Além do Cidadão Kane

sábado, 28 de agosto de 2010

Dilma abre 24 pontos à frente de Serra, mostra Ibope

Segundo a pesquisa, a região Sul é a única que mostra empate técnico

Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos.

Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada na noite desta sexta-feira, a candidata do PT chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.

Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela. O desempenho de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato do PT teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.

São Paulo

Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais - respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País. No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).

Regiões

Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%.

A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%. A margem de erro específica para a amostra de eleitores dessa região chega a cinco pontos porcentuais. Mas também entre os sulistas se verifica a tendência de crescimento da petista: ela subiu cinco pontos porcentuais na região, e o tucano caiu nove.

Renda

A segmentação do eleitorado por renda mostra que a candidata do PT tem melhor desempenho entre os mais pobres. Dos que têm renda familiar de até um salário mínimo, 58% manifestam a intenção de votar nela, e 22% em Serra. Na faixa de renda logo acima - de um a dois salários mínimos -, o placar é de 53% a 26%. Há um empate entre a petista (39%) e o tucano (38%) no eleitorado com renda superior a cinco salários.

Também há empate técnico entre ambos no segmento da população que cursou o ensino superior. Nas demais faixas de escolaridade, Dilma vence com 25 a 28 pontos de vantagem.

A pesquisa foi registrada no TSE com número 26.139/2010 e ouviu 2.506 pessoas. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Fonte: ZERO HORA
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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Os Indiferentes

Antonio Gramsci

Odeio os indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.

A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar.

A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso.

Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então se zangam, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis.

Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir o pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

CRÉDITOS
Primeira Edição: La Città Futura, 11-2-1917
Origem da presente Transcrição: Texto retirado do livro Convite à Leitura de Gramsci"
Tradução: Pedro Celso Uchôa Cavalcanti.
Transcrição de: Alexandre Linares para o Marxists Internet Archive
HTML de: Fernando A. S. Araújo
Publicado em PCB
Direitos de Reprodução: Marxists Internet Archive (marxists.org), 2005. A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License

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Datafolha: vantagem de Dilma sobre Serra chega a 20 pontos no país

Petista tem 49% das intenções de voto contra 29% de candidato tucano

Pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo jornal Folha de São Paulo e a Rede Globo e divulgada na madrugada desta quinta-feira, mostra a candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, com 49% das intenções de voto. Vinte pontos percentuais à frente de seu principal adversário, o candidato do PSDB, José Serra, que aparece em segundo lugar, com 29%.

A candidata Marina Silva, do PV, está em terceiro, mantendo os 9%, e os demais candidatos não atingiram 1% da preferência do eleitorado.

Os eleitores que ainda não sabem em quem votar ou não responderam permanecem em 8%, e os votos brancos e nulos, em 4%.

Essa é a segunda pesquisa Datafolha desde que começou a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Dilma tinha 47% na sondagem do dia 20 e foi a 49%. Serra estava com 30% e agora apresenta 29%.

Os que assumiram ter visto a programação pelo menos uma vez somam 34% dos entrevistados.

O levantamento também mostra que Dilma lidera as intenções de votos em São Paulo, no Rio Grande do Sul e no Paraná.


FICHA TÉCNICA

Instituto: Datafolha
Solicitantes: Folha de São Paulo e Rede Globo
Período de campo: entre os dias 23 e 24 de agosto de 2010
Tamanho da amostra: 10.948 entrevistas
Margem de erro: dois pontos percentuais, para mais ou para menos
Registro: no TSE, sob o número 25.473/2010

Fonte: Zero Hora
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Dilma deve ter "vitória retumbante", diz Financial Times

Jornalista britânico afirma que, no momento, é difícil acreditar na vitória de Serra

O jornal britânico Financial Times afirmou, em texto publicado na noite de ontem em seu site, que é difícil acreditar em um resultado diferente do que uma "vitória retumbante" na corrida presidencial brasileira da candidata governista Dilma Rousseff (PT).

O texto assinado pelo correspondente do diário no Brasil, Jonathan Wheatley, cita as mais recentes pesquisas de intenção de voto, segundo as quais Dilma aparece com vantagem suficiente para vencer no primeiro turno.

O jornalista lembra que faltam 40 dias para a votação no dia 3 de outubro, o que "é bastante tempo em política". Mas nota que, no momento, é difícil acreditar na vitória do tucano José Serra. Wheatley diz que a campanha do candidato do PSDB está "desordenada". Segundo ele, o oposicionista parece concorrer com base em apenas um assunto: seus sucessos como ministro da Saúde, há uma década, e seus investimentos em saúde como prefeito de São Paulo e governador do Estado.

O artigo cita ainda o fato de Serra ocupar tempo da campanha acusando o presidente da Bolívia, Evo Morales, de não fazer o suficiente para combater o narcotráfico para o Brasil, além de acusar o PT de vínculos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo Luiz Inácio Lula da Silva de censurar a imprensa. O jornalista escreve, porém, que o país é um dos "menos censurados do mundo".

"Nada disso tem a ver com seu programa de governo", diz o jornalista, referindo-se a Serra. "Na verdade, é difícil saber qual é o programa dele", afirma. "Deveria ser continuar a reforma do Estado brasileiro iniciada nos anos 1990 por seu colega de partido, Fernando Henrique Cardoso. Ao invés disso, Serra deixou que Dilma se posicionasse como a campeã da ortodoxia e da responsabilidade fiscal, insinuando a possibilidade de um 'choque positivo' como o entregue por Lula em 2003, seu primeiro ano no governo."

O jornal lembra que Lula começou cortando os gastos públicos, permitindo posteriormente que eles se expandissem. "Os assessores de Dilma estão prometendo reduzir a meta de inflação do governo e aumentar o superávit primário (antes do pagamento de juros - incluindo esses, o governo enfrenta um déficit). Se isso será uma aposta de curto prazo para conquistar os investidores ou o início de uma reforma abrangente, os brasileiros parecem que descobrirão em breve", escreveu Wheatley.

Publicado em Zero Hora
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domingo, 22 de agosto de 2010

O capitalismo traz a guerra como a nuvem traz a tempestade

A notícia surgiu com a marca de grande acontecimento. O  crescimento do PIB da Alemanha no segundo trimestre de 2,2% terá sido «o maior desde a reunificação». Houve jornais que titularam: «a locomotiva alemã a todo o vapor».É óbvio que os poderosos grupos econômicos alemães e o potencial exportador da Alemanha lucraram com a desvalorização do euro e as imposições imperialistas às economias mais débeis como Portugal.
Albano Nunes

Mas é duvidoso que se trate de uma tendência duradoura. É aliás significativo o modo como os tecnocratas da UE estão a lidar com a notícia: ao mesmo tempo que alimentam expectativas de recuperação para breve, falam de «incerteza» e «fragilidade» advertindo que as «reformas estruturais» e as políticas de «austeridade» têm de continuar.

Perante as ações de massas convocadas para o Outono por toda a Europa procuram assim desmobilizar e diminuir o alcance da luta, anunciando desde já ser impossível atender as reivindicações dos trabalhadores pois isso comprometeria a recuperação. Em qualquer caso de que «recuperação» falam? Da sua, de novos patamares de concentração do capital e de exploração dos trabalhadores e dos povos.

A solução de problemas tão graves como o desemprego, o trabalho precário e sem direitos ou o fosso cada vez maior entre ricos e pobres, estão ausentes desta sua «recuperação».

