Além do Cidadão Kane

sábado, 31 de julho de 2010

DilmaBoy, o desenho

Criado por Paulo Reis

Venezuela e Colômbia: Conflito versus Integração

Beto Almeida*

Terminou sem solução a reunião da Unasul, com a participação de chanceleres, destinada a debater o conflito instalado entre Venezuela e Colômbia. Uma proposta apresentada pelo Brasil com um conjunto medidas para a normalização das relações biletqarais foi rejeitada pela Colômbia no último instante. Em razão disto, decidiu-se pela convocação de nova reunião com a presença dos presidentes. A dificuldade para um consenso talvez esteja de fato expressando o antagonismo de projetos e de expectativas entre os países citados sobre qual destino histórico almejam para a América do Sul, especialmente sobre os passos já dados para a integração do continente, sendo a própria constituição da Unasul uma prova de que algo caminha, aos trancos e barrancos, apesar dos esforços do neocolonialismo para sabotar a idéia da cooperação sul-americana.

Notoriamente, localizam-se na Colômbia os maiores obstáculos para o desenvolvimento das políticas de integração. Ainda que muitas das iniciativas energéticas, econômicas de cooperação incluam a pátria de Gabriel Garcia Marquez no projeto, apesar da canina obediência de seu governo à ideologia que preservaria, na América do Sul, os “interesses vitais” dos Estados Unidos. Em outras palavras, um confronto de vida e morte está instalado no coração na Colômbia, produzindo uma situação socialmente catastrófica para a maioria de sua população e sendo parte dos fatores que ajudariam a explicar as acusações grosseiras feita pelo governo Uribe à Venezuela. Maior presença militar estadunidense na Colômbia só podera agravar tal situação e ameçar, concretamente, o curso da integração continental, que pressupõe soberania e autonomia em relação aos EUA.

Vale lembrar, primeiramente, que Álvaro Uribe, que deixa o cargo em 7 de agosto próximo, tentou durante seus dois mandatos manter uma estratégica política de conflito permanente e regulado com a Venezuela e também com o Equador. Mas, por que somente a apenas 15 dias do fim de seu mandato lançaria um ataque midiático de tal porte contra o governo Chávez? Já encontramos aí um sinal de sua própria debilidade, já que contra o Equador, em março de 2008, suas forças militares primeiro atacaram e só depois apresentaram o que chamaram "provas" de uso de território equatoriano por guerrilheiros das Farc, até hoje sem uma comprovação cabal que as retire da sombra da manipulação e da falsificação. Já as “provas” apresentadas recentemente contra a Venezuela em tudo e po r tudo guardam semelhança com as chamadas “armas de destruição em massa de Sadam Husseim”, esgrimidas com estardalhaço midiático mundialmente para justificar a sangrenta invasão e as encomendas da indústria bélica, até hoje banhadas em lucro estupendo.

Outro sinal das dificuldades do uribismo para cumprir sua função de ser tocador dos tambores de guerra sul-americana, impedindo qualquer projeto de integração ou até mesmo uma simples nornalização de relações políticas, que também podem levar a planos de cooperação já que a Colômbia também foi afetada pela crise mundial do capitalismo, é a derrota do presidente em duas ações centrais: primeiro, não conseguiu apoio para um terceiro mandato; segundo, também não conseguiu que a Suprema Corte anistiasse seus correligionários mais próximos, inclusive alguns familiares, das robustas acusações de vínculo com o paramilitarismo colombiano e, também, como desdobramento, com o narcotráfico que ,retóricamente, anuncia combater.

Discensões no uribismo?

Embora Santos, o presidente eleito, tenha sido seu minitro da defesa, suas primeiras declarações após a vitória eleitoral, cuja abstenção atingiu quase 60 por cento do eleitorado , chamaram a atenção por indicar interesse em normalizar as relações com os governos chamados bolivarianos, ou seja, com a Venezuela e o Equador. Além deste sinal, há poucos dias houve a troca de toda cúpula militar colombiana, e já após o ataque circense-midiático feito pelo embaixador colombiano na OEA contra a pátria de Bolívar. Sem contar, que já foram nomeados pelo menos três ministros que são claros desafetos de Uribe, entre eles o novo chanceler.

Tais fatos não devem ser menosprezados e podem estar revelando as dificuldades do uribismo para tentar manter intacta a mesma linha política no governo que se inicia. Se por um lado a oligarquia, especialmente a cafeeira, pode contentar-se com a posição subalterna ante os planos estadunidenses de transformar a Colômbia simplesmente num novo Israel, por outro, para a burguesia industrial colombiana, a Venezuela é um excelente mercado para seus produtos, sobretudo automóveis, têxteis, calçados, laticíneos. Portanto, não dispondo de espaços no mercado dos EUA e outros, sabe que a normalização das relações com a Venezuela lhe assegura acesso a um mercado consumidor em fortalecimento, já que o salário mínimo venezuelano é hoje o mais elevado de toda a América Latina.

São contradições desta natureza que fazem com que esteja em construção um gasotudo ligando Colômbia e Venezuela, ou seja, um plano concreto de integração energética e econômica, apesar de no plano político os dois países estarem sempre em posição de embate. Cabe assinalar, também, a presença de pelo menos 4 milhões de colombianos vivendo hoje na Venezuela, onde recebem documentação, cidadania, tratamento médico e dentário gratuitos, com especialistas cubanos, educação gratuita e uma razoável segurança para trabalhar, o que haviam perdido nas áreas de conflito entre as Farc, o exército e os paramilitares em sua terra colombiana Não teriam direito a nada disso caso - numa hipótese remotíssima - emigrassem par os EUA, onde, se entrassem, seriam tratados como sub-cidadãos. O próprio povo estadunidense não dispõe, ainda hoje, em sua maioria, de uma saúde e previdência públicas...

Uribe versus Lula

Por fim, o protesto de Uribe contra as declarações de Lula não poderiam ser mais ridículo. Lula, deixando claro de que lado está, aposta na integração sul-americana, sua política externa e os investimentos estatais e privados brasileiros o indicam concretamente. Mas, para que esta integração avance é necessária a consolidação das iniciativas de cooperação. Elas estão em curso, muito embora o uribismo que grassa, inclusive, na própria mídia comercial brasileira diga tratar-se apenas de “retórica itamarateca”. A cooperação energética entre Brasil, Argentina e Bolívia, para dar apenas um exemplo, já permitiu que uma importante crise no abastecimento de gás do país de Gardel fosse contornada com sucesso por meio do redirecionamento transitório para l á do gás boliviano que viria para o Brasil. Cooperação, planejamento e integração.

Porém, iniciativas desta natureza defrontam-se com obstáculos para serem implementadas, entre eles o governo da Colômbia, muito embora sua população, pelos indicadores sócio-econômicos negativos que ostenta, também delas necessitem. A instalação de sete bases militares estadunidenses pode fortalecer enormemente os sinistros planos da oligarquia colombiana, mas não expandem a indústria, o mercado, portanto, não geram emprego, nem fortalecem as políticas públicas de saúde, educação e democratização cultural, como as que foram instaladas na Venezuela mas também no Equador, no Uruguai, Bolívia, Argentina e Brasil.

Ao credenciar-se compor o tabuleiro mundial do xadrez estadunidense como um peão belicista tal como Israel, Coréia do Sul e o Paquistão, a Colômbia caminha na contra-mão do processo de integração da América do Sul. Mas, deve considerar que a própria Turquia, que adotava posições também recalcitrantes, foi obrigada pelo curso do processo a dar uma virada radical em sua política externa em relação ao Irã, a Israel, à Palestina e também em relação à Rússia e OTAN, Veremos até onde a Colômbia poderá caminhar nesta rota de contramão, um verdadeiro beco sem saída, que desemboca inevitavelmente na guerra. E no seu próprio isolamento. Enquanto isto, Raul Castro já declarou que Cuba, que foi à África de armas nas mãos para derrotar o regime do aparthei e defender Angola, estará, obviamente, ao lado da Venezuela. O caminho está na integração e na cooperação sul-americanas.

*Diretor da Telesur

Correio Caros Amigos
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terça-feira, 27 de julho de 2010

Gráfico animado mostra dimensão da catátrofe ambiental nos EUA

O acidente na plataforma de petróleo Deepwater Horizon em 20 de abril iniciou o maior desastre ambiental dos Estados Unidos. Três meses depois, o problema ainda não foi solucionado. Neste período, um gráfico animado ficou famoso por simular o que pode estar acontecendo com o vazamento. Segundo a projeção, se as correntes oceânicas se comportarem de acordo com o usual para a época do ano, o óleo já deve estar chegando ao Antlântico.


Até agora a BP, empresa responsável pela plataforma, já gastou cerca de US$ 4 bilhões para tentar extinguir o vazamento, limpar a região e pagar indenizações. Onze funcionários da plataforma morreram e mais de cem tiveram que ser resgatados.

