Além do Cidadão Kane

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Repensar o nosso socialismo é a melhor forma de celebrar a Revolução Cubana”

Em entrevista à Carta Maior, Carlos Tablada, professor da Universidade de Havana e autor de livros sobre o pensamento político e econômico de Che Guevara, fala sobre os 50 anos da Revolução Cubana, sobre o marxismo de Che e o socialismo do século XXI.
Clarissa Pont

Com o 50º aniversário da Revolução Cubana se aproximando, Carta Maior conversou com Carlos Tablada, professor da Universidade de Havana e redator da revista Alternatives Sud, do Centro Tri-continental (CETRI), além de Fundador do Fórum Mundial de Alternativas e membro do júri do Prêmio Casa das Américas. Em recente entrevista, quando incitado pela milésima vez a fazer críticas a Cuba, o escritor uruguaio Eduardo Galeano resumiu assim sua análise sobre o país: “Continuo acreditando que a onipotência do Estado não é a melhor resposta à onipotência do mercado e ainda pratico aquele conselho de Fonseca Amador, o fundador do sandinismo na Nicarágua: Amigo, amigo verdadeiro, é quem elogia pelas costas e critica pela frente”. Tablada é da mesma turma, autor de vários livros e dezenas de artigos, licenciado em sociologia, filosofia e doutor em ciências econômicas, ele esteve no Brasil para lançar a primeira edição em português de "O marxismo de Che e o socialismo no século XXI". Na ocasião da entrevista, passava por Cuba o terceiro furacão deste mês, deixando perdas avaliadas em US$ 8,6 bilhões e quatro mortos. “Nós sabemos que não há como reconstruir uma sociedade sem a possibilidade de repartir tuas coisas com outras pessoas e outros povos. Ou seja, o cubano tem um espírito de solidariedade muito forte, de repartir o pão, não somente com outro cubano, mas também com um estrangeiro. Por exemplo, no período em que o Produto Interno Bruto cubano caiu quase 40%, nós tínhamos mais de 25 mil estudantes estrangeiros com bolsa estudando na universidade e nós não mandamos ninguém de volta. A nenhum cubano passou pela cabeça dizer bueno, agora não temos o que comer, vamos mandar esse pessoal embora, como vamos alimentar e educar mais de 25 mil estudantes estrangeiros? Mas é normal. E agora, com os furacões, creio que vai ser a mesma coisa, nos recuperamos”.Nesta conversa, Tablada defende que é a partir da mesma força solidária de reconstruir Cuba que surgem as comemorações de meio século de revolução.

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