A cidade de São Paulo completou no mês de janeiro 456 anos de sua fundação. Ela que acolhe diariamente pessoas do Brasil e do mundo e se tornou a cidade mais populosa do Hemisfério Sul. Atualmente ostenta o décimo lugar como a cidade mais rica do mundo. Porém, nos últimos 40 anos, a cidade cresceu desenfreada e quase dobrou a sua população - em 1970 eram 5.925.000 habitantes, hoje são mais de 11 milhões. O poder público colaborou com esse crescimento desordenado ditado pela especulação imobiliária, pela industria automobilística e pelos interesses das elites. Na capital paulista existem distritos com padrões europeus, como Higienópolis, Aclimação, Jardins e, também, bairros parecidos com o Haiti devastado. Há um grande déficit social nas áreas de habitação, saúde, educação, transporte público, creches entre tantos outros.
No inicio dos anos 90, a desindustrialização ganhou força em São Paulo aumentando o número de desempregados e crescendo o emprego informal. O sopro Neoliberal freiou o desenvolvimento da cidade e seus problemas se agravaram. Nossos gestores, seguido a cartilha neoliberal, enfraqueceram o poder público no seu papel de superar os entraves e buscar diminuir as desigualdades. As poucas empresas públicas que restaram foram sucateadas e perderam seu papel indutivo e fiscalizador. As privatizações e as terceirizações dominaram as áreas essenciais da gestão pública com a visão privada. Os problemas estruturais da cidade não são enfrentados com devido empenho político, daí o trânsito caótico, as enchentes e os desabamentos serem fatores que levam pessoas a perderem vidas nessa metrópole.
Hoje, a cidade é dirigida, assim como o Estado de São Paulo, por um consórcio político (PSDB e DEM) que ao contrário do governo federal não aposta no desenvolvimento econômico. A arrecadação da cidade, fruto do crescimento econômico do País e da ampliação de receitas saiu de R$ 11,6 bilhões em 2003 para mais de 27 bilhões aprovados para 2010, um crescimento de mais de 133%. Porém, isso não representou maior investimento na infraestrutura e nas questões sociais para diminuir os problemas e as desigualdades. As gestões Serra/Kassab não cumprem suas promessas de campanha e ao contrário de uma imagem de bons administradores “tucanos” e “democratas” deixam a cidade e a população submersa no mais absoluto caos todos os dias.
Uma cidade submersa no caos
Sem um plano eficiente de moradia e de urbanização o PSDB, que governa o Estado há mais de 16 anos, jogou a população para as margens dos rios e dos mananciais. Hoje, tanto a capital como as cidades vizinhas da região metropolitana da Grande São Paulo, convivem com o drama dos deslizamentos e das inundações.
No caso das enchentes, a prefeitura investiu somente 63% dos recursos orçados em 2009 nos serviços de manutenção e conservação do sistema de drenagem. Já os desabamentos são consequências da falta de uma política de urbanização e de construção de novas unidades habitacionais priorizado milhares de famílias que vivem nas centenas de áreas de riscos geológicos da cidade e em áreas de várzea como o Jd. Pantanal e Jd. Romano, bairros que desde 08 de dezembro de 2009 estão submersos.
No transporte, a população convive com um serviço de péssima qualidade. São poucos ônibus, um dos menores metros do mundo, e em contra partida tem uma frota de carros particulares que ultrapassa 5 milhões de veículos causando quilômetros de congestionamentos todos os dias. Além de não abastecer a população com transporte de qualidade, as gestões Serra/Kassab aumentaram os valores de ônibus e metro afetando o bolso dos paulistanos. As administrações de Serra e de Kassab não aplicaram os recursos orçados para a construção de corredores, terminais de ônibus e outras melhorias a favor do transporte coletivo.
Uma outra São Paulo é possível
Com tudo isso, se faz necessário um novo projeto de desenvolvimento para a cidade e para o estado de São Paulo. É preciso rever as políticas de urbanização, transporte, saúde, moradia, tributária, educação e emprego. É preciso dar mais qualidade de vida para a sua população e impulsionar novamente essa locomotiva chamada São Paulo.
A população paulistana demonstra insatisfação e indignação com os acontecimentos na semana de seu aniversário e cobra de forma legítima do governo municipal mais compromisso com a cidade. É preciso combater os problemas estruturais que junto com as profundas desigualdades tem sido a marca da atual gestão.
O PCdoB continuará sua trajetória de 87 anos de luta pelos direitos dos trabalhadores, e do povo paulistano, e não medirá esforços na denuncia e na busca de soluções para que, em um futuro breve, a população de São Paulo possa comemorar o aniversário da Cidade com respeito, dignidade e menos desigualdade. Uma cidade mais humana com desenvolvimento econômico e social que garanta trabalho, justiça, moradia, saúde, educação, esporte e lazer para todos.
São Paulo, 26 de Janeiro de 2010.
Comissão Política do Comitê Municipal Paulistano.
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