Além do Cidadão Kane

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domingo, 20 de julho de 2014

Iraque: terrorismo ou revolta popular?

De acordo com meios de comunicação ocidentais, o Iraque está ameaçado de conquista por EIIL [Estado Islâmico do Iraque e do Levante - Inglês: ISIS], um movimento jihadista. Mas esta versão corresponde aos fatos reais?


Surgida do nada, uma organização terrorista conquista a segunda maior cidade do Iraque.Outras cidades também estão ocupadas, e agora esses movimento jihadista corre em direção a capital Bagdá.  Parece um roteiro de Hollywood, um cenário que se encaixa perfeitamente na "guerra ao terror" e à crescente islamofobia. Não há praticamente ninguém que conteste o que a mídia publica para esta versão.

Infelizmente, esta versão não resiste ao teste da realidade. O que está em jogo vai além do avanço selvagem repentino jihadista. Como de costume, a realidade resiste aos cenários infantis tipos de Hollywood.

A realidade remete a uma série de perguntas.

Primeiro, a organização terrorista EIIL não tem o pessoal necessário para conquistar e ocupar Mosul, uma cidade de quase 2 milhões de pessoas, para não mencionar as diferentes áreas da cidade. Isso é o que diz  Charles Lister do Instituto Brookings.

Tal operação bem coordenada também requer um conhecimento profundo do terreno (urbano) e capacidades logísticas avançadas, coisas que estão faltando em um movimento terrorista, como EIIL.

Hoje os helicópteros sobrevoam a cidade. Isso só pode ser feito por pilotos experientes, os quai a EIIL não dispõe. Uma versão mais aceitável é  de The Telegraph, que aponta para os combatentes da resistência sunita que lutaram contra a invasão dos Estados Unidos.

A cidade foi invadida de uma forma particularmente disciplinada e sem derramamento de sangue. É bastante curioso para uma organização terrorista. Além disso, a população local acolheu os rebeldes e distribuiu chocolates para os invasores.

Maliki, primeiro-ministro do Iraque, queria decretar estado de emergência no país, mas ele nem sequer obteve uma maioria no Parlamento. Rafi al-Rifai, o principal líder sunita do país, disse que os rebeldes não tinha que ser descritos como terroristas,pois eles estão tentando libertar o Iraque do governo de Nouri al-Maliki.
 

O véu

Ainda é muito cedo para saber os prós e contras de cada caso. Mas uma coisa é clara: o roteiro de Hollywood não se sustenta.

Aqui a seguir algumas peças do quebra-cabeça:

No final de 2013, o exército iraquiano perdeu o controle de Fallujah. É precisamente a cidade onde o antigo exército de Saddam Hussein mais resistiu à invasão. Desde então, um "Conselho Militar Revolucionário iraquiano geral" foi criado. Ele é composto de líderes locais tribais, antigos líderes da resistência (em oposição à invasão dos EUA) e é dirigida por ex-oficiais superiores do exército de Saddam Hussein.

"Hoje nos encontramos no meio de uma insurreição armada com um comando central", disse o xeque Mohammed Bashar Faidhi. Ele proferiu estas palavras em março de 2014. Significa que aqueles que conhecem o campo já sabiam o que iria acontecer.

De acordo com o correspondente do Financial Times, poucas centenas de combatentes EIIL participou da conquista de Mosul, mas ao lado de um número muito maior de homens mascarados, lutadores mais prováveis ​​de resistência sunita local. "Muitas pessoas ficaram muito felizes em pegar em armas. Era o início de uma revolução sunita ", disse um comerciante local.

Rafie al-Rifai, grande mufti do Iraque, concorda. Segundo ele, o que aconteceu foi "uma revolução das tribos sunitas". Enquanto isso, os rebeldes nomearam um novo governador para Mosul. É Hashem al-Ja-que que não é um jihadista, mas um oficial do antigo regime de Saddam.

Sem a aprovação da população local e dos líderes tribais e sem apoio militar da resistência sunita, o rápido crescimento teria sido impensável. A população resiste a administração do primeiro-ministro Maliki armada, especialmente a partir do antigo exército de Saddam Hussein, em grupos organizados por mais de 10 anos de resistência, primeiro contra os Estados Unidos, em seguida, contra o exército iraquiano.

De acordo com o Financial Times, esses grupos formaram uma aliança com o EIIL. Os recentes acontecimentos são apenas a consequência. No momento, é difícil prever ao que tudo isso vai levar, mas poderia ser o início de uma partição final Iraque em três partes: a dos curdos no território norte, uma área sunita no centro e um território Shia no sul. Essa partição, sem dúvida, trsris consequências pesadas para toda a região.


Tradução do Holandês: AMM Investig'Action
Tradução eletrônica do francês para português

 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

PCML(Br) condena Golpe no Paraguai

 Partido Comunista Marxista-Leninista (Brasil) repudia o golpe do “impeachment” cometido contra o Presidente da República do Paraguai Fernando Lugo.

O PCML(Br) entende que o golpe no país sul-americano serve aos propósitos reacionários eleitoreiros, não somente dos partidos de direita que controlam o Congresso paraguaio - herdeiros do ditador Alfredo Stroessner, como aos interesses de controle militar da região a serviço das multinacionais do agronegócio, como a Monsanto, Cargill, UGP, etc - e sobretudo à sanha imperialista capitaneada pelos Estados Unidos e oligarquias em nosso Continente.

O golpe no Paraguai se soma à escalada geopolítica e estratégica - iniciada pelo golpe frustrado na Venezuela, pelo golpe no Haiti nas tentativas de golpes na Bolívia e Equador, em Honduras, a anexação da Colômbia – constituindo o círculo de fogo que se fecha sobre a América Latina e Caribe, isolando o Brasil e se contrapondo à tendência à união dos povos latino-americanos em um bloco de resistência ao projeto de recolonização de Nossa América por parte do imperialismo.

O PCML(Br) repudia o massacre dos camponeses paraguaios, ato covarde, cujos autores e mandantes devem ser punidos sem demora, e apresentados à Justiça, como o latifundiário Blas Riquelme, outra cria do stroessnismo, dono da fazenda ocupada pelos camponeses, onde ocorreu a matança dos policiais e camponeses, utilizada politicamente contra o Presidente Fernando Lugo, pela imprensa burguesa a serviço das oligarquias e contra o Povo.

A tese da morte por emboscada dos seis policiais das forças especiais, treinadas na Colômbia sob a supervisão da CIA, através do famigerado Plano Colômbia, sugere uma traição interna dentro da própria força de segurança, como parte de um plano golpista, visando sua utilização política na caricatura de impeachment de Lugo. Une-se à tese do golpe, o rápido reconhecimento da posse do vice-presidente Federico Franco, por parte dos Estados Unidos, a exemplo do golpe contra Chávez na Venezuela, e Zelaya em Honduras.

