Além do Cidadão Kane

quinta-feira, 26 de junho de 2008

REFLEXÕES DE FIDEL

Os Estados Unidos, a Europa e os direitos humanos
• A desprestigiada forma de suspender as sanções a Cuba que acaba de adotar a União Européia em 19 de junho foi abordada por 16 despachos internacionais de imprensa. Não implica em absoluto conseqüência econômica alguma para Cuba. Pelo contrário, as leis extraterritoriais dos Estados Unidos e, portanto, seu bloqueio econômico e financeiro continuam plenamente vigentes. Na minha idade e no meu estado de saúde, não se sabe o tempo que se vai viver, mas desde agora desejo confirmar meu desprezo pela enorme hipocrisia que encerra tal decisão. Isto fica ainda mais evidente quando coincide com a brutal medida européia de expulsar os imigrantes não autorizados procedentes dos países latino-americanos, nalguns dos quais a população em sua maioria é de origem européia. Os emigrantes são, ademais, fruto da exploração colonial, semicolonial e capitalista.

De Cuba, exigem, em nome dos direitos humanos, a impunidade dos que pretendem entregar a pátria e o povo, de pés e mãos atados, ao imperialismo. Até as próprias autoridades do México têm que reconhecer que a máfia de Miami, a serviço do governo dos Estados Unidos, arrebatou pela força ─ ou comprou ─, a um importante contingente de agentes migratórios desse país, dezenas de imigrantes ilegais detidos em Quintana Roo, entre eles, crianças inocentes transportadas à força por arriscados mares e até mães forçadas a emigrar. Os traficantes de pessoas como os de drogas, que têm a seu dispor o maior e mais cobiçado mercado do mundo, colocaram em risco a autoridade e a moral de que necessita qualquer governo para dirigir o Estado, derramando sangue latino-americano por todas as partes, sem contar os que morrem por emigrar através do humilhante muro fronteiriço sobre o que foi território do México.A crise dos alimentos e da energia, as mudanças climáticas e a inflação acossam as nações. A impotência política reina, a ignorância e as ilusões tendem a generalizar-se. Nenhum dos governos, e menos ainda os da República Checa e da Suécia, que eram renitentes à decisão da União Européia, poderiam responder de forma coerente às interrogantes que estão sob o tapete.

Enquanto isso, em Cuba os mercenários e vende-pátrias a serviço do império se descabelam e se rasgam em defesa dos direitos à traição e à impunidade.Tenho muitas coisas que dizer, mas por hoje chega. Não desejo incomodar, mas vivo e penso.

Divulgarei esta Reflexão só pela Internet, hoje, sexta-feira, 20 de junho de 2008.



Fidel Castro

O original está em Granma Internacional


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