas de novas fotografias que mostram as práticas aberrantes, porque colocariam em "perigo as tropas estadunidenses" que se encontram no exterior. Além disso, expressou que o governo anterior tomou uma série de decisões "com muita pressa", baseadas no "desejo sincero" de proteger o povo estadunidense.

À medida que se intensifica o debate surgem duas opiniões. Uma afirma que, apesar de se ter autorizado a tortura e de ir contra os princípios e valores do país, é necessário deixar atrás esta "irregularidade" e olhar para o futuro, e argumenta que iniciar um processo contra o ex-presidente, George Bush; contra o ex-vice-presidente, Richard Cheney, ou contra o ex-secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, seria vergonhoso, custoso e desgastante, e ao mesmo tempo, dividiria a nação.

A outra enfatiza que as leis existem para serem cumpridas, que todos devem ser processados por violarem a legislação norte-americana e os acordos internacionais assinados por Washington.
Os que são a favor da primeira opinião, logicamente, padecem de "arrogância democrática e imperial", pois acham que por se tratar dos EUA, não é necessário fazer justiça e que mudar de governo é suficiente para perdoar os crimes cometidos.

Se o nome de Auschwitz provocava o pânico entre os povoadores dos países ocupados pelas tropas de Hitler, porque ali se praticavam os mais cruéis métodos de extermínio, sem levar em conta a nacionalidade, militância política, religião, origem, sexo, idade, onde mais de 4 milhões de pessoas morreram, a humanidade também deve abalar-se com a Escola das Américas, cruel instituição "educativa", que ensina a torturar e a perpetrar golpes militares concebidos em Washington.

A terrível ironia do debate atual é que, sob o pretexto de erradicar futuros maus-tratos, pretendem apagar da história os maus-tratos passados.

A evidência continua, logicamente, arquivada nas dezenas de milhares de documentos revelados ou sem revelar no arquivo da Segurança Nacional de Washington, mas na memória coletiva, os desaparecidos voltam a desaparecer uma e outra vez.

Este esquecimento faz mal não só às vítimas desses crimes, mas também à causa de afastar para sempre a tortura do arsenal político dos EUA.

Fechar uma prisão, acabar com um programa, inclusive pedir a demissão de alguma "maçã podre", preservará apenas a prerrogativa de torturar.

Os assassinatos no muro da vergonha na fronteira com o México, o silêncio cúmplice diante do assassinato de crianças, mulheres e idosos em Gaza por parte de Israel, o bloqueio a Cuba, a proteção a terroristas como Posada Carriles, a política que impede que os que torturam, assassinam e cometem grandes violações sejam julgados ou sancionados, são elementos contundentes que evidenciam que o império é o pior exemplo em matéria de direitos humanos. O germe de Auschwitz permanece latente.
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Original em Granma

Um gesto que não será esquecido

• FAÇO uma parada no trabalho que estava elaborando há duas semanas sobre um episódio histórico, para me solidarizar com o presidente constitucional de Honduras, José Manuel Zelaya.


Foi impressionante vê-lo através de Telesul, arengando o povo de Honduras. Denunciava energicamente a burda negativa reacionária de impedir uma importante consulta popular. Essa é a "democracia" que defende o imperialismo. Zelaya não tem cometido a menor violação da lei. Não realizou um ato de força. É o presidente e comandante-geral das Forças Armadas de Honduras. O que ali acontecer será uma prova para a OEA e para a atual administração dos Estados Unidos.

Ontem foi realizada uma reunião da ALBA em Maracai, no Estado venezuelano de Arágua. Os líderes latino-americanos e caribenhos que ali falaram, brilharam tanto por sua eloquência como por sua dignidade.

Hoje escutava os sólidos argumentos do presidente Hugo Chávez denunciando a ação golpista através da Venezuelana de Televisão.

Ignoramos o quê acontecerá nesta noite ou amanhã em Honduras, mas a conduta valente de Zelaya passará à história.

Suas palavras nos faziam lembrar o discurso do presidente Salvador Allende enquanto os aviões de guerra bombardeavam o Palácio Presidencial, onde morreu heroicamente em 11 de setembro de 1973. Desta vez víamos outro presidente latino-americano entrando com o povo numa base aérea para reclamar as cédulas para uma consulta popular, confiscadas espuriamente.

Assim age um presidente e comandante-geral.