Entretanto se é verdade que, mesmo segundo os critérios da economia política burguesa, a evolução da crise econômica está carregada de incertezas, noutras vertentes da dinâmica do capitalismo as tendências são infelizmente bem nítidas: corrida aos armamentos, alastramento de focos de tensão e de guerra, ataques cada vez mais graves a direitos e liberdades fundamentais, avanço de forças racistas e fascizantes. Quando depois das solenes promessas de Obama, o campo de concentração de Guantánamo continua por encerrar e os «tribunais» militares criados por Bush continuam a funcionar; quando na composição da comissão de inquérito criada pela ONU ao sangrento ataque israelita de 31 de Maio à flotilha de solidariedade com Gaza, pontifica o ex-presidente fascista da Colômbia Álvaro Uribe; quando em França se desenvolvem a partir do poder medidas racistas e xenófobas que levam o Le Monde a titular a toda a largura da primeira página que «M. Sarkozy quer endurecer a repressão contra os delinqüentes de origem estrangeira» ou que «a extrema direita quer recolher o que M. Sarkozy semeia»; quando um governo japonês assinala o 65.º aniversário do holocausto nuclear de Hiroshima e Nagasaki, pela primeira vez, na companhia de representantes da potência agressora e declara o apoio do Japão à política de «dissuasão nuclear» dos EUA, precisamente quando os EUA e a Coréia do Sul realizam nas fronteiras da RPDC gigantescas manobras militares simulando provocatoriamente a invasão deste país soberano; quando tudo isto e muito mais acontece como se da coisa mais natural do mundo se tratasse, temos de preparar-nos para o pior e desenvolver esforços redobrados para mobilizar os trabalhadores, a juventude, as massas contra o imperialismo e a reação, por alternativas de soberania, progresso, cooperação e paz.

E fazê-lo sabendo que «o capitalismo traz a guerra como a nuvem traz a tempestade» e que, enquanto subsistir a exploração do homem pelo homem, não estarão liquidadas as raízes da opressão e da guerra. Mas também com a mobilizadora certeza, apoiada na experiência histórica, de que, se unidas e mobilizadas, as forças do progresso social e da paz podem travar o caminho à reação e aos mais perigosos desígnios do imperialismo. É com esta perspectiva que o PCP chama a intensificar a solidariedade internacionalista com os povos que estão na primeira linha da resistência ao imperialismo e a transformar a campanha unitária «Paz Sim, NATO Não» numa grande campanha política de massas.

Fonte: Jornal Avante!

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Uma visita a Gerardo na prisão

Danny Glover e Saul Landau



Tradução: Robson Luiz Ceron - Blog Solidários.

Do aeroporto de Ontário, Califórnia - a cerca de 100 quilômetros a leste do centro de Los Angeles - nos dirigimos para o norte, pela Rodovia 15, a estrada que leva a Las Vegas. Carros com torcedores aficionados e grandes caminhões, para cima e para baixo, através das montanhas, onde se encontram Los Angeles e a Floresta Nacional de San Bernardino.
"Eu vi Adriana (sua esposa) presente na platéia". Seu sorriso desapareceu. "É doloroso. Ela tem 40 anos e eu 45. Não há muito tempo para formamos uma família. Os Estados Unidos nem sequer concedem um visto para que ela me visite. Ela se comportou com grande coragem e dignidade durante toda esta provação".

Para o leste está o deserto, 1.200 metros acima do nível do mar. Entre zimbros, árvores de Josué e artemisas, ao longo da rodovia. Fomos a um centro comercial, onde pegamos Chavela, irmã mais velha de Gerardo.

Passamos por lanchonetes de redes de fast food e salões de beleza, casas de tatuagem, postos de gasolina e mini-centros comerciais (um passeio pela cultura norte-americana), em direção ao oeste e logo ao norte, pela 395, até chegar ao complexo penitenciário Federal, uma prisão de alta segurança de 192.000 metros quadrados, construído há seis anos (a um custo de US$ 101.400,00), destinada a enjaular 960 reclusos.

Na sala de visitantes, pintado de um cinza institucional, um guarda nos entrega formulários numerados, aponta com a cabeça um livro e olha para um monte de canetas. Nós preenchemos e devolvemos o formulário, assinamos e nos sentamos naquela sala cinza com outros visitantes - todos negros e latinos.

Esperamos por vinte minutos. Um guarda menciona o nosso número. Esvaziamos os bolsos, exceto o dinheiro. Passamos por um detector de metais, ao estilo dos aeroportos. Recolhemos nossos cintos e os entregamos. Uma guarda nos revista com óculos de raios-X, e estendemos nossos braços para entregar a outro guarda nossas identificações. Duas mulheres negras e um casal de idosos latinos recebem o mesmo tratamento. Trocamos sorrisos nervosos, hóspedes em terra estranha.

Ele passa nossas identificações, por uma abertura, para outra sala, que vemos através de uma janela de vidros grossos. Ali, um guarda verifica os documentos e pressione os botões para abrir uma porta de metal pesado. O grupo entra em um corredor exterior. O sol ofuscante da meia manhã e o calor do deserto golpeiam nossos corpos, depois de termos permanecido no ar-condicionado. Esperamos. Um guarda fala através de uma pequena fenda na porta do prédio, que alberga os presos. De cada lado, torres com guardas armados, uma rede de arame farpado cobre o topo das paredes de concreto.

Esperamos. Passamos calor. Em seguida, entramos em outro quarto com ar condicionado, e finalmente, abre-se a porta e passamos para a sala de visitas. Um guarda nos assinala uma mesa de plástico pequena, rodeada por três cadeiras de plástico barato, por um lado (para nós) e outra para Gerardo. Meninos afro-americanos e latinos trocam o seu lugar pelo colo dos seus pais; enquanto pais, em uniformes cáqui, conversam com suas esposas.

Chavela o vê de longe - 20 minutos mais tarde - quando ele, sorrindo, avança vivamente através da sala. Quase em lágrimas, Chavela diz: "Ele perdeu peso". Parece ter o mesmo peso de quando (Saul Landau) o viu na primavera. Gerardo abraça e beija sua irmã, depois abraça Saul e Danny. Graças aos seus esforços, foi libertado da solitária, onde passou 13 dias no final de julho e início de agosto.

Gerardo nos informa que dois agentes do FBI - que investigam um incidente não relacionado ao caso dos Cinco - o interrogaram na prisão. Logo em seguida, as autoridades prisionais jogaram Gerardo no buraco, ainda que não houvesse nenhuma prova, lógica ou senso comum que pudesse implicá-lo ao suposto incidente. A temperatura da solitária chegava perto dos 40 graus. "Eu tive que jogar em minha cabeça a água que me davam para beber", nos disse Gerardo. "Não me ajudaram com minha pressão arterial elevada. Eu sequer podia tomar a minha medicação. Acredito que me soltaram graças aos milhares de telefonemas e cartas de pessoas do mundo inteiro".

Chavela amontoava comida rápida em cima da mesa - a única que havia nas máquinas de venda automática. Mordiscávamos compulsivamente, enquanto Gerardo nos contava acerca de sua vida em uma caixa de suor, por quase duas semanas. "Não há circulação de ar", riu, como dizendo: "Não era para tanto".