Que o Povo Brasileiro não se esqueça do círculo de fogo que se fecha contra a América Latina, que poderá isolar e golpear o Brasil. Pois não podemos esquecer que a ascensão da esquerda aos governos em Nossa América resulta da contra tendência à estratégia geopolítica neoliberal de hegemonia dos Estados Unidos sobre a região. Mas este processo se desenvolve em uma conjuntura resultante do período histórico dominado por ditaduras sanguinárias que reprimiram, torturaram, assassinaram o povo e organizações revolucionárias, ceifando os quadros revolucionários, de que tanto necessitam os governos atuais progressistas para avançar rumo à definitiva independência, soberania, e igualdade em seus países. Governos como o de Lugo, Correa, Chávez, Morales, Cristina, e até mesmo o de Dilma, correm sobre o fio da navalha de composições ora mais à direita, ora mais à esquerda.

Abaixo o Golpe contra o Povo Paraguaio!
Não à destituição de Fernando Lugo da Presidência da República do Paraguai!
Pelo não reconhecimento por parte do Brasil, da Unasul, e do Mercosul do governo golpista!
Viva a união dos Povos de Nossa América!

Partido Comunista Marxista Leninista(Br)


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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A guerra no Afeganistão: ecos do Vietnam


A analogia entre as duas agressões imperialistas que Chomsky estabelece neste artigo situa-se, não no plano militar, mas no plano da propaganda e da manipulação da opinião. Para o imperialismo conduzir uma cada vez mais alargada intervenção armada global, precisa de conduzir igualmente uma guerra, fundamentalmente mediática, contra o “inimigo interno”.
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O War Logs (bússolas da guerra), um arquivo de documentos militares confidenciais que abarcam seis anos da guerra do Afeganistão, publicados na internet pela organização Wikileaks, relatam uma luta inflamada e cada dia mais encarniçada, na perspectiva dos Estados Unidos. E, para todos os afegãos, um horror crescente. 

Os War Logs, por mais valiosos que sejam, podem contribuir para a doutrina prevalente de que as guerras são algo mau só se não têm êxito – algo assim como o que os nazis sentiram depois de Stalingrado. 

No mês passado ocorreu o fiasco do general Stanley A. McChrystal, obrigado a se retirar do comando das forças dos Estados Unidos no Afeganistão e substituído por seu superior, o general David H. Petraeus. Uma provável conseqüência é um relaxamento das normas de combate, de forma que se torne mais fácil matar civis, e um prolongamento da guerra à medida que Petraeus use sua influência para conseguir este resultado no Congresso.

O Afeganistão é a principal guerra em curso do presidente Obama. A meta oficial é proteger-nos da AlQaeda, uma organização virtual, sem base específica – uma rede de redes e uma resistência sem líderes, como foi chamada na literatura profissional. Agora, ainda mais do que antes, a AlQaeda consiste em facções relativamente independentes, associadas frouxamente ao redor do mundo.

A CIA calcula que entre 50 e 100 ativistas da AlQaeda talvez estejam no Afeganistão, e nada indica que os talibãs desejem repetir o erro de dar refúgio à AlQaeda. Por outro lado, o talibã parece estar bem estabelecido em seu vasto e árduo território, uma grande parte dos territórios pashtun.

Em Fevereiro, no primeiro exercício da nova estratégia de Obama, os fuzileiros estadunidenses conquistaram Marja, um distrito menor na província de Helmand, principal centro da insurgência. 

Uma vez ali, informa Richard A. Oppel Jr. do The New York Times, “os fuzileiros se chocaram com uma identidade talibã tão dominante que o movimento se assemelha mais a uma organização política numa região de um só partido, com uma influência que abarca a todos…”. 

“Temos que reavaliar nossa definição da palavra ‘inimigo’”, disse o general de brigada Larry Nicholson, comandante da brigada expedicionária de fuzileiros na província Helmand. “A maioria das pessoas aqui identifica a si mesmas como talibã… Temos que reajustar nossa forma de pensar, de forma que não pareça que estamos expulsando os talibãs de Marja, mas que estejamos tratando de expulsar o inimigo”. 

Os fuzileiros estão enfrentando um problema que sempre espreitou os conquistadores, e que é muito familiar para os Estados Unidos, desde o Vietnam. Em 1969, Douglas Pike, o mais importante acadêmico governamental nos assuntos do Vietnam, lamentou que o inimigo – a Frente de Libertação Nacional (FLN) – era o único partido político verdadeiramente baseado nas massas no Vietnam do Sul. 

Qualquer esforço para competir politicamente com esse inimigo seria como um conflito entre uma sardinha e uma baleia, reconheceu Pike. Em conseqüência, devíamos superar a força política do FLN recorrendo a nossa vantagem comparativa, a violência – com resultados horrendos. 

Outros enfrentaram problemas similares: os russos, por exemplo, no Afeganistão, durante os anos 80, quando ganharam todas as batalhas, mas perderam a guerra. 

Escrevendo a respeito de outra invasão estadunidense – a das Filipinas, em 1989 - Bruce Cumings, historiador especialista em Ásia na Universidade de Chicago, fez uma observação hoje aplicável ao Afeganistão: “quando um fuzileiro vê que sua rota é desastrosa, muda de curso, mas os exércitos imperiais afundam suas botas em areias movediças e seguem marchando, ainda que seja em círculos, enquanto os políticos enfeitam o livro de frases dos ideais estadunidenses”. 

Depois do triunfo de Marja, esperava-se que as forças lideradas pelos Estados Unidos atacariam a importante cidade de Kandahar onde, segundo uma pesquisa do exército estadunidense, a operação militar é rechaçada por 95% da população e onde 5 em cada 6 consideram os talibãs como nossos irmãos afegãos – mais uma vez, ecos de conquistas prévias. Os planos sobre Kandahar foram postergados, e isso foi parte dos antecedentes para a saída de McChrystal. 

Dadas essas circunstâncias não é de se estranhar que as autoridades dos Estados Unidos estejam preocupadas com que o apoio popular à guerra no Afeganistão seja ainda mais erodido. Em Maio passado, a Wikileaks publicou um memorando da CIA acerca de como manter o apoio da Europa à guerra. O subtítulo do memorando era: “porque contar com a apatia talvez não seja suficiente”. 

O perfil discreto da missão no Afeganistão permitiu aos líderes franceses e alemães desprezarem a oposição popular e aumentarem gradualmente suas contribuições às tropas da Força de Assistência à Segurança Nacional (ISAF), assinala o memorando. Berlim e Paris mantêm o terceiro e quarto níveis mais altos de tropas na ISAF, em que pese a oposição de 80% dos pesquisados alemães e franceses a maiores envios de forças. É necessário, em conseqüência, dissimular as mensagens para impedir ou ao menos conter uma reação negativa. 

O memorando da CIA deve nos fazer recordar que os Estados têm um inimigo interno: sua própria população, que deve ser controlada quando a política do Estado tem oposição no povo. As sociedades democráticas dependem não da força, mas da propaganda, manipulando o consenso mediante uma ilusão necessária e uma super simplificação emocionalmente poderosa, para citar o filósofo favorito de Obama, Reinhold Niebuhr. 