A maré negra atingiu todos os estados americanos banhados pelo Golfo do México. O óleo chegou ao delta do Rio Mississipi e as áreas de conservação dos pântanos da Lousiania foram atingidas, assim com as praias da Flórida, Alabama e Nova Orleans.

A dramática imagem de animais cobertos por petróleo se tornou comum nos noticiários. Milhares de animais foram encontrados mortos. Até agora, é impossível mensurar o que se perde em um desastre deste tamanho, entre perdas econômicas e ambientais.

Publicado em Vermelho

Vox Populi aponta Dilma com vantagem de 8 pontos


A pesquisa eleitoral do Instituto Vox Populi, contratada e divulgada hoje pela Band e pelo Portal IG, mostra mais uma vez a liderança da candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. Dessa vez, a petista tem 8 pontos percentuais de vantagem em relação ao segundo colocado, José Serra (PSDB).

O levantamento aponta Dilma com 41% das intenções de voto, contra 33% do tucano. Marina Silva, candidata do PV, tem 8%. Na sondagem anterior, divulgada no dia 29 de junho e que incluía 11 nomes, Dilma tinha 40% contra 35% de Serra e 8% de Marina.

O Vox Populi aponta ainda que os demais candidatos somam 1% da intenção de votos. Os votos brancos e nulos chegam a 4%. E 13% dos entrevistados disseram que ainda estão indecisos.

Esse foi o primeiro levantamento desde a oficialização das candidaturas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O instituto ouviu 3 mil eleitores nesta semana, e a margem de erro é de 1,8 ponto percentual.

Voto espontâneo

Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado não recebe uma lista para escolher o candidato preferido, Dilma também lidera. A petista tem 28%, contra 21% do candidato do PSDB e 5% de Marina. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo sem estar concorrendo, tem 4% das intenções de voto.

A rejeição do candidato tucano também é a maior entre os concorrentes: 24%. A de Dilma é a menor e ficou em 17%.

Segundo turno

Numa possível disputa entre Dilma e o candidato tucano no segundo turno, a candidata do PT também venceria segundo o levantamento. Dilma teria 46% das intenções de voto e Serra apenas 38%.

A candidata que representa a continuidade do governo Lula tem o melhor desempenho na região Nordeste, onde abre 30 pontos de vantagem em relação ao concorrente da oposição (54% a 24%). O tucano só leva vantagem na região Sul, onde a pesquisa aponta uma vantagem de 4 pontos em relação à Dilma (39% a 35%).

Na região Sudeste, onde se concentra o maior eleitorado do país, há um empate técnico. O tucano tem 36% da intenção de votos, e Dilma está com 34%.

A petista lidera tanto entre os homens quanto entre as mulheres. Ela tem 43% das intenções do eleitorado masculino contra 34% de Serra e 7% de Marina. No eleitorado feminino, Dilma tem 38%, o tucano 32% e a verde 9%. Dilma também é a preferida em todas as faixas e níveis de ensino.

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Por que devo votar em José Serra

David Stival


Precisei lutar muito e passar por cima de muita gente para chegar onde estou! Todo o meu esforço foi em vão, porque já não faço parte da elite e aqueles que eu solenemente ignorava quando esmolavam agora são insolentes e me olham de igual para igual, como seu eu fosse igual a eles.

Hoje não se consegue mais uma doméstica limpinha e barata! Até as negrinhas sumiram. Cismaram de estudar no tal de ProUni e inflacionaram o mercado. E aquelas que não estão fazendo curso superior estão em cursos técnicos ou profissionalizantes. Rosinalva, a minha ex-empregada doméstica está trabalhando como soldadora, pode? E Gracinha, a cozinheira? Meu Deus do céu! Não gosto nem de pensar. Ela pediu as contas, assim sem mais nem menos, depois de tudo que eu fiz por ela. E ainda por cima me processou na Justiça do Trabalho. Tive que pagar oito anos de repouso semanal. Minha sorte foi contratar um bom advogado e ter feito um acordo, senão aquela ingrata me quebrava. Arrumou um ponto comercial e abriu um restaurante popular com o meu dinheiro... Repouso semanal, tá! A desgraçada está lá naquele bairro, reformando a casa. Tem até carro do ano.

Também perdi meu jardineiro. A filha veio buscá-lo e o levou de volta a Pernambuco. Agora é vigia de um prédio. Outro dia me telefonou para avisar que vem a São Paulo nas férias, de avião e quer me visitar... Avião! É o fim do mundo mesmo.

Outra coisa que me incomoda é a falta de um bom pedreiro. Antigamente era só falar que estava pensando numa reforma e faziam fila na porta. Hoje eu tenho que ir telefonar para uma agência e entrar na fila se quiser um bom profissional – e caro! Não há mais pedreiro, pintor, carpinteiro, eletricista, nada! Cadê aquele bando de desocupados?

O trânsito está cada dia pior, por culpa do Governo Federal. Pobre agora tem carro e moto, tirando o sossego da gente de bem. É por isso que eu vou votar no Serra, para colocar essa gente toda em seu devido lugar, que é debaixo de minha sola...

Pois sim! Inclusão social é o raio que o parta!

Colaboração Eliseu Braz Santos deOliveira - por email
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domingo, 25 de julho de 2010

Políticos corruptos e terroristas anti-cubanos em apuros

José Luis Méndez Méndez
Tradução Rosalvo Maciel

Em 1° de julho de 2010 foi detido em Caracas, Venezuela, o terrorista salvadorenho Francisco Chávez Abarca, pupilo do criminoso internacional Luis Posada Carriles. Este mercenário com uma identidade falsa tentou entrar nesse país com o propósito de preparar ações violentas para ser executadas durante as próximas eleições de setembro, que se efetuarão ali.

A preocupação e o silencio cúmplice de terroristas anti-cubanos e políticos norte-americanos de origem cubana, seguiram de perto o desenvolvimento deste fato. Chávez Abarca foi extraditado para Cuba para ser julgado por crimes impunes cometidos por ele em 1997, quando pessoalmente colocou bombas, que provocaram explosão em um hotel da capital cubana, causando danos e terror em dezenas de pessoas.

Recrutou por ordens de Posada Carriles a salvadorenhos e guatemaltecos, os quais, como mercenários, colocaram bombas na Ilha, que ocasionaram a morte de um jovem italiano, ferimentos em outras pessoas e outros danos materiais.

Por mais de cinco anos Posada Carriles tem sido processado nos Estados Unidos, não pela obra de toda sua vida como terrorista, mas por delitos menores migratórios, a provável audiência para fixar a data do julgamento não será antes de janeiro de 2011. Vive com total liberdade, impune, tolerado e segue promovendo atos terroristas.

Redes nem tão invisíveis de políticos norte-americanos corruptos de origem cubana, tal como conseguiram no passado quando o protegeram e o utilizaram após sua fuga de uma penitenciária venezuelana, têm pressionado para a demora da condenação, que, se ocorrer, será leve.

Agora estão preocupados, Chávez Abarca conhece e fez muitos serviços para Posada Carriles e este tem recebido suporte de seus chefes na CIA e de organizações terroristas anti-cubanas como a Fundação Nacional Cubana Americana, do Comitê para a Liberdade de Cuba e estas têm financiado campanhas políticas e eleitorais de alguns congressistas de origem cubano.

Este fio condutor e a rota do dinheiro nos levam, entre outros, aos congressistas de New Jersey Robert “Bob” Menéndez e Albio Sires. O primeiro é um apoiador veterano dos terroristas anti-cubanos, desde que era Representante do Distrito 13 e tinha a seu lado como “assessor” para a comunidade o terrorista Alfredo Chumaceiro Anillo, o qual em 24 de julho de 1976 como parte de um comando terrorista do chamado Movimento Nacionalista Cubano, tentou explodir o teatro Lincoln Center onde atuava um grupo de artistas residentes em Cuba.

Outro terrorista próximo a Menéndez, é José Manuel Álvarez, apelidado “O Urso”, que ocupou o cargo de Diretor de Repartição do Distrito, cargo executivo muito próximo ao então Representante. Em abril de 2006, Menéndez foi a Genebra para atacar a Cuba ante a Comissão dos Direitos Humanos e o acompanhava seu inseparável ajudante pessoal José Manuel Álvarez, que pertencia à organização terrorista Abdala - da qual era fundador - era conhecido como gestor na preparação e na execução do assassinato do diplomata cubano Félix García, baleado no bairro de Queens, New York pelo sicário da Omega 7, Pedro Remón Rodríguez, ato terrorista ainda impune.

Agora, um dos mais ativos consultores de Menéndez, o advogado Guillermo Hernández, atua como um assessor independente de Posada Carriles, para todos os casos que prendem sobre o terrorista e sobre tudo para evitar que a solicitação de sua extradição solicitada pelo governo da Venezuela, prospere.

O respaldo de Menéndez aos criminosos anti-cubanos radicados em New Jersey, tem sido irrestrito, em 2000, foram solicitados seus serviços para alcançar o indulto do delinqüente comum e terrorista, Eduardo Arocena, chefe do bando terrorista Omega 7.