Nós falamos sobre Cuba. Ele estava em dia com as notícias, através da leitura, TV e visitantes, que lhe informam. Ele se sentiu encorajado pelas medidas tomadas pelo presidente Raúl Castro para enfrentar a crise. Na televisão da prisão, viu parte do discurso de Fidel e as perguntas e respostas, na reunião da Assembléia Nacional. "Eu vi Adriana (sua esposa) presente na platéia". Seu sorriso desapareceu. "É doloroso. Ela tem 40 anos e eu 45. Não há muito tempo para formamos uma família. Os Estados Unidos nem sequer concedem um visto para que ela me visite. Ela se comportou com grande coragem e dignidade durante toda esta provação".

Gerardo Hernández, um dos Cinco Cubanos, cumpre duas sentenças de prisão perpétua por conspiração para espionagem e cumplicidade em assassinato. No julgamento em Miami, os promotores não apresentam quaisquer indícios de espionagem. A acusação de suposta cumplicidade com a derrubada do avião dos chamados Hermanos al Rescate - por MIGs cubanos, em fevereiro de 1996 - também não se comprovou, dado que nenhuma evidência foi apresentada de que Gerardo houvesse mandado informações acerca do vôo para as autoridades cubanas - o que, de fato, não o fez. A acusação também pressupôs que ele sabia das ordens secretas do governo cubano para derrubá-los, o que não é verdade.

Os cinco homens monitoravam e informavam acerca dos terroristas cubanos exilados em Miami, que tinham planos de sabotagem e assassinatos em Cuba. Cuba compartilhou essas informações com o FBI. Larry Wilkerson (coronel do Exército aposentado e ex-chefe de gabinete do secretário de Estado, Colin Powell), comparou a possibilidade dos Cinco serem julgados de forma imparcial e justa, em Miami, com "as chances de um israelense acusado obter justiça em Teerã".

Bebemos chá gelado engarrafado, doce demais. Chavela trouxe mais batatas fritas.

Gerardo reanimou o ambiente contando um incidente ocorrido na década de 1980, quando era tenente em Cabinda, Angola, escoltando oficiais cubanos a um jantar com importantes soviéticos, que se encontravam em visita. "Eu disse ao meu coronel, que tinha memorizado um pequeno poema de Mayakovsky, em russo (de seus dias de estudante) e poderia recitá-lo para os oficiais soviéticos".

Ele recitou o poema em russo. Todos o aplaudiram. Ele sorriu. "Eles estavam assando um porco e tinham garrafas de bebida, era uma festa".

"Eu recitei o poema. O coronel soviético me abraçou, me beijou em ambas as faces muito animado. Eu tive que repetir meu desempenho para os outros oficiais. Finalmente, o coronel cubano me disse que eu já havia aproveitado bem a situação e eu me mandei".

Duas horas se passaram rapidamente. Esperamos os guardas nos chamarem. Gerardo ficou de pé. Nós nos distanciamos. Gerardo, junto com outro prisioneiro, próximo a porta da cela. Saudamos com um aceno. Ele respondeu de igual maneira. A irmã dele, soprou-lhe um beijo. Ele abriu um largo sorriso como tranqüilizador, lembrando-nos: "Mantenham-se firmes".

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Danny Glover é ativista e ator. Saul Landau é membro do Instituto de Estudos Políticos.

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Nem o PIG consegue esconder - IV

 
 

Um Zé fora de hora

O “Zé que quero lá” não é apenas jingle de campanha; acima de tudo, é o sintoma de um jogo teatral lamentável, desprovido de recursos que conquistem a simpatia da platéia. Como ator político, é uma idéia fora de lugar, uma caricatura de si mesmo.
Gilson Caroni Filho

José Serra deixou cair a máscara barata. As críticas ao que chamou de “conferencismo”, no 8º Congresso Nacional de Jornalismo, vão além do agrado circunstancial ao baronato midiático que lhe apóia na campanha. A direita sabe que o maior legado da Era Lula não se resume ao crescimento econômico com distribuição de renda. O grande feito do governo petista foi mobilizar a sociedade para passar em revista problemas históricos de origem.

Após várias conferências, a história brasileira deixou de ser o recalcamento das grandes contradições, para se afigurar como debate aberto sobre suas questões centrais. Numa formação política marcada pela escravidão, pela cidadania retardatária, com classes sociais demarcadas por distâncias socioeconômicas e por privilégios quase estamentais, o que vivemos no governo Lula foi uma verdadeira revolução cultural.

Além de discutir a mídia e a questão ambiental, foi criada uma nova agenda capaz de combater preconceitos e discriminações, ligados à classe, à raça, ao gênero, às deficiências, à idade e à cultura. Conhecendo os distintos mecanismos de dominação, encurtou-se o caminho da conquista e ampliação de direitos, da afirmação profissional e pessoal. E é exatamente contra tudo isso que se volta a peroração serrista. A sociedade organizada é o pavor dos oligarcas.

O candidato tucano não escolhe caminhos, métodos, processos e meios para permanecer como possibilidade de retrocesso político. A cada dia, ensaia nova manobra de politiqueiro provinciano, muito mais marcado por uma suposta esperteza do que pela inteligência que lhe atribuem articulistas militantes. Continuar chumbado ao sonho presidencial é sua obsessão. De tal intensidade, que já deveria ter provocado o interesse de psiquiatras em vez da curiosidade positivista de nossos “cientistas políticos” de encomenda.

O “Zé que quero lá” não é apenas jingle de campanha; acima de tudo, é o sintoma de um jogo teatral lamentável. Desprovido de recursos que conquistem a simpatia da platéia, se evidencia como burla ética, como o cristal partido que não se recompõe. Como ator político, é uma idéia fora de lugar, uma caricatura de si mesmo. Vocaliza como ninguém o protofascismo de sua base de sustentação.

Por não distinguir cenários, confunde falas. Quando tenta uma encenação leve, resvala para o grotesco. Quando apela para o discurso da competência, sua fisionomia é sempre dura, ostentando ressentimento e soberba. Os Césares romanos davam pão e circo à plebe. Aqui, sendo o pão tão prosaico, o ”Zé” não pode revelar os segredos da lona sob a qual se abriga. Seu problema, coitado, não é de marketing – é de tempo.

No governo em que ocupou duas pastas ministeriais, o cenário era sombrio. Parecia, ao primeiro olhar, que, no Brasil, tudo estava à deriva: desvios colossais na Sudene, na Sudam, no DNER; violação do painel eletrônico do Senado; entrega de ativos a preço vil; racionamento de energia e descrença generalizada na ação política. Os valores subjacentes aos pólos coronel/cliente, pai/filho, senhor/servo, pareciam persistir na cabeça de muitos de nossos melhores cidadãos e cidadãs, bloqueando a consolidação democrática. Era o tempo de Serra.

Tentar voltar ao proscênio oito anos depois é um erro primário. A política econômica é outra. Mais de 32 milhões de pessoas foram incorporadas ao mercado consumidor brasileiro. Segundo o chefe do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Neri, os cenários projetados até 2014 mostram que é possível duplicar esse número. A mobilidade social gerou um cidadão mais exigente. Uma consciência política mais atenta ao que acontece em todos os escalões do poder, um contingente maior de sujeitos de direito que exige mais transparência e seriedade na administração pública. Esse é o problema do “Zé”. Aquele que, depois de tantas Conferências, poucos o querem lá.
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Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

Publicado em O outro lado da notícia
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sábado, 21 de agosto de 2010

A ONU, a impunidade e a guerra

A Resolução 1929 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 9 de junho de 2010, marcou o destino do imperialismo.