O povo de Honduras jamais esquecerá esse gesto!








...........Fidel Castro Ruz


sexta-feira, 26 de junho de 2009

Por que Israel não aceita um Estado palestino

Israel e EUA vão em direções opostas? Enquanto Obama tenta resgatar uma imagem internacional muito desgastada, de que faz parte a retomada de negociações sobre a Palestina, Netanyahu vai na direção oposta. Enquanto seu partido não reconhece, nem formalmente, o direito ao Estado palestino, pressionado por Obama, apresentou uma impossível proposta, mais uma armadilha do que algo que apontasse para a retomada de negociações com os palestinos.

Para quem constata, aqui, na Palestina, a ocupação militar, os muros, os assentamentos, protegidos militarmente, é ridícula a proposta do primeiro ministro de Israel de um Estado Palestino desmilitarizado. Porque trazer a paz à Palestina é, antes de tudo, a retirada imediata e incondicional, das tropas israelenses de ocupação dos territórios palestinos. Isso é desmilitarizar.

Por outro lado, não apenas não desmontar, como seguir instalando assentamentos judeus no coração da Palestina – não apenas no campo, mas no centro de cidades como Ramallah -, é sabotar concretamente qualquer solução política pacífica à questão palestina. Dizer que deseja negociações com a Palestina, mas ao mesmo tempo afirmar e seguir instalando assentamentos, é dizer, pela via dos fatos, que Israel quer perpetuar a ocupação genocida dos territórios palestinos.

Israel nega à Palestina o mesmo direito que ele tem: o de ter um Estado soberano, apesar das decisões reiteradas da ONU, que garantem a a existência de dois Estados, um israelense, o outro palestino, com os mesmos direitos. Com territórios contínuos, com soberania, com direito de regresso dos imigrantes. Por que Israel não aceita a existência de um Estado Palestino? Por que Israel passou de vítima a verdugo?

O argumento usual era o de que os palestinos eram uma ameaça para a sobrevivência de Israel. Mas desde que a Autoridade Palestina, através de Arafath, passou a reconhecer o direito à existência do Estado de Israel, esse argumento desapareceu. Alega Israel que os palestinos são “terroristas”, mas todas as reações à ocupação militar, às agressões cotidianas e as humilhações cotidianas contra os palestinos, em seus próprios territórios, configuram, claramente, um regime de terror contra o povo palestino.

Nestes dias aqui, na Palestina, pudemos constatar a queima de plantações de trigo dos palestinos, feitas por colonos judeus dos assentamentos. A aprovação de mais 250 milhões de dólares por parte do governo israelense, para seguir os assentamentos. Casas palestinas continuam a ser derrubadas, para a construção de novos assentamentos. A expulsão arbitrária de palestinos de Jerusalém, a derrubada de casas e oliveiras, o assedio constante, para incitar o abandono da cidade santa.

Mas, além disso, ao inviabilizar – pelo cerco militar, pela ocupação, pelas incursões genocidas das suas tropas, por ataques genocidas, como o realizado recentemente contra Gaza – o desenvolvimento econômico, Israel estabelece uma situação de super-exploração dos palestinos. Incita os palestinos ou a emigrar para outros países ou a submeter-se a ser superexplorados pelos israelenses. Os absurdos muros tem menos uma lógica de defesa militar e muito mais de inviabilização econômica da Palestina. Além de que a ocupação militar serve também para a apropriação dos recursos naturais da Palestina. Como exemplo, Israel utiliza 6 vezes mais água do que os palestinos, embora explore os mananciais situados na Palestina.

Mas o objetivo maior da ocupação é a tentativa de assassinar a identidade do povo palestino, de liquidar sua memória histórica, de liquidar a auto-estima dos palestinos, de desmoralizá-los, de dispersá-los pelo mundo afora, fomentando a diáspora e bloqueando o retorno dos palestinos aos seus territórios.

Se Obama quer, de fato, pressionar Israel para que reabra negociações reais, o primeiro que deveria fazer seria não mais exercer o direito de veto na ONU em todas as resoluções de condenação de Israel. Além de ameaçar e verdadeiramente suspender o imenso apoio militar que seu país dá a Israel, para que seu país ocupe os territórios dos palestinos.

