Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Colômbia: 2.000 cadáveres em cova comum

A maior cova comum do continente, com 2.000 cadáveres, encontrada na Colômbia, corre o risco de ser alterada pelo Estado que busca escondê-la
Azalea Robles

Tradução: Rosalvo Maciel

Recentemente na Colômbia se descobriu a maior cova comum da história contemporânea do continente americano, horrendo descobrimento que tem sido quase totalmente escondido pelos meios de comunicação da Colômbia e do mundo. A cova comum que contém os restos de pelo menos 2.000 pessoas está em La Macarena, departamento de Meta. Vários moradores, alertados pelas infiltrações putrefatas dos cadáveres nas águas de beber, já haviam denunciado a existência da cova em várias ocasiões durante 2009, havia sido em vão… pois a promotoria não investigava. Foi graças à perseverança dos familiares de desaparecidos e à visita de uma delegação de sindicalistas e parlamentares britânicos que investigava a situação de direitos humanos na Colômbia, em dezembro de 2009, que se conseguiu desvendar este horrendo crime perpetrado pelos agentes militares de um Estado que lhes garante impunidade.

Se trata da maior cova comum do continente: desde 2005 o Exército, acantonado nesta zona, vem enterrando ali milhares de pessoas, sepultadas sem nome.

Dois mil corpos em uma cova comum, esse é um assunto grave para o Estado Colombiano, mas seus meios de comunicação, e a mídia internacional, cúmplices do genocídio, se têm encarregado de mantê-la quase totalmente sob silêncio; quando para encontrar uma atrocidade parecida há que remontar-se às covas nazistas... Este silêncio midiático está sem duvida vinculado com os imensos recursos naturais da Colômbia, e aos mega-negócios que ali se geram com base nos massacres.

A Comissão Asturiana de direitos humanos, que visitou a Colômbia em janeiro de 2010, tem estado perguntando às autoridades sobre o caso… as respostas têm sido preocupantes: na promotoria, na procuradoria, no ministério do interior, na ONU... Todos pretendem evitar o tema, enquanto tratam de “manipular” a cova para minimizá-la; mas a delegação britânica já a constatou, e as mesmas autoridades reconheceram ao menos 2.000 cadáveres. Em dezembro “O prefeito, aliado ao governo, o denunciou também junto com o enterrador, mas depois as pressões oficiais levaram a lhes fazer "diminuir suas avaliações sobre o número de corpos NN…” A delegação asturiana tem denunciado a ostensiva vontade de alterar a cena do crime: “ninguém está protegendo o lugar. Ninguém está impedindo que se desfaçam as provas. “Que um trator possa entrar e voltar a misturar cadáveres anônimos, a tirá-los e levá-los a outro lugar” “solicitamos às instituições responsáveis do Governo e do Estado colombiano que implementem as medidas cautelares necessárias para assegurar as informações já registradas nos documentos oficiais, que tomem as medidas cautelares necessárias com o fim de assegurar o perímetro para prevenir a modificação do local, a exumação ilegal dos cadáveres e a destruição do material probatório que ali está(…) fundamental a criação de um Centro de Identificação Forense em La Macarena com o fim de chegar a individualização e a plena identificação dos cadáveres NN ali sepultados.”

A Delegação Asturiana transmitiu às autoridades outra denúncia de genocídio e fossa comum, mas estas alegaram desconhecimento, e incapacidade operativa "há tantas fossas comuns em nosso país que..." A denuncia é sobre fatos no município de Argélia, Cauca: “Um "matador" de gente, onde as famílias não puderam ir buscar os corpos de seus desaparecidos, pois os paramilitares não as deixaram retornar as suas comunidades: expulsaram aos sobreviventes. As vítimas sobreviventes relataram: “havia gente amarrada as quais deixavam para que cães famintos fossem assassinando-as pouco a pouco.”

Na Colômbia, a Estratégia Paramilitar do Estado Colombiano, combinada com a ação de policiais e militares tem sido o instrumento de expansão de latifúndios. O Estado colombiano é o instrumento da oligarquia e das multinacionais para sua guerra classista contra a população, é quem garante do saque: a Estratégia Paramilitar se inscreve nessa lógica econômica.

Original em Azalea Robles
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