Além do Cidadão Kane

quarta-feira, 30 de abril de 2008

A CONSPIRAÇÃO PARA DIVIDIR A BOLíVIA DEVE SER DENUNCIADA

Após a secessão do Kosovo, província sérvia tornada "independente", é a Bolívia que o imperialismo tenta dividir. O processo de mudanças em favor da maioria dos bolivianos corre o risco de ser travado brutalmente. A ascensão ao poder de um presidente indígena, eleito com apoio sem precedentes, e seus programas de beneficio popular e de recuperação dos recursos naturais, tiveram que enfrentar desde os primeiros momentos as conspirações oligárquicas e a ingerência imperial. Nos último dias a escalada conspirativa atingiu níveis sem precedentes. As acções subversivas e anticonstitucionais dos grupos oligárquicos para dividir o país refletem uma mentalidade racista e elitista. Eles atentam contra a integridade da Bolívia e desestabilizam toda região. A história mostra as terríveis conseqüências de processos divisionistas e separatistas induzidos e insuflados por interesses estrangeiros. Subscreva a mensagem de apoio ao governo do Presidente Evo Morales Ayma, às suas políticas de mudança e ao processo constituinte soberano do povo boliviano: http://www.todosconbolivia.org/

topo

Globalização, itinerâncias do papa e fascismo

Não falta matéria para reflexão. A «bolha» da globalização rebentou. Que ruínas deixará à humanidade? O Vaticano passeia-se pela América. Não convence ninguém nem o papa lá foi para convencer. Porém, que negócios fechou nesses seis dias? Que alianças reforçou? Que preparam os deuses? Por fim, em Itália onde só existem duas grandes forças políticas organizadas e poderosas – o Vaticano e a Máfia – Berlusconi, herdeiro de Mussolini, conseguiu uma estrondosa vitória. Os três fatos convergem entre si e a questão central que agora se coloca é a mesma que há 70 anos exprimia a perplexidade dos homens livres perante a ascensão do fascismo e da sua Nova Ordem: «Para onde vamos ?».A ameaça do retorno aos fascismos europeus não é capítulo encerrado. As ditaduras fascistas da primeira metade do século XX consolidaram-se na Europa a partir de situações políticas e econômicas comuns, análogas às atuais. As guerras de conquista (tais como as do petróleo) geraram e geram pólos de riqueza e de pobreza. O dinheiro fica nas mãos de reduzidas elites enquanto que os povos mergulham na miséria e no desespero. Os proletários perdem os seus postos de trabalho, os cidadãos o seu poder de compra, os lutadores a sua liberdade. Então, perante o caos, as multidões exigem que um «herói» apareça e «ponha a casa em ordem». Logo se apresentam esses salvadores, com perfis míticos e religiosos, gerados e promovidos por elites autoritárias. Instalados no poder pelo desespero popular, os ditadores fascistas ligam-se entre si, distribuem dinheiro a rodos aos seus pares e procuram justificar os seus atos recorrendo às ideologias religiosas ou às utopias tradicionais. Foi assim que os fascistas detiveram, ao longo de dezenas de anos, as rédeas do poder do Estado, combinando a fraude, a demagogia e o terror.

Organização e luta popular

Este panorama social é recorrente e projeta-se na atualidade. Berlusconi, por exemplo, alcançou os seus recentes êxitos eleitorais numa sociedade onde grassam a corrupção, as grandes falências, o desemprego, e alastra o poder da Igreja, o garrote da Máfia, os riscos de guerra civil, as dívidas do Estado e o esmagamento das classes médias e baixas. «Bandeiras» do capitalismo, como a Alitália, abrem falência, a Máfia domina o Sul do país e a Liga de Bossi exige a autonomia do Norte industrializado. A economia italiana estagna e não crescerá por ano mais que 0.5%. Apesar de compreender tudo isto, o povo italiano votou em Berlusconi, o «pregador de milagres»... Nos EUA, a situação não é muito diferente: 38 milhões de pobres, a par de fortunas fabulosas. Guerras do petróleo ruinosas em quase todos os continentes. Recessão econômica mal disfarçada mas que a curto prazo se afirmará. É um país dividido entre o desbragamento moral e o fanatismo político e religioso. Armou-se até aos dentes. Julgam-se senhores do universo. A decisão de Bento XVI de visitar, neste momento, os EUA é difícil de entender ou, melhor, não se entende. Vem de uma sociedade em dissolução, a italiana, para passear num país em recessão. Sobe à tribuna da ONU para falar em paz, em direitos humanos e em reconciliação e nem sequer refere Guantánamo, o Darfur do petróleo e da fome ou as chacinas do Iraque. Refere a pedofilia do clero americano e não confessa que o fenômeno é conhecido e generalizado entre os padres do mundo inteiro. Numa encenação minuciosamente preparada, Ratzinger pede untuosamente perdão do mal que já está feito e cujas consequências são irreversíveis. Mas que terá ido ele fazer, realmente, nos EUA? Cedo se saberá. A crise do capitalismo galopa e as realidades, nuas e cruas, irão revelar-se. O mundo em que vivemos contém uma mistura explosiva de famintos, de nababos, de classes exploradas por classes exploradoras, de promessas e de mentiras insustentáveis. Se a Itália caminha para o neofascismo ou em Portugal se esboça o retorno a uma nova «União Nacional», é bom que não nos esqueçamos de que os povos explorados se revelam cada vez mais conscientes da injustiça da sua escravidão. A aventura de Berlusconi terá o tempo e o destino que os italianos quiserem que tenha. A hipocrisia e a viscosidade das palavras do papa apenas reverterão para o descrédito da igreja católica. O povo norte-americano aprenderá à sua própria custa que o poder das armas nunca conseguirá esmagar a razão dos homens. Mas para que surja o dia da verdadeira Liberdade há ainda um duro caminho a percorrer. Os pobres terão de perder as suas ilusões e impor o respeito pelos seus direitos. Para que justiça se faça, há que propor, lutar e esclarecer. Através de todos os riscos e de todos os perigos. Formando e informando. Lançando as bases de uma autêntica democracia da justiça social. Agitando e agindo. Sobretudo, organizando. Organizando, organizando, organizando... sem jamais nos cansarmos em organizar.

Jorge Messias


topo

Miriam Leitão foi bater em outra freguesia

Paulo Henrique Amorim

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

. A decisão da Standard & Poor’s de promover o Brasil ao ponto de grau de investimento é a falência do PiG.
. Desde que o Presidente Lula tomou posse, o PiG apostou que o Brasil ia quebrar na mão dele.
. Quem quebrou foi o PiG.
. E, como diz Delfim Netto, “jornalismo de economia” no Brasil não é nem uma coisa nem outra.
Miriam Leitão foi bater em outra freguesia. Clique aqui para ler “PIB ? + dívida ? = grau de investimento” -

Miriam Leitão foi bater em outra freguesia


topo

Até quando?

Em 17 de abril de 1996 aconteceu o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou a marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil.
Passados 12 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira, que aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Hoje, os trabalhadores Sem Terra cobram da atual governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), o cumprimento de diversas promessas como atendimento médico multidisciplinar aos sobreviventes feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo. Até hoje esse atendimento não começou.
“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.
O advogado do MST, Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002 acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.
“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.
Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações.
Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente. “A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 10 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.

Caminho do processo na Justiça

Abaixo, leia a cronologia do processo dos envolvidos no Massacre de Eldorado de Carajás.

Junho de 1996 - Início do maior processo em número de réus da história criminal brasileira, envolvendo 155 policiais militares. Em 10 anos, o processo ultrapassou as 10 mil páginas.

16 de agosto de 1999 - Primeira sessão do Tribunal do Júri para julgamento dos réus em Belém, presidida pelo juiz Ronaldo Valle. Foram absolvidos três oficiais julgados - coronel Mário Colares Pantoja, major José Maria Pereira de Oliveira e capitão Raimundo José Almendra Lameira. Foram três dias de sessão com cerceamento dos poderes da acusação, impedimento da utilização em plenário de documentos juntados no prazo legal, permissão de manifestações públicas de jurados criticando a tese da acusação e defendendo pontos de vista apresentados pela defesa.

Abril de 2000 - O Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou a anulação do julgamento, decisão mantida em um segundo julgamento, em outubro de 2000. Antevendo a anulação do julgamento, o juiz Ronaldo Valle solicitou o afastamento do caso. Dos 18 juízes criminais da Comarca de Belém, 17 informaram ao Presidente do Tribunal de Justiça que não aceitariam presidir o julgamento, alegando, na maioria dos casos, simpatia pelos policiais militares e aversão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos trabalhadores rurais.

Abril de 2001 - Nomeada uma nova juíza para o caso, Eva do Amaral Coelho, que designou o dia 18 de junho de 2001 como data para o novo julgamento dos três oficiais. Alguns dias antes do início da sessão, a juíza determinou a retirada do processo da principal prova da acusação, um minucioso parecer técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com imagens digitais que comprovavam que os responsáveis pelos primeiros disparos foram os policiais militares. O MST reagiu e a juíza reviu sua posição, suspendendo o julgamento sem marcar nova data.

14 de maio a 10 de junho de 2002 - O julgamento foi retomado. Após cinco sessões, entre os 144 acusados julgados, 142 foram absolvidos (soldados e 1 oficial) e dois condenados (coronel Pantoja e major Oliveira), com o benefício de recorrer da decisão em liberdade. Em decorrência dos benefícios estendidos aos dois únicos condenados, as testemunhas de acusação não compareceram mais ao julgamento, em função de ameaças de morte e por não acreditar na seriedade do julgamento. Durante vinte dias, jornais do Estado do Pará publicaram detalhes sobre intimidações e ameaças de morte que estariam recebendo as principais testemunhas da acusação, principalmente Raimundo Araújo dos Anjos e Valderes Tavares. Nada foi feito em relação à proteção e salvaguarda de tais testemunhas. O MST não aceitou participar de um julgamento onde não estivessem sequer garantidas a segurança e a tranqüilidade das pessoas fundamentais para a acusação.

Novembro de 2004 - A 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Pará julga numa só sessão todos os recursos da defesa e da acusação e mantém a decisão dos dois julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, absolvendo os 142 policiais militares e condenando o coronel Pantoja (228 anos de prisão) e o major Oliveira (154 anos de prisão).

