Além do Cidadão Kane

sábado, 20 de fevereiro de 2010

FHC explora preconceito contra mulheres para atacar Dilma

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não é apenas preconceituoso contra as mulheres, conforme sugerido pela afirmação dele de que a ministra Dilma Rousseff seria "reflexo" de Lula, ou seja, não tem personalidade própria. FHC é de um tempo em que as mulheres aceitavam como "natural" subordinar seus interesses aos interesses dos homens.
Luiz Carlos Azenha

Afinal, qual é a lição do episódio em que uma repórter aceitou o exílio para esconder o filho que teve com o senador, quando isso foi "necessário" para proteger a carreira política de FHC? Ele se elegeu presidente da República. Ela e o filho ficaram "escondidos" no exílio, à espera da hora "certa", determinada única e exclusivamente pelo interesse pessoal do ex-presidente.

Mas FHC vai além, ao sugerir que Dilma não é democrata. Em entrevista a um colunista do Miami Herald, é isso o que afirmou, por linhas tortas, quando o gringo quis saber se ele achava a ministra mais próxima do presidente venezuelano Hugo Chávez:

Colunista: A Dilma seria mais próxima do esquerdista radical da Venezuela, presidente Hugo Chávez?

FHC: Provavelmente. De qualquer forma, você precisa considerar que as instituições do país são fortes e que as pessoas no poder não podem fazer tudo o que querem. Ela pode querer, mas a liderança de outros grupos políticos, a existência da imprensa livre, de companhias fortes, universidades, etc. tudo isso trabalha como contrapeso. Mas, tendo dito isso, o coração de Dilma é mais próximo da esquerda.

Ou seja, FHC sugere que Dilma não faria loucura, se eleita, não por ser democrata, mas porque a sociedade brasileira não deixaria.

Repito que, consciente ou inconscientemente, FHC revela todo o seu preconceito contra as mulheres. Numa ocasião, sugerindo que Dilma é uma "zé ninguém", sem vontade própria. Em outra, que representa algum tipo de perigo, que só será contido pela reação da sociedade brasileira.
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Notem que FHC não critica esta ou aquela ação da ministra, esta ou aquela idéia, este ou aquele programa que ela implantou. Faz uma crítica pessoal, cujo objetivo é explorar eventuais preconceitos de eleitores contra as mulheres em geral e Dilma em particular, ora dizendo que ela não sabe o que faz, que é manipulável, marionete na mão dos outros, ora que representa algum perigo descontrolado, uma mulher com TPM revolucionária. Seria cômico, não fosse um discurso machista, reacionário e ofensivo.
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Original em Vi o Mundo
Gravura em Patria Latina

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