Motivações políticas a favor dos atos de terror se tem mesclado com pessoais no caso de Menendez. Depois de um escandaloso “affaire” amoroso, que terminou em divorcio, se converteu em genro do Diretor da chamada Fundação Nacional Cubano Americana, Arnaldo Monzón Plasencia, já falecido, e financiador dos atos terroristas executados em Cuba em 1997 e da tentativa magnicida frustrada este ano, quando um comando terrorista foi detido em Porto Rico a bordo de uma embarcação da Fundação, no momento em que se dirigia a Ilha Margarita, Venezuela para realizar atos violentos durante a VII Conferência de Presidentes da Ibero-américa.

Um dos terroristas desse comando foi Ángel Manuel Alfonso Alemán apelidado “La Cota”, um dos membros atuais da equipe próxima ao congressista Albio Sires. Seu cargo é a típica “boca”, que conheceram os cubanos na Cuba pré revolucionária e que se reproduziu depois na chamada república de Miami, e que é em essência receber sem fazer nada.

Monzón Plasencia era um fervoroso admirador de Menéndez e contribuinte assíduo de suas campanhas eleitorais, primeiro como Representante e depois como Senador. O apoiou em suas aspirações para Prefeito da populosa Union City, centro da contra-revolução cubana no estado de New Jersey.

A política oficial de mais de dez administrações norte-americanas tem sido a impunidade dos grupos e elementos violentos da contra-revolução cubana. Nessa historia se inserem políticos como Menéndez, que têm feito causa comum com esses criminosos, os têm agradado, utilizado na solução de “problemas domésticos”, no tráfico de influencias, na eliminação de opositores hostis e em outras práticas mafiosas. Por mais de 30 anos tem recebido fundos de duvidosa procedência por meio de doações, que têm sido “legalizadas” e ingressado a suas contas políticas e eleitorais sem o menor pudor.

A este séquito de militantes se soma Abel Hernández, proeminente doador e recolhedor de fundos para Menéndez. Hernández, e que financiou também os planos terroristas executados em Cuba, foi convocado ante um Juri em Newark, New Jersey, mas os bons serviços de seu amigo “Bob” limparam seus registros.

O que declare Chávez Abarca no legítimo e justo juízo que se lhe efetuará, tal vez não modifique a historia da impunidade que têm desfrutado os terroristas anti-cubanos nos Estados Unidos, nem cessará o respaldo, que lhes têm proporcionado aos mesmos políticos como “Bob” Menéndez e Albio Sires, não são os únicos, mas certamente ratificará a permanente denúncia das autoridades cubanas contra tais fatos, servirá para por à luz, uma vez mais, a tolerância dessas práticas violentas e o nexo criminoso com os mesmos.

Existem razões de sobra para que políticos corruptos e os terroristas nos Estados Unidos estejam preocupados

Original em Cuba Debate

Romênia

Maioria vive pior do que no socialismo

Um estudo publicado na semana passada pelo Instituto Romeno de Avaliação e Estratégias (IRES) demonstra mais uma vez que a maioria da população romena considera que tinha melhores condições de vida no período socialista, até 1989, do que hoje, nas condições do capitalismo.

Segundo a sondagem, 45 por cento dos inquiridos lamentam a destruição do socialismo e sentem a falta do governo liderado por Ceausescu. Mais de metade, 54 por cento, afirmam que vivem bastante pior do que até 1989.

Uma percentagem ainda maior, 56 por cento, afirma que aufere rendimentos inferiores aos de há cinco anos, refutando a propaganda oficial, que fala de um aumento de 100 por cento do salário médio em relação a 2005.

Este surpreendente resultado mostra apenas que numa sociedade em que as desigualdades se agravam os valores médios não traduzem a situação da maioria da população.

Face à profunda crise que o país atravessa, a maioria dos romenos (52 %) não acredita que nenhum partido do arco parlamentar tenha soluções para superar as dificuldades econômicas e sociais.

Original em Avante!
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Conferência de Cabul

Ocupação eternizada

A conferência internacional de Cabul, realizada na terça-feira na capital afegã, admitiu a entrega de algumas zonas às forças do país, mas tanto Clinton como a Nato deixaram claro que não sairão do território.

Representantes de cerca de 60 países e organizações internacionais proclamaram o objetivo de entregar o controlo de todas as províncias às autoridades afegãs até ao final de 2014, segundo se afirma no comunicado final desta «conferência de doadores».

Contudo, Hilary Clinton, confirmando a data de Julho do próximo ano para o início de uma retirada das tropas norte-americanas, fez questão de esclarecer que «esta data é o princípio de uma nova fase, não o fim do nosso envolvimento».

E para que não ficassem dúvidas, a chefe da diplomacia do EUA acrescentou: «Não temos qualquer intenção de abandonar a nossa missão a longo prazo com vista a um Afeganistão estável, seguro e pacífico».

A presença norte-americana no país a «longo prazo» é assim o objetivo da administração Obama que, numa fase pós-guerra, pretende «prosseguir a ajuda ao desenvolvimento econômico, o apoio ao treino, equipamento e assistência das forças de segurança afegãs», reforçou ainda Clinton.

De resto, mesmo a data para a dita «transição» também não é um dado adquirido. Clinton referiu-a como «uma transição para as forças de segurança afegãs responsável e associada a condições», ou seja, tudo dependerá da evolução da situação militar no terreno.

Em sintonia com as palavras da senhora Clinton, o secretário-geral da NATO afirmou que «a transição será feita gradualmente, com base numa avaliação da situação política e de segurança, de modo a que seja irreversível». Após o seu termo, prosseguiu Anders Fogh Rasmussen, «as forças internacionais não partirão. Passarão simplesmente a um papel de apoio».

Retirada sem data

A incerteza das potências ocupantes é de tal modo grande que a retirada das tropas não passa de uma mera declaração de intenções, sem data marcada, destinada apenas a acalmar as opiniões públicas internas.

A prová-lo está a resposta evasiva do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que se limitou a dizer que pretende que o regresso das tropas do país comece a ser organizado antes das eleições de 2015 no Reino Unido.

Após nove anos de combates, no Afeganistão encontram-se atualmente 150 mil militares de vários países que integram a NATO. Os combates prosseguem com uma intensidade crescente provocando baixas sem precedentes nas forças da «coligação».

No próprio dia da conferência dois soldados das forças internacionais foram vitimados por minas no Sul do país. Durante a noite travaram-se intensos combates em Cabul. Vários foguetes atingiram o bairro do aeroporto, afetando o tráfego aéreo e impedindo alguns representantes de aterrarem na capital, como foi o caso do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e do chefe da diplomacia sueco, Carl Bildt, que tiveram de recorrer à base americana de Bagram, a 50 quilômetros a Sul da capital.

Desde o início do mês 60 militares estrangeiros encontraram a morte em terras afegãs, depois de em Junho as baixas se terem elevado a 102, um número recorde. Só este ano perderam a vida 302 militares da coligação. As forças talibãs atuam em quase todo o território apesar do reforço contínuo dos contingentes internacionais, em particular do americano.

Original em Avante!
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

As crianças de Falluja

Em 2003 os Estados Unidos e seus aliados invadiram o Iraque com o argumento de que iam tomar-lhe as armas de destruição em massa que ameaçavam a segurança planetária. Na seqüência ficou comprovado que as tais armas não passavam de ficção.


Além disso, o país que se credenciava como o herói que salvaria a humanidade de armas bestiais não vacilou em utilizar armamento, que por seus efeitos e crueldade, é proibido pelas convenções internacionais, como, por exemplo, o fósforo branco. [1]

Outra munição devastadora utilizada contra os iraquianos foi a bomba de fragmentação. Esse artefato, que mantém seus efeitos mesmo depois de encerrado o conflito, recebeu o repúdio de 93 países que em 2008 assinaram um tratado visando a sua proibição. Os Estados Unidos não compareceram ao encontro. [2]

Mas as incoerências não cessam por aí. Se os presidentes americanos, desde Bush até Obama, fazem discursos escandalizados contra o urânio utilizado pelo Irã em seu programa nuclear (programa esse que até agora não se conseguiu provar que é para fins bélicos), as suas tropas, por sua vez, não se acanharam em utilizar urânio empobrecido no Iraque. [3]

O principal alvo dos ataques de urânio foi a cidade de Fallujah onde se travaram duros embates em 2004. As trágicas conseqüências para a população civil transcendeu o período do auge dos bombardeios. A radiação liberada pelo urânio utilizado está causando câncer, problemas cardíacos e no sistema nervoso além de defeitos congênitos em crianças recém nascidas.

"Vi fotos de bebês nascidos com um olho no meio da testa, com o nariz na testa", disse a pesquisadora iraquiana baseada na Inglaterra Malik Hamdam.[4]

De acordo com os médicos que atuam no Iraque antes de 2003 ocorria um caso de defeito congênito a cada dois meses, aproximadamente. Hoje eles se deparam com esse problema todos os dias.