22 de setembro de 2005 – O coronel Pantoja é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

13 de outubro de 2005 – O major Oliveira é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

2006 - Depois de dois anos, aguarda-se o julgamento do recurso especial apresentado ao Superior Tribunal de Justiça e posteriormente do recurso extraordinário apresentado ao Supremo Tribunal Federal.

topo

THE AMERICAN DREAM


topo

Horror: veja a fotografia dos terroristas mortos por Israel

Israel comemorou o ataque como mais uma vitória contra terroristas palestinos. O ataque, desferido pelo Exército com obuses, serviria para apagar do mapa alguns militantes palestinos do grupo de Resistência Islâmica, o Hamas, mas o que foi alvo dos obuses foi apenas mais uma família palestina de Beit Hanun. A mãe, de 40 anos, e suas três crianças, morreram.


Tio reconhece corpos de sobrinhos As quatro crianças palestinas, com idades entre um e cinco anos, e a mãe foram assassinadas na segunda-feira (28). Eles estavam em casa quando um obus os atingiu.

Os quatro irmãos — Mussab Abu Maateq, um ano, Hana Abu Maateq, três, Rudeina Abu Maateq, quatro, e Saleh Abu Maateq, cinco — morreram na hora, segundo fontes do serviço de emergência do hospital Kamal Adwan, de Beit Lahya.
A mãe das crianças, Miassar Abu Maateq, de 40 anos, gravemente ferida no ataque, faleceu no hospital. Segundo o pai das quatro crianças, os filhos estavam tomando café da manhã com a mãe em casa quando o obus explodiu contra a porta de entrada.
''Saí de casa um momento para buscar um de meus filhos e ouvi o barulho da explosão'', disse Ahmed Abu Maateq, de 70 anos. ''Minha mulher e meus filhos estavam tomando café da manhã. Quando voltei encontrei apenas os corpos''. O governo de Israel anunciou que ''investigará'' o que chamou de ''incidente trágico''.
O Hamas conclamou o povo palestino a ''responder a este crime e se prepara para o enfrentamento e a defesa do povo palestino''.
O primeiro-ministro do Hamas, Ismail Haniye, condenou em um comunicado ''o massacre que revela a verdadeira face do ocupante israelense criminoso e suas constantes tentativas de destruir os esforços regionais e internacionais para terminar com o bloqueio e cessar os ataques''.

Extrema-direita pede pena de morte

A extrema-direita israelense, incomodada com as negociações em curso com os palestinos, vocifera contra seu próprio governo, afirmando que o premiê e sua ministra de Relações Exteriores deveriam ser ''julgadados'' pela lei internacional por ''alta traição''. A razão que alegam é que Ehud Olmert e Tzipi Livni estariam ''entregando'' Jerusalém para os palestinos.


''De acordo com a lei internacional, Ehud Olmert e Tzipi Livni, que lideram negociações para a entrega de Jerusalém, a capital de Israel, devem ser julgados por alta traição e condenados a morte'', afirmou Aryeh Stav, editor do diário israelense ultradireitista Nativ, ao responder um questionário do Jornal Haaretz sobre o processo de negociação com a Autoridade Nacional Palestina.

Os quatro terroristas mortos pelo Exército Israelense


FONTE: Vermelho

topo

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Com 69%, popularidade de Lula é recorde; 50,4% querem 3º mandato

A Pesquisa CNT/Sensus referente ao mês de abril aponta que 50,4% dos entrevistados é a favor de uma alteração na Constituição brasileira que possibilite a reeleição do Presidente Lula em 2010. Já 45,4% dos entrevistados são contra essa possibilidade. Foram realizadas duas mil entrevistas em cinco regiões do País, 24 Estados e 133 municípios, entre os dias 21 e 25 de abril. A pesquisa tem margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.

Ainda de acordo com a pesquisa, o presidente foi o mais citado pelos entrevistados que responderam à pergunta "em quem você votaria para presidente se as eleições de 2010 fossem realizadas hoje?". Lula saiu em primeiro lugar com 29,4%(Terra)

Situação vê harmonia em pesquisa CNT; oposição desqualifica

Governo Lula foi avaliado como positivo por 57,5 %dos entrevistados, e seu desempenho pessoal chegou a 69,3 %

Enquanto os governistas receberam a pesquisa CNT/Sensus, com recorde de popularidade do PresidenteLula e apoio ao terceiro mandato, como sintonia entre população e governo, a oposição desqualificou a sondagem, que está em sua 92ª edição. O governo Lula foi avaliado como positivo por 57,5% dos entrevistados, e seu desempenho pessoal chegou a 69,3% de aprovação.

A pesquisa CNT/Sensus perguntou aos entrevistados se apoiariam uma mudança constitucional para que Lula pudesse concorrer a um terceiro mandato, e 50,4% responderam favoravelmente. "Isso mostra sintonia entre o que o governo está fazendo e a expectativa da população", disse o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS).

"Mas nós não vamos falar de terceiro mandato, porque o Presidente Lula não quer e ele é um estadista. Nós não vamos rasgar a Constituição, aliás como fizeram nossos adversários para dar um segundo mandato a Fernando Henrique Cardoso", acrescentou Fontana, salientando que o objetivo do governo é aprovar candidato único da base aliada para apoiar na eleição de 2010.

Já o líder do DEM na Câmara, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) procurou desqualificar a pesquisa e o instituto que a realiza. "Em primeiro lugar, não levo a sério os números trazidos por esse instituto, porque não goza de independência e credibilidade suficientes para dar um diagnóstico. E nem levo a sério esta discussão de terceiro mandato, que é descabida e não vai ter prosperidade do Congresso", disse o líder oposicionista.

ACM Neto reconheceu que Lula desfruta de popularidade alta, mas rejeitou vinculação com a permanência do presidente no poder depois de 2010. "(Ele) tem boa avaliação e boa popularidade, mas não significa que a população deseje alteração na Constituição para conceder a ele um terceiro mandato" disse o deputado. Reuters

Por: Helena™

topo

Aldo Rebelo: "O Exército não pode desterrar os não-índios"

No debate em torno da demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o alagoano José Aldo Rebelo de Figueiredo, 52 anos, é uma voz imbuída do espírito de José Bonifácio (1763-1838), o patriarca da independência que propunha a "intransigência na causa, mas com flexibilidade nos caminhos". Aldo Rebelo (PCdoB), deputado representante de São Paulo desde 1991 na Câmara, deve ser o paulista por adoção política que mais conhece a reserva indígena e que mais andou pela calha do Amazonas. Consolidou, por isso, um caminho que, a grosso modo, passa ao largo do nacionalismo alarmista e da antropologia paternalista.
Nesta entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo, Aldo afirma que a União não pode simplesmente declarar extinção de municípios e solucionar conflito com exclusão de uma das partes. Ele pede que se protejam os índios da reserva demarcada em abril de 2005 pelo presidente Lula, mas que não se use o Exército para "desterrar" os não-índios como se eles fossem menos brasileiros que os demais brasileiros. A Operação Upakaton 3, da Polícia Federal, para retirar do 1,7 milhão de hectares os não-índios, está suspensa até que o Supremo Tribunal Federal (STF) tome uma decisão sobre o assunto
.

Qual é a essência do problema do conflito em Roraima, na reserva Raposa Serra do Sol?
Aldo:
Nós reduzimos o problema a um duelo de pontos de vista sobre se a demarcação contínua é certa ou errada. O certo é que a situação expõe razões que, se consideradas isoladamente, deformam o todo. O que nós queremos? Impor uma derrota aos índios que reivindicam a demarcação contínua? Queremos derrotar os que defendem a demarcação em reservas ilhadas? Simplesmente não corresponde à verdade dizer que há ali, na região, apenas meia dúzia de arrozeiros. Quem já esteve lá, e eu estive lá mais de uma vez, e quem leu o relatório da Comissão Externa da Câmara (leia abaixo) sabe e viu como foram construídos aqueles municípios dos não-índios em Roraima. Tem gente que chegou lá no século 19 e no início do século passado.

O sr. tem falado em "erro geopolítico" e "paroxismo" envolvendo a política da demarcação da reserva. Explique.
Aldo: Se não conseguimos julgar uma política com antecedência, devemos, então, julgá-la pelas conseqüências. E a conseqüência do que está acontecendo em Roraima é a instalação de um grave conflito entre populações do mesmo País.

O sr. acha que o Exército está sendo usado para fins políticos?
Aldo: O Exército pode dar proteção a participantes de uma conferência internacional, no Rio, por exemplo, contra o crime organizado. Mas o Exército não pode ser usado para proteger as populações indígenas brasileiras e, ao mesmo tempo, desterrar populações não-índias e igualmente brasileiras. Pior: o Exército costuma ser barrado quando quer entrar numa reserva.
Isso é paradoxal. E a questão geopolítica?
Aldo: Há populações na região da Reserva Raposa do Sol que vivem ali muito antes de parcela das populações indígenas que atravessaram as fronteiras vindas de guerras tribais do Caribe. Creio que devemos receber e acolher essas populações indígenas juntamente com as populações indígenas que já existiam no Brasil. Mas devemos acolher, também, os brasileiros não-índios que ali chegaram há muitos anos e ali construíram suas vidas. Como é que nós podemos simplesmente, em um processo de demarcação, declarar a extinção desses municípios, que é o caso do município de Normandia, que é de 1904, Pacaraima e mesmo Uiramutã. O de Uiramutã, nós (os parlamentares) conseguimos retirar da lista de extinção em meio a uma negociação difícil. As pessoas tinham ali as suas raízes, a sua infância, suas famílias, sua história. A prefeita de Uiramutã me contou que o avô dela chegou ali em 1908. Como é que nós vamos promover o desterro dessa população? A decisão embute um erro geopolítico. Quem não considera isso um problema grave não está considerando o conjunto do problema. Nós não podemos buscar a solução para o conflito com a exclusão de uma das partes.