Quando Israel possui um governo que nega o direito dos palestinos disporem de um Estado, aprovado pelas Nações Unidas, possui um ministro de relações exteriores que deseja a expulsão dos palestinos de Israel, até mesmo o ataque nuclear para destruir aos palestinos – fica claro que a solução política da questão palestina tem que apontar para Telaviv e não para os palestinos.

Emir Sader

Original em Carta Maior

Chávez diz que mídia potencializa morte de Michael Jackson e ignora golpe em Honduras

O presidente da Venezuela Hugo Chávez disse que a mídia exagera na repercussão da morte de Michael Jackson para esconder a situação em Honduras.

“A CNN ficou colada a tarde toda nisso, enquanto em Honduras o povo saiu à rua com o presidente à frente, enfrentando o perigo até à morte. E a CNN sempre transmitindo uma notícia que é lamentável”, disse.

“Se o Michael Jackson morreu, que descanse em paz, é um ser humano. Mas foi a tarde toda dizendo que ganhou não sei quantos prêmios, que vendeu não sei quantos discos. Isto é o capitalismo”, criticou.
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Hondurenhos respaldam a Zelaya rumo ao referendo

Grande comitiva acompanhou o presidente no "resgate" de material
eleitoral com vistas a referendo para reformar a Constituição

• "A consulta do domingo não é parada por niguém", ratificou o presidente de Honduras Manuel Zelaya, em 25 de junho, na saída duma caravana popular que, chefiada por ele, irrompeu pouco depois na sede da Força Aérea para "resgatar" as urnas e cédulas que serão usadas no referendo previsto para o domingo, incautadas pelo Ministério Público.

Segundo a EFE, Zelaya chegou muito empolgado e baixo um aguaceiro. "Não querem deixar que o povo seja consultado, nem que fale, opine, tenha participação, nem que haja democracia em Honduras", enfatizou o presidente.

A AFP noticiou que o chefe de Estado e centenas de seguidores romperam os portões para entrar à base aérea Acosta Mejía, a um lado do aeroporto de Toncontín, na capital, e que ele mesmo carregou as caixas com o material para levá-las aos caminhões que aguardavam. O presidente tinha assegurado que daí retornavam ao Palácio Presidencial a preparar o referendo.

Atendendo a uma convocatória sua, milhares de defensores de seu governo tinham ido de diferentes pontos para reunir-se na quinta-feira, dia 25, ao meio-dia às portas da Casa Presidencial, dando-lhe seu respaldo numa manifestação cuja combatividade pôde ser percebida através de imagens televisivas. Dalí partiu o que Zelaya qualificou como "uma missão para garantir o estado de direito": a recuperação de urnas e cédulas.

Pouco antes e desafiando ao presidente, o Supremo Tribunal de Justiça tinha decidido restituir em seu cargo ao general Romeo Vázquez, chefe do Estado-Maior Conjunto, menos de 24 horas depois de sua cassação por Zelaya, que tomou a medida perante a reticência do corpo armado de distribuir material com vistas ao referendo, que consultará os hondurenhos sobre a instauração duma Assembleia Constituinte, que reforme a Carta Magna. Segundo a AFP, também o Congresso recusou a medida presidencial.

"Queremos legitimar a autoridade do poder executivo (...) O Supremo Tribunal se aliou aos grupos de poder contra o povo", denunciou Zelaya perante as pessoas reunidas no Palácio.

Na breve manifestação, onde convocou para cantar o hino nacional, o presidente também exortou a não permitir que "a democracia continue sendo duns poucos. Devemos lutar infatigavelmente por atingir a democracia superior que nos propusemos", afirmou.

A Carta Magna hondurenha data de 1982 e contém sete artigos denominados pétreos que não podem ser reformados, como os referentes à forma de governo, o território e o período presidencial, lembrou a PL.

Na opinião do presidente, com a atual Constituição é impossível realizar transformações profundas para erradicar a miséria e desigualdade no país, onde sete em cada dez pessoas vivem em condições de pobreza e pobreza extrema. O referendo projetado para o domingo determinaria a instauração duma quarta urna nas eleições gerais de novembro, para que nela os eleitores votassem se concordam com a Constituinte.

Desde a quarta-feira à noite, observadores e representantes de setores indígenas, camponeses, sindicalistas e outros estamentos sociais de Honduras denunciaram o perigo de um golpe de Estado, toda vez que a cassação de Vázquez foi seguida pela reúncia "solidária" dos chefes dos ramos naval, aéreo e do exército, assim como do ministro da Defesa, Edmundo Orellana.