Sei lá quantos terão se apercebido de que, entre outras coisas absurdas, o secretário-geral dessa instituição, Ban Ki-moon, cumprindo ordens superiores, cometeu a gafe de nomear Álvaro Uribe — quando este estava quase concluindo seu mandato — vice-presidente da comissão responsável por investigar o ataque israelense à pequena frota humanitária, que transportava alimentos essenciais para a população sitiada na faixa de Gaza. O ataque ocorreu em águas internacionais, a uma distância considerável da costa.

Essa decisão outorgava impunidade a Uribe, quem é acusado de crimes de guerra, como se um país cheio de valas comuns com cadáveres de pessoas assassinadas, algumas contendo até duas mil vítimas, e sete bases militares ianques, mais o resto das bases militares colombianas a seu serviço, não tivesse nada a ver com o terrorismo e o genocídio.


Por outro lado, em 10 de junho de 2010, o jornalista cubano Randy Alonso, que dirige o programa "Mesa Redonda" da televisão nacional, escreveu no site CubaDebate um artigo intitulado: "O chamado Governo Mundial se reuniu em Barcelona", onde sublinha:

"Chegaram até o confortável hotel Dolce em carros de luxo com vidraças fumadas ou em helicópteros."

"Eram os mais de 100 chefões da economia, das finanças, da política e da mídia da América do Norte e da Europa, que vieram até este lugar para a reunião anual do Clube de Bilderberg, uma espécie de governo mundial à sombra."

Outros jornalistas honestos estavam acompanhando igual do que ele as notícias que conseguiram filtrar-se do esquisito encontro. Alguém muito mais informado do que eles andava no encalço desses eventos havia muitos anos.

"O exclusivo Clube que se reuniu em Sitges nasceu em 1954. Surgiu da idéia do conselheiro e analista político Joseph Retinger. Seus impulsores iniciais foram o magnata norte-americano David Rockefeller, o príncipe Bernardo de Holanda e o primeiro-ministro belga, Paul Van Zeeland. Seus propósitos fundacionais eram combater o crescente ‘anti norte-americanismo’ que existia na Europa da época e contestar a União Soviética e o comunismo que cobrava força no velho continente."

"Sua primeira reunião foi realizada no Hotel Bilderberg, em Osterbeck, Holanda, entre 29 e 30 de maio de 1954. Daí saiu o nome do grupo, que desde então se reúne anualmente, salvo em 1976."


"Há um núcleo de afiliados permanentes que são os 39 membros do Steering Comittee, o resto são convidados."

"… a organização exige que ninguém ‘conceda entrevistas’ nem revele nada do que ‘um participante individual tenha dito’. É requisito imprescindível um domínio excelente da língua inglesa [...] não há tradutores presentes."


"Não se sabe ao certo os alcances reais do grupo. Os estudiosos do ente dizem que não é por acaso que se reúnam sempre pouco antes do que o G-8 (G-7 anteriormente) e que procuram uma nova ordem mundial de governo, exército, economia e ideologia única."


"David Rockefeller disse em uma reportagem à revista ‘Newsweek’: ‘Algo deve substituir os governos e parece-me que o poder privado é a entidade adequada para fazê-lo."


"…o banqueiro James P. Warburg afirmou: ‘Quer gostem quer não, teremos um governo mundial. A única questão é se será por concessão ou por imposição."

"‘Eles sabiam dez meses antes a data exata da invasão ao Iraque; também o que ia acontecer com a bolha imobiliária. Com informação como essa se pode fazer muito dinheiro em toda classe de mercados. E é que falamos de clubes de poder e de saber’.

"Para os estudiosos, um dos temas que mais preocupa o Clube é a ‘ameaça econômica’ que significa a China e a sua repercussão nas sociedades norte-americana e européias.


"A sua influência na elite é demonstrada por alguns com o fato de que Margaret Thatcher, Bill Clinton, Anthony Blair e Barack Obama estiveram entre os convidados ao Clube antes que fossem eleitos à mais alta responsabilidade governamental, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Obama participou da reunião de junho de 2008, em Virgínia, EUA, cinco meses antes de sua vitória eleitoral e seu triunfo se previa já desde a reunião de 2007."


"Entre tanto sigilo, a imprensa foi tirando nomes daqui e dali. Entre os que chegaram a Sitges estavam importantes empresários como os presidentes da Fiat, Coca Cola, France Telecom, Telefônica da Espanha, Suez, Siemens, Shell, Novartis e Airbus.

"Também se reuniram gurus das finanças e da economia como o famoso especulador George Soros, os assessores econômicos de Obama, Paul Volcker e Larry Summers; o flamante secretário do Tesouro Britânico, George Osborne; o ex-presidente da Goldman Sachs e da British Petroleum, Peter Shilton [...] o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellic; o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn; o diretor da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy; o presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet; o presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystad."

Sabiam disso nossos leitores? Algum órgão importante da imprensa oral ou escrita disse uma palavra? É essa a liberdade de imprensa que tanto apregoam no Ocidente? Algum deles pode negar que estas reuniões sistemáticas dos mais poderosos financistas do mundo são realizadas todos os anos, à exceção do ano mencionado?


"O poder militar enviou alguns dos seus falcões — continua Randy —: o ex-secretário de Defesa de Bush, Donald Rumsfeld; seu subalterno, Paul Wolfowitz; o secretário-geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen e seu antecessor no cargo, Jaap de Hoop Scheffer."

"O magnata da era digital Bill Gates, foi o único assistente que falou alguma coisa à imprensa antes do encontro. ‘Sou um dos que estará presente’, disse e anunciou que ‘Sobre a mesa haverá muitos debates financeiros’."

"Os especuladores da notícia falam de que o poder na sombra analisou o futuro do euro e as estratégias para salvá-lo; a situação da economia européia e o rumo da crise. Sob a religião do mercado e o auxílio dos drásticos recortes sociais se deseja continuar prolongando a vida do doente.

"O coordenador da Esquerda Unida da Espanha, Cayo Lara, definiu com clareza o mundo que nos impõem os Bilderberg: ‘Estamos no mundo ao avesso; as democracias controladas, tuteladas e pressionadas pelas ditaduras dos poderes financeiros’."


"O mais perigoso que foi publicado no jornal espanhol Público é o consenso majoritário dos membros do Clube a favor de um ataque norte-americano ao Irã [...] Lembre-se que os membros do Clube sabiam, em 2003, a data exata da invasão ao Iraque, dez meses antes que acontecesse".


É por acaso uma invenção caprichosa a idéia, quando isto se soma a todas as evidências expostas nas últimas Reflexões? A guerra contra o Irão está já decidida nos altos círculos do império, e apenas um esforço extraordinário da opinião mundial poderia impedir que estoure num prazo de tempo muito breve. Quem oculta a verdade? Quem é que engana? Quem é que mente? Alguma coisa do que aqui é afirmado pode ser desmentida?

Fidel Castro

Original em Granma
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Serra desiste da garupa e parte para o coice

Adalberto Monteiro

A propaganda eleitoral de Serra diz que Dilma está "tentando pegar carona na garupa”de Lula. Só não diz que o tucano bem quem tentou uma beirada dessa garupa com adocicados elogios a Lula. Em queda nas pesquisas e fiel à temática eqüina ele começa a dar coices.