Os índios ainda são vítimas de uma incompreensão generalizada da sociedade branca?
Aldo:
Ainda que algumas pessoas não gostem de ouvir o que vou dizer, o certo é que o índio, no imaginário da sociedade brasileira, tem uma imagem positiva. As nossas cidades não estão cobertas de monumentos a exterminadores de índios, como estão as cidades norte-americanas. Não temos um herói como Buffalo Bill. Quando eu era menino, lembro que nos desfiles da escola havia sempre um grupo que desfilava representando os índios do País. Eu desfilava com orgulho, apesar de ser um pouquinho mais branco, nesse grupo que representava os índios.
Mas é comum ouvir que os dias de hoje continuam a refletir o início de uma história de colonização, de 500 anos atrás.
Aldo:
Essa é uma visão pessimista e derrotista do nosso processo histórico. Sou mais otimista, sem deixar de ver que a nossa história é carregada de erros e deformações, mas também é cheia de virtudes e acertos. É claro que ainda há incompreensões para com a população indígena, mas também há incompreensões para com as populações não-indígenas, caboclas, miscigenadas que vivem, no caso da reserva Raposa Serra do Sol, em áreas próximas às dos índios.

O que é, então, uma decisão minimamente justa para esse caso?
Aldo: A responsabilidade da Nação, do Estado, dos intelectuais deve ir no sentido de compatibilizar a proteção e segurança das populações indígenas com a mesma proteção e segurança a conceder às população não-indígenas.

O sr. trata índios e não-índios como brasileiros, mas a antropologia pensou a demarcação como modo de preservar o diferente.
Aldo:
Eu sou tributário da minha formação marxista, da luta pela igualdade. Hoje, há uma grande parcela da esquerda que, depois de capitular diante das dificuldades para transformar o mundo, dedica mais esforço a cultuar e a reforçar a diferença, em vez de buscar a igualdade. Sei que isso tem peso muito grande na formação das opiniões sobre, por exemplo, convivência étnica. Mas a realidade em Roraima não se manifesta assim, eu sei porque vi, percorri toda aquela calha da fronteira, entrei nas áreas indígenas.

O sr. viu o quê?
Aldo: Fui a uma reserva ianomâmi, perto de um pelotão de fronteira do Exército, e visitei uma maloca. Me deparei com umas 50 famílias convivendo dentro de um ambiente fechado, de penúria. Muitos fogos dentro da maloca para as famílias assarem bananas e mandiocas, muita poluição, muita fuligem, um ambiente com incidência muito grande de doenças infecciosas. Até tuberculose. Fui recepcionado por uma moça de uma organização não-governamental, a ONG Urihi. Perguntei por que não se puxava do pelotão água e luz para dentro da comunidade indígena, o que daria mais conforto à população. A moça da ONG disse que não, que isso ia deformar o modo de vida dos índios. Nessa visita, o comandante militar que estava comigo não pôde entrar na área indígena. Um grupo de crianças jogava futebol, e eu joguei um pouco com elas. Comentei com a moça da ONG: "Pelo menos o futebol é um fator de integração, pois todos torcemos pela mesma seleção." A moça me respondeu: "Não. O senhor torce pela seleção brasileira, e os índios torcem para a seleção deles." Nada mais falei e nada mais perguntei.

Isso é sintoma do quê?
Aldo: Vi que havia ali uma incompreensão. Em outro município, perto do Pico da Neblina, as ONGs barraram, com a ajuda do Judiciário, uma construção do Exército. Só depois que a decisão foi revogada na Justiça é que o Exército pôde fazer a obra.

Há mesmo índios que querem conviver com os não-índios?
Aldo: Uma parcela dos antropólogos defende, com razão, que a cosmogonia dos índios, a visão de seu surgimento e da evolução do universo, é incompatível com a convivência com os brancos e seus costumes. O problema em Roraima é que os índios já estão, de certa forma, integrados. As meninas índias de 15, 16 anos não querem viver mais da pesca, da coleta, não querem andar pela floresta com roupas tradicionais. A aspiração é ter uma vida social, vestir-se como se veste um adolescente. O isolamento para essas pessoas é uma ameaça, é a perda da possibilidade dessa convivência. A cosmogonia tem valor para as populações que não tiveram contato com os não-índios.

É alarmista falar da cobiça internacional sobre a Amazônia?
Aldo: As manifestações em favor da submissão da Amazônia a uma espécie de tutela internacional só podem causar repulsa aos brasileiros com um mínimo de dignidade. As declarações e os estudos cobiçando a Amazônia são reais, desde o século 17. Dom Pedro 2º, numa carta à Condessa de Barral, já explicava por que não atendeu ao pedido de um conterrâneo meu, o então deputado Tavares Bastos, para abrir a calha da Amazônia à navegação estrangeira. Se fizesse isso, disse dom Pedro, iríamos ter protetorados na Amazônia iguais ao que foram criados na China pelas potência estrangeiras. Sabia o que estava em jogo.

Qual é o desconforto objetivo que a demarcação contínua da Raposa do Sol provoca no Exército?
Aldo: O desconforto vem das restrições e das campanhas que se fazem dentro e fora do País contra a presença das Forças Armadas nas áreas indígenas.No caso da reserva Raposa do Sol, se a demarcação incluir os 150 quilômetros da terra que corre junto à fronteira da Guiana e da Venezuela, a ação do Exército fica muito dificultada, a fronteira não poderá ser vivificada. A melhor forma de controlar uma região fronteiriça é construir municípios na área, povoá-la, preenchendo-a com a presença de brasileiros índios e não-índios, gente que trabalhe, produza, que gere atividade econômica, política, social e cultural.
Fonte: Agência Estado

topo

domingo, 27 de abril de 2008

O QUE A MÍDIA NÃO CONTA

Mudanças em Cuba?
O acesso ao celular tornou-se massificado em todo o mundo ocidental nos anos 90. Nessa época, Cuba tinha prioridades diferentes à de proporcionar acesso ao telefone celular para a população. Segundo a Unicef, a cada dia mais de 26 mil crianças menores de cinco anos morrem de fome ou de doenças curáveis. Nenhum cubano faz parte destas listas.

Salim Lamrani - Rebelión
Ler mais...

topo

Duas Caras (de pau!)

Por Sônia Corrêa*

Sabe aquelas letrinhas que aparecem na abertura da novela, dizendo que se trata de uma obra de ficção? Deveria vir em letras garrafais, porque mais do que ficção, chega ser um insulto à inteligência dos telespectadores: se a Portelinha é o paraíso, ser comerciária como a personagem Maria Paula, é o sonho profissional de qualquer mulher. A novela “Duas Caras” afronta as trabalhadoras no comércio que vivem a realidade de ser mulher e ser trabalhadora.

Numa conversa com minha amiga e camarada Abgail, chegamos a uma conclusão: viver na Favela Portelinha é o sonho da classe média de qualquer lugar do mundo, afinal, trata-se de uma classe que vive amedrontada pela violência. Mas, ali a “mão-visível” do todo poderoso Estado chamado Juvenal Antena, garante o que o limitado poder estatal não consegue fazer, em especial, numa das capitais brasileiras de maior incidência do tráfico e, por conseqüência, da violência urbana.

Sabe aquelas letrinhas que aparecem na abertura da novela, dizendo que se trata de uma obra de ficção? Deveria vir em letras garrafais, porque mais do que ficção, chega ser um insulto à inteligência dos telespectadores: a Portelinha é o paraíso. Mesmo que se contestem os métodos de Juvenal Antena, ele justifica da forma mais convincente, dada a ineficiência do Estado.

Bela gargalhada

Poderia falar de vários aspectos da novela que demonstram isso, mas hoje, resolvi escrever sobre algo que chega doer, de tão absurdo: a personagem Maria Paula, que é comerciária, funcionária do Supermercado Extra, do Grupo Pão de Açúcar. Se a Portelinha é o paraíso, ser comerciária como a personagem, é o sonho profissional de qualquer mulher, num país que, segundo o IBGE, 1/3 das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres.

Maria Paula, que teve todo seu patrimônio roubado pelo vilão Marcone Ferraço, teve a “sorte” de arranjar emprego no Extra e dali consegue tirar seu sustento, ter seu belo apartamento numa zona de classe média-alta da capital carioca, manter seu filho numa escola particular, ter empregada doméstica e, em qualquer problema que possa haver, o seu chefe a libera, em horário de expediente, para tratar de suas questões particulares.

Quem não quer ser comerciária, assim? Pergunte a qualquer trabalhadora do comércio se sua vida é desse jeito e, por certo, se ela não se ofender, dará uma bela gargalhada, pois seria cômico, se não fosse trágico. A realidade, infelizmente, está muito distante da ficção da novela.

Situação de desilgualdade

Funcionárias do Extra denunciam a discriminação imposta às mulheres. É o caso da empregada do Rio de Janeiro, de 28 anos, que foi admitida como operadora de caixa do Supermercado Extra em fevereiro de 2000, para trabalhar das 7h às 15h, com folga às sextas-feiras, com salário de R$ 254,21. Em maio, quatro dias depois de realizar teste de gravidez, a empregada foi demitida, sem justa causa. A jornalista Cláudia Valente, relata que a moça (felizmente) ganhou a reclamação trabalhista. No “Google”, é possível encontrar denúncias de racismo, de invasão de áreas públicas, de desrespeito à legislação trabalhista, entre outras.

A mulher brasileira permanece vivendo situação de desigualdade, num quadro em que, apesar de representar mais de 40% da população economicamente ativa (56,6% estão no setor de serviços), elas recebem 31% a menos que os homens. Portanto, “Duas Caras” afronta as trabalhadoras no comércio, que necessitam de creches e escolas públicas para seus filhos, que pagam aluguel em vilas (que não são nenhuma Portelinha), que adoecem pela exaustão de uma jornada de trabalho excessiva, que não tem (sequer) os finais de semana para o convívio familiar e, no dia de folga, tem que dar conta da faxina, pois a empregada doméstica é ela mesma.

*Jornalista, secretária executiva da CTB-RS

topo

Pela redução da jornada de trabalho

Cento e vinte e dois anos se passaram desde que os trabalhadores norteamericanos decretaram, em 1º de maio de 1886, uma greve nacional pela jornada de 8 horas de trabalho. A reivindicação era: "8 horas de trabalho, 8 horas de sono, 8 horas de lazer". A situação era extremamente difícil para os trabalhadores — não só para os norte-americanos, mas para todos aqueles que viviam em países que começavam a se industrializar.
Nos dias seguintes, a greve foi duramente reprimida pela polícia e resultou na prisão de milhares de trabalhadores, em sedes de sindicatos incendiadas e em facínoras pagos pelos patrões invadindo casas para espancar trabalhadores e destruir seus pertences. A justiça patronal levou a julgamento os líderes do movimento e condenou alguns à morte e outros à prisão perpétua.