Num comunicado, o Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh) denunciou a tentativa de golpe e qualificou os fatos como "reação desesperada da direita e seus aliados para frear a decisão popular de buscar vias democráticas para a transformação nacional".

O tentativa teve lugar três dias depois de que se lançasse a convocatória para a consulta, apoiada por líderes populares, camponeses, intelectuais e da esquerda política, mas recusada por setores da oligarquia, empresários e estamentos religiosos, apontou a PL. Segundo outros observadores, também querem impedir a consulta O Supremo Tribunal Eleitoral, a Procuradoria, o Supremo Tribunal de Justiça e o Parlamento, instituições cujos vínculos com os setores poderosos e oligárquicos também foram denunciados pelo presidente.

Honduras pediu à Oea analisar de urgência a situação, que será vista nesta sexta-feira, dia 26, em reunião estraordinária de seu Conselho Permanente, disse a EFE.

Declaração dos estados-membros da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América condenando o golpe de Estado em curso contra o presidente da República de Honduras, José Manuel Zelaya

Os estados-membros da Aliança Bolivariana para América representados perante a Organização das Nações Unidas, profundamente preocupados a respeito dos acontecimentos em curso na República de Honduras, expressamos o seguinte:

• Denunciamos perante a comunidade internacional um golpe de Estado em curso contra o presidente constitucional da República de Honduras, José Manuel Zelaya.

• Recalcamos que este golpe de Estado en curso está dirigido a obstaculizar a realização da consulta popular democrática convocada para definir se o povo concorda com a convocatória a uma Assembleia Constituinte.

• Condenamos esta ação golpista contra a genuína aspiração da cidadania hondurenha, que exige ser levada em conta mediante processos de consultas e formas de expressão democráticas.

• Convocamos à comunidade internacional a recusar tal tentativa de ruptura da ordem constitucional democrático, assim como toda ação violenta e desestabilizadora contra o povo e governo hondurenhos.

• Manifestamos nossa incondicional solidariedade com o presidente José Manuel Zelaya e o irmão povo hondurenho.

• Reiteramos nosso firme apoio à Declaração em respaldo ao processo de consulta popular em Honduras, adotada pela Reunião de Cúpula da ALBA, realizada em 24 de junho na Cidade de Maracai, República Bolivariana da Venezuela.

Antígua e Barbuda, Estado Plurinacional da Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Honduras, Nicarágua, São Vicente e as Granadinas, e a República Bolivariana da Venezuela.
Original em Granma

Lula receberá prêmio em 7 de julho na UNESCO

Escrito por Larissa C. S. Silva

O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, receberá aqui em Paris no próximo dia 7 de julho o Prêmio de Fomento da Paz Félix Houphout-Boigny outorgado pela UNESCO, informa hoje um comunicado da Organização. À cerimônia, que será realizada na sede da entidade das Nações Unidas desta capital, assistirão os presidentes de Senegal, Abdoulaye Wade, de Cabo Verde, Pedro Pires, e o premiê português, José Sócrates.

Também estarão presentes o Secretário Geral da Organização internacional da Francofonia, Abou Diouf, o ex-dirigente de Costa de Marfil Henri Konan Bedié e o ex-presidente de Portugal e vice-presidente do júri que outorgou o prêmio, Mario Soares.

Lula obteve o prêmio por seu trabalho em favor da paz, o diálogo, a democracia, a justiça social e a igualdade de direitos, expressou Soares, quando expôs a decisão do tribunal no mês passado.

Também por sua inestimável contribuição para a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos das minorias, acrescentou.

O prêmio foi criado em 1989 pela Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Seu objetivo é homenagear pessoas, instituições ou organismos públicos ou privados que contribuam significativamente ao sustento, à busca, ou manutenção da paz respeitando a Carta das Nações Unidas e a Constituição da organização.

Nelson Mandela, Frederik W. De Klerk, Yitzhak Rabin, Yasser Arafat, o rei da Espanha, Juan Carlos I, o ex-presidente dos Estados Unidos, James Carter, o presidente de Senegal, Abdulaye Wade, e o ex-presidente da Finlândia, Martti Ahtisaari, receberam esta distinção.