A batalha para controlar o inimigo interno, então, segue sendo altamente pertinente – de fato, o futuro da guerra no Afeganistão pode depender dela. 
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* Noam Chomsky é professor de lingüística do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Este texto foi publicado no diário mexicano La Jornada

Tradução de Katarina Peixoto
Publicado em O Diário.info

domingo, 25 de julho de 2010

Conferência de Cabul

Ocupação eternizada

A conferência internacional de Cabul, realizada na terça-feira na capital afegã, admitiu a entrega de algumas zonas às forças do país, mas tanto Clinton como a Nato deixaram claro que não sairão do território.

Representantes de cerca de 60 países e organizações internacionais proclamaram o objetivo de entregar o controlo de todas as províncias às autoridades afegãs até ao final de 2014, segundo se afirma no comunicado final desta «conferência de doadores».

Contudo, Hilary Clinton, confirmando a data de Julho do próximo ano para o início de uma retirada das tropas norte-americanas, fez questão de esclarecer que «esta data é o princípio de uma nova fase, não o fim do nosso envolvimento».

E para que não ficassem dúvidas, a chefe da diplomacia do EUA acrescentou: «Não temos qualquer intenção de abandonar a nossa missão a longo prazo com vista a um Afeganistão estável, seguro e pacífico».

A presença norte-americana no país a «longo prazo» é assim o objetivo da administração Obama que, numa fase pós-guerra, pretende «prosseguir a ajuda ao desenvolvimento econômico, o apoio ao treino, equipamento e assistência das forças de segurança afegãs», reforçou ainda Clinton.

De resto, mesmo a data para a dita «transição» também não é um dado adquirido. Clinton referiu-a como «uma transição para as forças de segurança afegãs responsável e associada a condições», ou seja, tudo dependerá da evolução da situação militar no terreno.

Em sintonia com as palavras da senhora Clinton, o secretário-geral da NATO afirmou que «a transição será feita gradualmente, com base numa avaliação da situação política e de segurança, de modo a que seja irreversível». Após o seu termo, prosseguiu Anders Fogh Rasmussen, «as forças internacionais não partirão. Passarão simplesmente a um papel de apoio».

Retirada sem data

A incerteza das potências ocupantes é de tal modo grande que a retirada das tropas não passa de uma mera declaração de intenções, sem data marcada, destinada apenas a acalmar as opiniões públicas internas.

A prová-lo está a resposta evasiva do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que se limitou a dizer que pretende que o regresso das tropas do país comece a ser organizado antes das eleições de 2015 no Reino Unido.

Após nove anos de combates, no Afeganistão encontram-se atualmente 150 mil militares de vários países que integram a NATO. Os combates prosseguem com uma intensidade crescente provocando baixas sem precedentes nas forças da «coligação».

No próprio dia da conferência dois soldados das forças internacionais foram vitimados por minas no Sul do país. Durante a noite travaram-se intensos combates em Cabul. Vários foguetes atingiram o bairro do aeroporto, afetando o tráfego aéreo e impedindo alguns representantes de aterrarem na capital, como foi o caso do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e do chefe da diplomacia sueco, Carl Bildt, que tiveram de recorrer à base americana de Bagram, a 50 quilômetros a Sul da capital.

Desde o início do mês 60 militares estrangeiros encontraram a morte em terras afegãs, depois de em Junho as baixas se terem elevado a 102, um número recorde. Só este ano perderam a vida 302 militares da coligação. As forças talibãs atuam em quase todo o território apesar do reforço contínuo dos contingentes internacionais, em particular do americano.

Original em Avante!
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terça-feira, 6 de julho de 2010

Brincando de democracia

Igor Ojeda *

Só mesmo Hillary Clinton e a grande mídia internacional e nacional acreditam que o golpe de Estado em Honduras acabou e que, agora, a democracia no país centro-americano reina novamente. Na verdade, não acreditam: tanto a secretária de Estado dos EUA quanto a imprensa hegemônica sabem muito bem o que acontece por lá. Mas preferem fazer de conta que não é com eles.

E o que acontece por lá? O mesmo desde 28 de junho de 2009, quando o presidente constitucional Manuel Zelaya foi deposto. Ou seja, o terrorismo de Estado contra os opositores ao golpe continua prevalecendo. Mas, para Hillary, assassinatos, torturas e detenções ilegais não são motivos suficientes para a Organização dos Estados Americanos (OEA) não aceitar Honduras de volta, como ela prega há meses, com o argumento de que as eleições gerais de novembro restabeleceram a democracia no país.

Com ou sem democracia, o fato é que, passado um ano, os setores golpistas são os grandes vencedores desse imbróglio que envolveu diversos países do continente, especialmente o Brasil e sua embaixada em Honduras. Apesar do surgimento da valorosa e heróica Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) – um dos maiores e mais bem organizados movimentos da história de Honduras –, Manuel Zelaya não retornou ao país, como exigia o Itamaraty, e a classe política, econômica e militar que arquitetou o quartelaço continua sendo a dona do Estado hondurenho.

O gabinete montado pelo atual presidente Porfirio “Pepe” Lobo – ele próprio apoiador do golpe – é composto, em grande parte, por golpistas ou indicados por estes. O Congresso e a Corte Suprema continuam sob controle ferrenho da oligarquia, que mantém forte presença em setores estratégicos, como a Hondutel – estatal hondurenha de telecomunicações, que, hoje, está sob o comando de ninguém menos que Romeo Vásquez Velásquez, ex-chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas quando da deposição de Zelaya – e, principalmente, nos corpos de segurança que dirigem a repressão, sob o pretexto do combate ao crime organizado.

Repressão seletiva

Mas, agora, preocupado com a repercussão internacional em tempos de internet, twitter, iphone e celular com câmera fotográfica e filmadora, o regime golpista decidiu “sofisticar” sua atuação. A repressão ficou mais seletiva: o alvo dos seqüestros, prisões e assassinatos são os principais líderes e dirigentes do movimento de resistência ao golpe.

Um comunicado divulgado pela FNRP em 27 de junho deste ano afirma que, desde janeiro, quando Pepe Lobo tomou posse, pelo menos 310 casos de violações de direitos humanos foram denunciados, 21 pessoas foram assassinadas e 53 foram detidas ilegalmente. Os que não sofrem violências físicas são processados judicialmente.

Por isso mesmo, a saída de cena oficial dos golpistas em janeiro – quando Pepe Lobo tomou posse – revelou-se uma hábil jogada. Além de se livrarem da classificação de “ditadores”, foi uma maneira de “lavar” o golpe e tentar ganhar o reconhecimento internacional para o novo regime. Afinal, a América Latina mudou. Ditaduras e golpes de Estado não são mais tolerados: a democracia está na ordem do dia no continente, mesmo que ela seja apenas formal, não importando se a sociedade como um todo é, de fato, democrática.

Mudou mesmo?

Mas, infelizmente, as coisas não mudaram tanto assim. É verdade que o golpe de junho de 2009 deixou evidente que os EUA já não exercem total controle sobre as ações dos demais países latino-americanos, como ficou explícito na expulsão de Honduras da OEA, na condenação quase unânime ao quartelaço e na própria postura vacilante e contraditória do governo estadunidense em relação ao ocorrido.