Questões adormecidas

Mas a luta pela redução da jornada de trabalho se espalhou pelo mundo e chegou ao Brasil. E o 1º de Maio se transformou em “Dia Internacional dos Trabalhadores”, um dia durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade. Muitos foram os que deram a vida por um mundo melhor, do massacre de Chicago aos dias de hoje. Os tempos atuais são difíceis para os trabalhadores. Além do elevado desemprego, temos jornadas de trabalho extensas com salários reduzidos. Esta realidade trouxe à tona novamente questões que pareciam adormecidas. Tal como no fi nal do século XIX, a redução da jornada de trabalho é a principal bandeira do movimento sindical brasileiro atualmente.
.
CTB reverencia memória dos mártires dos trabalhadores
.
Neste “Dia Internacional dos Trabalhadores”, a CTB reverencia a memória daqueles que pagaram com a vida a conquista dos direitos sociais e trabalhistas da classe trabalhadora brasileira, como os operários Antônio Martinez (assassinado durante a greve geral de 1917), Manoel Fiel Filho (assassinado em 1976), Ângelo Arroyo (assassinado na “chacina da Lapa” também em 1976), Santo Dias (assassinado durante uma greve em São Paulo); o jornalista Wladimir Herzog, massacrado nos porões da repressão; e os mártires da luta pela reforma agrária Margarida Maria Alves e João Canuto — em nome dos quais reverencia a memória de todos os mártires da luta histórica pela emancipação dos trabalhadores em todo o mundo.

topo

sábado, 26 de abril de 2008

A real situação da saúde pública no Brasil

Por Vasco Malleiro

Embora diariamente os meios de comunicação apresentem fatos que demonstram as precárias condições da Saúde Pública brasileira, principalmente agora com o surto de dengue que atinge a Região Leste, os órgãos ligados à medicina insistem em afirmar que o número de médicos existe é, conforme padrão da OMS, suficiente para atender a demanda. O Conselho Federal de Medicina (CFM), tomando como base o censo de 2000 e o número atualizado de médicos inscritos em cada Conselho Regional, mostra que, com apenas cinco exceções, o Brasil tem uma densidade de menos de 1000 habitantes por médico (TABELA 1).

TABELA 1


Como utilizamos os dados demográficos da estimativa do IBGE para 2005, será feita uma correção tomando a população de 2005 e os dados atualizados do CFM:

TABELA 2


Note-se que ainda os dados referentes à população estão defasados em dois anos, mas, mesmo assim pode-se perceber que o aumento populacional não é acompanhado pelo aumento proporcional do número de médicos. Por essa razão, exceto o Estado do Piauí, em todos os outros houve um aumento do índice habitantes/médico, o que leva a uma piora progressiva na oferta de atendimento médico.

Há, no entanto, uma falácia quando simplesmente tomamos a população e dividimos pelo número de médicos. Se considerarmos a totalidade dos médicos, veremos que um percentual muito grande tem especialização que não se presta ao atendimento primário em Saúde Pública, como, por exemplo, Cirurgiões, Radiologistas, Anestesistas, Neurologistas e outros. Para corrigir esse erro, agrupamos todas as especialidades afins com atendimento primário em Saúde Pública e a elas adicionamos os Médicos sem especialização alguma. Essas especialidades, bem como o número de profissionais em cada Estado e a relação habitantes/médico estão no Anexo I. Nessa análise foram considerados três grupos: Clínica, Pediatria e Ginecologia.

Várias especialidades podem e devem ser aproveitadas no atendimento primário em Saúde Pública. Por isso foi feito um levantamento, Estado por Estado, junto ao Conselho Federal de Medicina no endereço eletrônico: http://www.portalmedico.org.br/novoportal/index5.asp e agrupadas como “Clínica” as especialidades abaixo:

...........................

Ao considerar apenas os Médicos dessas especialidades e os que não possuem título de especialista e utilizando a estimativa populacional de 2005 temos a seguinte distribuição de habitantes/médico para o atendimento primário em clínica geral:


Quando aplicamos a mesma correção no que diz respeito à Pediatria, a relação “População menor de 14 anos/Pediatra. fica assim:


*A terceira coluna mostra número de óbitos de menores de 5 anos por 1.000 nascidos vivos (2004). A taxa brasileira: 26,85/1.000 nascidos vivos.
Em vermelho, taxas acima da média brasileira

Na área de Ginecologia, três especialidades foram agrupadas:

Ginecologia
Ginecologia e Obstetrícia
Obstetrícia




A terceira coluna mostra o número de óbitos maternos / 100.000 nascidos vivos em 2004. Nas Regiões Norte e Nordeste, em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás não existem dados nem de 2004 nem anteriores. A média brasileira dos óbitos maternos é de 76,09/100.000.
No entanto esses dados ainda não correspondem à realidade porque a distribuição, tanto dos Médicos como da População, é desproporcional se compararmos Capital e Interior. Esses dados estão detalhados no Anexo II.

CLÍNICA GERAL



PEDIATRIA

Relação “População Menor de 14 anos/Pediatra” no Interior. A terceira coluna mostra o número de óbitos de menores de 5 anos / 1,000 nascidos vivos
Média do Brasil: 26,85/1.000 nascidos vivos.

TABELA 7


Em vermelho, taxas acima da média brasileira

Note-se que quando analisamos as taxas de “óbitos de menores de 5 anos” tomando o total de Pediatras residentes no Interior e na Capital (TABELA 4) não aparece claramente a correlação entre maior número de óbitos com menor número de Pediatras. Essa correlação surge claramente quando cruzamos o número de pacientes por Pediatra no Interior. Isso parece demonstrar que o elevado número de óbitos de crianças menores de 5 anos é causado pela falta de assistência médica no Interior. Essa diminuta oferta de atendimento médico no Interior, que como veremos ocorre também em Ginecologia e Obstetrícia, é a responsável pela “ambulancioterapia” que acaba por saturar a capacidade de atendimento médico nas Capitais.

GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA



Embora não existam dados da mortalidade materna nos Estados do Norte e Nordeste, é fácil prever o que está ocorrendo nessas regiões.
Esses números, embora infinitamente aquém da real necessidade do país, seriam verdadeiros se TODOS os Médicos incluídos nesses grupos de especialidades estivessem efetivamente engajados no atendimento primário à Saúde Pública. Entretanto sabemos que uma grande parcela desses Médicos, sejam Clínicos ou, principalmente, Ginecologistas e Pediatras não tem qualquer interesse em fazer esse tipo de atendimento, preferindo se dedicar apenas à clínica particular – mormente aqueles estabelecidos nas Capitais.
Em relatório recentemente apresentado, o International Poverty Center, referindo-se ao impacto do Programa Bolsa Família, diz que “em saúde, os trabalhos analisados pelo Centro Internacional de Pobreza indicam que o resultado do Bolsa Família é pequeno ou inexistente. Ao contrário do que ocorre no programa mexicano, no chileno e mesmo em um programa da Colômbia (Famílias en Acción), no Brasil não foram encontradas evidências de que as famílias beneficiadas pela transferência de renda estejam cumprindo melhor o calendário de vacinação. “Uma proporção substantiva — de 23% a 25% — das crianças pobres (...) ou não visitaram as unidades de saúde ou ao fazê-lo não receberam as cadernetas [de vacinação]. Quando possuíam a caderneta, as crianças beneficiadas não apresentaram uma probabilidade maior de estarem com as vacinas em dia — ou com a caderneta atualizada”. “Isso reforça a provável existência de gargalos na oferta de serviços de saúde”. É evidente que, se isso acontece, acontece pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
O “provável gargalo na oferta de serviços de saúde” que é detectado pelo International Poverty Centre, somente será resolvido com a redistribuição dos Clínicos Gerais pelo território nacional e pela formação de Pediatras e Ginecologista. Imaginando-se, ainda, que TODOS os Clínicos, Pediatras e Ginecologistas se proponham a atender Programas de Saúde Pública, teríamos que ter, para manter o proposto pela OMS: Mais 35.460 Pediatras e 71.675 Ginecologistas. O levantamento mostra que suficientes seriam apenas os Clínicos com um excedente de 8.863 profissionais. Repetimos: Se todos atenderem através de Sistema Único de Saúde.
Basta ir, em qualquer cidade brasileira, nas Capitais ou no Interior, e tentar uma consulta na Rede Pública de Saúde, e note-se que não à procura de atendimento de alta complexidade, mas uma simples consulta clínica, para se ter a dimensão da dificuldade em consegui-la. A mãe que busca atendimento para o filho, o idoso hipertenso, a gestante, enfim, qualquer um tem que ir preparado, no mínimo, com uma imensa dose de paciência para esperar. O atendimento, devido a enorme procura, é, via de regra, o mais rasteiro e rápido possível; o exame físico é uma exceção, a orientação médica outra e a simples pergunta “ o que mais você está sentindo?” praticamente inexiste. Esse último item leva o paciente a retornar inúmeras vezes ao consultório para resolver problemas que poderiam ter sido resolvidos na primeira consulta se houvesse um pouco mais de interesse e tempo por parte dos profissionais em melhorar a relação Médico / Paciente.
Esta é a real situação da Saúde Pública brasileira. Esta é a situação de um País que, segundo suas elites, não deve ter novas faculdades de medicina nem ampliar as vagas nas existentes. Este é o retrato da saúde pública de um País que impede 10.000 Médicos formados no exterior, especialmente os formados na Escola Latino-Americana de Medicina em Cuba, com o curso totalmente direcionado para o atendimento em saúde pública, de exercer a profissão no território nacional. E porque não há uma mudança neste quadro? Porque existem os interesses econômicos das Empresas de Medicina de Grupo, que em 2006 tiveram um faturamento bruto de R$ 38.624.000.000,00, segundo a Agência Nacional de Saúde (ANS) - informação no Cadernos de Saúde Complementar dos próprios Médicos que sabem que uma Saúde Pública resolutiva diminui ou até elimina a procura por consultas particulares e, finalmente, porque não interessa aos políticos profissionais, aqueles que estão sempre projetando a próxima eleição, eliminar o meio fácil de obter votos que é o de fazer favores individuais, marcando consultas nas Capitais, oferecendo exames, carregando pacientes em seus automóveis. Quando o tema SAÚDE for levado a sério, desaparecerá o “fazer um favor” e o Direito que as pessoas têm de terem promovidos o seu bem estar físico, mental e social mudará esse quadro vergonhoso que é a Saúde Pública Brasileira.
Este trabalho foi realizado no 2º semestre de 2007.
topo

Provavelmente, Deus não é africano

A economia do continente já cresce 5,5% ao ano, duas vezes mais que em 1990. Mas há algo grave por trás dos números: palco de disputas que envolvem EUA, Europa, China, Índia e Rússia, a África caminha para ser o espaço privilegiado da nova competição imperialista que está recém começando
José Luís Fiori

A África ocupou mais da metade do tempo, da última reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta terceira semana do mês de abril de 2008. Na pauta: o impasse nas eleições presidenciais do Zimbábue e as crises políticas da República Democrática do Congo e do Quênia, além dos conflitos armados, na Somália, e em Darfur, no Sudão. Tudo isso trouxe de volta a imagem de um continente aparentemente inviável, com “estados falidos”, “guerras civis” e “genocídios tribais”, com apenas 1% do PIB mundial, 2% das transações comerciais globais e menos de 2% do investimento direto estrangeiro dos últimos anos.

