Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Serra diz que elevará salário mínimo para R$ 600,00... em 2015

Tucano despeja toneladas de promessas vazias na televisão
Nunca ninguém fez tão pouco caso da inteligência popular quanto faz Serra  
Leitores, vocês podem imaginar o nosso esforço, nesses dias que faltam até a eleição, para escrever seriamente sobre a campanha eleitoral. Não é que falte gente séria – Dilma é, certamente, uma das pessoas mais sérias deste país.
Mas não há como criticar o Tiririca, quando o Serra é candidato a presidente da República. Aliás, o Tiririca é muito mais sério. Quer uma amostra, leitor? Olha só o que captamos no horário eleitoral:
“80 milhões de votos. Ministro do Real. Ministro do Planejamento das grande obras. Portos em Pernambuco e no Ceará. Saneamento: 72 projetos em 9 Estados. Verbas para o Metrô: Rio - SP - BH e Brasilia. Pró Moradia: casas para famílias pobres para todo Brasil. Energia: mais 4 unidades geradoras para Xingó. Ampliação da Refinaria Landulfo Alves. Construção dos gasodutos em Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. O ministro do Pró Emprego e do Plano de Ação para o Nordeste. 3 milhões de trabalhadores beneficiados. O ministro do genérico. Do bolsa alimentação que virou Bolsa Família. O deputado que criou o FAT. Que tirou do papel do Seguro Desemprego. O prefeito das grandes escolas. Dos Hospitais. Do bilhete único para ônibus e metrô. O governador da maior expansão da história do Metrô. Da rede de ensino técnico. Governador do maior programa de urbanização de favelas do país. Do maior programa de saneamento do litoral brasileiro. Este é José Serra. Preparo. Honestidade. Competência”.
JUÍZO
Nenhum outro demente da política brasileira, jamais fez algo tão mentiroso, doente, tão sem respeito pelos outros e por si mesmo, julgando as pessoas burras, capazes de acreditar em qualquer coisa, sem juízo próprio, como se não vissem a realidade, como se pudessem - e devessem - ser submetidas ao império da canalhice com tanta facilidade.
“80 milhões de votos” (???). Serra nem era ministro quando o real foi instituído. Ele próprio, quando Marina Silva lembrou que o governo Fernando Henrique nada fez em saneamento, disse que ficou só um ano e meio como ministro do Planejamento, e que não deu para fazer grande coisa.
Além disso, ministro do Planejamento trata do Orçamento, e nem mesmo da versão final, elaborada pelo Congresso. Não faz obras, não faz portos, não saneia, não faz metrô, casas, hidrelétricas, refinarias ou gasodutos. E Serra nem mesmo foi responsável por esses projetos. Agora, pegou todos eles (realizados ou não) e se atribuiu a autoria.
Ele ficou conhecido como o ministro do Desemprego. Mas eis que surge um “Pró Emprego” que ninguém viu e até um “Plano de Ação para o Nordeste” - gosta tanto dos nordestinos, que dizem que pediu ao Sarkozy para incluí-los no plano de valorização dos ciganos do governo francês, pois nordestino e cigano é tudo a mesma coisa, vivem andando de um lado para o outro.
Não vamos nos estender sobre os “3 milhões de trabalhadores”, certamente beneficiados por livrarem-se de seus empregos, nem sobre a dengue, lepra, tuberculose e outras benesses de sua administração na Saúde - de passagem, lembraremos que os genéricos foram criados pelo ministro Jamil Hadad, o FAT pelo deputado Jorge Uequed, o bilhete único pela prefeita Marta Suplicy, o seguro-desemprego foi tirado do papel pelo presidente Sarney,, e o bolsa alimentação, uma demagogia para meia dúzia de grávidas, nada tinha a ver com o Bolsa Família.
Mas, e as “grandes escolas”? Quantas Serra construiu? Nenhuma. E os hospitais foram dois, privatizados rapidamente sob o regime das infames OS.
Se as previsões fossem verdadeiras – e o próprio Serra já disse que elas não têm importância – entre 2007 e 2010 seriam construídas 5,6 km de linhas do metrô, a metade cabendo a Serra, 2,8 km, muito menos do que Maluf ou Quércia. Quanto às escolas técnicas de Serra, oferecem, sobretudo, meia dúzia de cursos inúteis – além de, por exemplo, canto e dança.
Talvez o mais alucinado seja “o maior programa de urbanização de favelas do país” - vai ver que é na Califórnia. Serra deve ter confundido o país. O mesmo sobre o “maior programa de saneamento do litoral brasileiro” (deve ser na praia particular do Daniel Dantas).
Bem, “este é José Serra. Preparo. Honestidade. Competência”. Um sujeito que, portanto, não existe.
PROMESSAS
Mas, vejamos algumas (só algumas) coisas que ele prometeu nos últimos dias, segundo o seu site de campanha:
1) “asfaltar a Transamazônica” (só 4.000 km na selva, em cima da lama, com os índios, o Ibama, os ecologistas e as onças adorando aquele cheiro de alcatrão...);
2) “subir o salário mínimo para R$ 600 no primeiro mês de governo” (não era ele que dizia que o mínimo estimulava a incapacidade, estourava as contas da Previdência e falia as empresas?)
3) “desenvolver a indústria da biodiversidade” (a biodiversidade é uma característica da natureza, não uma indústria, ele deve ter confundido com o comércio da biodiversidade);
4) dotar de “saneamento 12 milhões de casas” (podia começar pelas que não saneou em SP);
5) “fazer a reforma política” (deve ser para obrigar todo mundo a votar no Serra, única ideia que, com certeza, ele tem sobre o assunto);
6) “regulamentar a profissão de agente comunitário” (de que área? Qualquer uma?!);
7) “criar o Ministério da Pessoa com Deficiência” (e, provavelmente, o da Pessoa com Joanete);
8) “enxugar o número de funcionários” (uai, não era para inaugurar mais ministérios?);
9) “instalar centros culturais de ponta” (de ponta? Como assim?);
10) acabar com as “favelas ou lugares degradados” (os favelados passarão a morar em rios; por exemplo, o Rio da Guarda);
11) “refazer” a região cacaueira, pois o cacau “demora cinco anos para ser produzido” (por decreto, o cacau vai demorar só dois meses);
12) “asfaltar a Cuiabá-Santarém” (como é obra do PAC, quer botar asfalto no asfalto do Lula e da Dilma);
13) e “fazer um metrô na Baixada Fluminense”, “fazer um metrô em Porto Alegre”, “fazer um metrô em Salvador”, “fazer um metrô em Goiânia”, “fazer um metrô em Nova Friburgo”, “fazer um metrô em cada cidade com mais de 500 mil habitantes”, “fazer 400 km de linhas de metrô”, “transformar as ferrovias urbanas em metrôs de superfície”.
Nesse último item, Serra tem experiência, pois afundou uma linha numa cratera, alagou estações e transformou o resto do metrô num trem da Supervia – portanto, para fazer o que prometeu basta um pouco de engenharia reversa.
Antes, ele prometeu dobrar o número de atendidos pelo Bolsa Família (provavelmente com a importação de famintos dos EUA). Falta só prometer que as escadas só vão descer e jamais subir – e dar duas casas para cada brasileiro, uma para morar e outra para alugar.
Que 3 de outubro chegue rápido e que para Serra a terra seja pesada, muito pesada.
 
CARLOS LOPES
 
Original em  Hora do Povo
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