Porto Alegre (RS) - A fusão do Itaú e do Unibanco anunciada nesta segunda-feira (03) deixou em alerta as representações sindicais dos bancários, que temem demissões em massa no setor. O diretor da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, Arnoni Hanke, avalia que em processos de fusão é comum que as empresas envolvidas fechem agências sobrepostas, reduzindo assim o número de trabalhadores. Somente no estado gaúcho, as duas instituições contabilizam juntas cerca de 160 agências.
"Historicamente, o que tem acontecido quando um banco compra o outro ou quando acabam se fundindo, como é o caso, os bancos eliminam as agências que eles chamam que estão em sobreposição. Ou seja, nos grandes centros tem uma agência do Itaú e do Unibanco na mesma quadra, a tendência nos modelos anteriores é que uma delas desapareça. Ou em cidades pequenas que tenha os dois bancos, a tendência é de uma delas fechar, aumentando talvez o quadro de funcionários", explica.
Hanke relata que a Federação dos Bancários já entrou em contato com representações nacionais, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), pedindo que intermediem reuniões com as instituições a fim de detalhar melhor o plano de fusão. O sindicalista, que também é funcionário do Unibanco, diz que a fusão não é negativa somente para os funcionários, mas também para a população, que agora terá menos opções de escolha nos serviços bancários.
Ele também pondera que o próprio mercado fica mais vulnerável com o monopólio de setores por mega-empresas. "Isso acaba criando grandes corporações que acabam dominando, do ponto-de-vista financeiro, os mercados, reduzindo a mão-de-obra contratada e, no nosso entendimento, aumentando o risco de mercado. O ideal seria pulverizar o mercado, tendo maior número de instituições financeiras atuando com menos dinheiro concentrado. Se quebra uma instituição dessas, é uma catástrofe, que é o que está acontecendo agora", avalia.
Em comunicado, os bancos Itaú e Unibanco divulgaram que estavam negociando a fusão há pelo menos 15 meses, a fim de deixar claro que a crise financeira não teria motivado a fusão. As instituições não expuseram os termos da negociação e adiantaram que os bancos, inicialmente, funcionarão em separado.
Com a fusão, Itaú e Unibanco formam o maior banco do Brasil e o maior grupo financeiro do Hemisfério Sul. De acordo com dados da Contraf, 80 mil bancários trabalham nos dois bancos, sendo 52 mil no Itaú e 28 mil no Unibanco.
original no CHASQUE
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