No entanto, a ação da oligarquia hondurenha mostrou também que, mesmo sob essa nova realidade vivida pelo continente, não se foi possível reverter uma situação, na teoria, fácil de ser revertida, dada a pouca margem de manobra que tinham os golpistas, no comando de um país de pequenas dimensões e influência geopolítica como Honduras.

Isso se explica, obviamente, pelo apoio dos EUA ao governo de fato. Se, por um lado, a diplomacia estadunidense anunciou a aplicação de tímidas sanções, como o bloqueio de passaportes e contas de alguns golpistas, por outro, insistiu em tratar (especialmente, Hillary Clinton) o assunto como um conflito entre duas partes equivalentes em força e em razão, quando, na verdade, o lado a se tomar era um só.

O golpe deixou claro, também, que a comovente retórica de Obama era nada mais que pura farsa – seja intencional, seja porque ele se vê de mãos atadas, não importa. Dois meses depois de o presidente estadunidense proclamar “novas relações com a América Latina” em Trinidad e Tobago, Manuel Zelaya era deposto com o apoio decisivo da embaixada dos EUA em Honduras e de agências estadunidenses de “apoio à democracia”, como USAID e NED.

Contra-ofensiva reacionária

Numa perspectiva mais pessimista, mas a ser considerada, a consolidação do golpe em Honduras pode significar, ainda, o esboço de uma espécie de contra-ofensiva da direita institucional no continente latino-americano. (Digo “institucional” porque a elite econômica mais “moderna”, como as transnacionais e os bancos, não chegaram a perder muito de seu poder, inclusive sob governos mais radicais, como os de Bolívia e Venezuela que, apesar dos inegáveis avanços, ainda não conseguiram promover grandes rupturas no campo da economia).

Ela já recuperou terreno no Chile, com a vitória eleitoral de Sebastián Piñera sobre a candidatura da Concertação (aqui, não cabe entrar no mérito de quão à esquerda são ou eram alguns governos, como, por exemplo, o de Michelle Bachelet). Na Colômbia, um dos principais responsáveis pela criminosa política de segurança do governo Uribe, o ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, foi eleito com folga em 20 de junho deste ano. Na Venezuela, Hugo Chávez e seu PSUV correm o risco de perder várias cadeiras na Assembléia Nacional, nas eleições legislativas de setembro (o que já aconteceu com o casal Kirchner, em junho do ano passado). E, no Paraguai, os avanços prometidos por Fernando Lugo continuam a ser barrados no parlamento, totalmente dominado pela oligarquia tradicional.

Por isso, o peso do Brasil na conjuntura latino-americana continuará sendo muito importante. Pois, se, por um lado, a política externa do governo Lula trabalha arduamente para abrir mercados nos países da América Latina para a vergonhosa atuação das transnacionais brasileiras (desenvolver e fortalecer um capitalismo brasileiro com inserção mundial parece ser um dos projetos centrais do governo do PT), por outro, a diplomacia do Itamaraty tem sido fundamental para conter determinadas tentativas de desestabilização de governos progressistas na região.

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*Igor Ojeda é editor de internacional do semanário Brasil de Fato. Entre outubro de 2007 e outubro de 2008, foi correspondente na Bolívia pela mesma publicação.


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Porque Israel atacou civis no Mediterrâneo?

Thierry Meyssan*
Traduzido por David Lopes

O ataque conduzido por Israel através de patrulhas equipadas com lança - mísseis de categoria Saar no dia 31 de Maio de 2010, contra a frota da Liberdade, em águas internacionais, ilustra a corrida precipitada de Tel-Aviv. A frota da Liberdade é uma iniciativa iniciada por militantes dos direitos humanos [1] [2], apoiados pelo governo turco. Os seus objetivos são de conduzir ajuda humanitária até Gaza e, ao mesmo tempo, quebrar o bloqueio imposto de forma ilegal pelo exército israelita e que afeta mais de 1,5 milhões de habitantes.



A decisão de abordar navios civis em águas internacionais constitui, sob o direito internacional, um «ato de guerra». Legalmente falando, houve roubo de navios e do seu carregamento, seqüestro de passageiros e homicídios. Estes podem ser considerados assassinatos se considerarmos o fato de que a informação prestada pela televisão turca revela a existência de uma lista, em posse dos soldados, com nomes de personalidades a liquidar durante o assalto.

Este ato de guerra, contra navios hasteando bandeiras gregas e turcas, foi realizado com o objetivo de consolidar o bloqueio existente, o qual constitui em si uma violação do direito internacional.

Escolhendo o argumento da «legítima defesa», as autoridades israelitas reivindicaram explicitamente a sua soberania em águas internacionais a 69 milhas náuticas do largo da Palestina. Esta anexação – temporária ou de duração longa – seria necessária para prosseguir com o bloqueio, sendo este essencial para a segurança do Estado de Israel.

Abordando um navio turco e matando passageiros, Tel-Aviv escolheu responder á crise diplomática que a opõe a Ancara desde Janeiro de 2009 primeiramente de forma militar. Esta iniciativa provocará uma crise no seio do Estado-maior turco e entre este e o governo turco. Entretanto, e embora a Turquia tivesse sido durante meio século o melhor aliado de Israel na região, o resultado será uma ruptura completa de relações militares entre os dois países. De agora em diante, as manobras conjuntas turco-israelitas serão canceladas por tempo indeterminado. Além disso, apesar da Turquia ter sido um parceiro vital para a economia israelita esta crise poderá igualmente ter conseqüências nas relações comerciais entre os dois países.

No entanto, Tel-Aviv tinha de anular a credibilidade da Turquia numa altura em que esta se aproxima da Síria e do Irão e ambiciona a criação de uma nova parceria de autoridade regional. [3]. Num futuro próximo, Israel deveria sancionar o papel de Ancara nas negociações do Protocolo de Teerã sobre a indústria nuclear iraniana.

Do lado turco, onde já se esperava uma demonstração de força mas não letal, segundo a doutrina neo-otomana teorizada pelo professor Ahmet Davutoğlu, ministro dos negócios estrangeiros, chegou o momento da Turquia se colocar na posição de defensor do povo palestino. Sem esperar pelo retorno do primeiro-ministro Recep Erdoğan, de viagem na América central, o embaixador turco em Tel-Aviv foi chamado de volta a Ancara para se juntar á célula de crise criada e liderada pelo vice primeiro-ministro, Bülent Arınç. Esta entrou de imediato em contacto com os 32 governos representados pela nacionalidade dos passageiros da frota. Todo o pessoal diplomático turco foi mobilizado no sentido de contatar e sensibilizar o máximo número possível de países e organizações internacionais. Numa conferência de imprensa o Sr. Arınç exigiu a restituição imediata dos três barcos furtados e do seu carregamento, bem como a libertação das centenas de cidadãos turcos seqüestrados. Escolheu referir-se ao ataque como sendo um ato de «pirataria» (e não de guerra), de forma a dar possibilidade ao governo de Netanyahu de apresentar o assunto como sendo uma «mancha» e não um ato político. Nesta lógica, o presidente Abdullah Gül exigiu que os tribunais israelitas julgassem os responsáveis desta matança.