Cabeças maiores do que o normal, problemas de coração, nos olhos e nos membros inferiores, além de outras anomalias têm sido constatadas freqüentemente conforme afirma o neurocirurgião Abdul Wahid Salah.[5]

Abaixo seguem algumas imagens chocantes divulgadas pela mídia inglesa, umas pelo tablóide The Guardian[6] e outras pelo Daily Mail Online[7], que dão uma idéia do trágico resultado da bestialidade imperial:

The Guardian:






Daily Mail Online:





___________________________________________________

[1] Pentágono admite uso de fósforo branco no Iraque (16/11/2005):

[2] Assinado tratado contra armas de fragmentação (04/12/2009):

[3] Urânio empobrecido: Um crime de guerra dentro de uma guerra criminosa, por William Bowles (24/03/2010):

[4] Iraquianos denunciam aumento de defeitos congênitos em Fallujah (04/03/2010):





Child deformities 'increasing' in Falluja (04/03/2010):

Iraq littered with high levels of nuclear and dioxin contamination, study finds (22/01/2010):

[5] Huge rise in birth defects in Falluja (13/11/2009):

[6] The children of Falluja:

[7] The curse of Fallujah: Women warned not to have babies because of rise in birth defects since U.S. assault (05/03/2010):

Publicado em Mon Blog

Falluja é mais grave que Hiroshima

Layla Anwar

Fonte: ODiario.info
Tradução de José Pedro Ribeiro

Esta informação é demasiado importante para ser somente anotada… e este é apenas um comentário apressado.

Acabei de assistir a uma reposição da Arabic-interview, da Al-Jazeera, conduzida por Ahmad Mansour com o Professor Chris Busby. O Professor Busby é Cientista e Diretor da Green Audit, e conselheiro científico do Comitê Europeu para os Riscos de Radiação. Para saber mais sobre o Professor Busby e o seu trabalho pode procurar no Google: Chris Busby Uranium.

O Professor Busby publicou vários artigos sobre radiação, urânio e contaminação em países como o Líbano, Kosovo, Gaza e, claro, Iraque.

Falar-vos-ei das suas recentes descobertas, que eram o tema do programa emitido pela Al-Jazeera. Como alguns de vocês saberão, Falluja é uma cidade proibida. Foi sujeita a intensos bombardeamentos em 2004, com bombas DU e fósforo branco, e depois disso transformou-se numa zona interdita - o que significa que tanto as autoridades-fantoche como as forças invasoras e ocupantes norte-americanas não permitem que se conduza nenhum estudo em Falluja. Falluja está cercada. Evidentemente que tanto os norte-americanos como os iraquianos sabem de alguma coisa que escondem do público. E é aqui que entra o Professor C. Busby. Determinado em ir até ao fundo do que aconteceu em Falluja em 2004. Sendo um cientista de renome na sua área, conduziu pesquisas e exames em Falluja cujos resultados preliminares serão publicados nas próximas semanas – assim esperamos. O Professor Busby encontrou bastantes obstáculos enquanto desenvolvia o seu projeto. Nem ele nem nenhum membro da sua equipa foram autorizados a entrar em Falluja para realizar entrevistas. Logo, na sua opinião, quando a porta principal se fecha, torna-se necessário encontrar outras portas para abrir. E foi o que fez. Conseguiu reunir uma equipa de iraquianos de Falluja para conduzir os exames por ele. A pesquisa baseou-se em 721 famílias de Falluja, num total de 4.500 participantes - vivendo em zonas com diferentes níveis de radiação. Os resultados foram comparados com um grupo padrão - um exemplo do mesmo número de famílias vivendo numa zona não-radioativa noutro país árabe. Para esse efeito comparativo, escolheu três outros países - Kuwait, Egipto e Jordânia.

Antes de avançarmos para os resultados preliminares, devo salientar o seguinte:

• As autoridades iraquianas ameaçaram todos os envolvidos na pesquisa, de prisão e detenção, caso cooperassem com os “terroristas” que os estavam a entrevistar. Por outras palavras, foram ameaçados na alçada da lei anti-terrorista.

• As forças norte-americanas proibiram o Professor Busby de obter quaisquer dados, argumentando que Falluja é uma zona insurgente.

Os médicos de Falluja recusaram o pedido para prestarem declarações que seriam transmitidas em direto para o programa de Ahmad Mansour, já que receberam inúmeras ameaças de morte e temem pelas suas vidas.Noutras palavras, este estudo foi conduzido em condições extremamente difíceis. Mas foi conduzido.

Como o programa ainda não foi carregado no youtube, não posso proporcionar uma transcrição oral absolutamente exata. Mas tomei breves notas e memorizei o necessário. Farei o possível para apresentar todos os fatos a que hoje assisti. E então o que é que os EUA e os seus fantoches iraquianos não querem que o público saiba? E porque é que não autorizam quaisquer medições dos níveis de radiação em Falluja, e porque é que proíbem até a AIEA de entrar na cidade? Que é que aconteceu em Falluja, exactamente? Que tipos de bombas foram usadas? Somente DU ou outra coisa mais?

• Algo que é bastante curioso em Falluja é a subida dramática das taxas de cancro, num curto espaço de tempo, por exemplo em 2004. Exemplos fornecidos pelo Professor Busby:

• Taxa de leucemia infantil aumentou 40 vezes desde 2004 em comparação com anos anteriores. Comparada com a Jordânia é 38 vezes maior.

• Taxa de cancro da mama cresceu 10 vezes desde 2004

• Taxa de cancro linfático cresceu também 10 vezes desde 2004.

2) Outra curiosidade em Falluja é o dramático aumento nas taxas de mortalidade infantil. Comparada com dois outros países árabes, como o Kuwait e o Egito, que não estão contaminados pelas radiações, é este o retrato:

• Mortalidade infantil em Falluja é de 80 crianças por cada 1.000 nascimentos, em comparação com o Kuwait, com 9 crianças por cada 1.000 nascimentos, e com o Egito, com 19 crianças por cada 1.000 (assim, a taxa de mortalidade infantil no Iraque é 4 vezes maior do que no Egito e 9 vezes maior que no Kuwait).

3) A terceira particularidade em Falluja é o número de malformações congênitas que explodiram repentinamente desde 2004. Este é um assunto que já abordei no passado. Mas não é toda a verdade, hoje aprendi um pouco mais. A radiação de qualquer dos agentes utilizados pelas forças de “libertação” não só causaram massivas deformações genéticas como também, e não menos importante:

• Provocaram alterações estruturais a nível celular. Por sua vez, isto significa que devido às alterações genéticas dos rapazes (falta de cromossoma X), estes têm mais probabilidades de morrer à nascença, e as raparigas têm mais probabilidades de sobreviver com fortes deformações. Outro exemplo adiantado pelo Professor Busby: antes de 2003, as taxas de natalidade em Falluja eram as seguintes: 1.050 rapazes para 1.000 raparigas. Em 2005, somente 350 rapazes nasceram - o que significa que a maioria não sobreviveu.

• Tal como para as raparigas, e é aqui que jaz a tragédia, a radiação causa mudanças no DNA, o que significa que caso sobreviva, e tente reproduzir, darão provavelmente à luz filhas geneticamente desfiguradas e filhos nados-mortos.

• As conclusões anteriores são suportadas noutros estudos conduzidos nos filhos e netos que sobreviveram a Hiroshima (realizado em 2007) e que evidencia que até a terceira geração exibe malformações congênitas, incluindo doenças (cancro, problemas cardio-vasculares) numa taxa de aumento de 50 vezes. Em Chernobyl, por outro lado, estudos em animais na mesma área demonstram que os efeitos da radiação modificaram geneticamente 22 gerações. Em suma, a radiação é transmitida de gene para gene e tem efeitos cumulativos com o passar do tempo. (não dissecarei o porquê – as propriedades acumulativas/ memória das células e a atividade do sistema imunológico – poderá ler mais detalhes sobre isso quando o artigo do Professor Busby for publicado) [1].

• Algumas destas deformações em crianças são tão grotescas que, tanto a Al-Jazeera como a BBC (que produziu um documentário sobre a mesma matéria), recusaram a difusão destas imagens.

Exemplos das deformações que Ahmad Mansour revelou em imagens:

• Crianças nascidas sem olhos

• Crianças com duas e três cabeças

• Crianças nascidas sem orifícios

• Crianças nascidas com tumores cerebrais e retinais malignos

• Crianças nascidas sem órgãos vitais

• Crianças nascidas sem membros ou com excesso dos mesmos

• Crianças nascidas sem genitais

• Crianças nascidas com severas malformações cardíacas

Mais…

• Sobre esse assunto, os médicos em Falluja foram questionados acerca da relevância para o estudo da comparação das taxas de deformação congênita no espaço de um mês (comparando-o com o mês anterior). Eis o resultado: somente no espaço de um mês, os recém-nascidos com malformações cresceram de uma(mês anterior) para três vezes por dia (mês corrente, que para efeitos de estudo foi Fevereiro de 2010).