Original em Pátria Latina

Tegucigalpa, sob a ameaça de golpe de Estado


Original em Rebelión

O presidente Manuel Zelaya (Mel) constituiu um governo em 2006 que desde seu primeiro dia tomou distancia dos grupos de poder e seus mais fieis representantes mantendo um poder muito precário com respeito aos setores do poder econômico e político. No Congresso Nacional esteve desde o primeiro momento sem uma bancada de deputados que respaldassem os projetos de lei que enviava ao mesmo.

O presidente Mel se vinha distanciando desses grupos ao fazer coisas que os irritava: impediu-lhes negócios que sempre foram usufrutuados através do estado. Perseguiu a evasão fiscal, uma forma de enriquecimento muito praticada pelas grandes empresas do país. Eliminou o monopólio da importação de combustíveis que trazia ganhos milionários a uma empresa. Eliminou os negócios de importação de armas e medicamentos que o dono de dois grandes jornais havia realizado por décadas com o Estado. Cancelou receitas milionárias mensais enviadas da casa presidencial aos grandes meios de comunicação.

A nível internacional desenvolveu uma política exterior diferente aproximando-se dos governos de esquerda da América Latina.

Abriu a casa de governo aos setores populares, fazendo uma forma de auditoria social, confrontando funcionários do mais alto nível, com os moradores e setores populares que exigem seus diretos.

Em 2008 enfrentou diretamente os deputados do Congresso Nacional em varias ocasiões, contrariando a tentativa para reformar a lei eleitoral com a intenção de financiar de maneira permanente os partidos políticos com recursos públicos, proposta que ganhou o repudio unânime da população e do executivo. Também se distanciou do congresso nacional pela eleição da nova corte suprema de justiça e, finalmente, pela eleição do Fiscal Geral. Estes fatos marcaram uma ruptura evidente no sistema político nacional. Apagou-se a linha divisória entre os dos partidos tradicionais. Ambos se colocaram nitidamente em oposição ao interesse nacional e contra o executivo que ficou quase sem representantes no Congresso Nacional.

Mel decretou um aumento importante do salário mínimo, bastante prejudicado devido às constantes desvalorizações e ao conseqüente incremento do preço da cesta básica.

O ultimo ano de seu governo (2009), ano eleitoral, se aprofundou esta divisão. Mel compensou sua falta de apoio no Congresso com a formação de uma ampla aliança com os setores populares. Isto agravou sua confrontação com os grupos do poder. Os grandes meios de comunicação não cessaram um só dia de atacar a seu governo.

Mel projetou este ano baseado em seu plano de fazer uma espécie de plebiscito ou referendum nacional, para perguntar à população se quer estabelecer uma quarta votação durante as eleições nacionais de novembro. Isto é, se além da eleição presidencial, de deputados e de prefeitos, Mel quer consultar ao povo si se põe uma quarta votação para perguntar ao povo se quer estabelecer uma Assembléia Nacional Constituinte para fazer uma nova constituição. Esta proposta gerou un maremoto político. Aliaram-se os setores mais conservadores para opor-se ferreamente a ela.

Montou-se uma campanha midiática milionária para declarar ilegal a campanha pelo sim que se programou para 28 de junho. Tem-se utilizado desde argumentos legais até os mais baixos ataques midiáticos para desprestigiar usando argumentos obsoletos e de atemorização massiva para evitar que a população seja consultada. Tem-se usado argumentos de “vão levar teus filhos” ou “vão tirar tuas propriedades” fantasmas da guerra fria que se acreditavam esquecidos para evitar que as pessoas sejam ouvidas. No fundo existe um temor, ante a crescente deslegitimação que sofreu o sistema de partidos políticos e que surja um novo modelo baseado mais na participação real e não na representação que provou à exaustão que não funciona.Na historia recente do país, a população nunca havia sido consultada sobre nenhum assunto de interesse nacional.

O presidente Zelaya não enviou o projeto de orçamento de 2009 ao Congresso Nacional, de maneira que segue vigorando o do ano passado. Como uma forma de pressionar ao Congresso não tem feito repasses financeiros ao mesmo. Isto tem aumentado o mal-estar dos deputados que lhe fazem oposição. A maior dificuldade para eles é que este ano necessitam os recursos públicos para pagar suas campanhas (isto é uma constatação dado que a esta altura do ano, estaríamos inundados de propaganda política. Até hoje não há quase anúncios de nenhum candidato nem a presidente nem prefeitos nem deputados). Como conclusão, é certo que as milionárias campanhas às quais nos têm acostumado os políticos tradicionais são pagas por nossos impostos, Através dos mais de um bilhão de Lempiras do fundo especial que o presidente do Congresso Nacional gerencia. Enquanto isto (do informe do CIPRODEH sobre o desempenho do congresso) as prefeituras tem mais de 70 passos a percorrer para obter os pequenos fundos designados para a Estratégia Para a Redução da Pobreza.

