Além do Cidadão Kane

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O desmantelamento da URSS: a maior depredação que o mundo já conheceu!

Traduzido por J.A. Pina / Rosalvo Maciel

.

A partir das mudanças de regime, o FMI e o Banco Mundial ditam suas leis aos governos, estes em sua maioria não têm experiência em economia de mercado, e estão, uns apressados por entrar na União Européia (Polônia, Hungria, República Checa…), e outros, impacientes para alcançar os Estados Unidos (Rússia, Ucrânia). Os banqueiros e os Estados Capitalistas perseguem dois objetivos: Subordinar os países do Leste ao Ocidente e, debilitar a Rússia, cujo potencial industrial e científico, ainda que degradado, segue sendo uma ameaça econômica.


.

O caso da República Democrática da Alemanha é especial, já que desaparece como Estado independente e é submetida ao regime da República Federal da Alemanha. A “transição”, a restauração do capitalismo, começa pela chamada “terapia de choque”: liberalização dos preços, privatizações, suspensão das subvenções públicas e desmantelamento dos sistemas de proteção social. De um dia para outro, as empresas do Estado, cujas transações, do principio ao fim, passavam anteriormente pelos ministérios, se vêm agora abandonadas à intempérie, privadas de fundos públicos de aplicação, com a impossibilidade de exportar para seus clientes tradicionais: a URSS e os países do CAME (o “mercado comum” dos Estados socialistas) e rapidamente são submetidas a uma concorrência sem piedade. É a destruição da indústria (em particular a siderurgia, a metalurgia, a química e as minas). Por todas as partes, se assiste a uma explosão do desemprego; fenômeno tanto mais duro porque não existia, ou existia muito pouco, sob o regime anterior e, alem disso, sem que nenhum sistema de indenização fosse criado no inicio dos anos 1990. A taxa de desemprego era na Rússia, às vésperas da implosão da URSS, de 0,1 % da população ativa, e vai subir para 0,8 % em 1992, e até 7,5% em 1994, quatro vezes miss rápida do que na Bielorrussia (0,5% em 1992 e 2,1% em 1994), que adotou um método miss gradual de transição sem desmantelar suas estruturas econômicas e sobre tudo o sistema de proteção social. Para o conjunto dos países da Europa Central e Oriental (PECO), a taxa media de desemprego passa de 2,6% em 1990 para 11,7% em 2000.

.

As diretivas do FMI são draconianas: na Rússia, o déficit orçamentário deve passar de 20% em 1991 para 1% em 1992. As primeiras vitimas vão ser os pensionistas, os funcionários, cujos salários não serão pagos regularmente durante vários anos, e os serviços públicos. Na Rússia, durante os primeiros anos, o produto interno bruto (PIB) quase se dividirá por dois.

.

Sejam organizadas e beneficiem aos capitalistas estrangeiros, como no Leste, ou tenham um caráter “selvagem” como na Rússia, as privatizações estão no centro da “terapia de choque”. Estas deram lugar a enormes liquidações das capacidades industriais “rentáveis” e a uma especulação financeira desenfreada, que desembocará na quebra da Bolsa de Moscou em 1998. Contrariamente ao que se tem dito, não são os “diretores vermelhos” concentrados no complexo militar-industrial que foram os mais beneficiados em tudo isso, mas uma casta de apparatchiks(¹), provenientes, entre outros, na ex URSS, do Konsomol (as Juventudes Comunistas). O Russian Privatization Center recebeu milhões de dólares do Banco Mundial, delo Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento e de diversos governos. Uma casta de oligarcas de uma riqueza obscena, onde se mesclam antigos donos da economia à sombra da época soviética e novos capitalistas, sai à luz.

.

Esta oligarquia tenta, não sem êxito, intervir na política russa até a chegada de Putin, que se lança à tarefa de reduzir suas pretensões e de restituir ao país, através de montagens financeiras muitas vezes obscuras, seus recursos naturais e minerais, e alguns setores estratégicos (aeronáutica, espacial, armamento…).

.

O sistema de proteção social e, nas “cidades fábricas” da URSS: o ensino, a saúde e o abastecimento, se organizavam por meio das empresas, e freqüentemente, através dos sindicatos. O afundamento das economias acarreta o afundamento da proteção social.

.

Um estudo comparativo entre os países post-comunistas feito pela revista “Lancet” (2009) atribui o aumento de mais de 18% na mortalidade na Rússia às privatizações massivas e ao desemprego resultante. A vida tem sido liquidada também…

.

(¹) Burocratas

.

Original em L'Humanité

Topo

Nenhum comentário:

Copyleft - Nenhum Direito Reservado - O conhecimento humano pertence à Humanidade.