Mas a África não é tão simples nem homogênea, com seus quase 800 milhões de habitantes e seus 53 estados nacionais, que foram criados pelas potências coloniais européias e foram mantidos juntos graças à Guerra Fria. Ela chegou à África Setentrional com a crise do Canal de Suez, em 1956; à África Central, com a guerra do Congo, dos anos 60; e finalmente, à África Austral, com a independência de Angola e Moçambique, e a sua guerra com a África do Sul, nos anos 80. A independência africana, depois da II Guerra Mundial, despertou grandes expectativas com relação aos seus novos governos de “libertação nacional” e seus projetos de desenvolvimento, que foram muito bem sucedidos — em alguns casos — durante os primeiros tempos de vida independente. Este desempenho inicial, entretanto, foi atropelado por sucessivos golpes e regimes militares, e pela crise econômica mundial da década de 1970, que atingiu todas as economias periféricas e provocou um prolongado declínio da economia africana, até o início do século 21. Mesmo na década de 90, depois do fim do mundo socialista e da guerra fria, e no auge da globalização financeira, o continente africano ficou praticamente à margem dos novos fluxos de comércio e de investimento globais.

Depois de 2001, entretanto, a economia africana ressurgiu, acompanhando o novo ciclo de expansão da economia mundial. O crescimento médio, que era de 2,4% em 1990, passou para 4,5%, entre 2000 e 2005, e alcançou as taxas de 5,3% e 5,5% em 2007 e 2008. No caso de alguns países produtores de petróleo e outros minérios estratégicos, estas cifras alcançaram níveis ainda mais expressivos, como em Angola, Sudão e Mauritânia. Esta mudança da economia africana deveu-se — como no resto do mundo — ao impacto do crescimento vertiginoso da China e da Índia, que consumiam 14% das exportações africanas, no ano 2000 e hoje consomem 27%, igual à Europa e Estados Unidos, velhos parceiros comerciais do continente africano. Na direção inversa, as exportações asiáticas para a África vêm crescendo à uma taxa média de 18% ao ano, junto com os investimentos diretos chineses e indianos, sobretudo em energia, minérios e infra-estrutura. Neste momento, existem cerca de 800 empresas, e 80 mil trabalhadores chineses na África, com uma estratégia conjunta de “desembarque econômico” no continente, como acontece também, em menor escala, com o governo e os capitais privados indianos. Neste sentido, não cabe mais duvida, devido ao volume e a velocidade dos acontecimentos: a África é o hoje, o grande espaço de “acumulação primitiva” asiática, e uma das principais fronteiras de expansão econômica e política, da China e da Índia.

Chineses e indianos fazem seu "desembarque econômico", em busca de matérias-primas e oportunidades para investir. Mas EUA e União Européia não abrem mão de suas posições econômicas e militares
Mas ao mesmo tempo, não há o menor sinal de que os Estados Unidos e a União Européia estejam dispostos a abandonar suas posições estratégicas, conquistadas e controladas dentro deste mesmo território econômico africano. Após a frustrada “intervenção humanitária” dos Estados Unidos, na Somália, em 1993, o presidente Bill Clinton visitou o continente, e definiu uma estratégia de “baixo teor” para a África: democracia e crescimento econômico, através da globalização dos seus mercados nacionais. Mas depois de 2001, os Estados Unidos mudaram radicalmente sua política africana, em nome do combate ao terrorismo, e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do “Chifre da África” e do Golfo da Guinéa, que até 2015, deverá fornecer 25% das importações norte-americanas de petróleo. Faz pouco tempo, os Estados Unidos criaram um novo comando estratégico regional no nordeste africano, e neste momento, estão instalando as bases de apoio de sua mais recente iniciativa militar, no continente: a criação do África Coomand, Africom, que segundo o jornal inglês Financial Times, "marca o inicio de uma nova era de engajamento, sem precedente, da marinha norte-americana na costa oeste da África.” (15/04/2008).

Este aumento da presença militar americana, entretanto, não é um fenômeno isolado, porque a União Européia, e a Grã Bretanha, em particular, têm dedicado uma atenção cada vez maior à África. E a Rússia acaba de assinar um acordo econômico e militar com a Líbia, e logo em seguida, assinará um outro, com a Nigéria, envolvendo venda de armas e dois projetos bilionários de suprimento de gás para Europa, através da Itália e do deserto do Saara. O jogo de xadrez complicou-se ainda mais, nos últimos dias, com a descoberta de um carregamento de armas chinesas enviadas para o governo de Robert Mobutu, no Zimbábue, através da África do Sul, com o apoio do governo sul-africano de Thabo Mbeki, segundo denuncia do líder da oposição, no Zimbábue, Morgan Tsvangirai.

Este quadro fica ainda mais complicado quando se percebe que tudo isto está acontecendo no momento em que o sistema mundial ingressa numa nova “corrida imperialista”, entre as suas “grandes potências”. Como aconteceu com o primeiro colonialismo europeu, que começou com a conquista da cidade de Ceuta, no norte da África, em 1415, estendendo-se em seguida, pela costa africana, e transformando a sua população negra na principal commodity da economia mundial, no início da globalização capitalista. Depois, de novo, na “era dos impérios”, no final do século 19, as potências européias conquistaram e submeteram — em poucos anos — todo o continente africano, com exceção da Etiópia. E agora, neste início do século 21, tudo indica que a África será, pela terceira vez, o espaço privilegiado da competição imperialista que está recém começando. A menos que exista um outro Deus, que seja africano.
Le Monde Diplomatique Brasil

topo

sexta-feira, 25 de abril de 2008

UM JEITO NOVO DE GOVERNAR!

FRAUDES E DENÚNCIAS NO RS
Delegado diz que lobista deu dinheiro para Yeda comprar casa
Durante depoimento na CPI que investiga ação de quadrilha no Detran gaúcho, delegado Luiz Fernando Tubino disse que um dos acusados de liderar a quadrilha, Lair Ferst, deu R$ 400 mil para governadora Yeda Crusius (PSDB) comprar uma casa, logo após o fim da campanha de 2006. Na mesma noite, secretário de Planejamento de Yeda, Ariosto Culau, foi flagrado tomando chopp com Ferst.

Marco Aurélio Weissheimer


PORTO ALEGRE - A madrugada desta sexta-feira foi marcada por dois acontecimentos explosivos envolvendo as investigações sobre a ação de uma quadrilha no Detran gaúcho. O delegado de polícia Luiz Fernando Tubino afirmou, na CPI do Detran, que tem informações da Operação Rodin dando conta que o lobista tucano Lair Ferst (um dos principais acusados de pertencer à quadrilha) pagou R$ 400 mil da casa comprada pela governadora Yeda Crusius (PSDB) no final de 2006, logo após o segundo turno da campanha eleitoral.O imóvel teria custado R$ 750 mil, segundo informações da própria governadora. A casa foi comprada do consultor Eduardo Laranja da Fonseca, dono da Self Engenharia, empresa que, segundo o delegado, seria uma das maiores devedoras do Banrisul.Ainda conforme Tubino, a casa em estilo inglês de aproximadamente 700 metros quadrados e com quatro pisos chegou a ser anunciada para venda em jornais por R$ 1,5 milhão. Garantindo ter informações relativas às investigações da Operação Rodin, os R$ 400 mil seriam sobras da campanha eleitoral de Yeda, em 2006. O delegado fez uma série de outras denúncias que, segundo ele, já foram encaminhadas ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Especial do Tribunal de Contas.Yeda Crusius negou que haja qualquer irregularidade na compra da casa e que as acusações fazem parte do jogo político da CPI. Ela ameaçou processar o presidente da comissão, deputado Fabiano Pereira (PT), por este ter se mostrado insatisfeito com as explicações de Yeda sobre a compra da casa. O depoimento do delegado Tubino agregou informações que exigirão novas explicações da governadora.As duas torres gêmeas da política gaúchaSegundo ele, há duas torres gêmeas que precisam ser derrubadas na política gaúcha. “O Banrisul e o Detran são duas torres que precisam ser investigadas e derrubadas. Isso vai mudar para melhor a vida política do Rio Grande do Sul”, garantiu. Tubino disse que o Ministério Público já tem informações importantes relacionadas às denúncias feitas pelo vice-governador Paulo Feijó (DEM) sobre irregularidades no Banrisul. Feijó já exigiu várias vezes a demissão do presidente do banco, Fernando Guerreiro de Lemos, acusando-o de envolvimento em graves irregularidades.Crime organizadoUm dos coordenadores da campanha tucana nas eleições de 2006, o empresário e lobista Lair Ferst, é um dos principais nomes citados no inquérito da Polícia Federal sobre as fraudes no Detran. "Quadrilha criminosa. Crime organizado. Corrupção de agentes públicos com metas empresariais". Essas foram algumas das expressões utilizadas pelo superintendente da Polícia Federal, Ildo Gasparetto, para descrever os crimes praticados no órgão.Ferst trabalhou na coordenação da campanha (na área financeira), ou como definiu a governadora no ano passado, “estava ali dando uma mão”. Ex-coordenador da bancada do PSDB na Assembléia, Ferst chegou a ser cogitado para ocupar uma secretaria no governo estadual. Até aqui, Yeda e o PSDB não esclareceram qual era mesmo o papel de Lair Ferst na campanha eleitoral.Propina e indícios de caixa-doisA investigação realizada pela Polícia Federal na Operação Rodin teve como foco principal averiguar as irregularidades ocorridas no âmbito das relações contratuais entabuladas entre a Fatec e, posteriormente, a Fundae - ambas fundações de apoio à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - e o Detran, para fins de prestação de serviços relacionados aos exames práticos e teóricos de direção veicular no Estado do Rio Grande do Sul.Segundo a Justiça Federal de Santa Maria, “ocorreu um ajuste prévio, no qual pessoas com grande influência política (lobistas) conseguiram obter junto a órgãos públicos, para as Fundações de Apoio, contratos para prestação de determinados serviços. Contratadas, sem licitação, as Fundações subcontrataram empresas e pessoas para realização dos serviços, superfaturados, de forma a beneficiar, primeiramente, os próprios lobistas, e, ainda, também os dirigentes do órgão contratador e das fundações”. O superfaturamento era usado para pagamento de propinas e, suspeita-se, para formação de caixa-dois para campanhas eleitorais.Um chopp inusitadoO segundo acontecimento que agitou a política gaúcha foi o encontro inusitado do secretário de Planejamento do governo Yeda, Ariosto Culau, com Lair Ferst, nesta quinta à noite, no Shopping Total, região central de Porto Alegre. Os dois foram flagrados por repórteres do jornal Zero Hora ”tomando um chopp e comendo um peixe”, como disse Culau. “É um momento difícil. Lair, quero dizer que sou teu amigo e isso significa que quero te apoiar pessoalmente neste momento pessoalmente”, disse o secretário a Lair, segundo relato da jornalista Marciele Brum. Algumas horas antes, Culau havia participado de uma coletiva com a governadora Yeda Crusius para anunciar as decisões da “força-tarefa” que ele coordenou para “estudar melhorias na gestão do Detran”. “O governo está adotando todas as medidas para garantir a continuidades dos serviços”, declarou o secretário que, horas depois, iria beber um choppinho com um dos acusados de chefiar a quadrilha que atuava no órgão.O encontro do secretário do Planejamento do governo com Ferst repercutiu imediatamente na CPI do Detran que, às duas e meia da madrugada, seguia ouvindo o depoimento do delegado Tubino. O presidente da CPI, deputado Fabiano Pereira (PT), considerou um escárnio o encontro do responsável pela força-tarefa para recuperar o Detran com um dos principais acusados de liderar a quadrilha que lesou os cofres públicos em mais de R$ 40 milhões (conforme as estimativas iniciais da Polícia Federal e da Justiça Federal). A deputada Stela Farias (PT) defendeu a convocação de Culau para depor na CPI. A noite começou ruim e terminou péssima para o governo tucano no RS.

