Além do Cidadão Kane

domingo, 18 de abril de 2010

HÁ 7.500 PRESOS POLÍTICOS SILENCIADOS NA COLÔMBIA


Tradução: Rosalvo Maciel

Há 7.500 presos políticos na Colômbia, são completamente ignorados pelos mass-media... São sindicalistas, estudantes, professores, camponeses, ecologistas, todos eles do povo, encarcerados em sua maioria sob grosseiras montagens judiciais e condenados por “terrorismo” e “rebelião”… A quantidade de presos políticos na Colômbia é escandalosa, e suas condições de vida são subumanas, já que o Estado colombiano é um dos principais Estados torturadores no mundo (OMCT). Mas a sub-valorização midiática destes milhares de presos políticos, tem domesticado inclusive as mentes de pessoas de “esquerda”, que não reclamam devidamente…

Assistimos a uma sobre-midiatização dos 20 militares prisioneiros de guerra que retém as FARC: nos grandes mass-media, e inclusive em parte dos meios alternativos se lhes da uma cobertura maior; enquanto não se fala quase nada, ou nada, dos e das presas políticas nos cárceres do Estado colombiano.

Nos cárceres do Estado colombiano há uns 500 presos guerrilheiros, e os demais, umas 7000 pessoas encarceradas, foram encarceradas por seu pensamento crítico e seu trabalho social.

Se aos 20 militares prisioneiros de guerra que retém as FARC, os chamam “seqüestrados”; então obviamente, por justiça haveria que chamar “seqüestrados” aos 500 guerrilheiros presos nos cárceres do Estado… Ou se a ambos os grupos se lhes chamam Prisioneiros de Guerra; então, em todo caso, ao grupo das 7000 pessoas encarceradas pela vontade do Estado de encarcerar suas vozes (estudantes, professores, sindicalistas, líderes de mulheres… etc.…), sim que devemos chamá-las seqüestradas, muitas estão presas sob grosseiras montagens judiciais. Há que visibilizar ao máximo @s pres@s polític@s. (1)

O caso da Colômbia e sua realidade de ditadura camuflada mediante o silencio cúmplice dos mass-media é sem comparação entre a brutalidade do genocídio e o silêncio que se lhe aplica: O Terrorismo de Estado na Colômbia fez desaparecer a mais de 50.000 pessoas (2), O Terror Estatal expulsou de suas terras a mais de 4,5 milhões de pessoas, por meio de seus militares e sua ferramenta paramilitar, assim há ofertado as terras vazias de habitantes e reivindicações às multinacionais e à agroindústria.

O silêncio sobre esta cifra colossal de presos e presas políticos é outra prova de a tergiversação midiática da situação na Colômbia: que busca “humanizar” a alguns, e “desumanizar a outros”: para a propaganda dos mass-media só parecem ser humanos os 20 soldados retidos pela guerrilha, enquanto que os 7.500 presos políticos não parecem “ser humanos”…já que o tratamento que se lhes dá é como se não merecessem que os nomeiem e que os reclamem…

Além disso, os presos políticos são duramente agredidos, não só pela tortura que exerce o INPEC (autoridade carcerária), mas também pela tortura, desaparecimento e assassinato de seus familiares, que perpetra o Estado e sua ferramenta paramilitar se os presos políticos não aceitam converter-se em informantes do estado. (3) y (4)

Há muitos casos de desaparecimentos e assassinatos de familiares dos presos, o mundo deve interar-se deste bárbaro crime estatal…

CARLOS IVÁN PEÑA ORJUELA, foi submetido à pressão por parte de funcionários da polícia judicial da SIJIN para que testemunhasse contra campesinos inocentes da região de Magdalena Medio; ante sua negativa, a polícia seqüestrou e assassinou seu irmão menor, prendeu sua companheira, e ameaçou assassinar também a seu filho de 6 anos. (4)

Como caso de tortura cabe nomear aqui o caso de Diomedes Meneses: brutalmente torturado pelo Estado Colombiano: Com uma faca, os militares do Estado colombiano lhe arrancaram um olho, depois o deixaram em uma cadeira de rodas. E agora o estabelecimento carcerário segue torturando-o; deixa a gangrena devorar-lhe uma perna, negando-lhe assistência médica enquanto seu corpo literalmente apodrece e lhe devora a vida (5)

E o caso de todas as mães chefes de família que vêm seus filhos postos em orfanatos, se não aparece um familiar que os acuda, enquanto elas estão presas por suas idéias e pensamento crítico… Como é o caso de Liliany Obando: socióloga e documentarista presa política do regime colombiano, julgada arbitrariamente em razão do trabalho que desenvolvia em defesa dos direitos dos trabalhadores agrícolas, Prisioneira Política de Consciência vítima de uma montagem judicial: castigada por sua opinião e pensamento crítico... Liliany Obando sofre pressões e abusos por parte da autoridade carcerária, para que cesse suas denuncias; e lhe negaram prisão domiciliar durante sua detenção antes do julgamento, direito constitucional que tem como mãe chefe de família (6)

Como disse um preso político em uma carta aberta ao mundo:

“Nós devemos suportar que nossas famílias não possam nos defender, levantar suas vozes por nossa liberdade (devido a que o Terror Estatal, e o silêncio da mídia recaem sobre elas); no entanto os familiares dos que estão nas mãos de nossa organização o podem fazer.”(7)

Veja neste vídeo em que condições vivem os e as presas na Colômbia: insalubridade e amontoamento totais… estas condições lhes provocam enfermidades e morte: http://www.youtube.com/user/cocal0#p/u/4/7Pggbqp-9Y4

E em este outro vídeo veja como o Estado colombiano aplica a tortura: priva de assistência médica a enfermos terminais, e deixa a gangrena comer as feridas dos presos, os quais vivem em condições de insalubridade dramáticas:


Urge ser equitativo: devemos dar-lhe cobertura midiática aos presos e presas políticas, de forma proporcional a sua quantidade e a sua realidade; já basta de tanta farsa cruel, que lhe chamam “intercambio” a uma realidade na qual só a guerrilha tem demonstrado boa vontade. Necessitamos um verdadeiro intercambio: exigir ao Estado colombiano que libere @s pres@s polític@s em vez de seguir com sua política de criminalizar o pensamento crítico.

Há que começar por visibilizar a realidade e situação d@s pres@s polític@s; e em cada noticia acerca das libertações unilaterais que fazem as FARC, devemos, por justiça, nomear aos presos políticos.

_____________________________________________________
NOTAS:

(1)ARLAC. Campanha européia 2009-2011 pela libertação dos presos políticos na Colômbia. São 7500, em sua maioria presos de opinião e ativistas sociais que lutam por uma Colômbia digna, com paz e justiça social. As associações e pessoas do mundo que queiram apoiar a campanha pela libertação dos presos políticos na Colômbia, são bem-vindas. Para assinar acesse aqui: TLAXCALA

(2) Terrorismo de Estado, 50.000 desaparecidos na Colômbia: Justicia y Paz Colombia



(5) Torturas a Diomedes Meneses, e campanha: Comite de Solidaridad


VIDEO testemunho de Torturas, Diomedes Meneses: blipTV


Fundação Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos Comite de Solidaridad Comissão Interamericana de Direitos Humanos; Fundação Laços de Dignidade; Campanha Permanente de Solidariedade com as e os Presos Políticos “Campanha Traspassa os Muros”: Colombia Solidarity



_________________________________________________


Original em Sismo en la Red

Nenhum comentário:

Copyleft - Nenhum Direito Reservado - O conhecimento humano pertence à Humanidade.