Por Deisy Francis Mexidor
• DURANTE 2007 aumentaram em mais de 50 milhões os famintos no mundo, o que poderia ascender neste ano. A profunda crise alimentar adquire tons cinzentos e trágicos, cujas conseqüências falam por si sós: deixou uma onda de protestos e se agudizou a fome no planeta.
Com tais palavras o doutor Jack Diouf, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) — em visita a Cuba—, explicou o panorama atual que se vive ao oferecer uma conferência magistral na Aula Magna da Universidade de Havana.
Os preços dos alimentos experimentaram uma alta notável "como média em 52%", apontou Diouf e referiu que junto a este "fenômeno particularmente preocupante", soma-se também o incremento dos custos dos insumos. Por exemplo, em nível global, os fertilizantes acresceram seus preços em 98% num ano, as sementes em 60% e as rações em 72%.
Se não se adotam de imediato as medidas pertinentes poderá fazer-se mais difícil a situação nas próximas cinco décadas já que a população mundial passará de "mais de 6 bilhões agora a 9 bilhões em 2050", apontou o diretor-geral da FAO, que também criticou o emprego dos cereais que "foram destinados para o mercado energético".
A este cenário haveria que acrecentar-lhe igualmente os efeitos da mudança climática que começam a serem percebidos e a presença dos capitais especulativos, disse.
Para o alto funcionário da ONU a volatilidade dos preços dos alimentos "da que fomos testemunhas nos dois últimos anos, continuará durante longo tempo" e concluiu com a mensagem de urgência que é necessário atuar "agora mesmo", pois ainda há muitas promessas descumpridas.
Ao término de sua intervenção e em declarações à imprensa, Diouf expressou que esta crise se sente "não apenas nos países em desenvolvimento mas também nos desenvolvidos" e augurou que é possível revertê-la, mas que "com certeza é um problema de decisão política", apesar de que reconheceu que há 57 nações onde já se tomam medidas para diminuir a presente conjuntura.
Nesse sentido, destacou a necessidade de produzir mais, de cultivar mais terras, "estes problemas são prioridades", assinalou e disse que o governo de Cuba "está tomando ações neste contexto".
Em horas da tarde o doutor Diouf dialogou com uma representação do corpo docente da Escola Latino-Americana de Medicina.
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