No Chile, o Sr. Erdoğan declarou: «Esta ação é totalmente contrária aos princípios do direito internacional, isto é terrorismo que vem de um Estado desumano. Falo a todos os que apoiaram este ato: vocês apóiam o derramamento de sangue, mas nós apoiamos os direitos humanos e a paz». A Turquia faz parte da NATO. Se não obtiver uma resposta da parte de Israel que satisfaça poderá classificar o ataque como ato de guerra e recorrer a ajuda militar dos Estados membros da Aliança, conforme artigo 5 do tratado. O governo de Netanyahu convidou todos os emigrantes presentes na Turquia a saírem do país. Enquanto isso se tem multiplicadas manifestações espontâneas frente á embaixada israelita onde se reclama vingança.

A 26 Maio de 2010, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu recebe em Tel-Aviv o secretário-geral da Casa Branca, Rahm Emanuel. Este lhe faz um convite da parte de Barack Obama, que Israel recusará cinco dias mais tarde. Do lado dos EUA, este assunto faz lembrar o USS Liberty (8 Junho 1967). Durante a guerra dos Seis dias, os israelitas atacaram um navio militar americano, o USS Liberty, causando 34 mortos e 171 feridos. Tel-Aviv apresentou as suas desculpas pelo mal-entendido no campo de batalha. Washington aceitou oficialmente as desculpas, no entanto viu naquele ato uma ação propositada. Naquela época, os israelitas queriam sancionar as críticas lançadas pelos EUA.

Desta vez, o ataque á frota da Liberdade pode ser considerado uma sanção depois de Washington ter votado a favor de uma resolução, dos Estados signatários do Tratado de não-proliferação, que inclui Israel em declarar as suas armas nucleares e a aceitar os controles da Agência Internacional da Energia Atômica.

A decisão israelita de atacar navios civis em águas internacionais é tomada depois do assassinato de um dirigente palestino, nos Emirados, pela Mossad; depois da descoberta de um vasto sistema de falsificações de passaportes em detrimento de países ocidentais; e depois da recusa de participação na conferência internacional sobre o Tratado de não-proliferação. Este conjunto de acontecimentos pode ser interpretado como uma sucessão de golpes perpetrados por um Estado certo de sua impunidade – e neste caso, poderia tratar-se de mais um golpe ou até de um golpe a mais – ou, considerando a fricção pública entre Israel e a administração EUA – poderia tratar-se de uma reivindicação do leadership do movimento sionista mostrando que Tel-Aviv decide e Washington consente—. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de viagem á América do Norte, decidiu cancelar a sua visita ao Canadá e anular o encontro na Casa-Branca. Foi contatando por telefone pelo presidente Obama que lhe pediu explicações pelo sucedido.

A Alta Comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, Navi Pillay, declarou que a operação israelita não tem qualquer justificação jurídica. O Rapporteur especial dos direitos humanos nos territórios ocupados palestinos, Richard Falk, destacou que para além do atentado á liberdade de circulação nas águas, o problema central continua a ser o bloqueio. Afirmou que: «A menos que ações decisivas sejam tomadas prontamente para desafiar a aproximação de Israel a Gaza, seremos todos cúmplices de uma política criminosa que ameaça a sobrevivência de uma comunidade cercada». O Conselho de segurança foi convocado de urgência, neste dia (31/05/2010) ás 18h TU. O ministro turco dos negócios estrangeiros partiu para New York.

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*Analista político, fundador do Réseau Voltaire. Último livro publicado: L’Effroyable imposture 2 (a remodelação do Oriente Próximo e a guerra israelense contra o Líbano)
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1] « Dr. Arafat Shoukri : "Les conditions sont réunies pour faire de cette flottille un point de rupture" », entretien avec Silvia Cattori, Silviacattori.net, 23 avril 2010.

[2] Les principaux organisateurs de la flottille de la liberté sont : Mouvement Free Gaza, Campagne Européenne pour Arrêter le Siège de Gaza (ECESG), Fondation turque d’Aide Humanitaire (IHH), Fondation malaisienne Perdana et Comité International pour Lever le Siège de Gaza.

[3] « Basculement stratégique au Proche-Orient », par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 15 mai 2010.
Original em VoltaireNet

terça-feira, 1 de junho de 2010

O ataque mortal de Israel à frota de barcos humanitários que iam em direção a Gaza chocou o mundo

Israel, como qualquer outro Estado, tem o direito de se defender, mas isso foi um uso abusivo de força letal para defender o bloqueio vergonhoso de Israel a Gaza, onde dois terços das famílias não sabem onde encontrarão sua próxima refeição.

As Nações Unidas, a União Européia e quase todos os outros governos e organizações multilaterais têm pedido a Israel para acabar com o bloqueio, e para lançar uma profunda investigação sobre o ataque à frota. Mas sem pressão maciça dos seus cidadãos, os líderes mundiais vão limitar sua resposta a meras palavras – como eles já fizeram tantas vezes.

Vamos gerar um clamor global tão alto, que não possa ser ignorado. Assine a petição para exigir uma investigação independente sobre o ataque, a responsabilização dos culpados e o fim imediato do bloqueio à Gaza – clique para assinar a petição, e depois repasse essa mensagem a todos os que você conhece:


A petição será entregue às Nações Unidas e aos líderes mundiais, assim que alcançarmos 200.000 nomes – e novamente a cada oportunidade à medida que a lista for crescendo e que os líderes forem reagindo à situação. Uma petição massiva em um momento de crise como esse pode demonstrar aos que estão no poder que declarações e notas à imprensa não são suficientes – que os cidadãos estão prestando atenção e demandam ações concretas.

Enquanto a União Européia decide se irá expandir suas relações comerciais com Israel, e o Obama e o Congresso Americano definem o orçamento para ajuda militar a Israel para o ano que vem, e vizinhos como a Turquia e o Egito decidem seus próximos passos diplomáticos – vamos fazer com que a voz do mundo não seja ignorada: é tempo de verdade e de responsabilizar os culpados pelos ataques aos navios, e é tempo de Israel respeitar o direito internacional e acabar com o bloqueio a Gaza. Assine agora e passe essa mensagem adiante:


A maior parte das pessoas em qualquer lugar ainda compartilha o mesmo sonho: que haja dois Estados livres e viáveis, Israel e Palestina, que possam viver em paz lado a lado. Mas o bloqueio e a violência usada para defendê-lo, envenenam este sonho. Como um colunista israelense escreveu para os seus compatriotas no jornal Ha’aretz hoje, “Nós não estamos mais defendendo Israel. Nós estamos agora defendendo o bloqueio (a Gaza). O bloqueio por si só está se tornando o Vietnam de Israel.”

Milhares de ativistas pela paz em Israel protestaram hoje contra o ataque e o bloqueio, em passeatas desde Haifa até Tel Aviv e Jerusalém – se unindo a protestos ao redor do mundo. Independente de que lado atacou primeiro ou deu o primeiro tiro (o exército Israelense insiste em dizer que não foram eles que iniciaram a violência), os líderes de Israel mandaram helicópteros armados de tropas pesadas para atacar uma frota de navios em águas internacionais, que levava remédios e ajuda humanitária para Gaza, gerando mortes desnecessárias como conseqüência.