Anteontem (23-6) pela tarde, o candidato a prefeito de Tocoa (zona norte do país, onde o DCA tem o projeto DIPECHO VI) pelo partido de esquerda Unificação Democrática sofreu um grave atentado: 4 sicários dispararam quase 30 balas de AK 47 contra seu automóvel. Quatro deles atingiram seu corpo. Ontem mesmo foi trasladado de helicóptero a Tegucigalpa em estado crítico. Nessa mesma cidade foi assassinado Carlos Escaleras (ex candidato a prefeito pelo mesmo partido) faz já mais de dez anos, caso emblemático de um dos três que o ERIC luta ante o Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

No dia de hoje, 25 de junho, o Presidente Zelaya convocou os setores populares e ao Estado Maior das Forças Armadas à Casa de Governo para reafirmar seu compromisso com a consulta. Os militares têm estado no centro da polêmica nos últimos dias porque os setores de poder lhes dizem que não devem obedecer a seu comandante geral para dar o apoio logístico para a consulta. Mel lhes chamou para assegurar-se de que a partir de amanhã deverão começar a distribuir as 15 mil urnas em todo o país.

Hoje pela tarde têm circulado muito fortes rumores de que se prepara um Golpe de Estado. As fontes têm sido variadas mas coinscidentes.Mel se reuniu esta noite com o Estado Maior Geral e o Chefe deste na casa de governo. Ao final da reunião, em uma entrevista à imprensa, acompanhado por representantes de variados setores populares, em um comunicado bastante sucinto Mel anunciou que havia aceitado a renuncia do Chefe do Estado Maior Conjunto e também do Ministro da Defensa.

A seguir Mel chamou os setores populares para uma grande assembléia popular na casa de Governo para defender o direito a consulta do povo e para tomar decisões importantes para o país. Se afirma que já estão viajando à capital os setores populares para respaldar ao presidente.

Este episodio agrava a situação política e põe em questão o próximo movimento dos grupos de poder.

Fontes confiáveis asseguram que a Junta de Comandantes e o Estado Maior das Forças Armadas decidiram renunciar em solidariedade com seu chefe destituído.

Também se afirma que o RECABLIN (Regimento de Cavalaria Blindada, corpo de elite do exercito) esta pronta para tomar os pontos principais da cidade, casa de governo, radio e canal nacional, entradas e saídas, incluindo o aeroporto, etc.

Esta tarde, o Congresso Nacional se declarou em sessão permanente. Um estado usado só em momentos de crise. O próximo movimento será aqui. Sob uma serie de argumentos pseudo legais, destituíram o presidente, nomeando uma junta cívico-militar para “restabelecer” a constituição que estava em perigo.

O exército sairá às ruas para reprimir qualquer manifestação em apoio ao presidente. Iniciar-se-á uma caça às bruxas facilitada pela debilidade da organização dos setores populares. A violação dos mais elementares direitos estará na ordem do dia.

A única forma de evitar o derramamento de sangue será com uma contundente presença de pessoas nas ruas apoiando ao presidente. Meu prognóstico é que ganhará o medo à repressão e isto lamentavelmente a propiciará.[

Para finalizar, o embaixador dos Estados Unidos saio do país ontem. De forma muito conveniente, NÃO estará presente no desenlace desta crise.

Honduras deverá seguir representando o papel que já representou nos anos 80: repressão para os governos progressistas que vem do sul e que se aproximam perigosamente do muro do pátio dos fundos.

Traduzido por Rosalvo Maciel

Iraque: O regresso da resistência

Dahr Jamail

Fonte: uruknet Tradução de Joana S. Piedade

Cerca de 20 soldados dos EUA foram mortos no Iraque em Maio, o maior número desde Setembro, a juntar a mais de 50 feridos. Como é habitual, o número de mortos e feridos iraquianos é dez vezes maior.