Um Serra hidrófobo foi o que se viu, no dia 17, no debate Folha – UOL, o primeiro na internet. Na arena, ladeado por duas mulheres, desde o primeiro minuto, abriu fogo em direção à Dilma, mas foi surpreendido com os espinhos desferidos contra ele, pela candidata do verde.

Sempre de dedo em riste, com gestos e palavras tentou de todo modo desqualificar e quebrar o equilíbrio emocional de Dilma. Seu teatro parece que queria dizer algo, como: “Que essa mulher, ponha-se no seu lugar!”. Ela, a menos de um metro dele, nenhuma vez olhou para o parceiro de Índio da Costa. Manteve a altivez e demonstrou que progrediu bem na arte do ataque e da defesa, atributos importantes neste tipo de pugilato. Pugilato que Marina condenou, mas que também, ao seu modo, praticou.

Serra voltou a satanizar o PT e sempre que pode destilou sua ira contra o movimento sindical dos trabalhadores. Coisa que é música para a direita que sua candidatura representa. Voltou com a velha cantilena do “mensalão”. Mas foi pego no contrapé ao ser lembrado que tem o apoio de Roberto Jefferson. Evidentemente, não atacou o presidente Lula, mas para golpear Dilma teve que ir para cima do governo dele. E, desse modo, a contragosto, o pretenso “pós-Lula” vai se revelando o que de fato é: o “anti-Lula”.

As perguntas dos internautas foram escolhidas pela produção com o seguinte critério: pimenta-malagueta para Dilma, pimenta- de- cheiro para Serra. De todo modo, ela se saiu bem de todas elas. Mesmo, na pergunta de um jornalista sobre o câncer, tão ousada quanto tendenciosa, ela aproveitou para dizer aos corvos e urubus que “ela vai muito bem, obrigado”.

Rapidamente, a cada debate, a cada lance da campanha, Dilma emerge com sua feição própria, com sua história, com seus méritos, com suas realizações. Vai firmando, vincando a imagem de que tem estatura para ser a primeira mulher presidente do Brasil.

Serra, puxado pelo cabresto da direita, começa a dar coices. Na linguagem de um correligionário dele já falecido, com isso “apequena-se”. O conservadorismo golpista não sabe perder. Quando sente o cheiro da derrota, parte para o vale-tudo.

Mas, mesmo assim, o tucano ainda não desistiu da garupa, conforme mensagem de sua propaganda eleitoral, em 19 de agosto. No rádio, um personagem com voz semelhante à do presidente Lula, elogiou Serra ao discorrer sobre o currículo do tucano: “Tem que elogiar mesmo, até o presidente já elogiou”.

Convenhamos. Marqueteiro e candidato perderam o senso do ridículo.

Origiinal em Fundação Mauríci Grabois
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sarkozy expulsa dezenas de ciganos; os culpa pela violência na França

A França enviou hoje dezenas de ciganos em vôos de volta a sua natal România na primeira repatriação massiva desde que o presidente conservador Nicolás Sarkozy revelou um plano contra a delinqüência, medida que tem sido condenada por grupos de direitos humanos.

Ao redor de 60 ciganos partiram em um avião fretado de Lyon e outra dezena embarcou no mesmo vôo em Paris. Esta é a primeira leva de transferência em uma campanha que repatriará 700 pessoas que vivem em acampamentos na França, para a România e Bulgária até meados de setembro.

Logo após distúrbios em duas cidades francesas o presidente ordenou desmantelar 300 acampamentos de ciganos considerados ilegais, em um plano contra a delinqüência que se tem enfocado nos imigrantes, aos quais o governo culpa dos crimes violentos.

As pessoas que aceitam ir-se recebem 300 euros e 100 euros adicionais por cada filho.

“As deportações servem para que esta gente volte a seu país, e para demonstrar que não toleraremos o estabelecimento de acampamentos ilegais na França, como temos feito durante muitos anos”, afirmou a ministra francesa da Família, Nadine Morano.

Os ciganos são a maior minoria étnica da Europa, concentrados principalmente no centro e no leste do continente. Estima-se que na França habitam entre 15 mil e 40 mil ciganos.

A França repatriou a uns 10 mil ciganos no ano passado e medidas similares foram tomadas pela Alemanha, Itália, Dinamarca e Suécia, o que se contrapõe com a normativa da União Européia, onde os cidadãos têm liberdade para estabelecer-se em outro país do bloco, pelo que as deportações têm recebido a atenção da Comissão Européia para assegurar que Paris não viole suas normas.

Neste sentido, em Bucareste o presidente romeno, Trian Basescu, disse que “entendemos a posição do governo francês, mas por outra parte defendemos o direito de todo cidadão de transitar livremente na União Européia”.

Publicado em La Jornada
Tradução Rosalvo Maciel
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Globo tenta o golpe da Dilma terrorista

Agora falta falar do Serra na AP e do Aloysio com os bancos

Paulo Henrique Amorim

A revista Época que está nas bancas traz uma capa requentada.

“O passado de Dilma – documentos inéditos revelam uma história que ela não gosta de lembrar: seu papel na luta armada contra o regime militar”.

Trata-se de uma das ultimas tentativas de golpe das Organizações (?) Globo.

A reportagem não traz nada de novo.

E não ouviu a Dilma, que se recusa a falar com a Globo sobre esse assunto.

(Por que o Casal 45 não perguntou à Dilma sobre as centenas de criancinhas que ela fuzilou quando era terrorista ?)

A Dilma mandou dizer à Globo (Época):

Nunca participou de ação armada; não lhe perguntaram sobre isso na “justiça” do regime militar; não foi julgada sobre isso nem foi condenada por isso.

Nada que a “ficha falsa” da Folha (*) já não tivesse dito.

A primazia na tentativa de Golpe, aí, é da Folha (*).

O senador Agripino Maia sabe disse melhor do que ninguém.

Clique aqui para ver o vídeo em Dilma massacra Agripino Maia sobre sua forma de combater o regime militar.

O mais sinistro dessa tentativa de golpe da Globo é um box da revista da Globo, que se pergunta: “as duvidas sobre o passado”.

As duvidas estão respondidas no corpo da própria matéria.

Aguarda-se numa próxima edição da revista da Globo reportagens sobre a ação de José Serra na Ação Popular (organização a que se atribui um atentado ao Aeroporto de Guararapes, em Recife); e os assaltos a banco de Aloysio Nunes Ferreira (Aloysio quem ?), candidato de Serra ao Senado, por São Paulo.

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(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Serra, as APAES e a educação formal

O PSDB é oportunista, dissimulado, desleal. Serra trata de segurança pública como se não tivesse nada com o assunto, como se não fosse ex-governador do Estado que criou o PCC. Não adianta a justificativa pelo fato do crime ser nacional, até porque ele é mundial. O fato é que as ações do PCC, de origem paulista, onde o PSDB é governo há 16 anos, não tem combate a altura, ele reina com supremacia e ai sim, dissemina ações criminosas para todo o país. Onde está o hipocondríaco que não ver os crimes no seu estado? Se ele não consegue ver o que está no seu quintal, como verá fora dele? Ou será que os seus olhos de raios-X, só servem para ver o que os outros fazem? Ainda bem que o país está de olhos abertos!

Helio de Almeida.