Não podemos trazê-los de volta. Mas talvez, juntos, nós possamos fazer deste momento trágico, um ponto de virada – se nós nos unirmos em um chamado de justiça inabalável e um sonho de paz inviolável.

Com esperança,

Ricken, Alice, Raluca, Rewan, Paul, Iain, Graziela e toda a equipe Avaaz

Saiba mais:

Entenda como funciona o bloqueio à Faixa de Gaza:


Israel ataca barcos que tentavam furar bloqueio de Gaza e mata ativistas:


Israel admite erros em abordagem militar em ataque a frota humanitária:


Comunidade internacional condena ataque de Israel à frota humanitária:


Conselho de Segurança da ONU condena ataque de Israel a frota humanitária:

 

domingo, 2 de maio de 2010

Uma nova onda sectária ameaça o Iraque

Manuel Raposo

Fonte: TMI-AP

Três semanas passadas sobre as eleições iraquianas de 7 de Março, ainda não se conhecem os resultados definitivos, mas conhecem-se já alguns dos efeitos, de certo modo esperados: acesas acusações de fraude e uma vaga de prisões da parte do governo ainda em funções visando os adversários políticos, sobretudo os candidatos sunitas eleitos. A oposição ao primeiro-ministro Al-Maliki acusa-o de usar as forças de segurança para afastar os rivais mais importantes, num esforço para derrotar a coligação oposicionista de Ayad Alawi que tem, pelos resultados conhecidos, uma estreita vantagem de dois deputados. Mas, mais do que esta guerra de seitas, tem interesse ver em que condições decorreram estas eleições e que efeitos podem provocar na atitude dos EUA.

A política de guerra dos EUA teve um único êxito no Iraque: conseguiu destruir o país.

Este dado é incontornável. Os resultados da invasão e da ocupação têm de ser medidos por estes efeitos e não por quaisquer propósitos anunciados. A democratização do Iraque é uma frase inteiramente vazia.

O Iraque não tem um regime político minimamente estável, nem perspectivas disso.

O poder é exercido por um conjunto de grupos sectários, inteiramente corrompidos, que só se sustentam com o roubo de recursos e com o apoio militar dos EUA, por um lado; e por outro lado (ironias da geoestratégia) do Irão, que ganhou protagonismo regional ocupando parte do vazio criado com a destruição pelos EUA do estado iraquiano.

Um quadro legal… ilegal

Foi sobre este pano de fundo que decorreram as últimas eleições no Iraque, as segundas desde a invasão.

Os EUA têm procurado com os ato eleitorais (o primeiro foi em 2005) obter uma espécie de legitimação da invasão. É bom lembrar, quanto a isto, que à luz do direito internacional os ocupantes não podem alterar o regime político e as leis dos países ocupados. Neste sentido, as eleições decorrem num quadro ilegal.

Também é de recordar que a resolução da ONU subseqüente à invasão reconheceu o fato da ocupação, mas não legitimou nem a invasão nem a ocupação – o que significa que os EUA permanecem ilegalmente no Iraque. (O anterior secretário-geral da ONU, Kofi Anan, disse, aliás, na hora da despedida – quando possivelmente se sentiu mais livre para falar – que a invasão do Iraque pelos EUA tinha sido um ato ilegal, de acordo com o direito internacional.)

Estes aspectos de princípio, embora formais, não podem ser esquecidos. Mas o decorrer das eleições em si também é elucidativo.

Uma lei eleitoral à medida

A lei eleitoral iraquiana é a que Paul Bremer (o procônsul nomeado por Bush) impôs em 2004. Foi feita com a idéia de conduzir os iraquianos a votarem segundo critérios sectários: xiita, sunitas, curdos votariam nos candidatos das respectivas pertenças religiosas ou étnicas. Esta foi a base do poder tripartido implantado pelo mesmo Bremer em Bagdá: um presidente curdo e dois vice-presidentes, um xiitas, outro sunita.

Esta é a matriz. Tudo menos uma representação nacional.

As eleições de 7 Março de 2010 estavam previstas para Janeiro de 2009. Foram sucessivamente adiadas por catorze meses porque os grupos no poder não se entendiam quanto à repartição de forças, e a lei eleitoral foi objeto de alterações – alterações estas disputadas tanto à mesa das negociações como nas ruas à bomba.

A matriz de Bremer manteve-se, mas estiveram em disputa três coisas:

Uma, foi o voto dos refugiados que são neste momento perto de 5 milhões dentro e fora do Iraque (sobre uma população total de cerca de 28 milhões e 19 milhões de eleitores). Foi decidido dar aos refugiados a possibilidade de votarem, mas a representação desses eleitores resume-se a 15 lugares no parlamento (num total de 323). Isto é, um deputado por 200 mil eleitores, quando a regra geral é de um deputado por menos de 60 mil eleitores.

Outra foi a decisão de quem podia e não podia candidatar-se. As forças do próprio poder dividiram-se quanto a isso e procuraram fazer exclusões de parte a parte.

Foi esta uma das principais origens dos atentados à bomba do Verão do ano passado. Tanto os EUA como o Irão intervieram abertamente: os EUA através do vice-presidente Joe Biden e do embaixador em Bagdá; o Irã através do próprio presidente Ahmadinejad. Em resultado, a nova lei reforça o papel das grandes coligações, das coligações de base sectária, constituídas à sombra dos EUA ou do Irão e reflete ainda mais o peso que estas potências exercem no Iraque.

A terceira foi a integração nas Forças Armadas iraquianas e nos organismos do Estado dos chamados Conselhos Despertar. Os Conselhos Despertar são milícias, principalmente sunitas, que os EUA organizaram, armaram e financiaram, a partir de 2007-2008, sob iniciativa do general David Petraeus. Oficialmente, destinavam-se a combater o “terrorismo” e a Al-Qaida; mas, na verdade, visavam fazer frente à Resistência, segundo uma política de contra-insurreição. Atualmente, são uns 100 mil homens armados – que causaram desaires à Resistência, mas cujo papel está em declínio.

A integração desses 100 mil é um novo problema que teve reflexos no processo eleitoral. Em vez da integração completa que, segundo as promessas, já deveria estar feita, apenas menos de metade foi encaixada nas FA e no Estado. Os conflitos gerados levaram o governo a prender muitos desses elementos e este fato foi mais uma fonte de ajustes de contas e de atentados.

Planos de retirada em causa

Esta confusão, em vez de estabilizar o regime, como os EUA pretenderiam, só veio mostrar a fragilidade do poder e a sua dependência da divisão sectária e dos apoios externos.

Isto mostra que, do ponto de vista dos interesses dos EUA, as condições políticas e militares para a retirada de cena não estão criadas. E começaram a ser dados sinais de uma possível revisão dos planos de regresso das tropas anunciados por Obama.

O jornal The New York Times de 22 de Fevereiro deste ano (escassos dias antes das eleições, portanto) dava conta desses sinais. Um, provém de fontes militares e diplomáticas dos EUA, que diziam que “a influência dos EUA no Iraque está num plano inclinado”. Outro é este: o general Odierno, comandante em chefe da Forças Armadas dos EUA no Iraque, anunciou um novo plano para atrasar o calendário de retirada das tropas.