Os ataques às forças norte-americanas estão novamente a aumentar em lugares como Bagdá e Fallujah, onde tradicionalmente, a resistência iraquiana era mais forte. Muitos dos membros da resistência iraquiana aderiram à Sahwa (Filhos do Iraque, também referidos como o movimento dos Conselhos do Despertar), e começaram a receber pagamentos dos militares norte-americanos para suster os ataques contra os ocupantes e juntarem-se à luta contra a al-Qaeda no Iraque.

No início de Abril, escrevi uma coluna para este web site que ilustrava como os ataques contra a Sahwa por parte do governo iraquiano e dos militares norte-americanos, juntamente com a quebra de promessa da Sahwa vir ou a ser incorporada no aparelho de segurança governamental, ou a serem distribuídos empregos civis, deveria conduzir a um êxodo da Sahwa e retorno à resistência.

Devagar, mas solidamente, estamos a assistir a isso mesmo. A Sahwa alertou o governo iraquiano para não se esquecer os seus compromissos com os combatentes: providenciar empregos e salários. No dia 28 de Maio, o jornal independente al-Hayat, de propriedade saudita e sediado em Londres, assinalou:

"Alguns líderes dos “conselhos do despertar” alertaram o governo iraquiano para honrar os seus compromissos relativamente aos seus membros através do pagamento dos salários com atrasos de três meses. Os combatentes poderão rebelar-se contra o governo se as suas exigências continuarem a ser ignoradas, o que poderá ter um efeito adverso na situação de segurança. Sheikh Masari al-Dulaymi, um dos líderes do conselho em Falahat al-Taji para o norte de Bagdá, anunciou que o comitê encarregue de supervisionar o processo de reconciliação nacional, avisou os líderes dos conselhos que os seus salários deviam ser pagos e que uma forma de cooperação deveria ser acordada com as tribos para preservar a segurança em Bagdá."

O relatório acrescentou que al-Dulaymi referiu ainda que, muitos dos combatentes nos conselhos abandonaram os seus deveres de proteção às respectivas áreas devido aos atrasos na recepção dos salários. “Não queremos que a crise aumente mais porque os membros dos conselhos já desconfiam das promessas do governo”. Al-Hayat refere ainda que o Sheikh Khaled Yassine al-Janabi, líder do conselho em al-Latifiyah, no sul de Bagdá, avisou que “a atitude do governo de ignorar a questão dos conselhos e as suas exigências terão um efeito nefasto na questão da segurança”.

Simultaneamente, a resistência iraquiana, em cujas fileiras estão apoiadores da Sahwa e outros iraquianos que juntam-se pelas razões habituais: os seus compatriotas são detidos, torturados e violados, pelas forças de ocupação e seus colaboradores iraquianos. Também a destruição de infra-estruturas e o sofrimento que isso acompanha, entre uma série de outras razões (como o fato de um em cada quatro iraquianos viver na pobreza), justificam o estado atual.

O Los Angeles Times noticiou recentemente que um comandante da resistência iraquiana, que é também membro da Sahwa, disse "se ouvirmos dos americanos que não são capazes de nos apoiarem, dentro de seis horas estabelecemos os nossos grupos e lutamos contra o governo corrupto. Haverá guerra em Bagdá”.

Depois de terem confiado nos militares norte-americanos para cumprir as suas promessas de apoiar a Sahwa no sistema político iraquiano, a sua paciência estás prestes a esgotar-se. Um antigo general, comandante da resistência, que lidera um grupo chamado de Exército iraquiano para a libertação, e que também é membro da Sahwa, disse ao jornal The Los Angeles Time que “se os americanos deixarem Bagdá, em 24 horas as ruas pertencem à resistência e às pessoas. As pessoas estão a ferver”.