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Do Blog http://contextolivre.blogspot.com "Sendo pai de uma menina especial, portadora da Síndrome de Down, senti asco e nojo do candidato Serra no debate. Esse candidato tentou explorar dúvidas de pais e amigos (quase toda a população) de pessoas especiais de como seria a melhor forma de educar esses cidadãos. A política de inclusão, do governo Lula, das pessoas especiais nas escolas públicas é correta: todos os brasileiros têm o direito à educação fornecida pelo estado. Às APAES não cabe a educação formal, mas complementar. Esse candidato, que espero que suma da vida pública, apenas lançou dúvidas, divulgou preconceitos e maledicências contra a inclusão de pessoas especiais na sociedade. Se antes eu apenas o desprezava, agora eu o combaterei. O meu mais veemente repúdio a esse candidato e à utilização eleitoreira, superficial, de um tema que merece um debate sério". Carlos França.

Publicado em Helio Jampa
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domingo, 15 de agosto de 2010

Grande mídia se organiza contra a candidatura de Dilma.

As trombetas anunciam perigo à vista!! Até que enfim: acordaram !!!!!

Bia Barbosa, da Carta Maior

Em seminário promovido pelo Instituto Millenium em SP, representantes dos principais veículos de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia. Eles acreditam que se Dilma for eleita o stalinismo será implantado no Brasil. "Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois", sentenciou Arnaldo Jabor. Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto illenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.

Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.

A explicação foi inicialmente dada pelo sociólogo Demétrio Magnoli, que passou os últimos anos combatendo, nos noticiários e páginas dos grandes veículos, políticas de ação afirmativa como as cotas para negros nas universidades. Segundo ele, no início de sua história, o PT abrangia em sua composição uma diversidade maior de correntes, incluindo a presença de lideranças social-democratas. Hoje, para Magnoli, o partido é um aparato controlado por sindicalistas e castristas, que têm respondido a suas bases pela retomada e restauração de um programa político reminiscente dos antigos partidos comunistas.

"Ao longo das quatro candidaturas de Lula, o PT realizou uma mudança muito importante em relação à economia. Mas ao mesmo tempo em que o governo adota um programa econômico ortodoxo e princípios da economia de mercado, o PT dá marcha ré em todos os assuntos que se referem à democracia. Como contraponto à adesão à economia de mercado, retoma as antigas idéias de partido dirigente e de democracia burguesa, cruciais num ideário anti-democrático, e consolida um aparato partidário muito forte que reduz brutalmente a diversidade política no PT. E este movimento é reforçado hoje pelo cenário de emergência do chavismo e pela aliança entre Venezuela e Cuba", acredita.

"O PT se tornou o maior partido do Brasil como fruto da democracia, mas é ambivalente em relação a esta democracia. Ele celebra a Venezuela de Chávez, aplaude o regime castrista em seus documentos oficiais e congressos, e solta uma nota oficial em apoio ao fechamento da RCTV", diz.

A RCTV é a emissora de TV venezuelana que não teve sua concessão em canal aberto renovada por descumprir as leis do país e articular o golpe de 2000 contra o presidente Hugo Chávez, cujo presidente foi convidado de honra do evento do Instituto Millenium. Hoje, a RCTV opera apenas no cabo e segue enfrentando o governo por se recusar a cumprir a legislação nacional. Por esta atitude, Marcel Granier é considerado pelos organizadores do Fórum um símbolo mundial da luta pela liberdade de expressão - um direito a que, acreditam, o PT também é contra.

"O PT é um partido contra a liberdade de expressão. Não há dúvidas em relação a isso. Mas no Brasil vivemos um debate democrático e o PT, por intermédio do cerceamento da liberdade de imprensa, propõe subverter a democracia pelos processos democráticos", declarou o filósofo Denis Rosenfield. "A idéia de controle social da mídia é oficial nos programas do PT. O partido poderia ter se tornado social-democrata, mas decidiu que seu caminho seria de restauração stalinista. E não por acaso o centro desta restauração stalinista é o ataque verbal à liberdade de imprensa e expressão", completou Magnoli.

O tal ataque

Para os pensadores da mídia de direita, o cerco à liberdade de expressão não é novidade no Brasil. E tal cerceamento não nasce da brutal concentração da propriedade dos meios de comunicação característica do Brasil, mas vem se manifestando há anos em iniciativas do governo Lula, em projetos com o da Ancinav, que pretendia criar uma agência de regulação do setor audiovisual, considerado "autoritário, burocratizante, concentracionista e estatizante" pelos palestrantes do Fórum, e do Conselho Federal de Jornalistas, que tinha como prerrogativa fiscalizar o exercício da profissão no país.

"Se o CFJ tivesse vingado, o governo deteria o controle absoluto de uma atividade cuja liberdade está garantida na Constituição Federal. O veneno antidemocrático era forte demais. Mas o governo não desiste. Tanto que em novembro, o Diretório Nacional do PT aprovou propostas para a Conferência Nacional de Comunicação defendendo mecanismos de controle público e sanções à imprensa", avalia o articulista do Estadão e conhecido membro da Opus Dei, Carlos Alberto Di Franco.

"Tínhamos um partido que passou 20 anos fazendo guerra de valores, sabotando tentativas, atrapalhadas ou não, de estabilização, e que chegou em 2002 com chances de vencer as eleições. E todos os setores acreditaram que eles não queriam fazer o socialismo. Eles nos ofereceram estabilidade e por isso aceitamos tudo", lamenta Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, que faz questão de assumir que Fernando Henrique Cardoso está à sua esquerda e para quem o DEM não defende os verdadeiros valores de direita. "A guerra da democracia do lado de cá esta sendo perdida", disse, num momento de desespero.

O deputado petista Antonio Palocci, convidado do evento, até tentou tranqüilizar os participantes, dizendo que não vê no horizonte nenhum risco à liberdade de expressão no Brasil e que o Presidente Lula respeita e defende a liberdade de imprensa. O ministro Hélio Costa, velho amigo e conhecido dos donos da mídia, também. "Durante os procedimentos que levaram à Conferência de Comunicação, o governo foi unânime ao dizer que em hipótese alguma aceitaria uma discussão sobre o controle social da mídia. Isso não será permitido discutir, do ponto de vista governamental, porque consideramos absolutamente intocável", garantiu.

Mas não adiantou. Nesta análise criteriosa sobre o Partido dos Trabalhadores, houve quem teorizasse até sobre os malefícios da militância partidária. Roberto Romano, convidado para falar em uma mesa sobre Estado Democrático de Direito, foi categórico ao atacar a prática política e apresentar elementos para a teoria da conspiração que ali se construía, defendendo a necessidade de surgimento de um partido de direita no país para quebrar o monopólio progressivo da esquerda.

"O partido de militantes é um partido de corrosão de caráter. Você não tem mais, por exemplo, juiz ou jornalista; tem um militante que responde ao seu dirigente partidário (...) Há uma cultura da militância por baixo, que faz com que essas pessoas militem nos órgãos públicos.. E a escolha do militante vai até a morte. (...) Você tem grupos políticos nas redações que se dão ao direito de fazer censura. Não é por acaso que o PT tem uma massa de pessoas que considera toda a imprensa burguesa como criminosa e mentirosa", explica.