• O urânio é introduzido na corrente sanguínea através da ingestão e inalação.

Os níveis massivos de urânio a que a população de Falluja foi sujeita também concorre para o aumento vertiginoso de cancro nos pulmões, vasos linfáticos e mama, na população adulta.

Com estas conclusões preliminares, o Professor Busby e a sua equipa concluíram que, em comparação com Hiroshima e Nagazaki, Falluja é pior. E cito o Professor Busby: “A situação em Falluja é horrenda e assustadora, mais perigosa e grave que Hiroshima…”

Uma nota lateral, ou talvez não:

Referi que estes eram resultados preliminares. Por quê?

Porque o Professor Busby tem sido molestado, viu os seus fundos de pesquisa cortados, portas fechadas, foi ameaçado (tal como outros cientistas que tentaram conduzir estudos semelhantes nos anos 90, no Iraque). As implicações políticas são enormes e perigosas para os EUA e seus homens de mão. Significa que as evidências científicas de crimes de guerra estão aqui mesmo na ponta dos dedos…

Logo, a vida do Professor Busby não tem sido fácil. A pesquisa que conduziu e produziu com grande dificuldade foi enviada para a revista científica Lancet, para uma revisão do Comitê Científico. A revista científica Lancet recusou-o, afirmando que não tinha tempo para o rever. Os laboratórios que, no passado, cooperaram com ele no teste a amostras recusaram colaborar quando souberam que as amostras provinham do Iraque. Só dois laboratórios estão disponíveis para testar as amostras do material/agente usado em Falluja – e fazem-no a um preço exorbitante – pela natureza sensível do estudo. Também devido à falta de verbas, o Professor Busby tem cerca de 20 amostras de Falluja para teste – que guarda cuidadosamente. Aguarda os fundos necessários para testar as amostras.

Quando questionado por Ahmad Mansour acerca da sua perseverança perante os enormes obstáculos que tem enfrentado, a sua resposta foi:

“Toda a minha vida procurei a verdade, sou um caçador da verdade nesta selva de mentiras. Também tenho filhos. As crianças não são só o nosso futuro, são os portadores das gerações futuras. Nos últimos 50 anos temos contaminado o planeta (com radiação) e passamos esta herança para os nossos filhos e netos. Devemos a verdade à população de Falluja.”

Quando questionado como lida com a escassez de fundos e o excesso de portas fechadas na cara, respondeu:

“Confio na boa vontade de pessoas que enviam pequenas quantias, e acredito verdadeiramente que quanto a porta principal se fecha, outras se abrem.

Quando há vontade, há caminho.”

Tiro-lhe o chapéu, Professor Busby.

Insto a que todos que leiam este artigo, todas as pessoas de consciência, insto a que todos os iraquianos (mexam-se por amor de Deus!) e todos os árabes contactem o Professor Busby e doem para que as amostras de Falluja sejam testadas e a verdade venha ao de cima. Terminarei este artigo com uma última citação que dedico a este grande homem:

“A verdade tem asas que não podem ser cortadas”

Tenho de terminar. Já é madrugada. Ainda não dormi. Quis colocar este artigo disponível ao mundo… a questão que levo comigo para a cama - se é que conseguirei fechar os olhos - é a mesma questão que tenho colocado desde 2003

Por quê? Que fez o povo iraquiano, que fizeram as crianças iraquianas para merecer isto?

A conclusão é horrível…


Nota do tradutor:

[1] A autora refere-se ao texto “Cancer, Infant Mortality and Birth Sex-Ratio in Fallujah, Iraq 2005–2009”, Chris Busby, Malak Hamdan and Entesar Ariabi, Int. J. Environ. Res. Public Health 2010, 7, 2828-2837; doi:10.3390/ijerph7072828.

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* Layla Anwar é membro da Arab Woman Blues, uma organização que considera que a sua pátria a nação árabe.

Este texto foi publicado em Uruknet

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Serra faz ato em Porto Alegre sem Yeda, sem povo, mas muita mídia

O candidato da oposição esteve hoje em Porto Alegre e realizou atividades de campanha sem a presença da governadora do Estado, a tucana Yeda Crusius. A assessoria do tucano havia divulgado que os dois realizariam uma caminhada pelo centro da cidade, mas houve apenas um encontro rápido entre os dois na Rua da Praia. Em seguida o candidato tucano concedeu entrevistas e continuou a campanha sem a presença da correligionária.

Oficialmente, a assessoria de imprensa justificou a ausência de Yeda devido ao fato da caminhada ser realizada durante o horário do expediente.

Yeda Crusius enfrentou forte resistência da cúpula tucana para se lançar à reeleição. A direção nacional do PSDB avaliava que os altos índices de rejeição da gestão tucana poderiam atrapalhar a candidatura de Serra no estado, considerado estratégico na região sul do país.

Na última pesquisa IBOPE sobre a disputa estadual, divulgada no dia 10 de julho, o candidato do PT, Tarso Genro, lidera a disputa com 39% das intenções de voto, seguido pelo ex-prefeito da capital José Fogaça (PMDB) com 29% enquanto a tucana amarga um terceiro lugar com 15% das intenções de voto.

A caminha inicialmente prevista para terminar no Mercado Público, foi encurtada e acabou na chamada Esquina Democrática. Além dos parlamentares tucanos, alguns peemedebistas também acompanharam o cortejo serrista como o deputado federal Osmar Terra, ex-secretário de saúde estadual.

Apesar do candidato da oposição ter tentado criar “fatos políticos” durante a caminhada, como a entrada em uma farmácia para perguntar se ali são vendidos genéricos, a recepção popular foi fria como o inverno gaúcho.

Mesmo os veículos da grande imprensa que acompanharam a atividade destacaram a falta de empolgação da população.

Segundo a jornalista Leticia Duarte, do jornal Zero Hora “o empurra-empurra é grande entre a imprensa, mas o povo interage pouco com Serra nas ruas”, declarou a repórter pelo microblog Twitter.

"Liberdade total de imprensa"

A fria recepção da população em contraste com a empolgação da imprensa pode ser explicada pela reafirmação do compromisso de Serra com a mídia. Serra declarou que ao contrário da candidata do PT, Dilma Rousseff, seu compromisso é com a “liberdade total para a imprensa”.

"Minha posição de ontem, hoje e amanhã é a liberdade total de imprensa. O que não significa que você está sempre de acordo com tudo. Mas a imprensa é fundamentalmente livre" afirmou.

Sem citar nomes, Serra criticou a proposta da adversária petista no que se refere aos meios de comunicação. Segundo ele, há a intenção de impedir a liberdade de imprensa. De acordo com o candidato, o PT aprovou um programa de governo, que conta com o apoio de Dilma, que tenta “coagir” a mídia.

Ontem (21), em entrevista à TV Brasil, Dilma falou do assunto e deu uma estocada em Serra. "Sou contrária ao controle do conteúdo (da mídia). O que é inadmissível é a censura à imprensa. É inadmissível alguém usar sua posição e ligar para o editor de um jornal e pedir punição para jornalista. Antes de falar em liberdade de imprensa tem que garantir a liberdade do jornalista e o direito de expressão", disse a ex-ministra, sabendo que José Serra é conhecido nos bastidores da política por sua constante irritação com jornalistas. Há muitos relatos de profissionais da imprensa que dizem que Serra liga para os editores pedindo punição para jornalistas que falam ou escrevem coisas que o desagradam.

De Porto Alegre,
Gustavo Alves
colaborou: Cláudio Gonzalez

Publicado em Vermelho

terça-feira, 20 de julho de 2010

Faluja: Anatomia de uma atrocidade

David Rothscum [*]


Hoje, 6 de julho de 2010, Chris Busby, Malak Hamdan e Entesar Ariabi publicaram seu estudo epidemiológico sobre os problemas de saúde sofridos pelo povo de Faluja. O estudo completo pode ser descarregado aqui , gratuitamente. Vocês podem ainda não ter ouvido falar desses homens, mas estou certo que seus nomes serão citados nos livros de história. A razão para isso é que coletaram evidências cientificas do genocídio que a população de Faluja está sofrendo nas mãos dos imperialistas que invadiram o Iraque. Infelizmente, ainda não despertaram muita atenção pelas suas descobertas, e por isso sinto-me pessoalmente obrigado a ajudar com isso.

Poucos dias atrás, em 2 de julho, aqueles cientistas emitiram um comunicado de imprensa no Uruknet apresentando algumas das suas descobertas. Foi intitulado "Danos genético e de saúde em Faluja, Iraque, piores do que em Hiroshima". Em abril, anunciaram descobertas preliminares no Global Research , um site com o qual creio que a maioria de vocês está familiarizado. Por favor, entendam que quando alguém descobre horrendas atrocidades, nas quais a mídia principal se recusa a tocar, eles vêem a vocês, o movimento da Verdade, e vocês são responsáveis por divulgar essa informação junto ao público. Antes de 2003, antes da invasão e da guerra do Iraque, da carnificina de Faluja e muitas mais, vocês estavam tentando despertar consciências para a Síndrome da Guerra do Golfo, a epidemia de câncer e defeitos congênitos no sul do Iraque devido ao urânio empobrecido (Depleted Uranium) , e geralmente deparavam-se com o ridículo e a descrença.