A violência tem vindo a agravar-se desde Janeiro. Abril foi o mês em que se registraram mais mortes entre iraquianos desde há um ano. Diariamente, vemos membros da Sahwa partir dos seus postos. Em vez de proteger as áreas onde trabalharam como seguranças, muitos deles, em protesto contra ataques do governo e falta de pagamentos, regressam para a resistência. Simultaneamente, eles desviaram as suas atenções das operações da al-Qaeda no Iraque, que era a razão primordial pela qual os EUA tinham criado a Sahwa. Assim, quando al-Janabi avisa que “o desprezo do governo em relação ao assunto e às suas exigências vai ter um efeito negativo no que toca à segurança”, esse “efeito negativo” tem duas frentes. Sem contar com as futuras ramificações de ter 100.000 soldados, que foram aliados das forças de ocupação, a virarem-se contra eles novamente. Hoje, como já vimos, estamos a receber uma pequena, muito pequena, amostra do que isto pode vir a tornar-se.
Rios de sangue continuam a fluir no Iraque ocupado. A 25 de Maio, um militante suicida, conduziu um carro repleto de explosivos de encontro a uma patrulha dos EUA em Mosul, matando 8 pessoas e ferindo 26. No mesmo dia, em Hilla, 60 milhas a sul de Bagdá, um atirador matou um soldado da Sahwa que estava num checkpoint.

A 21 de Maio, militantes suicidas atacaram em duas cidades, matando três soldados americanos e quase duas dúzias de iraquianos numa insurreição violenta que levou à morte de 66 pessoas em dois dias. No mesmo dia, houve mais ataques contra a Sahwa, que para além de ser atacada por forças do governo iraquiano, está a ser atacada pela al-Qaeda. Sete membros da Sahwa foram mortos em Kirkud a 21 de Maio enquanto esperavam numa fila para receber o seu salário numa base militar.

Entretanto, o Pentágono está preparado para deixar forças de combate no Iraque por mais uma década, apesar do “acordo” entre os EUA e o Iraque de fazer regressar a casa todas as tropas até 2012. O General George Casey, o Chefe do Estado Maior do Exército, declarou recentemente que o Pentágono deveria planejar um prolongamento dos ataques americanos e das operações de estabilidade tanto no Iraque como no Afeganistão, dizendo que “as tendências mundiais estão a empurrar na direção errada. Elas fundamentalmente vão alterar a forma de trabalhar do exército.” É importante notar que neste momento, os EUA mantêm 139.000 soldados no Iraque, que é ainda um número maior do que aquele que existia antes do envio massivo de tropas de George W. Bush.

Muitos destes soldados, bem como dos nacionalistas americanos que cegamente apoiaram e continuam a apoiar a ocupação criminosa do Iraque, acreditam que é um desígnio divino que justifica a estratégia da lei do mais forte praticada pelo império dos EUA. Relembremos um dos mais reconhecidos escritores norte-americanos, Mark Twain. Mais conhecido por ter criado Tom Sawyer e Huck Finn, Twain era um pacifista. Nunca lemos a “Prece da Guerra” na escola, mas nele podemos ler de forma irônica:

“Ó Senhor nosso Pai, nossos jovens patriotas, ídolos dos nossos corações, avançam para a batalha – estejais Vós perto deles! Com eles – em espírito – também nós avançamos da doce paz de nossos amados lares para atacar o inimigo. Ó Senhor nosso Deus, ajudai-nos a fazer dos soldados deles pedaços sangrentos de corpos, graças às nossas bombas; ajudai-nos a cobrir seus alegres campos com as pálidas formas de seus patriotas mortos; ajudai-nos a sufocar o trovejar das armas com os gritos dos seus feridos contorcendo-se de dor; ajudai-nos a arrasar seus lares humildes com um furacão de fogo; ajudai-nos a esmagar os corações de suas viúvas inocentes com irremediável pesar; ajudai-nos a torná-los desabrigados com criancinhas solitárias a vaguear pelos restos da sua desolada terra em farrapos, com fome e com sede, à mercê do sol flamejante do verão e dos ventos gelados do inverno, desolados, acabados pelo trabalho duro, implorando a Vós pelo refúgio do túmulo e não sendo atendidos. Por nós, que Vos adoramos, Senhor, arrasai suas esperanças, deteriorai suas vidas, prolongai sua amarga peregrinação, façais pesados os seus passos, molheis o seu caminho com suas lágrimas, manchai a neve alva com o sangue dos seus pés feridos! Isto nós pedimos, no espírito do amor, d’Ele que é a Fonte do Amor, e que é o sempre fiel refúgio e amigo de todos os que estão aflitos e sofrendo e buscam a Sua ajuda, de corações humildes e contritos. Amém.” Esta é a matança e o sofrimento que está a ser causado pela ocupação norte-americana do Iraque. Esta é a morte e o sofrimento que está a instigar a Resistência Iraquiana a mais uma vez se organizar, ganhar força, e preparar-se para voltar à carga.
Original em Tribunal Iraque

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