Além do Cidadão Kane

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Exmº. Sr. Raúl Castro Ruiz

Saudações.

No momento em que a Organização dos Estados Americanos – OEA -, organismo internacional cuja desmoralização é notória por estar permanentemente em concordância com as opiniões e vontades do império, “permite” o retorno da República de Cuba ao seu seio, algumas perguntas se fazem importantes. A primeira delas diz respeito ao que Cuba ganhará com o reingresso. A resposta é, obviamente, NADA uma vez que as decisões finais são e continuarão sendo tomadas pela maioria dos países, países esses lacaios dos norte americanos. Teriam grande vantagem os países latino-americanos que, embora não concordem com a prepotência imperial, não tem voz suficientemente forte para serem ouvidos porque teriam a poderosa voz da digna Cuba a defendê-los.

Outra questão importante diz respeito às condições impostas: “..., (Havana) terá que se ajustar aos valores democráticos e de direitos humanos que regem o organismo, entre outros instrumentos.”.

Sem dúvida essa “cláusula” é extremamente difícil de ser cumprida uma vez que requer mudanças significativas em Cuba. A primeira deverá ser no sistema político onde será necessário estabelecer a compra e venda de votos; a manipulação dos resultados eleitorais – como foi feita na eleição de George Bush; o desvio do dinheiro público; o financiamento de empresas multinacionais em detrimento das ações sociais; a manipulação da opinião pública através de meios de comunicação ligados ao poder econômico e capazes de divulgar qualquer notícia, desde que seja a favor dos poderosos; criar um sistema de votação onde seja possível que o candidato com maior número de votos perca para um com menor votação – como pode ocorrer nos Estados Unidos; voltar a governar sem ouvir a opinião do povo – como no tempo de Batista – e, principalmente, dizer a todo o momento que “nós vivemos numa democracia”.

Para que seja possível promover esse avanço político é necessário criar um sistema de saúde onde a iniciativa privada ofereça, aos que podem pagar por ela, uma saúde de primeiro mundo e deixe aos cuidados do Estado a saúde pública que deverá ser a pior possível para que sirvam, os favores, como moeda de troca pelo voto quando das eleições “democráticas”. Com essa simples medida o sistema “democrático” se perpetua pois o politiqueiro faz favores aos eleitores conseguindo consultas, exames e medicamentos e é eleito em agradecimento na eleição seguinte. Claro que, tendo obtido os votos devido às deficiências do sistema de saúde pública, jamais resolverá essas deficiências.

Outra mudança que terá que ser feita para ser possível o “ajuste aos valores democráticos” é na educação que deverá ser a pior possível para que só aqueles com alto poder econômico possam fazer com que seus filhos cheguem às Faculdades que, naturalmente, deverão ser particulares. Isso fará com que, em poucos anos, ninguém mais reclame das “maravilhas” da democracia burguesa.

Também no item “Direitos Humanos”, creio que Cuba terá sérias dificuldades para se adaptar. Em primeiro lugar é necessária a formação de um poderoso exército para invadir e ocupar países, prender, torturar, julgar(?) e enforcar seus cidadãos com o objetivo de roubar os seus recursos naturais.
É fundamental criar campos de concentração onde, os detidos, ali fiquem sem culpa formada e submetidos a toda sorte de torturas e humilhações.
É indispensável distribuir armamentos – não podem ser esquecidas as bombas de fósforo branco – para que outros países, alinhados aos mesmos critérios de "Direitos Humanos", destruam, ocupem outros países e também torturem e matem civis – mulheres e crianças, preferencialmente - para obter “desenvolvimento econômico”.
É necessário estabelecer valores para a vida humana. Por exemplo, em caso de furacões, primeiro há que proteger as propriedades, depois as pessoas; quando da reconstrução de áreas atingidas, primeiro há que ajudar aos ricos e depois – ou nunca – aos pobres (veja o exemplo de New Orleans).

Os “outros instrumentos” devem referir-se à chantagem internacional, à derrubada de governos democraticamente eleitos, à pressão econômica sobre outras nações, a criação de fatos para justificar guerras imperialistas – uma boa prática é implodir edifícios -.

Diante do exposto, percebe-se que será preciso destruir os valores humanos, acabar com as conquistas sociais, esquecer o esforço, a dedicação e os sonhos daqueles que fizeram de suas vidas o instrumento para dar aos cubanos e a um grande número de cidadão do mundo, saúde, educação e dignidadee abandonar a solidariedade – bandeira da Revolução – para ganhar NADA.

..........................................................................................O Velho Comunista

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