Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Qual das Liberdades, "seu" Mário?

O senhor Mário Vargas Llosa - e uso o termo "senhor" no sentido de senhor de escravos - disse hoje que "os cidadãos dos países democráticos têm "a obrigação moral de ajudar os cubanos a recuperarem a liberdade"". É de fundamental importância que o "seu" Mário esclareça alguns pontos dessa bela frase.
Em primeiro lugar, quais cidadãos? Os detentores do poder econômico que acumulam fortunas às custas do trabalho mal pago dos operários e camponeses, ou os cidadãos excluídos do processo social, vítimas do analfabetismo, da prostituição, das doenças e da exploração perpetrada pelos acumuladores de capital? Dos banqueiros ou das vítimas dos agiotas?
Em segundo lugar, quais países democráticos? Os Estados Unidos da América, onde a maioria deseja o fim da ocupação do Iraque e do Afeganistão e o fim das mortes da sua juventude, mas que,"democraticamente" se mantém atolado nessas guerras covardes? Ou Porto Rico que é mantido contra vontade de seu povo atrelado ao poder colonialista como "Estado Associado" aos EUA? Ou talvez seja a "democrática" Colômbia ou o "libertado" Iraque? Quem sabe a Espanha, que ao brincar de reizinho se julga no direito de mandar um Chefe de Estado, eleito pela maioria do povo, calar a boca? Pode ser que os "países democráticos" citados sejam os emirados árabes vassalos da política expansionista norte-americana onde os príncipes usam privadas do ouro e o povo amarga a miséria. Qual desses, senhor? Qual desses?
Em terceiro lugar, que moral? A que impede o acesso da maioria do povo à assistência médica? A que explora e acumula bens com a prostituição infantil, com o tráfico de drogas e com a ignorância do povo? Ou aquela que acha justo destruir o planeta em nome da geração de bens materiais?
A mais importante definição, no entanto, e que urge esclarecer o mais breve possível, é a que liberdade se refere o escrevinhador. A liberdade de observar a limousine que transporta o magnata ao mesmo tempo em que se recolhe o lixo para alimentar os filhos? Ou a de poder achar que, se tiver chance, um dia será rico, não importando o fato de que para que exista um rico seja necessária a existência de 10.000 pobres? Talvez esteja sendo referida a liberdade de expressar a idéia que é melhor para os titulares do poder econômico. Será essa? Ou será apenas a liberdade de se poder achar que se é livre?


Por Rosalvo Maciel

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