O "risco Dilma"

Convictos da imposição pelo presente governo de uma visão de mundo hegemônica e de um único conjunto de valores, que estaria lentamente sedimentando-se no país pelas ações do Presidente Lula, os debatedores do Fórum Democracia e Liberdade de Expressão apresentaram aos cerca de 180 presentes e aos internautas que acompanharam o evento pela rede mundial de computadores os riscos de uma eventual eleição de Dilma Rousseff. A análise é simples: ao contrário de Lula, que possui uma "autonomia bonapartista" em relação ao PT, a sustentação de Dilma depende fundamentalmente do Partido dos Trabalhadores. E isso, por si só, já representa um perigo para a democracia e a liberdade de expressão no Brasil.

"O que está na cabeça de quem pode assumir em definitivo o poder no país é um patrimonialismo de Estado. Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito real de manter os bolcheviques e jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça de comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra. O perigo é que a cabeça deste novo patrimonialismo de estado acha que a sociedade não merece confiança. Se sentem realmente superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito de dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos", afirma o cineasta e comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabor.

"Minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo", alerta Jabor.

Para Denis Rosenfield, ao contrário de Lula, que ganhou as eleições fazendo um movimento para o centro do espectro político, Dilma e o PT radicalizaram o discurso por intermédio do debate de idéias em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos 3, lançado pelo governo no final do ano passado.

"Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão. Além do CFJ e da Ancinav, tem a Conferência Nacional de Comunicação, o PNDH-3 e a Conferência de Cultura. Então o projeto é claro. Só não vê coerência quem não quer", afirma. "Se muitas das intenções do PT não foram realizadas não foi por ausência de vontades, mas por ausência de condições, sobretudo porque a mídia é atuante", admite.

Hora de reagir

E foi essa atuação consistente que o Instituto Millenium cobrou da imprensa brasileira.

Sair da abstração literária e partir para o ataque.

"Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Seria ruim para os fumantes, mas mudaria muito em relação à liberdade de expressão. Mas a perspectiva é que a Dilma vença", alertou Demétrio Magnoli.

"Então o perigo maior que nos ronda é ficar abstratos enquanto os outros são objetivos e obstinados, furando nossa resistência. A classe, o grupo e as pessoas ligadas à imprensa têm que ter uma atitude ofensiva e não defensiva.

Temos que combater os indícios, que estão todos aí. O mundo hoje é de muita liberdade de expressão, inclusive tecnológica, e isso provoca revolta nos velhos esquerdistas. Por isso tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução. Senão isso se esvai. Nossa atitude tem que ser agressiva", disse Jabor, convocando os presentes para a guerra ideológica.

"Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem quer a solapar, começaremos a mudar uma certa cultura", prevê Reinaldo Azevedo.

Um último conselho foi dado aos veículos de imprensa: assumam publicamente a candidatura que vão apoiar. Espera-se que ao menos esta recomendação seja seguida, para que a posição da grande mídia não seja conhecida apenas por aqueles que puderam pagar R$ 500,00 pela oficina de campanha eleitoral dada nesta segunda-feira.

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terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uribe: novo coice fascista

Em Fevereiro de 2003, Collin Powell, apresentou, perante o Conselho de Segurança da ONU, provas «irrefutáveis» sobre as armas de destruição maciça de Saddam Hussein para acabar com este mundo e outro. Para nos salvar dessa «ameaça», Washington invadiu o Iraque com o apoio da grande maioria dos governos europeus. Hoje é do conhecimento geral que essas armas não existiam e também que o relatório de Powell foi copiado, em grande parte, de um trabalho acadêmico de um tal Al-Marashi, que o tinha publicado meses antes na revista Middle East Review of International Affairs. Não analisava a situação a situação de 2003, mas sim a de 1990.

Agora é a vez de o narcotraficante Uribe Velez(1) apresentar as suas provas «irrefutáveis» do apoio do governo venezuelano aos movimentos guerrilheiros da Colômbia, que nasceram antes de Hugo Chávez vir ao mundo! Um autêntico coice fascista deste indivíduo sórdido da oligarquia latino­-americana poucos dias antes de entregar a Casa de Narinho ao novo presidente. Uma provocação e uma forma de impedir a normalização das relações entre a Venezuela e a Colômbia? Tudo isso e também um passo mais na direção de justificar uma intervenção militar de Washington contra o governo de Caracas.

Um embaixador à altura da mensagem

Para veicular a sua «denúncia» no seio da OEA – que continua a representar miseravelmente o papel de Ministério das Colônias dos Estados Unidos – Uribe escolheu a figura do embaixador Luis Alfonso Hoyos. O narcopresidente não podia ter optado por «melhor» embaixador. Segundo notícia publicada num dos principais jornais da Colômbia – El Espectador(2) – Hoyos tem contas pendentes com a justiça colombiana desde os anos 90. Em 2001 o Tribunal Constitucional confirmou que estava legalmente impedido, por vida, de para desempenhar cargos de eleição popular. Razão? «Utilização indevida de dinheiros públicos». Hoyos, que era membro do congresso, passou a fazer fretes destes e foi certamente pela sua «qualidade moral» que Uribe Vélez o colocou ao seu serviço em 2002, dois dias após a sua tomada de posse como presidente. Mas, além de ladrão, Hoyos tem também galões de incompetente. O seu trabalho à frente de Ação Social, um dos organismos mais importante do governo incumbido de velar pelos deslocados pela violência política que martiriza a Colômbia há várias décadas, motivou a sentença T-025 de 2004, que o obriga a elaborar relatórios sobre os progressos na «proteção destes grupos vulneráveis». Os documentos de Hoyos não têm merecido a aprovação do Tribunal, que insiste no «sentido de que necessita provas de resultados mais contundentes».

Hoyos, além de intervir nos assuntos internos da Venezuela, acusou Caracas de permitir a presença de forças guerrilheiras em território venezuelano. E apresentou provas «irrefutáveis», apoiadas em fotografias, algumas delas grosseiramente manipuladas. A Hugo Chávez não ficou outro caminho que romper com o regime de Uribe Vélez, que assim deixa uma batata escaldante nas mãos do seu sucessor, Juan Manuel Santos, igualmente figura de proa da reação de Bogotá e também homem da Casa Branca, com vários crimes às costas.

Uma prova que não se agüenta no tempo

Uma das provas «irrefutáveis» apresentadas por Hoyos – para grande espanto da gente pensante, o governo uribista sabe exatamente onde estão as guerrilhas em território venezuelano, mas não é capaz de as localizar dentro do seu próprio país – é uma fotografia recente onde aparece o revolucionário dominicano Isa Conde. O visado já declarou que a imagem não é de agora, mas sim de 2006. Que foi tomada em zona colombiana e não na Venezuela.

Numa carta que não chegará aos grandes maios de comunicação, Isa Conde denuncia que é tudo «parte de uma manobra para propiciar a agressão militar dos Estados Unidos contra o processo libertador venezuelano, a desestabilização de Chávez e facilitar a conquista militar da Amazônia». Esses mesmos grandes jornais, estações de rádio e de televisão, e os que neles pontificam como novos oráculos, também não se perguntarão por que razão há na Venezuela, onde vive em paz, uma comunidade de mais de quatro milhões de colombianos emigrados, uns por razões de miséria, outros para fugir à violência do dia a dia colombiano.

Original em Avante!
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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pesquisa CNT/Sensus mostra intenções de voto para a Presidência da República

Nas modalidades espontânea e estimulada, Dilma aparece na frente de Serra, com Marina Silva em terceiro

Uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira mostra as intenções de votos nas próximas eleições para a Presidência da República. O levantamento do Instituto Sensus, encomendado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), mostra a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff, 10 pontos à frente do candidato tucano, José Serra.

