Além do Cidadão Kane

quarta-feira, 17 de março de 2010

Serra vai ficando para trás, apontam novas pesquisas

Perplexo, o presidente do PSDB admite que Dilma “cresceu mais do que devia”

As últimas pesquisas sobre as eleições presidenciais de 2010 estão mostrando uma situação periclitante para o candidato tucano José Serra. Ele não para de cair enquanto a ministra Dilma Roussef só faz aumentar a sua popularidade entre os eleitores. Segundo algumas fontes, no último levantamento do Ibope, Dilma já teria atingido a dianteira e, em outra pesquisa encomendada pelo PT e levada ao Planalto na última sexta-feira, a ministra já estaria com 3 pontos percentuais à frente de José Serra.

Nem mesmo o Ibope, o mais serrista dos institutos, conseguiu esconder a desastrosa performance do candidato tucano. Os resultados de sua última pesquisa, encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), realizada entre 5 e 10 de março com 2.002 pessoas em 142 municípios e que devem ser divulgadas nesta quarta-feira, estariam transformando a apreensão nas hostes tucanas em verdadeiro pânico. A pesquisa Ibope/CNI que mostra Serra caindo foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 5429/2010.

Há diversas fontes e informações diferentes sobre o resultado deste levantamento. Para uns o Ibope vai mostrar que a diferença entre Serra e Dilma praticamente evaporou, caindo de 21% em dezembro para apenas 5%. Naquele mês, Dilma tinha 17% e Serra, 38%. Em fevereiro a diferença já tinha caído para 11 pontos e agora praticamente sumiu. Outros noticiários, por sua vez, ao comentarem o resultado do Ibope/CNI, confirmam o desabamento de Serra, mas, além disso, acrescentam que o instituto já vai mostrar a ministra na frente de Serra.

Em janeiro e fevereiro, outras pesquisas de institutos diferentes também captaram o rápido crescimento das intenções de voto na candidata petista. Os levantamentos do Datafolha, Sensus e Vox Populi mostraram quedas impressionantes na diferença entre os dois candidatos. Segundo todas os levantamentos, Serra tem queda constante e Dilma sobe sem parar. Os institutos já revelavam situações de empate técnico. Seja qual for o resultado do Ibope, com Dilma quase passando ou já na frente, o fato é que o instituto não terá conseguido - como gostaria seu presidente – esconder a forte ascensão da ministra.

O desânimo dos tucanos com o desempenho de seu candidato e o resultado das pesquisas vêm contaminando toda a oposição. Isso ficou patente nas declarações de insatisfação feitas por parlamentares do Dem e do próprio PSDB. O presidente nacional do PSDB, senador Sergio Guerra (PE), em entrevista ao programa “É Notícia”, apresentado pelo jornalista Kennedy Alencar, na Rede TV, no último domingo foi melancólico. Ao falar sobre a indecisão de Serra em assumir a candidatura, Guerra deixou escapar que dois fatos muito negativos prejudicaram a já tensa situação do governador. “Nesse período aconteceram fatos que não estavam previstos. A ministra [Dilma Roussef] cresceu mais do que devia. Cresceu além de nossas expectativas”, reclamou. “Além disso”, prosseguiu o presidente do PSDB, “as chuvas tiveram um papel importante aqui em São Paulo para o governador de uma forma muito especial e para o prefeito mais ainda”.

O serrista Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, que tinha alardeado que a ministra Dilma não passaria dos 20%, foi obrigado a reconhecer em entrevista que queimou a língua. Admitiu que haverá uma “disputa plebiscitária”. Ao jornalista Ricardo Kotscho ele jurou que ainda acredita que o governador Aécio Neves será o vice de Serra. Na seqüência acabou revelando que a situação de Serra está uma draga e que o tucano precisa de um bom vice para salvar sua candidatura. “Vice bom, normalmente, é aquele que não tira voto. No caso do Serra, porém, poderá ser fundamental na campanha, mas só se for o Aécio, pela importância dele”, disse.

 professor de ciência política da Universidade de Brasília (UnB), João Paulo Peixoto, também fez uma análise das dificuldades de Serra. “Ele está parado e ela [Dilma] está andando. Se comparar a exposição dela na mídia e a dele até agora, ela tem se beneficiado ao máximo da presença do presidente Lula junto a ela”, avaliou. Para outros analistas, o PSDB está com motor de fusca, enquanto Dilma Rousseff anda a mil, ao participar em quase todas as inaugurações do governo. Agora mesmo ela intensificou sua agenda no Sul e Sudeste e visitou o Nordeste, região onde é forte seu potencial de crescimento.

Nas próximas duas semanas, a ministra vai cumprir um intenso roteiro de visitas aos Estados na companhia do presidente. A agenda de ambos inclui uma visita à favela de Paraisópolis - a segunda maior de São Paulo -, no próximo dia 25, para uma cerimônia de licenciamento de rádios comunitárias e inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De São Paulo, Dilma seguirá para o sul da Bahia, onde participa da inauguração de um gasoduto em Itabuna (BA).

Já o tucano, além da dificuldade em achar que queira ser seu vice, está esbarrando em muitos contratempos. Um deles é a Linha 4 do Metrô: a previsão era inaugurar quatro estações, mas só duas devem ficar prontas. Para o presidente da Comissão de Obras da Assembleia Legislativa, deputado Simão Pedro (PT), a pressa causa prejuízo para o estado. A Linha 4 é a mesma que foi palco da tragédia de 2007, com o desabamento das obras da estação de Pinheiros e a morte de sete pessoas.

SÉRGIO CRUZ

Original em Hora do Povo
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