Além do Cidadão Kane

domingo, 10 de outubro de 2010

Reino Unido provoca Argentina com treino militar nas Malvinas


Um novo conflito diplomático provocado pelo Reino Unido contra a Argentina, relacionado às Ilhas Malvinas, renovou o clima de tensão entre os dois países na noite de sábado (9), quando o governo de Cristina Kirchner repudiou o comunicado de que a Marinha britânica se prepara para iniciar nesta segunda-feira (11) exercícios militares a partir da localidade de Port Harriet.
Os exercícios envolvem o lançamento de mísseis Rapier terra-ar que podem alcançar alvos posicionados entre 400 metros a seis quilômetros.

O comunicado do governo britânico foi enviado ao Serviço Hidrográfico Naval da Marinha Argentina, conforme normas internacionais sobre a realização de exercícios que envolvam a utilização de armas. As manobras militares britânicas nas Ilhas Malvinas prosseguem até o dia 22.

No começo da noite de sábado (9), durante coletiva à imprensa, o vice-chanceler argentino Alberto D'alotto informou que o governo exigiu do Reino Unido o cancelamento imediato dos exercícios militares nas Malvinas, considerados “uma nova provocação que marca a persistente falta de respeito do Reino Unido às decisões da comunidade internacional”.

D'alloto disse que a realização dos exercícios será formalmente levada ao conhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul).

O vice-chanceler argentino também informou que uma carta de protesto foi entregue à embaixadora do Reino Unido, Shan Morgan, que algou estar "surpresa" com a indignação da Casa Rosada. “Estamos assombrados porque estes exercícios são de rotina e se realizam a cada seis meses, há 28 anos”, alegou a integrante da chancelaria britânica.

O governo do Reino Unido não comentou o novo clima de tensão com a Argentina. O último conflito entre os dois governos aconteceu em fevereiro deste ano, quando a empresa britânica Desire Petroleum iniciou a perfuração de um campo de provas para a extração de petróleo nas Malvinas, ilhas tomadas da Argentina no século 19 por piratas a serviço da corôa britânica. A empresa interrompeu os trabalhos dias depois, alegando que o petróleo da área era de "má qualidade".

Na época, o governo argentino disse que a perfuração do campo de provas violava sua soberania sobre as ilhas e impôs restrições à navegação em torno das Malvinas, tomadas pelos britânicos em 1833.

Em dia 2 de abril de 1982, a ditadura militar Argentina tentou retomar as ilhas mas acabou sendo derrotada no dia 4 de junho. O episódio ficou conhecido como a Guerra das Malvinas. Desde então, Argentina e Reino Unido não chegaram a um acordo sobre a soberania das ilhas.

O Comitê de Descolonização da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou por unanimidade, em junho deste ano, uma resolução convocando os governos do Reino Unido e da Argentina a recomeçar as negociações em busca de uma solução pacífica sobre a posse e a soberania das Ilhas Malvinas.

Esta foi a segunda manifestação da ONU sobre a disputa. A primeira ocorreu em 1965, quando a organização aprovou a resolução 2.065, considerando a pendência um assunto colonial. O Reino Unido nega discutir a questão com o governo argentino.

Original em Vermelho
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