Agência Carta Maior
topo

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Quem matou: o pai ou a polícia?

Este blog pretende ser voltado exclusivamente para a política nacional e internacional, tomando sempre a defesa dos injustiçados e oprimidos. Ocorre há um mês, no entanto, no Brasil, uma discussão que pode levar a uma injustiça irreparável tanto para os acusados do momento como para a vítima que poderia ter seu verdadeiro algoz livre de qualquer punição.
Por Rosalvo Maciel
A verdade é que os fatos ocorreram exatamente assim: o pai e a madrasta, ruins como carne de cobra, por um comportamento inadequado da filha de 6 anos, a agrediram dentro do carro que os conduzia para casa, provocando um ferimento na testa com cerca de 2 cm de extensão por 5 mm de profundidade. Tendo ocorrido em um local muito vascularizado, houve abundante sangramento que perdurou até chegarem ao apartamento uma vez que foram encontradas manchas de sangue desde a porta de entrada até o quarto das crianças. O comportamento inadequado da menina de 6 anos foi tão traumatizante para o pai e a madrasta que, no percurso até chegarem ao apartamento, foi se transformando em um sentimento de explícito ódio.

A chegarem ao apartamento, a menina de 6 anos, que ainda sangrava pelo ferimento da testa, começou a ser barbaramente agredida pela madrasta - o pescoço da menina tinha marcas que se encaixavam perfeitamente com o tamanho das mãos dela - que, completamente fora de si, ficou durante 7 minutos procurando matá-la, sendo que durante 3 longos minutos apertando o pescoço da infeliz criança e ao mesmo tempo apertando-lhe a boca contra os dentes para que não gritasse. O pai, atônito, a tudo assistia sem saber o que fazer ante a fúria da madrasta. Quando finalmente a agressão terminou e a menina jazia desacordada, o pai, concluindo que sua filha estava morta, imaginou uma forma de salvar pelo menos o seu casamento e resolveu simular um acidente. Enquanto a menina permanecia desfalecida e sangrando pelo ferimento da testa (por ignorantes, o pai e a madrasta não sabiam que cadáveres não sangram...), e a madrasta procurava limpar os vestígios de sangue da cena do crime, o pai, rapidamente cortava a tela de proteção da janela. Ato contínuo, pega a filha de 6 anos e a lança pela janela do 6º andar do edifício. Ao ver a filha no chão há mais de 15 metros da janela, respira aliviado e pensa: - enfim um crime perfeito.
.
Ou será que foi assim: o pai e a madrasta, que não são mentirosos compulsivos e falaram a verdade ao dizer que o pai levou a filha de 6 anos no colo porque ela havia dormido no carro - criança gosta muito de fazer isso -, enquanto a madrasta aguardava no carro com os outros dois filhos para que o pai, ao retornar a ajudasse a levá-los pois também estavam dormindo. Ao chegar no 6º andar, ele abre a porta com alguma dificuldade, afinal carregava a filha nos braços, entra e com o pé empurra a porta que não se fecha perfeitamente. Leva a criança até a cama onde a deita e volta para ajudar a trazer os outros filhos que aguardavam no automóvel. Ao sair bate a porta que, pelo lado de fora, só abre com a chave e não percebe a presença de um estranho escondido no apartamento.
O estranho se dirige ao quarto da criança que por algum motivo acorda e, ao ver o desconhecido, assustada, corre em direção à porta do apartamento chamando, aos gritos, pelo pai ( "papai! papai! papai!"). Junto a porta é alcançada pelo desconhecido, mas antes de bater com a testa na maçaneta da porta - a criança tem entre 1,11 m e 1,16 m e a maçaneta está colocada a 1,08 m de altura na porta - ainda grita "não, não". Imediatamente o agressor fecha com força a sua boca apertando os lábios contra os dentes e provocando ferimentos na mucosa oral. A seguir a estrangula e, sem nenhum cuidado em esconder as evidências, corta a tela de proteção da janela e a joga para a morte. Calmamente sai do apartamento descendo pelas escadas e aproveita o tumulto que se cria no pátio do edifício para ir embora.

topo

Eduardo Galeano: 'A natureza não é muda'

O Equador está discutindo uma nova Constituição. Entre as propostas, abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história, os direitos da natureza. Parece loucura querer que a natureza tenha direitos. Em compensação, parece normal que as grandes empresas dos EUA desfrutem de direitos humanos, conforme foi aprovado pela Suprema Corte, em 1886.

Por Eduardo Galeano, para o semanário Brecha

O mundo pinta naturezas mortas, sucumbem os bosques naturais, derretem os pólos, o ar torna-se irrespirável e a água imprestável, plastificam-se as flores e a comida, e o céu e a terra ficam completamente loucos.
E, enquanto tudo isto acontece, um país latino-americano, o Equador, está discutindo uma nova Constituição. E nessa Constituição abre-se a possibilidade de reconhecer, pela primeira vez na história universal, os direitos da natureza.
A natureza tem muito a dizer, e já vai sendo hora de que nós, seus filhos, paremos de nos fingir de surdos. E talvez até Deus escute o chamado que soa saindo deste país andino, e acrescente o décimo primeiro mandamento, que ele esqueceu nas instruções que nos deu lá do monte Sinai: "Amarás a natureza, da qual fazes parte".
Um objeto que quer ser sujeito
Durante milhares de anos, quase todo o mundo teve direito de não ter direitos.
Nos fatos, não são poucos os que continuam sem direitos, mas pelo menos se reconhece, agora, o direito a tê-los; e isso é bastante mais do que um gesto de caridade dos senhores do mundo para consolo dos seus servos.
E a natureza? De certo modo, pode-se dizer que os direitos humanos abrangem a natureza, porque ela não é um cartão postal para ser olhado desde fora; mas bem sabe a natureza que até as melhores leis humanas tratam-na como objeto de propriedade, e nunca como sujeito de direito.
Reduzida a uma mera fonte de recursos naturais e bons negócios, ela pode ser legalmente maltratada, e até exterminada, sem que suas queixas sejam escutadas e sem que as normas jurídicas impeçam a impunidade dos criminosos. No máximo, no melhor dos casos, são as vítimas humanas que podem exigir uma indenização mais ou menos simbólica, e isso sempre depois que o mal já foi feito, mas as leis não evitam nem detêm os atentados contra a terra, a água ou o ar.
Parece estranho, não é? Isto de que a natureza tenha direitos... Uma loucura. Como se a natureza fosse pessoa! Em compensação, parece muito normal que as grandes empresas dos Estados Unidos desfrutem de direitos humanos. Em 1886, a Suprema Corte dos Estados Unidos, modelo da justiça universal, estendeu os direitos humanos às corporações privadas. A lei reconheceu para elas os mesmos direitos das pessoas: direito à vida, à livre expressão, à privacidade e a todo o resto, como se as empresas respirassem. Mais de 120 anos já se passaram e assim continua sendo. Ninguém fica estranhado com isso.

