Além do Cidadão Kane

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Iraquianos festejam nas ruas sapatada em Bush

Com as duas sapatadas desferidas pelo patriota Muntadar Al Zaidi, a encenação de Bush-Maliki foi para o vinagre. Ou, como destacou uma das organizações integrantes da Re- sistência iraquiana, foi um “referendo contra o acordo”.
Manifestações em Bagdá, Najaf, Faluja, Basra e outras cidades iraquianas comemoraram na segunda-feira dia 15 as sapatadas do jornalista Muntadar Al Zaidi no criminoso de guerra George W. Bush, em pleno QG da ocupação, na Zona Verde da capital iraquiana. “Toma o beijo da despedida, seu cachorro”, gritou Al Zaidi ao arremessar o primeiro sapato, que quase atingiu W. Bush, que teve de dar um mergulho, para escapar. Pouco antes, Bush havia enaltecido a escalada da invasão nos últimos meses, e dito que sua viagem era “o beijo de despedida” ao Iraque. Nos países árabes, o arremesso de um sapato é um dos maiores insultos que podem ser feitos.


“PELAS VIÚVAS E ÓRFÃOS”

Logo em seguida, o jornalista arremessou seu segundo sapato, e gritou que esse era “pelas viúvas, pelos órfãos e por aqueles que foram mortos no Iraque”. O sapato passou zunindo pela cabeça de W. Bush - que se abaixou às pressas enquanto o primeiro-fantoche Nuri Al Maliki tentava dar uma de zagueiro -, e ainda pegou em cheio na bandeira dos EUA atrás deles. A motivação de Bush para ir a Bagdá era a aprovação, pelo governo e parlamento fantoche, do acordo, ditado pelo Pentágono, que, em nome de marcar a retirada, “autoriza” presença militar permanente dos EUA no país (um corolário da lei de pilhagem do petróleo).
Mas, com as duas sapatadas desferidas pelo patriota Al Zaidi, a encenação Bush-Maliki foi para o vinagre. Ou, como destacou uma das organizações integrantes da Resistência iraquiana, foi um “referendo contra o acordo”. O vídeo da humilhante situação de Bush se abaixando para escapar dos sapatos correu mundo, e até virou joguinho na internet: acerte uma sapatada nele. Poucas vezes a impotência do invasor e seus lacaios, mesmo dentro da sua fortaleza, a Zona Verde, ficou tão patente. Ergueram muradas e mais muradas, inúmeros postos de checagem, e chega um patriota, com um par de sapatos, e coloca a invasão a nu. A ponto da mídia imperial se ver obrigada a registrar que as sapatadas marcam o melancólico fim do governo Bush.
Na manifestação na capital, um avantajado sapato acompanhava o letreiro: “fora EUA”. Milhares de pessoas, empunhando bandeiras iraquianas – daquelas que invasores e fantoches vivem tentando abolir –, exigiram a retirada imediata das tropas dos EUA e a libertação do jornalista. “Bush, Bush, ouça bem: dois sapatos em sua cabeça”, gritava a multidão. No mundo inteiro, e mais ainda, entre os povos árabes e islâmicos, Al Zaidi foi acolhido como herói. Após seu gesto, o jornalista foi agarrado e espancado ali mesmo por agentes americanos e colaboracionistas, e retirado do local. Há notícias de que foi levado para o campo de concentração dos EUA junto ao Aeroporto de Bagdá. Mais de 200 advogados, inclusive o advogado-chefe de Sadam Hussein, Khalil Al Dulaimi, já se ofereceram para defender Al Zaidi (veja matéria). O canal de TV em que trabalha, a TV Bagdá, com sede no Egito, reiterou pedido de sua pronta libertação e responsabilizou o regime por sua integridade física.
E a ação de Al Zaidi vai fazendo escola: em Najaf, um comboio militar norte-americano foi repelido a sapatadas.

ANTONIO PIMENTA
Original em Hora do Povo

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