Além do Cidadão Kane

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Avante! faz 78 anos no domingo



Chegar cada vez mais longe


Desde que viu a luz do dia pela primeira vez, no já longínquo ano de 1931, o Avante! percorreu um longo e exaltante caminho, carregado de perigos e dificuldades mas também de momentos ímpares de heroísmo e de uma dedicação sem limites à luta da classe operária e de todos os trabalhadores e ao seu Partido, o PCP. Resistindo à repressão e à perseguição nos tempos da ditadura fascista; mobilizando para a conquista da liberdade e para a construção de um País efectivamente democrático, a caminho do socialismo, nos anos de 1974 e 1975; e apelando, desde então, à luta contra a política de direita prosseguida e intensificada por sucessivos governos do PS e do PSD, com ou sem o CDS-PP, o Avante! continua hoje a ser um instrumento fundamental para a acção diária do Partido e para a sua ligação às massas.
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O jornal que todas as quintas-feiras chega às mãos de milhares de militantes comunistas e trabalhadores sem partido tem uma história única, em Portugal e no mundo. Não só pelo seu percurso clandestino, iniciado a 15 de Fevereiro de 1931, ou pela sua acção ímpar nos anos quentes da Revolução de, mas também pelo seu presente.
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Ao contrário de muitos outros jornais com origens semelhantes por essa Europa fora, o Avante! continua a ser o órgão central do seu partido, o PCP. E é, também por isso, cada vez mais lido, acompanhando a crescente influência do Partido e contribuindo para ela. As suas características únicas, as melhorias que tem vindo a incluir, ao nível gráfico ou no tratamento dos temas, e a dedicação dos seus divulgadores, os militantes do Partido, contribuem para este crescimento. Há os que o levam para o seu local de trabalho, passando-o aos colegas, mais ou menos abertamente; outros trazem-no para as ruas das cidades, vilas e aldeias do País; e há os que o distribuem porta a porta aos compradores previamente angariados. Tudo isto faz com que todas as semanas o Avante! chegue a milhares de mãos, cumprindo o seu papel: informando e esclarecendo, mobilizando e mostrando o «outro lado» da notícia, revelando o que todos os outros órgãos de comunicação (propriedade dos grandes grupos económicos) escondem.
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Jornal comprometido, pelas suas páginas não passa apenas a actividade e posições do PCP, embora tenham aí um papel destacado, contribuindo para romper o manto de silêncio e deturpação a que os restantes media o votam: por elas é também possível conhecer os problemas e aspirações dos trabalhadores e de outras camadas da população severamente atingidas pela política de direita, bem como as lutas que diariamente travam; e acompanhar a tenaz resistência dos povos contra o imperialismo e os seus avanços libertadores.
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Instrumento de reforço
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Mais do que apenas um jornal, o Avante! é também um instrumento para o reforço da organização e intervenção do Partido. Na Resolução Política aprovada no XVIII Congresso do Partido, realizado no final do ano passado no Campo Pequeno, em Lisboa, salienta-se que a imprensa partidária permite o «contacto regular entre o Partido e os seus militantes (potenciador de outros contactos partidários)» e garante uma «melhor preparação dos militantes para a sua intervenção quotidiana em defesa das posições e análises do Partido».
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O Congresso destacou ainda o «papel fundamental» desempenhado pela imprensa partidária para alargar a influência do Partido «junto dos trabalhadores e das populações». O alargamento da sua divulgação, «a sua leitura e estudo pelos militantes comunistas e a sua difusão e venda junto das massas trabalhadoras são factores decisivos para o aumento da capacidade interventiva do Partido e da sua influência social, política e eleitoral».
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Para isto, foram traçadas como orientações a «adopção de medidas orgânicas de responsabilização e venda por parte das organizações» e a continuação e aprofundamento das vendas especiais do Avante! sobre «assuntos de particular importância e relevo». Prosseguir um percurso heróico
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O primeiro Avante! viu a luz do dia a 15 de Fevereiro de 1931, dirigindo-se «Ao proletariado de Portugal», chamando «os que sofrem a incorporarem-se nas fileiras revolucionárias». Nessa altura, já o Partido de que passou a ser o órgão central, o PCP, vivia na clandestinidade imposta pela ditadura fascista instituída no seguimento do golpe militar de 28 de Maio de 1926. O nascimento do Avante! resultou da reorganização do Partido iniciada dois anos antes sob a direcção de Bento Gonçalves, e que introduziu significativas alterações no funcionamento do PCP. Mas os primeiros anos do jornal foram irregulares, em virtude da repressão fascista. Embora nos anos de 1937 e 1938 tenha chegado a sair semanalmente, o jornal acabaria por ver a sua publicação interrompida, à medida que as tipografias e a própria direcção do Partido caíam nas garras da polícia. A partir de Agosto de 1941, em virtude de uma nova reorganização, levada a cabo por quadros jovens, entre os quais se destacava Álvaro Cunhal, o Avante! volta a sair, para não mais parar, até aos dias de hoje, sendo, em todo o mundo, o jornal que mais anos resistiu na clandestinidade. Ao longo dessa década, o Partido reforça-se e o Avante! contribui para esse reforço ao fazer chegar às massas as ideias dos comunistas. A luta de massas, que não parava de crescer nesses anos, ocupa um lugar central no jornal que consciencializava e mobilizava para ela muitos milhares de operários e trabalhadores.
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E foi assim ao longo da longa luta clandestina do povo português. Pequenas e grandes lutas tinham lugar de destaque nas páginas daquele pequeno jornal, concebido, impresso e distribuído no interior do País, fintando a apertada vigilância policial e estabelecendo os indispensáveis laços do Partido com a classe operária e com o povo português. Só através do Avante! foi possível a milhares de portugueses conhecer os crimes no nazi-fascismo na II Guerra e o papel decisivo da União Soviética para a sua derrota; a ameaça para a paz que constituía o imperialismo norte-americano; e a verdadeira natureza da guerra colonial em Angola, Moçambique e Guiné.
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Na edição de Abril de 1974, como que anunciando a acção militar do dia 25 desse mês, o Avante! destacava em primeira página a necessidade de «aliar à luta antifascista os patriotas das forças armadas». Pouco mais de um mês depois, a 17 de Maio de 1974, o Avante! sai, pela primeira vez na legalidade. Milhares de pessoas disputam-no nas ruas, nas fábricas e no campo – são vendidos 500 mil exemplares.
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Daí para cá, o Avante! passou por muitas duras provas, lado a lado com o seu Partido. E por cá continua, firme, a ser a voz do PCP, fiel às suas heróicas tradições, que continua nas condições actuais. Com a memória nos seus abnegados construtores clandestinos, de que José Moreira, Maria Machado, Joaquim Rafael e José Dias Coelho são apenas os mais destacados exemplos.
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Homenagem do "Blog do Velho Comunista" aos Camaradas portugueses

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