Agora que os horrores sobre os quais vocês avisaram estão sendo lentamente revelados ao mundo, todos vocês têm razões para se orgulhar de seu árduo trabalho. Não apenas os ativistas principais (Leuren Moret, Doug Rokke, e muitos outros) mas todos vocês que contribuíram de sua própria maneira reproduzindo suas histórias em blogues, fóruns, escrevendo a políticos, e tudo o mais que fizeram para alertar sobre esta atrocidade. Se o povo os ouvisse, muito disso poderia ter sido evitado. Acho importante que compreendam que devem sentir orgulho de si mesmos pelo esforço que fizeram, enquanto a maior parte das pessoas em torno de vocês nada fizeram.

Tenho também muito respeito pela equipe de 11 pessoas que foram de casa em casa em Faluja para coletar informações. As pessoas em Faluja desconfiam das autoridades (têm todas as razões para isso), e suspeitaram que era parte de uma operação do serviço secreto. Em um caso foram infelizmente recebidos com violência física. A equipe mesmo assim completou a pesquisa, apesar do risco que enfrentaram tanto da ameaça de violência física quanto naturalmente por simplesmente estar num ambiente insalubre.

Dito isso, passo ao estudo propriamente dito. Por mais chocantes que tenham sido as informações anunciadas à imprensa e as descobertas preliminares, os resultados completos do que eles mostraram no seu estudo é pior. O comunicado à imprensa menciona: "descobriu-se que a mortalidade infantil era de 80 por 1000 nascimentos, que se compara a 19 no Egito, 17 na Jordânia e 9,7 no Kuwait". O que o comunicado de imprensa não mencionou é que este é o período de total de 2006 a 2010. Infelizmente, entre 2006 e 2010 a mortalidade infantil manteve-se a subir (136 no período 2009-2010).

Como o estudo completo menciona, ao olharmos apenas para 2009 e os primeiros dois meses de 2010, descobrimos que a taxa de mortalidade infantil hoje não está no nível de 80 crianças entre mil, que morrem em um ano, mas numa taxa horrorosa de 136 a cada 1000 nascimentos. Quando olhamos a tabela no estudo, descobrimos que em 2008 morreram 6 crianças (de 0 a 1 anos), comparadas a 0 em 2005 e somente 1 em 2004. Em 2009, 10 crianças morreram. Entretanto, nos primeiros dois meses de 2010 que os cientistas estudaram, descobriram que 6 crianças haviam morrido. Portanto, só nos primeiros dois meses de 2010 morreram tantas crianças quanto em todo o ano de 2008. Se a taxa para 2010 se mantiver (e isso não é garantido, poderia ser mais baixa, mas devido à tendência de elevação é mais provável que aumente ainda mais), em 2010 36 crianças morrerão, em comparação com apenas um em 2004.

Ainda que já devesse saber, esperava que a situação melhorasse em Faluja, ou pelo menos não piorasse, porque não vi muitas notícias recentemente, mas ao invés disso a situação só piora à medida em que falamos. Uma descoberta posterior feita pelos cientistas foi que na categoria de crianças entre 0 e 4 anos há somente 860 meninos para cada 1000 meninas. A proporção normal é de 1050 meninos para cada 1000 meninas. Isto é evidência de mutações genéticas.

A razão para isso é que meninas têm dois cromossomas X, enquanto os meninos têm apenas um. Assim, se um dos cromossomos X de uma menina sofre mutação genética, ela ainda tem outra cópia funcional. Entretanto, se o cromossoma X de um menino sofre mutação genética, ele não tem cópia funcional do mesmo gene, e isso pode causar a morte do menino. Todavia, a taxa de nascimentos distorcida por também ser (parcialmente ) causada por outro efeito que os cientistas não mencionaram em seu estudo: o efeito de paralisação endócrina do urânio.

Aos níveis baixos dos padrões do EPA (Environmental Protection Agency, Agência de Proteção Ambiental), o urânio é um potente interruptor endócrino . Interruptores endócrinos são agentes químicos que têm efeito hormonal em seres humanos, e o urânio funciona como um estrogênio (hormônio feminino) no corpo humano. Isso faz com que nasça um número menor de bebês do sexo masculino . Assim, a taxa de nascimentos distorcida poderia ser também resultante do efeito hormonal do urânio empobrecido, além de ter sido causada por um aumento das mutações genéticas.

Ainda outro fato descoberto pelos pesquisadores deve ser mencionado. Seu estudo descobriu que houve um declínio abrupto nas taxas de nascimento. Como eles mencionam: "É claro que a população de 0 a 4 anos, nascida no período 2004 a 2008, após a guerra, é significativamente 30% menor que nas populações nas faixas de 5-9, 10-14 e 15-19 anos". Isso é o que eu chamo de despovoamento em ação.

Infelizmente também há uma epidemia de câncer em Faluja. Isso era esperado, mas não recebeu até agora atenção suficiente. Há 4,2 mais vezes casos de câncer do que se esperaria para a região. Para o câncer infantil, há um risco relativo de 12,6 vezes. Câncer cerebral, câncer mamário e linfoma são todos particularmente mais altos do que se esperaria, mas o pior de tudo é a epidemia de leucemia, num risco relativo de 22,2 vezes, e de 38,5 na categoria etária entre 0 e 25 anos. Esses são exatamente os tipos de câncer que esperaríamos como causa de exposição à radiação. Veteranos expostos ao urânio empobrecido também sofrem de epidemias de leucemia, por exemplo. Crianças são mais sensíveis aos efeitos da radiação devido a suas células estarem em rápida divisão.

Todas as evidências mostram que o desastre é causado pelo urânio empobrecido. Não se pode detê-lo, e ele apenas piora, e continuará a piorar. Estamos agora em 2010, e o combate mais intenso ocorreu em 2004. Em Bassorá, o combate intenso ocorreu em 1991. Em 1998, o aumento nos defeitos congênitos tornou-se seriamente notável, e em 2001, dez anos depois, tinha-se tornado alarmante. Em 2005, a taxa de câncer estava ainda em elevação em Bassorá . Desta forma há pouca razão para acreditar que a situação melhorará num futuro próximo, infelizmente.

Eu não desejaria isso ao meu pior inimigo. Então certamente não o desejo para o grande povo do Iraque, que conseguiu construir um país do primeiro mundo no deserto, onde pessoas de crenças diferentes se casavam entre si, e muçulmanos e cristãos geriam juntos o governo secular. Mulheres freqüentavam as universidades e não precisavam esconder sua beleza. Hoje elas cobrem seus corpos para esconder as feridas do câncer e de defeitos congênitos que ainda serão a praga do Iraque nas próximas décadas. Durante os próximos 50 anos, aqueles que tiverem câncer ainda se perguntarão se o urânio empobrecido teria sido o responsável. Eles sofrem da mesma forma que eu e você se isso nos tivesse acontecido. Portanto, não vejo os sobreviventes deste genocídio nos perdoando tão cedo.

Não acho que perdoaríamos e quereríamos a amizade de povos que mandaram seus soldados invadir nossos países, destruíram nosso DNA com suas armas radioativas, e não mostraram um grama de arrependimento ou culpa. Quando víssemos o que fizeram às nossas crianças, que nasceram deformadas e tiveram câncer, lutaríamos com os invasores até que estivessem todos mortos, ou tivessem todos deixado o nosso país. Não interpretem isso como um chamado à violência, estou apenas afirmando o óbvio: se você fere os filhos de alguém, eles lutarão contra si até a morte, sem um momento sequer de dúvida. Quando você chora os 4.400 veteranos americanos mortos, ou as centenas de outros países, pense nisso. Eles não podem apontar para seus comandantes, eles têm sua própria responsabilidade em não causar dano a outros, e eles falharam em viver de acordo com isso. A qualquer momento, diga a algum militar que você conhece para desertar quando ele tiver oportunidade. Nunca é tarde demais para abandonar o mal.

E esse mal infelizmente está solto por aí. Quando Israel bombardeou Gaza, chamaram a isso "Operação Chumbo Derretido", uma descrição poética do urânio empobrecido (o urânio é geralmente descrito como mais denso que o chumbo, e é supostamente por isso que é usado). Quando os americanos tomaram Faluja, denominaram a sua carnificina de Operação Fúria Fantasma. Eu novamente chamaria isso de descrição poética do que fizeram ao povo de Faluja. Os militares americanos estavam furiosos com a morte de quatro dos seus guerreiros de elite, os contratados da Blackwater cujos corpos foram pendurados numa ponte. Assim, desencadearam sua "fúria fantasma". A radiação invisível que os sentidos humanos não podem detectar, que destrói toda vida em que toca. Se o envenenamento de uma cidade inteira com radiação não é uma forma de "Fúria Fantasma", então eu não sei o que é.