Gritos e sussurros

Nada há de estranho, nem de anormal, o projeto que quer incorporar os direitos da natureza à nova Constituição do Equador.
Este país sofreu numerosas devastações ao longo da sua história. Para citar apenas um exemplo, durante mais de um quarto de século, até 1992, a empresa petroleira Texaco vomitou impunemente 18 bilhões de galões de veneno sobre terras, rios e pessoas. Uma vez cumprida esta obra de beneficência na Amazônia equatoriana, a empresa nascida no Texas celebrou seu casamento com a Standard Oil. Nessa época, a Standard Oil, de Rockefeller, havia passado a se chamar Chevron e era dirigida por Condoleezza Rice. Depois, um oleoduto transportou Condoleezza até a Casa Branca, enquanto a família Chevron-Texaco continuava contaminando o mundo.
Mas as feridas abertas no corpo do Equador pela Texaco e outras empresas não são a única fonte de inspiração desta grande novidade jurídica que se tenta levar adiante. Além disso, e não é o menos importante, a reivindicação da natureza faz parte de um processo de recuperação das mais antigas tradições do Equador e de toda a América. Visa a que o Estado reconheça e garanta o direito de manter e regenerar os ciclos vitais naturais, e não é por acaso que a Assembléia Constituinte começou por identificar seus objetivos de renascimento nacional com o ideal de vida do sumak kausai. Isso significa, em língua quechua, vida harmoniosa: harmonia entre nós e harmonia com a natureza, que nos gera, nos alimenta e nos abriga e que tem vida própria, e valores próprios, para além de nós.
Essas tradições continuam miraculosamente vivas, apesar da pesada herança do racismo, que no Equador, como em toda a América, continua mutilando a realidade e a memória. E não são patrimônio apenas da sua numerosa população indígena, que soube perpetuá-las ao longo de cinco séculos de proibição e desprezo. Pertencem a todo o país, e ao mundo inteiro, estas vozes do passado que ajudam a adivinhar outro futuro possível.
Desde que a espada e a cruz desembarcaram em terras americanas, a conquista européia castigou a adoração da natureza, que era pecado de idolatria, com penas de açoite, forca ou fogo. A comunhão entre a natureza e o povo, costume pagão, foi abolida em nome de Deus e depois em nome da civilização. Em toda a América, e no mundo, continuamos pagando as conseqüências desse divorcio obrigatório.

Reproduzido da Agência Carta Maior. Publicado originalmente no semanário Brecha, do Uruguai. Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

Agencia Carta Maior

topo

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Oitavo mandamento: Mentirás

por Eduardo Galeano


Uma mentira
Até há pouco a grande mídia brindavam-nos, a cada dia, números alegres acerca da luta internacional contra a pobreza. A pobreza estava batendo em retirada, ainda que os pobres, mal informados, não soubessem da boa notícia. Os burocratas mais bem pagos do planeta estão a confessar, agora, que os mal informados eram eles. O Banco Mundial divulgou a atualização do seu International Comparison Program . Neste trabalho participaram, juntamente com o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, as Nações Unidas, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico e outras instituições filantrópicas. Ali os peritos corrigem alguns errozinhos dos relatórios anteriores. Entre outras coisas, ficamos sabendo agora que os pobres mais pobres do mundo, os chamados "indigentes", somam 500 milhões mais do que os que apareciam nas estatísticas. Além disso, ficamos sabendo que os países pobres são bastante mais pobres do que aquilo que diziam os numerozinhos e que a sua desgraça piorou enquanto o Banco Mundial lhes vendia a pílula da felicidade do mercado livre. E como se isso fosse pouco, verifica-se que a desigualdade universal entre pobres e ricos havia sido mal medida e à escala planetária o abismo é ainda mais fundo que o do Brasil.
Outra mentira
Ao mesmo tempo, um ex-vice-presidente do Banco Mundial, Joseph Stiglitz, num trabalho conjunto com Linda Bilmes, investigou os custos da guerra do Iraque. O presidente George W. Bush havia anunciado que a guerra poderia custar, quando muito, 50 bilhões de dólares, o que a primeira vista não parecia demasiado caro tratando-se da conquista de um país tão rico em petróleo. Eram números redondos, ou melhor, quadrados. A carnificina do Iraque dura há mais de cinco anos e, neste período, os Estados Unidos gastaram um triilhão de dólares matando civis inocentes. A partir das nuvens, as bombas matam sem saber quem. Sob a mortalha de fumo, os mortos morrem sem saber porque. Aquele número de Bush chega para financiar apenas um trimestre de crimes e discursos. O número mentia, ao serviço desta guerra, nascida de uma mentira, que continua a mentir.
E mais outra mentira
Quando todo o mundo já sabia que no Iraque não havia mais armas de destruição maciça do que as que utilizavam os seus invasores, a guerra continuou, ainda que houvesses esquecido os seus pretextos. Então, a 14 de Dezembro do ano 2005, os jornalistas perguntar quantos iraquianos haviam morrido nos dois primeiros anos de guerra. E o presidente Bush falou do assunto pela primeira vez. Respondeu: — Uns 30 mil, mais ou menos. E a seguir fez uma piada, confirmando o seu sempre oportuno sentido do humor, e os jornalistas riram-se. No ano seguinte, reiterou o número. Não esclareceu que os 30 mil referiam-se aos civis iraquianos cuja morte havia aparecido nos diários. O número real era muito maior, como ele bem sabia, porque a maioria das mortes não se publica, e bem sabia também que entre as vítimas havia muitos velhos e crianças. Essa foi a única informação proporcionada pelo governo dos Estados Unidos sobre a prática do tiro ao alvo contra os civis iraquianos. O país invasor só faz contas, detalhadas, dos seus soldados caídos. Os demais são inimigos, ou danos colaterais que não merecem ser contados. E, em todo caso, contá-los poderia ser perigoso: essa montanha de cadáveres poderia causar má impressão. E uma verdade Bush vivia seus primeiros tempos na presidência quando, a 27 de Julho do ano 2001, perguntou aos seus compatriotas: — Podem vocês imaginar um país que não fosse capaz de cultivar alimentos suficientes para alimentar a sua população? Seria uma nação exposta a pressões internacionais. Seria uma nação vulnerável. E por isso, quando falamos da agricultura americana, na realidade falamos de uma questão de segurança nacional. Essa vez, o presidente não mentiu. Ele estava a defender os fabulosos subsídios que protegem o campo do seu país. "Agricultura americana" significava e significa "Agricultura dos Estados Unidos". Contudo, é o México, outro país americano, o que melhor ilustra os seus acertados conceitos. Desde que firmou o tratado de livre comércio com os Estados Unidos, o México já não cultiva alimentos suficientes para as necessidades da sua população, é uma nação exposta a pressões internacionais e é uma nação vulnerável, cuja segurança nacional corre grave perigo: - atualmente o México compra aos Estados Unidos 10 bilhões de dólares de alimentos que poderia produzir; - os subsídios protecionistas tornam impossível a competição; - por esse andar, daqui a pouco a tortillas mexicanas continuarão a ser mexicanas pelas bocas que as comem, mas não pelo milho que as faz, importado, subsidiado e transgênico; - o tratado havia prometido prosperidade comercial, mas a carne humana, camponeses arruinados que emigram, é o principal produto mexicano de exportação. Há países que sabem defender-se. São poucos. Por isso são ricos. Há outros países treinados para trabalhar para a sua própria perdição. São quase todos os demais.

A guerra no Iraque e o aquecimento global

Este é um resumo sobre o avanço do relatório que acaba de ser publicado sobre a contribuição da guerra no Iraque para o aquecimento global. Eis algumas conclusões:
1. O gasto dos EUA na guerra do Iraque poderia ter coberto a quantia necessária para os investimentos em energias renováveis mundialmente daqui a 2030.
2. A guerra foi responsável de, ao menos, 141 toneladas métricas de CO2, desde março de 2003. Por exemplo:
— O CO2 emitido equivale às emissões de 25 milhões de carros.
— Se as emissões da guerra fossem contadas como as de um país, este emitiria anualmente mais CO2 que o emitido a cada ano por 139 países.
— Em relação à Nova Zelândia e a Cuba, a guerra emite anualmente mais de 60% das emissões de todos os países.
— As emissões até a data são duas vezes e meia as que se poderiam ter evitado entre 2009 e 2016, se a Califórnia tivesse implementado as regulamentações propostas e que foram rejeitadas por Bush.
3. Os US$600 bilhões que o governo estadunidense "investiu" até a data no Iraque, teriam servido para construir 9 mil usinas eólicas (com uma capacidade de 50MW cada uma).
4. Em 2006, os EUA despenderam mais dinheiro na guerra do Iraque que todo o mundo em investimentos para energias renováveis.
5.- O candidato presidencial Barack Obama prometeu investir "US$150 bilhões nos próximos dez anos para a geração em tecnologia e infra-estruturas da energia verde". Os EUA gastam quase essa quantidade em 10 meses no Iraque.
Estas estimativas se baseiam no combate (uso intensivo de combustível), fogos em poços petríferos, o aumento de explosões de gás, o boom no consumo de cimento devido à reconstrução e à segurança, o enorme uso de explosivos e o uso de explosivos e o uso de produtos químicos que contribuem para o aquecimento global.
As estimativas são muito conservadoras já que não foram incluídas áreas nas quais as emissões são muito difíceis de avaliar, como o combustível utilizado para o transporte de tropas e de mercadorias.
Temos certeza de que a pesquisa que estamos realizando registrará uma maior quantidade de emissões.
O relatório na íntegra será apresentado neste mesmo ano. (Nikki Reisch e Steve Kretzmann, globalizate.org).

topo

domingo, 20 de abril de 2008

Cuba denuncia cumplicidade de Bush com Posada Carriles

Em 8 de maio próximo completa-se o primeiro ano da libertação definitiva do terrorista Luis Posada Carriles nos Estados Unidos.

Naquela ocasião, a juíza Kathleen Cardone informou do recurso impetrado, desestimando as denúncias, pelo governo dos Estados Unidos contra Posada. O terrorista apenas foi acusado de cometer fraude e mentir ao serviço de Imigração e Alfândegas para obter sua naturalização nesse país. Naquela ocasião, a juíza expressou: "O objeto deste caso não é o terrorismo. É a fraude migratória. O terrorismo e a decisão sobre se um indivíduo deve ser ou não classificado como terrorista, assenta na discrição do Poder Executivo".

O governo dos Estados Unidos não acusa Posada de ações terroristas, apesar de ter as provas necessárias, entre as quais, as que Cuba lhe enviou em 1998.

Paradoxalmente, foi a própria juíza Cardone que, num de seus ditames iniciais, salientou o fato de que se trata de um perigoso terrorista, e inclusive numerou algumas ações cometidas pelo assassino.

