Esta é a base de uma campanha contra os R$ 1.627,00 da pensão que o ex-guerrilheiro Diógenes Oliveira passará a receber, segundo determinação da Comissão de Anistia da Secretaria de Direitos Humanos.
A alegação é que em 1968, Orlando Lovecchio, atingido por uma bomba colocada no Consulado Americano, em ação que contara com a participação de Diógenes, e que não tinha por objetivo atingi-lo, perdeu a perna e há quatro anos passou a receber, através do INSS, uma pensão por invalidez, no valor de R$ 571,00, determinada por lei aprovada pelo Congresso Nacional.
Veja não critica o valor irrisório da pensão de Lovecchio, nem sugere a sua elevação. Limita-se a utilizá-lo para condenar a indenização dada a Diógenes.
E age assim, porque quer fazer crer que Lovecchio foi vítima de Diógenes e não de uma situação cuja responsabilidade cabe à ditadura.
Se o regime instalado em 1964, através de um golpe, não tivesse se inclinado para a tortura e o terrorismo de Estado, sob orientação direta de Washington, com o intuito de intimidar o povo, não haveria bomba no Consulado Americano, nem Lovecchio teria perdido a perna.
O outro absurdo que Veja procura mesquinhamente sugerir é que a pensão de Diógenes é um prêmio pela bomba no Consulado, apesar de saber que se trata de uma reparação pela perseguição, prisão e tortura que sofreu, como milhares de outros brasileiros que lutaram pelo restabelecimento da democracia no país.
Pela lógica de Veja, Lovecchio deve seguir com a minguada indenização para que ela possa fazer proselitismo contra a pensão de Diógenes e outras vítimas da ditadura.
Pela nossa modesta lógica, Lovecchio também é vítima do regime, e o Congresso Nacional está na obrigação de rever a sua decisão e conceder-lhe uma indenização justa.
WALTER FÉLIX
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