Qualquer possibilidade de reconciliação não é favorecida pela reação que eu vejo das pessoas na Internet a essas histórias. "Uau, tudo isso por terem pendurado os corpos queimados de contratados americanos nas pontes e os terem profanado. Não sinto muito por eles". Foi o que uma pessoa respondeu. Quando foram reveladas as notícias sobre uma epidemia de câncer no sangue na Faixa de Gaza durante a Operação Chumbo Derretido, alguém respondeu com: "Com um pouco de sorte eles param de se reproduzir na faixa". O Dr. Daud Miraki postou algumas imagens de crianças nascidas no Afeganistão e escreveu em um email para Jeff Rense sobre a resposta que conseguiu: "Nos últimos dias, vivi no inferno recebendo emails podres e cheios de ódio de algumas pessoas doentes e estúpidas na América. Elas caçoam das crianças... e amaldiçoam o Islão, a mim e à minha família."

Não sei que tipo de indivíduo doente diria coisas assim. Parecem ser predominantemente aqueles no meio do espectro político, as pessoas que acreditam que os Democratas e Republicanos lhes dão uma escolha, e que acreditam no que vêem na TV.

Comunistas, anarquistas, nacionalistas brancos, nacionalistas negros, islamitas, todos estão chocados com o uso de urânio empobrecido e se opõem a isso. Essas são as pessoas a quem a imprensa chama de extremistas, porque não se enquadram na oposição controlada, e de quem somos ensinados a ter medo. Ao contrário, as pessoas que encontro que ignoram ou, pior ainda, encorajam esse genocídio são aquelas da corrente política majoritária. Se existe alguém que eu tema, são aqueles na corrente política majoritária, composta de pessoas assustadas demais para pensar por si mesmas e que acham que nada lhes acontecerá se aplaudirem os que estão no poder. São tais pessoas que tornam possível este genocídio.

Ver também:

Uma questão de integridade , Doug Rokke, Ph.D.
Os bárbaros e os civilizados , Chandra Muzaffar
Gaza, campo de extermínio lento , Thabet El Masri
O urânio e a guerra , John Williams
Queixa-crime contra o general Franks , Jan Fermon e Nuri Albala
A ciência ao serviço da guerra? , Rui Namorado Rosa
"Sangue nas suas mãos" , John Pilger


O original encontra-se em http://www.blogger.com/goog_1662902818

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Colaboração: Alexandre Nunes de Araújo - por email

A velha mídia finge que o país não mudou

O país realmente mudou. A velha mídia, todavia, insiste em "fazer de conta" que tudo continua como antes e seu poder permanece o mesmo de 1989. Aparentemente, ainda não se convenceu de que os tempos são outros.

Venício Lima

Apesar de não haver consenso entre aqueles que estudaram o processo eleitoral de 1989 – as primeiras eleições diretas para presidente da República depois dos longos anos de regime autoritário –, é inegável que a grande mídia, sobretudo a televisão, desempenhou um papel por muitos considerado decisivo na eleição de Fernando Collor de Mello. O jovem e, até então, desconhecido governador de Alagoas emergiu no cenário político nacional como o "caçador de marajás" e contou com o apoio explícito, sobretudo, da Editora Abril e das Organizações Globo.

No final da década de 80 do século passado, o poder da grande mídia na construção daquilo que chamei de CR-P, cenário de representação da política, era formidável. A mídia tinha condições de construir um "cenário" – no jornalismo e no entretenimento – onde a política e os políticos eram representados e qualquer candidato que não se ajustasse ao CR-P dominante corria grande risco de perder as eleições. Existiam, por óbvio, CR-Ps alternativos, mas as condições de competição no "mercado" das representações simbólicas eram totalmente assimétricas.

Foi o que ocorreu, primeiro com Brizola e, depois, com Lula. Collor, ao contrário, foi ele próprio se tornando uma figura pública e projetando uma imagem nacional "ajustada" ao CR-P dominante que, por sua vez, era construído na grande mídia paralelamente a uma maciça e inteligente campanha de marketing político, com o objetivo de garantir sua vitória eleitoral [cf. Mídia: teoria e política, Perseu Abramo, 2ª. edição, 1ª. reimpressão, 2007].

2010 não é 1989

Em 2010 o país é outro, os níveis de escolaridade e renda da população são outros e, sobretudo, cerca de 65 milhões de brasileiros têm acesso à internet. A grande mídia, claro, continua a construir seu CR-P, mas ele não tem mais a dominância que alcançava 20 anos atrás. Hoje existe uma incipiente, mas sólida, mídia alternativa que se expressa, não só, mas sobretudo, na internet. E – mais importante – o eleitor brasileiro de 2010 é muito diferente daquele de 1989, que buscava informação política quase que exclusivamente na televisão.

Apesar de tudo isso, a velha mídia finge que o país não mudou.

O CR-P do pós-Lula

Instigante artigo publicado na Carta Maior por João Sicsú, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA e professor do Instituto de Economia da UFRJ, embora não seja este seu principal foco, chama a atenção para a tentativa da grande mídia de construir, no processo eleitoral de 2010, um CR-P que pode ser chamado de "pós-Lula".

Ele parte da constatação de que dois projetos para o Brasil estiveram em disputa nos últimos 20 anos: o estagnacionista, que acentuou vulnerabilidades sociais e econômicas, aplicado no período 1995-2002, e o desenvolvimentista redistributivista, em andamento. Segundo Sicsú, há líderes, aliados e bases sociais que expressam essa disputa. "De um lado, estão o presidente Lula, o PT, o PC do B, alguns outros partidos políticos, intelectuais e os movimentos sociais. Do outro, estão o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), o PSDB, o DEM, o PPS, o PV, organismos multilaterais (o Banco Mundial e o FMI), divulgadores midiáticos de opiniões conservadoras e quase toda a mídia dirigida por megacorporações".

O que está em disputa nas eleições deste ano, portanto, são projetos já testados, que significam continuidade ou mudança. Este seria o verdadeiro CR-P da disputa eleitoral para presidente da República.

A grande mídia, no entanto, tenta construir um CR-P do "pós-Lula". Nele, "o que estaria aberto para a escolha seria apenas o nome do ‘administrador do condomínio Brasil’. Seria como se o ‘ônibus Brasil’ tivesse trajeto conhecido, mas seria preciso saber apenas quem seria o melhor, mais eficiente, ‘motorista’. No CR-P pós-Lula, o presidente Lula governou, acertou e errou. Mas o mais importante seria que o governo acabou e o presidente Lula não é candidato. Agora, estaríamos caminhando para uma nova fase em que não há sentido estabelecer comparações e posições (...); não caberia avaliar o governo Lula comparando-o com os seus antecessores e, também, nenhum candidato deveria (ser de) oposição ou situação (...); projetos aplicados e testados se tornam abstrações e o suposto preparo dos candidatos para ocupar o cargo de presidente se transforma em critério objetivo".

Sicsú comenta que a tentativa da grande mídia de construir esse CR-P se revela, dentre outras, na maneira como os principais candidatos à Presidência são tratados na cobertura política. Diz ele: "a candidata Dilma é apresentada como: ‘a ex-ministra Dilma Rousseff, candidata à Presidência’. Ou ‘a candidata do PT Dilma Rousseff’. Jamais (...) Dilma (é apresentada) como a candidata do governo (...)". Por outro lado, "Serra e Marina não são apresentados como candidatos da oposição, mas sim como candidatos dos seus respectivos partidos políticos. Curioso é que esses mesmos veículos de comunicação, quando tratam, por exemplo, das eleições na Colômbia, se referem a candidatos do governo e da oposição".

Novos tempos

Muita água ainda vai rolar antes do dia das eleições. Sempre haverá uma importante margem de imprevisibilidade em qualquer processo eleitoral. Se levarmos em conta, no entanto, o que aconteceu nas eleições de 2006, o poder que a grande mídia tradicional tem hoje de construir um CR-P dominante não chega nem perto daquele que teve há 20 anos. E, claro, um tal CR-P não significaria a eleição garantida de nenhum candidato (a).

O país realmente mudou. A velha mídia, todavia, insiste em "fazer de conta" que tudo continua como antes e seu poder permanece o mesmo de 1989. Aparentemente, ainda não se convenceu de que os tempos são outros.
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*Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.

Fonte: Carta Maior
Publicado em Pátria Latina
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Documentos revelam milhões de dólares em financiamento dos EUA a meios e jornalistas venezuelanos

 Eva Golinger *
Tradução: ADITAL

Os documentos evidenciam que mais de 150 jornalistas foram capacitados e treinados pelas agências estadunidenses e 25 páginas web foram financiadas na Venezuela com o dinheiro estrangeiro. Documentos recentemente desclassificados do Departamento de Estado dos Estados Unidos através da Lei de Acesso à Informação (FOIA, por suas siglas em inglês) evidenciam mais de 4 milhões de dólares em financiamento a meios e jornalistas venezuelanos durante os últimos anos.