A promessa de Obama de retirar do Iraque até 2011 parece, assim, estar em causa. O que quer dizer que, com estas eleições, não foi obtida a estabilidade política mínima que permita aos EUA saírem de cena. Mas isso pode ser uma boa razão para que os norte-americanos voltem a dizer que não há condições para retirarem. Como afirmava o resistente iraquiano Abdul Albayaty, “O processo político posto em marcha pelos EUA só pode reproduzir-se a si mesmo. Os futuros parlamento e governo continuarão tão divididos e paralisados como os anteriores. Isso é bom para os EUA”. E, prevendo uma nova onda sectária, o mesmo Albayaty comenta: “Os EUA, que criaram as condições deste sectarismo, declaram-se neutros, numa atitude de cinismo e de engenharia social criminosa.”

Original em Tribunal Iraque

segunda-feira, 26 de abril de 2010

No Iraque as Mulheres sentem a falta de Saddam

Abdu Rahman, Dahr Jamail

Fonte: Inter Press Service (IPS)
Tradução de F. Macias

Durante o governo de Saddam Hussein, as mulheres funcionárias da administração pública tinham um ano de licença de maternidade; agora foi reduzida para seis meses. Pela Personal Status Law (Lei do Estatuto Pessoal) em vigor desde 14 de Julho de 1956, quando os Iraquianos derrubaram a monarquia Britânica instalada, as mulheres iraquianas gozavam da maior parte dos direitos que gozavam as mulheres ocidentais.

Agora elas têm o Artigo 2º da Constituição: “O Islã é a religião oficial do estado e é a fonte basilar da legislação” O artigo A acrescenta “Nenhuma lei pode passar, se contrariar as leis incontestáveis do Islã”. À luz deste artigo, a interpretação dos direitos das mulheres fica a cargo dos chefes religiosos – e muitos deles estão sob influência do Irã.

“Os ocupantes norte americanos decidiram deixar cair os direitos das mulheres”, disse Yanar Mohammed que lidera a campanha pelos direitos das mulheres no Iraque. “Grupos políticos islâmicos tomaram o sul do Iraque, ali detêm completamente o poder e usam o apoio financeiro do Irão para recrutar tropas e aliados. O apoio financeiro e político do Irão é a razão por que os iraquianos do sul aceitam este estado de coisas, e não porque o povo iraquiano queira a lei islâmica.

Com a nova lei chegou à nova ilegalidade. Nora Hamaid, de 30 anos, graduada pela Universidade de Bagdá, desistiu da carreira com a qual sonhou. “Eu completei o meu curso antes dos invasores chegarem porque havia segurança e eu podia ir à Universidade livremente” disse Hamaid ao IPS. Agora ela diz que não pode andar na rua à vontade, e que teme pelos seus filhos durante todo o dia. “Quando digo todo o dia, quero dizer desde que eles saem de casa para a escola até regressarem, com medo que sejam raptadas.”

“O estatuto das mulheres aqui está diretamente ligado à situação geral”, diz ao IPS Maha Sabria, professora de ciência política da Universidade de Al-Nahrain em Bagdá ”A violação dos direitos das mulheres faz parte da violação dos direitos de todos os Iraquianos” Mas, acrescentou “ sob a ocupação as mulheres sofrem dupla opressão, porque é devido a ela que nós perdemos a liberdade.”

No parlamento há uma representação de mulheres de 25%, mas Sabria diz “Estas mulheres que fazem parte das listas partidárias levantam-se para defender o seu partido no parlamento, não para defender os direitos das mulheres”. Para as mulheres do Iraque a invasão ainda não acabou.

A situação das mulheres iraquianas reflete a situação global: toda a gente é afetada pela falta de segurança e falta de infra-estruturas.

“Agora mais homens são submetidos à prisão, pelo que as mulheres assumem agora toda a responsabilidade da família e são obrigadas a dar todo o apoio às famílias e aos filhos. Ao mesmo tempo, elas não têm liberdade de movimentos devido às deterioradas condições de segurança e aos raptos de mulheres e crianças por gangs de criminosos.”

As mulheres, diz ela, agora também são mais pressionadas a casar jovens, na esperança de que um marido lhes traga segurança.

Sabria diz ao IPS que os raptos de mulheres “não existiam antes da ocupação. Nós achamos que as mulheres perderam o direito a estudar e a ter uma vida livre e normal e por isso elas debatem-se agora com a opressão e a recusa de todos os seus direitos, mais do que nunca”.

Yanar Mohammed acredita que a constituição nem protege as mulheres nem lhes assegura os direitos elementares. Ela acusa os EUA de abdicarem da sua responsabilidade em ajudar a melhorar a democracia pluralista no Iraque.

“O verdadeiro regulador do Iraque agora é a ordem das velhas tradições e as leis tribais e retrógradas”, diz Sabria. “O maior problema é que há mais mulheres no Iraque que não conhecem os seus direitos, devido ao atraso e à ignorância que prevalecem na sociedade iraquiana de hoje.”

Muitas mulheres fugiram do Iraque porque os maridos foram presos arbitrariamente pelas forças de ocupação ou por seguranças particulares do governo, afirma Sabria.

Estima-se que mais de quatro milhões de Iraquianos foram deslocados com a ocupação, incluindo cerca de 2,8 milhões deslocados internamente. Os restantes estão refugiados, principalmente em países vizinhos, segundo um relatório de Elizabeth Ferris, diretora adjunta da Brookings InstitutionUniversity of Bern Project on Internal Displacement .

O relatório intitulado ‘Going Home? Prospects and Pitfalls for Large Scale Return of Iraqis’ (Regressar a Casa? Expectativas e Perigos de um Regresso em Massa), diz que a maioria das mulheres iraquianas deslocadas não querem regressar a casa porque a insegurança continua.

A Refugees International (RI) com sede em Washington, diz no seu relatório ‘Women’s Rights and Security Critical to Returns’ que “As mulheres iraquianas vão continuar a opor-se a voltar para casa, mesmo se as condições do Iraque melhorarem, se os seus direitos enquanto mulheres deixarem de estar ameaçados e se garantir a sua segurança pessoal e o ‘bem estar’ das suas famílias”.

O relatório do RI é um relatório sobre as mulheres deslocadas internamente na região Curda, semi-autônoma a norte do Iraque, e sobre as refugiadas na Síria. “Nenhuma mulher entrevistada pelo RI mostrou a intenção de regressar”, diz o relatório.

“Esta tenda é mais confortável do que um palácio de Bagdá; a minha família aqui está segura”, disse à RI uma mulher deslocada no norte do Iraque.

A situação é igualmente difícil para as mulheres dentro do Iraque.

“ Eu estou empregada e todos os dias vou para o meu local de trabalho e o maior desafio que eu e todos os Iraquianos enfrentamos é encontrarmos as estradas fechadas e sentirmos que somos pessoas sem direitos e sem respeito”, disse ao IPS uma mulher de 35 anos funcionária do governo, que deu o nome fictício de Ímã.