A juíza Cardone também frisou a participação de Posada nalguns dos fatos mais repudiáveis do século passado. A longa lista inclui o escândalo Irã-Contras, o ataque contra o vôo 455 da Cubana de Aviação, a explosão de bombas em instalações turísticas de Havana em 1997 e os planos para assassinar o presidente Fidel Castro, no Panamá, em 2000.

O Ministério das Relações Exteriores denuncia a cúmplice inércia do governo dos Estados Unidos e a proteção outorgada pela administração do presidente George W. Bush a Luis Posada Carriles.

Enquanto insiste em se apresentar-se como líder de sua autoproclamada "guerra contra o terrorismo", o governo dos EUA continua ignorando o pedido de extradição de Posada, apresentada em 15 de junho de 2005 pelo governo da República Bolivariana da Venezuela.

O presidente George W. Bush recusa-se a processá-lo como terrorista, violando desfaçadamente sua própria legislação e seus compromissos internacionais. Tudo isso demonstra, mais uma vez, seu compromisso pessoal com a máfia cubano-americana de Miami.

A libertação do terrorista e ex-agente da Agência Central de Inteligência evidencia que esse julgamento nos Estados Unidos é uma farsa.

Os ridículos e vergonhosos esforços da promotoria para demorar o caso de fraude migratória apresentado, constituem uma manobra legal dilatória que impede fazer justiça, extraordinariamente demorada neste caso.

Contrasta significativamente com a feroz atitude dessa promotoria no caso dos Cinco heróis, lutadores contra o terrorismo, vários dos quais condenou, inclusive, à prisão perpétua, num processo turvo, feito num tribunal parcializado de Miami.

Entretanto, à defesa legal do terrorista permitem inúmeros prazos para continuar o interminável processo migratório, que não garante nem sequer a aplicação de uma mínima sanção ao terrorista libertado.

Tratamento semelhante deram aos terroristas Santiago Álvarez, Osvaldo Mitat e Ernesto Abreu. Eles foram sancionados em 11 de fevereiro deste ano, pelo juiz David Briones, a dez, oito e dois meses de prisão, respectivamente, por se negarem a declarar contra Posada, depois de entrá-lo ilegalmente nos Estados Unidos no navio Santrina.

O mesmo aconteceu nos casos de seus cúmplices Rubén López Castro e José Pujol, condenados pela juíza Cardone pela mesma razão em 17 de março passado, a dez e três meses de prisão e com multas de US$500 e US$250, respectivamente.

A aprazível vida do terrorista Luis Posada Carriles em Miami, garantida pelo governo dos Estados Unidos, é incluída na longa lista de violações, fraudes e atrocidades pelas quais a administração será lembrada.

Como poderia esquecer-se o seqüestro secreto de pessoas em qualquer parte do mundo e a aprovação da tortura, sob o pretexto de enfrentar o terrorismo?

Restando apenas nove meses de mandato, vai ficando claro que o legado desta administração na luta contra o terrorismo será a hipocrisia e a falta de decisão política para combatê-lo, pois fazê-lo é inconveniente para os interesses políticos norte-americanos.

A impunidade outorgada a Luis Posada Carriles pelo governo dos Estados Unidos é outra prova da necessidade de nossa Pátria de se defender do terrorismo anticubano, organizado e financiado nesse país.

Por combaterem o terrorismo, nossos Cinco heróis completarão 10 anos de injusta e cruel prisão em cárceres norte-americanas, em 12 de setembro deste ano.

O Ministério das Relações Exteriores ratifica que o povo cubano continuará exigindo justiça contra o criminoso.

Havana, 16 de abril de 2008

topo

sábado, 19 de abril de 2008

Dez conselhos para os militantes de esquerda

Frei Betto


1. Mantenha viva a indignação.
Verifique periodicamente se você é mesmo de esquerda. Adote o critério de Norberto Bobbio: a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda a encara como uma aberração a ser erradicada.
Cuidado: você pode estar contaminado pelo vírus social-democrata, cujos principais sintomas são usar métodos de direita para obter conquistas de esquerda e, em caso de conflito, desagradar aos pequenos para não ficar mal com os grandes.
2. A cabeça pensa onde os pés pisam.
Não dá para ser de esquerda sem "sujar" os sapatos lá onde o povo vive, luta, sofre, alegra-se e celebra suas crenças e vitórias. Teoria sem prática é fazer o jogo da direita.
3. Não se envergonhe de acreditar no socialismo.
O escândalo da Inquisição não faz os cristãos abandonarem os valores e as propostas do Evangelho. Do mesmo modo, o fracasso do socialismo no Leste europeu não deve induzi-lo a descartar o socialismo do horizonte da história humana.
O capitalismo, vigente há 200 anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos 6 bilhões de habitantes. Segundo o Banco Mundial, 2,8 bilhões sobrevivem com menos de US$ 2 por dia. E 1,2 bilhão, com menos de US$ 1 por dia. A globalização da miséria só não é maior graças ao socialismo chinês que, malgrado seus erros, assegura alimentação, saúde e educação a 1,2 bilhão de pessoas.
4. Seja crítico sem perder a autocrítica.
Muitos militantes de esquerda mudam de lado quando começam a catar piolho em cabeça de alfinete. Preteridos do poder, tornam-se amargos e acusam os seus companheiros (as) de erros e vacilações. Como diz Jesus, vêem o cisco no olho do outro, mas não a trave no próprio olho. Nem se engajam para melhorar as coisas. Ficam como meros espectadores e juízes e, aos poucos, são cooptados pelo sistema.
Autocrítica não é só admitir os próprios erros. É admitir ser criticado pelos (as) companheiros (as).
5. Saiba a diferença entre militante e "militonto".
"Militonto" é aquele que se gaba de estar em tudo, participar de todos os eventos e movimentos, atuar em todas as frentes. Sua linguagem é repleta de chavões e os efeitos de sua ação são superficiais.
O militante aprofunda seus vínculos com o povo, estuda, reflete, medita; qualifica-se numa determinada forma e área de atuação ou atividade, valoriza os vínculos orgânicos e os projetos comunitários.
6. Seja rigoroso na ética da militância.
A esquerda age por princípios. A direita, por interesses. Um militante de esquerda pode perder tudo: a liberdade, o emprego, a vida. Menos a moral. Ao desmoralizar-se, desmoraliza a causa que defende e encarna. Presta um inestimável serviço à direita.
Há pelegos disfarçados de militante de esquerda. É o sujeito que se engaja visando, em primeiro lugar, sua ascensão ao poder. Em nome de uma causa coletiva, busca primeiro seu interesse pessoal.
O verdadeiro militante, como Jesus, Gandhi, Che Guevara, é um servidor, disposto a dar a própria vida para que outros tenham vida. Não se sente humilhado por não estar no poder, ou orgulhoso ao estar. Ele não se confunde com a função que ocupa.
7. Alimente-se na tradição da esquerda.
É preciso oração para cultivar a fé, carinho para nutrir o amor do casal, “voltar às fontes" para manter acesa a mística da militância. Conheça a história da esquerda, leia (auto)biografias, como o "Diário do Che na Bolívia", e romances como "A Mãe", de Gorki, ou "As Vinhas de Ira", de Steinbeck.
8. Prefira o risco de errar com os pobres a ter a pretensão de acertar sem eles.
Conviver com os pobres não é fácil. Primeiro, há a tendência de idealizá-los. Depois, descobre-se que entre eles há os mesmos vícios encontrados nas demais classes sociais. Eles não são melhores nem piores que os demais seres humanos. A diferença é que são pobres, ou seja, pessoas privadas injusta e involuntariamente dos bens essenciais à vida digna. Por isso, estamos ao lado deles. Por uma questão de justiça.
Um militante de esquerda jamais negocia os direitos dos pobres e sabe aprender com eles.
9. Defenda sempre o oprimido, ainda que, aparentemente, ele não tenha razão.
São tantos os sofrimentos dos pobres do mundo que não se pode esperar deles atitudes que nem sempre aparecem na vida daqueles que tiveram uma educação refinada.
Em todos os setores da sociedade há corruptos e bandidos. A diferença é que, na elite, a corrupção se faz com a proteção da lei e os bandidos são defendidos por mecanismos econômicos sofisticados, que permitem que um especulador leve uma nação inteira à penúria.
A vida é o dom maior de Deus. A existência da pobreza clama aos céus. Não espere jamais ser compreendido por quem favorece a opressão dos pobres.
10. Faça da oração um antídoto contra a alienação.
Orar é deixar-se questionar pelo Espírito de Deus. Muitas vezes, deixamos de rezar para não ouvir o apelo divino que exige a nossa conversão, isto é, a mudança de rumo na vida. Falamos como militantes e vivemos como burgueses, acomodados ou na cômoda posição de juízes de quem luta.
Orar é permitir que Deus subverta a nossa existência, ensinando-nos a amar, assim como Jesus amava, libertadoramente.
Fonte: ADITAL

topo

Tibete: coisas que esconderam de você

Em março, um violento levante de monges assola o Tibete. Para a mídia o vilão é a China. Mas a história é diferente

Uma montanha de mentiras do tamanho do Himalaia enche os meios de comunicação a cinco meses das Olimpíadas de Pequim.

Objetivo: sujar a imagem da China. Na TV, parece que o dalai lama é um santo homem e os chineses malvados matam tibetanos para manter uma ocupação. Nada mais falso.

O dalai lama, que já disse que a invasão do Iraque e do Afeganistão foram “para libertar” e são “algo benéfico” (UOL, 26/9/2004), deseja restaurar o seu império feudal-teocrático. O que é isso? É só ver como era o Tibete quando ele mandava, antes de 1959.

O pais não tinha luz elétrica, nem escolas laicas; 90% dos tibetanos viviam na servidão. Os servos trabalhavam 16 a 18 horas por dia,com arados de madeira. Tinham de prestar o ulag - trabalhar de graça para os seus donos, que eram os nobres e os monges dos mosteiros. Os escravos (5% do total da população) viviam ainda pior.

O dalai lama era o senhor supremo dessa sociedade. Sua família era dona de 27 fazendas, 6.170 servos e 102 escravos domésticos. E todos andava numa liteira carregado por dezenas de escravos!

Mas isso não é tudo. Confira abaixo como era a vida no tempo do dalai lama e como é hoje.



topo

Copyleft - Nenhum Direito Reservado - O conhecimento humano pertence à Humanidade.