Na pesquisa espontânea, Dilma apresentou 30,4% e Serra 20,2% das intenções de voto. A candidata do Partido Verde (PV)V, Marina Silva, aparece em terceiro com 5% das intenções de voto. Entre os dois mil entrevistados, 3,8% responderam que votarão em branco ou nulo e 27,9% disseram que ainda não sabem em quem votar ou não responderam.

Dilma também aparece na frente na pesquisa estimulada. A petista alcançou um percentual de 41,6% contra 31,6% do tucano. A candidata Marina Silva alcançou 8,5% das intenções de voto.

A última pesquisa CNT/Sensus, divulgada em maio deste ano, apresentou empate técnico entre os presidenciáveis Dilma Rousseff e José Serra, com uma leve vantagem da petista sobre o tucano. Dilma recebeu 35,7% das intenções de voto, enquanto o tucano ficou com 33,2%. Em maio, a candidata Marina Silva apareceu também em terceiro lugar, com 7,3% dos votos.

A pesquisa ouviu pessoas de 136 municípios, entre 31 de julho e 2 de agosto em 24 estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Zero Hora

domingo, 1 de agosto de 2010

Por que a mídia reacionária mente sobre o retorno de Fidel

“Fidel, Fidel, Qué tiene Fidel, que los imperialistas no pueden con él?” Com este refrão os cubanos se acostumaram a saudar os discursos do líder da Revolução, Fidel Castro, invariavelmente combativos, enérgicos e impregnados de conteúdo antiimperialista. Nos últimos dias, com o reaparecimento em público do dirigente comunista, parece ter se criado na Ilha um ambiente propício à repetição do famoso estribilho. Para azar dos imperialistas.

José Reinaldo Carvalho*

Depois de quatro anos recolhido, em convalescença de uma grave enfermidade, o líder comunista ocupou a cena política em alto estilo. Por diversas vezes nos últimos dez dias, sem protocolo, em trajes informais e em tom coloquial, o primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano concedeu longa entrevista num programa televisivo, visitou instituições científicas e manteve um encontro com diplomatas cubanos (assista ao vídeo em espanhol ).

Torrencial, enfático e agudo como sempre, Fidel magnetizou o público nacional e internacional com suas profundas análises sobre a conjuntura mundial, chamou a atenção para a crise econômica, os problemas ambientais e alertou para o perigo de guerra emanado das políticas do imperialismo norte-americano.

Internacionalista, manifestou solidariedade com os países ameaçados, especialmente a Coreia do Norte e o Irã. Foi o suficiente para que os imperialistas, reacionários e covardes de toda espécie levantassem uma nova cortina de fumaça com especulações e mentiras sobre as razões por que Fidel reapareceu em público. É como se o estribilho entoado nas ruas e praças cuba ao longo de mais de meio século de Revolução e construção do socialismo martelasse qual um espectro sonoro nas cabeças dos políticos, ideólogos e porta-vozes do imperialismo.

Foi com jogos de palavras, contorcionismos mentais, especulações, mentiras e cinismo que a mídia conservadora noticiou e interpretou a presença de Fidel e seus pronunciamentos. Aqui no Brasil até um ex-embaixador nos Estados Unidos, viúvo da diplomacia rastejante, foi mobilizado para dizer que sinalizam que nada vai mudar em Cuba ( leia a entrevista do ex-embaixador Roberto Abdenur no UOL ).

Tais reações denunciam a desilusão dos inimigos de Cuba, verdadeiros abutres, com o fato de a natureza ser caprichosa, para azar dos sicários e terroristas que inúmeras vezes tentaram assassinar o líder cubano.

Eis que descobrimos mais uma qualidade, dentre tantas outras de Fidel – o mérito de estar vivo, loquaz, lúcido e vertical e de, aos 83 anos – completará 84 em breves dias, em 13 de agosto – permanecer na batalha de ideias, defendendo a razão dos povos, denunciando os crimes do imperialismo e da reação, com a voz e a pena, arma dos sábios que empunharam, quando necessário, também as armas de fogo da guerrilha revolucionária e libertadora.

É isto que causa espécie e provoca a furibunda reação dos inimigos de Cuba. Ainda não refeitos do susto, os abutres e as aves de mau agouro anunciaram aos quatro ventos que o “reaparecimento” de Fidel, que coincidiu cronologicamente com o anúncio da libertação de prisioneiros, era um sinal da sua oposição a essa decisão do governo liderado por Raúl Castro, seu irmão e sucessor na chefia do Conselho de Estado. Mas nenhum repórter e articulista, embora engenhosos na mentira, foram capazes de apresentar uma palavra ou documento de Fidel, do Partido Comunista, força dirigente do país, nem de qualquer órgão de governo para corroborar sua versão, transmudada em fato por uma mídia especializada no goebbeliano método de transformar mentiras em verdades pela arte da repetição exaustiva.

Além da insatisfação com a decisão do governo cubano de liberar os prisioneiros, Fidel teria também manifestado seu inconformismo com o processo de transição em curso na Ilha, pelo qual a liderança cubana faz ingentes esforços para enfrentar os duros efeitos do criminoso bloqueio imposto ao país pelo imperialismo.

Sob a liderança do governo e do Partido Comunista, o povo cubano percorre seu caminho de reconstrução da economia, de defesa das suas conquistas revolucionárias, de preservação e aperfeiçoamento do sistema político do poder popular, pela continuidade do socialismo nas novas condições da presente época. As flexões estratégicas e táticas que a liderança cubana está levando a efeito são lógicas, compreensíveis, naturais e indispensáveis. Conduzirão ao fortalecimento e ao aperfeiçoamento do socialismo e, não se iludam os seus inimigos, tornarão o povo cubano mais forte para enfrentar as ameaças e tentativas de desestabilização e agressão. Desde que deixou a Presidência do Conselho de Estado e passou a dedicar-se a escrever e publicar suas reflexões, dentre as milhares que vieram à luz não se encontrará uma só palavra de Fidel contrária às políticas implementadas pelo governo cubano liderado por Raúl Castro.

Se Fidel, Raúl e os demais dirigentes cubanos debatem tais assuntos com gravidade e prudência, encarando-os e sopesando cada medida a adotar, cada passo a avançar ou recuar, com critérios e enfoques diversificados, é uma interrogação que somente as inteligências menores e as vontades mesquinhas podem apresentar.

Obviamente, o móvel dos inimigos da Revolução cubana é pescar em águas turvas e descortinar um cenário de divisão e crise interna. As mudanças que propõem para Cuba nada têm a ver com as que ocupam o tempo e exigem o empenho da liderança do país. Para os amigos de Cuba a presença lúcida de Fidel na cena política cubana e internacional é motivo de regozijo.

Fidel é parte inseparável da história de Cuba e da humanidade, uma figura gigantesca dos séculos 20 e 21, indômito no enfrentamento dos inimigos dos povos, líder político incomparável, estadista de raro talento e um ser humano admirável de quem as gerações atuais de lutadores pela libertação nacional e a emancipação social têm muito que aprender.

Que seja bem-vindo, discurse, escreva, polemize, oriente os revolucionários e fustigue os inimigos. Estes nada poderão.

*Secretário Nacional de Comunicação do PCdoB e editor do Vermelho

Publicado em Pátria Latina
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