“Até que ponto é que isto me deu mais felicidade e proteção” perguntou. “Agora temos melhores salários, mas como é que as mulheres podem viver sem nenhuma segurança? Que direitos é que podemos ter se não há nenhum lugar seguro onde possamos ir, para descansarmos, divertirmo-nos e vivermos?
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(*Abdu Rahman é correspondente da IPS em Bagdá, trabalha em estrita colaboração com Dahr Jamail, repórter especialista sobre o Iraque que tem feito muitos relatórios sobre a região)

Publicado em Tribunal Iraque
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sábado, 10 de abril de 2010

EUA invadindo militarmente a Honduras

San Pedro Sula, Honduras, quinta-feira 8 de Abril, 2010

Ao Povo Hondurenho em Honduras e o resto do mundo:

Denunciamos ante Honduras e à comunidade internacional a presente violação da soberania territorial hondurenha e da dignidade do povo hondurenho que constitui o presente uso de helicópteros estadunidenses tipo blackhawk equipados com artilharia avançada e tecnologia de visão infravermelha e fotografia, assim como lança - mísseis e metralhadoras em missões de busca e destruição que estão sendo efetuadas pelas traidoras Forças Armadas de Honduras nos territórios campesinos da região do Baixo Aguán, em combinação com forças mercenárias estrangeiras.

Existe um estado de perseguição armada latente contra os cidadãos hondurenhos nesta conflitada zona de nosso país, cuja difusão midiática tem sido inteiramente destruída mediante o recente assassinato de vários jornalistas que cobriam os acontecimentos.

Temos visto com nossos próprios olhos as decolagens destas aeronaves na base militar estadunidense em Palmerola, temos anotado seus números de matrícula, e temos comprovado que dois destes avançados helicópteros patrulham incessantemente ambas as margens do Rio Aguán, enquanto que desde seu interior pessoal militar estadunidense fotografa e realiza operações de vigilância, busca, e observações de inteligência sobre o terreno e condições, tudo em clara antecipação ao genocídio ao qual o Governo de Porfirio Lobo Sosa pretende submeter o povo hondurenho e em particular às mais de 3.500 famílias campesinas que exigem respeito a seus direitos como cidadãos hondurenhos habitantes da região do Baixo Aguán.

Hasta donde conhecemos NÃO EXISTE NENHUMA RAZÃO OU AUTORIZAÇÃO PARA QUE FORÇAS MILITARES DE OUTRA NAÇÃO se encontrem autorizadas a ASSASSINAR HONDURENHOS MEDIANTE O USO DE FORÇA LETAL, em colaboração e acordo ilegal com as Forças Armadas traidoras do povo e da nação hondurenha.

Não temos conhecimento de que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tenha autorizado os Estados Unidos ou a nenhuma outra potencia estrangeira a deslocar Forças Militares em nossa nação, salvo as que se mantém na base militar de Palmerola supostamente para propósitos de assistência humanitária em caso de desastres NATURAIS.

Não sabemos tampouco que o Congresso Nacional de Honduras tenha autorizado as forças militares estadunidenses a realizarem missões de combate, busca e destruição, ou obtenção de dados para a inteligência, pois tais missões constituem ATOS DE GUERRA CONTRA A NAÇÃO HONDURENHA.

Não escutamos que o Presidente Porfirio Lobo Sosa haja autorizado o ingresso destas forças militares estadunidenses no conflito de caráter social que forçosamente deve ser resolvido entre hondurenhos mediante o diálogo e o compromisso, e não com atos de genocídio contra populações e comunidades que só buscam um futuro melhor.

Sendo que o presente conflito no Baixo Aguán é um assunto de caráter social e inteiramente um assunto interno da nação hondurenha NÃO ENCONTRAMOS EXPLICAÇÃO OU JUSTIFICATIVA ALGUMA para a presença de aeronaves militares armadas e prontas para a guerra dentro de nossa nação.

Dado que o governo dos Estados Unidos decidiu invadir a nação soberana do Iraque sem levar em conta as decisões tomadas pelas distintas entidades que formam a Organização das Nações Unidas, não é de estranhar que decidiram também arrogar-se o poder de intervir militarmente em Honduras contra cidadãos pobres e despojados que simplesmente reclamam seus direitos, mas ainda assim não podemos aceitar tal intervenção unilateral, irresponsável, ilegal, genocida, e assassina.

Definitivamente temos comprovado que por trás dos panos os Estados Unidos estão interessados em provocar uma guerra civil em Honduras, para aproveitar as primeiras horas de estupor e enviar forças especiais hondurenhas, reforçadas com unidades militares de elite estadunidenses (U.S. Army Rangers e Green Berets, que agiram em El Salvador durante vários anos) e paramilitares a serviço de latifundiários criminosos para destruir e assassinar os camponeses, assim como criar um vazio legal e governamental similar ao criado pelo golpe de estado militar contra o Presidente Zelaya, para aproveitar essa obscuridade e assassinar a todos os dirigentes da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, e a quantos manifestantes seja possível, para depois promover a invasão do país como ‘capacetes azuis’, e permitir o extermínio completo do movimento de resistência civil pacifista, como atualmente o fazem no Haiti, onde a maioria dos que caem assassinados pela ‘criminalidade comum’ são pertencentes aos movimentos reformistas, cidadãos dessa nação irmã.

Este cenário de espantoso genocídio tem sido copiado do manual de extermínio da Schutzstaffel (Waffen-SS) do Partido Nazi da Alemanha antes e durante a Segunda Guerra Mundial, durante a qual pereceram mais de seis milhões de cidadãos judeus europeus sob o regime nazi de engenharia social genocida. Por isso reconhecemos que o mesmo esquema está ser aplicado ao povo hondurenho, em especial àqueles que marchamos nas ruas exigindo uma nação melhor.

Imputamos responsável o governo belicista de Barack Obama pelo genocídio espantoso que suas forças militares assistem, planificam, e impulsionam mediante o uso de seus próprios recursos militares contra o povo hondurenho.

Também, fazemos duplamente responsável o governo golpista de Porfirio Lobo Sosa por este ato de alta traição à pátria por permitir o ingresso de forças militares estrangeiras que colaboram com a perseguição e o assassinato de cidadãos hondurenhos, constituindo este um ato de agressão sem precedentes nesta crise, e uma escalada de hostilidades contra o povo hondurenho.

Por isso conclamamos com toda nossa força a todos os hondurenhos residentes em outros países do mundo para que denunciem estes atos genocidas ante suas autoridades correspondentes, e ante todas as associações de cidadãos ao redor do mundo que se encentrem lutando pela defesa dos direitos humanos e o bem da humanidade inteira.

Não temos medo, nem pensamos ficar de braços cruzados para deixar que nos encurralem dentro de esquemas falidos de mentes lunáticas e senilidades hitlerianas às quais são tão adeptos os criminosos cleptocratas invasores de nossa nação.

Não nos calamos, não fechamos os olhos, nem retrocedemos nem para tomar impulso, pois o sangue de nossos ancestrais e nossos mártires nos chama a levantar-nos.

Pela dignidade, a vida, e o direito de ser artífices de nosso próprio destino,

Resistimos e Venceremos! Por FNRP-NORTE

Original em Habla Honduras
Tradução Rosalvo Maciel

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