O financiamento tem sido canalizado diretamente do Departamento de Estado através de três entidades públicas estadunidenses: a Fundação Panamericana para o Desenvolvimento (PADF, por suas siglas em inglês), Freedom House e pela Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid).

Em uma tosca tentativa de esconder suas ações, o Departamento de Estado censurou a maioria dos nomes das organizações e dos jornalistas recebendo esses fundos multimilionários. No entanto, um documento datado de julho de 2008 deixou sem censura os nomes das principais organizações venezuelanas recebendo os fundos: Espaço Público e Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS).

Espaço Público e IPYS são as entidades que figuram como as encarregadas de coordenar a distribuição dos fundos e os projetos do Departamento de Estado com os meios de comunicação privados e jornalistas venezuelanos.

Os documentos evidenciam que a PADF, o FUPAD, em espanhol, implementou programas na Venezuela dedicados à "promoção da liberdade dos meios e das instituições democráticas", além de cursos de formação para jornalistas e o desenvolvimento de novos meios na Internet devido ao que considera as "constantes ameaças contra a liberdade de expressão" e "o clima de intimidação e censura contra os jornalistas e meios".

Financiamento a páginas web anti Chávez

Um dos programas da Fupad, pelo qual recebeu 699.996 dólares do Departamento de Estado, em 2007, foi dedicado ao "desenvolvimento dos meios independentes na Venezuela" e para o jornalismo "via tecnologias inovadoras". Os documentos evidenciam que mais de 150 jornalistas foram capacitados e treinados pelas agências estadunidenses e 25 páginas web foram financiadas na Venezuela com dinheiro estrangeiro. Espaço Público e IPYS foram os principais executores desse projeto em âmbito nacional, que também incluiu a outorga de "prêmios" de 25 mil dólares a vários jornalistas.

Durante os últimos dois anos, aconteceu uma verdadeira proliferação de páginas web, blogs e membros do Twitter e do Facebook na Venezuela que utilizam esses meios para promover mensagens contra o governo venezuelano e o presidente Chávez e que tentam distorcer e manipular a realidade sobre o que acontece no país.

Outros programas manejados pelo Departamento de Estado selecionaram jovens venezuelanos para receber treinamento e capacitação no uso dessas tecnologias e para criar o que chamam uma "rede de ciberdissidentes" na Venezuela.

Por exemplo, em abril deste ano, o Instituto George W. Bush, juntamente com a organização estadunidense Freedom House convocou um encontro de "ativistas pela liberdade e pelos direitos humanos" e "especialistas em Internet" para analisar o "movimento global de ciberdissidentes". Ao encontro, que foi realizado em Dallas, Texas, foi convidado Rodrigo Diamanti, da organização Futuro Presente da Venezuela.

No ano passado, durante os dias 15 e 16 de outubro, a Cidade do México foi a sede da II Cúpula da Aliança de Movimentos Juvenis ("AYM", por suas siglas em inglês). Patrocinado pelo Departamento de Estado, o evento contou com a participação da Secretária De Estado Hillary Clinton e vários "delegados" convidados pela diplomacia estadunidense, incluindo aos venezuelanos Yon Goicochea (da organização venezuelana Primero Justicia); o dirigente da organização Venezuela de Primera, Rafael Delgado; e a ex-dirigente estudantil Geraldine Álvarez, agora membro da Fundação Futuro Presente, organização criada por Yon Goicochea com financiamento do Instituto Cato, dos EUA.

Junto a representantes das agências de Washington, como Freedom House, o Instituto Republicano Internacional, o Banco Mundial e o Departamento de Estado, os jovens convidados receberam cursos de "capacitação e formação" dos funcionários estadunidenses e dos criadores de tecnologias como Twitter, Facebook, MySpace, Flicker e Youtube.

Financiamento a Universidades

Os documentos desclassificados também revelam um financiamento de 716.346 dólares via organização estadunidense Freedom House, em 2008, para um projeto de 18 meses dedicado a "fortalecer os meios independentes na Venezuela". Esse financiamento através da Freedom House também resultou na criação de "um centro de recursos para jornalistas" em uma universidade venezuelana não especificada no relatório. Segundo o documento oficial, "O centro desenvolverá uma rádio comunitária, uma página web e cursos de formação", todos financiados pelas agências de Washington.

Outros 706.998 dólares canalizados pela Fupad foram destinados para "promover a liberdade de expressão na Venezuela", através de um projeto de 2 anos orientado ao jornalismo investigativo e "às novas tecnologias", como Twitter, Internet, Facebook e Youtube, entre outras. "Especificamente, a Fupad e seu sócio local capacitarão e apoiarão [a jornalistas, meios e ONGs] no uso das novas tecnologias midiáticas em várias regiões da Venezuela".

"A Fupad conduzirá cursos de formação sobre os conceitos do jornalismo investigativo e os métodos para fortalecer a qualidade da informação independente disponível na Venezuela. Esses cursos serão desenvolvidos e incorporados no currículo universitário".

Outro documento evidencia que três universidades venezuelanas, a Universidade Central da Venezuela, a Universidade Metropolitana e a Universidade Santa Maria, incorporaram cursos sobre jornalismo de pós-graduação e em nível universitário em seus planos de estudos, financiados pela Fupad e pelo Departamento de Estado. Essas três universidades têm sido os focos principais dos movimentos estudantis antichavistas durante os últimos três anos.

Sendo o principal canal dos fundos do Departamento de Estado aos meios privados e jornais na Venezuela, a Fupad também recebeu 545.804 dólares para um programa intitulado "Venezuela: As vozes do futuro". Esse projeto, que durou um ano, foi dedicado a "desenvolver uma nova geração de jornalistas independentes através do uso das novas tecnologias". Também a Fupad financiou vários blogs, jornais, rádios e televisões em regiões por todo o país para assegurar a publicação dos artigos e transmissões dos "participantes" do programa.

A Usaid e a Fupad

Mais fundos foram distribuídos através do escritório da Usaid em Caracas, que maneja um orçamento anual entre 5 a 7 milhões de dólares. Esses milhões de dólares fazem parte dos 40 a 50 milhões de dólares que anualmente as agências estadunidenses, europeias e canadenses estão dando aos setores antichavistas na Venezuela.

A Fundação Panamericana para o Desenvolvimento está ativa na Venezuela desde 2005, sendo uma das principais contratistas da Usaid no país sulamericano. A Fupad é uma entidade criada pelo Departamento de Estado em 1962, e é "filiada" à organização de Estados Americanos (OEA). A Fupad implementou programas financiados pela Usaid, pelo Departamento de Estado e outros financiadores internacionais para "promover a democracia" e "fortalecer a sociedade civil" na América Latina e Caribe.

Atualmente, a Fupad maneja programas através da Usaid com fundos acima de 100 milhões de dólares na Colômbia, como parte do Plano Colômbia, financiando "iniciativas" na zona indígena em El Alto; e leva 10 anos trabalhando em Cuba, de forma "clandestina", para fomentar uma "sociedade civil independente" para "acelerar uma transição à democracia".

Na Venezuela, a Fupad tem trabalhado para "fortalecer os grupos locais da sociedade civil". Segundo um dos documentos desclassificados, a Fupad "tem sido um dos poucos grupos internacionais que tem podido outorgar financiamento significativo e assistência técnica a ONGs venezuelanas".

Os "sócios" venezuelanos

Espaço Público é uma associação civil venezuelana dirigida pelo jornalista venezuelano Carlos Correa. Apesar de que em sua página web (www.espaciopublic.org) destaca que a organização é "independente e autônoma de organizações internacionais ou de governos", os documentos do Departamento de Estado evidenciam que recebe um financiamento multimilionário do governo dos Estados Unidos. E tal como esses documentos revelam, as agências estadunidenses, como a Fupad, não somente financiam grupos como Espaço Público, mas os consideram como seus "sócios" e desde Washington lhes enviam materiais, linhas de ação e diretrizes que são aplicadas na Venezuela, e exercem um controle sobre suas operações para assegurar que cumprem com a agenda dos Estados Unidos.

O Instituto de Imprensa e Sociedade (IPYS) é nada mais do que um porta-voz de Washington, criado e financiado pelo National Endowment for Democracy (NED) e por outras entidades conectadas com o Departamento de Estado. Seu diretor na Venezuela é o jornalista Ewald Sharfenberg, conhecido opositor do governo de Hugo Chávez. IPYS é membro da agrupação Intercâmbio Internacional de Livre Expressão (IFEX), financiado pelo Departamento de Estado e é parte da Rede de Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização francesa financiada pela NED, pelo Instituto Republicano Internacional (IRI) e pelo Comitê para a Assistência para uma Cuba Livre.


* Advogada venezuelano-estadunidense

Publicado em Pátria Latina
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