Patricio Montesinos
As recentes revelações de que o ex-presidente do governo espanhol, José María Aznar, autorizou que vôos secretos da CIA com prisioneiros sobrevoassem ou pousassem nesse estado europeu, confirmam que o direitista e ex-líder do Partido Popular (PP) violou, inclusive, as leis de seu país para satisfazer o regime norte-americano de George W. Bush.
O denominado trio das Açores: Anthony Blair, George W. Bush e José María Aznar.
Um documento secreto, revelado no domingo, 30 de novembro, pelo jornal El País, destacou que, em 2002, Washington pediu para Aznar que os aviões da Agência Central de Inteligência com réus afegãos e de outros países pudessem pousar no território espanhol em suas viagens à prisão e centro de torturas que os Estados Unidos mantêm na ilegal base do território ocupado de Guantánamo, em Cuba.
O texto sustenta que José María sabia desde o início desses vôos, chamados da vergonha, e nos quais eram transladados os réus sem nenhum tipo de garantias e violando as mais elementares normas da Convenção de Genebra.
Mas essas revelações sobre o ex-chefe do direitista PP não surpreendem ninguém, levando em conta tudo o que fez a favor de seu "amigo" Bush, a quem deve sempre obediência e subordinação.
Aznar não só autorizou os vôos da CIA, mas também pôde ter feito qualquer outra coisa que lhe pedisse o atual inquilino da Casa Branca, porque, como é sabido, justificou os cárceres secretos que os EUA ainda têm no mundo, inclusive na Europa, e os escandalosos campos de concentração de Guantánamo e Abu Ghraib, condenados em toda parte do mundo pelas horrendas violações dos direitos humanos.
Também deu apoio incondicional à invasão sangrenta ao Iraque e à guerra do Afeganistão, para onde o ex-governante enviou tropas espanholas contra a vontade da maioria do povo dessa nação ibérica.
Junto ao ex-primeiro ministro, Anthony Blair, e Bush, posou na famosa foto das Açores, em março de 2003, após a qual, os Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) empreenderam a agressão contra o Iraque, sem contar com as Nações Unidas.
Mas não bastando isso ao ex-presidente espanhol e por ordem do chefe da Casa Branca visitou vários países da América Latina para alentar alguns governos dessa região a se imiscuírem na invasão ao território iraquiano, além de recrutar soldados como carne de canhão e mercenários.
Precisamente, na Espanha, ganha força uma plataforma denominada: Julgamento a Aznar, formada por intelectuais, políticos, advogados, catedráticos, que reclamam que seja aberto um processo judicial a ele e seja julgado por sua ativa participação no conflito desatado na nação do Golfo.
O que se pretende com essa iniciativa é conseguir o maior número de adesões para pedir no Tribunal Penal Internacional um processo, em que se exijam responsabilidades ao denominado "trio das Açores".
As revelações no El País constituem mais um argumento de peso para sentá-lo de uma vez por todas no banco dos réus.
Original em Granma
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