Além do Cidadão Kane

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A crise do capitalismo na Alemanha

“O mais espantoso é que aqueles que atearam o fogo à economia em nome da infalibilidade do mercado, como as Merkel e os Schröder na Alemanha, os Sócrates e os Barroso em Portugal são os mesmos que hoje desavergonhadamente gritam que a casa está a arder para fazer pagar aos trabalhadores os malefícios da crise, saquear o Estado e continuar a reforçar o poder do grande capital.”
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Rui Paz
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Na Alemanha, a crise do sistema capitalista irrompe de uma forma cada vez mais brutal. A quebra da produção e o aumento do desemprego é impressionante. Só em Janeiro, o número oficial de desempregados aumentou mais 387 mil em relação ao mês anterior, perfazendo o total de 3 milhões e 489 mil. Mas estas estatísticas não incluem os 200 mil trabalhadores com mais de 58, anos reformados compulsivamente por estarem desempregados; os 300 mil obrigados a trabalhar por um euro à hora; os 400 mil com horários incompletos e salários reduzidos devido à quebra da produção e cujo número não cessa de aumentar; as centenas de milhares de jovens à procura do primeiro emprego; os 7 milhões de alemães que vivem com 345 euros mensais da assistência social e das medidas «Hartz IV», socialmente excluídos e sem qualquer esperança de um futuro melhor; os milhões que trabalham mas não ganham o suficiente para poder viver. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2004, ainda antes desta nova vaga de devastação econômica, já viviam na miséria 10,6 milhões de pessoas, isto é, 13% da população alemã, enquanto o lucro líquido das sociedades financeiras aumentou 42% entre 2000 e 2005. A crise da indústria automóvel é bem elucidativa de que se está em presença de um problema central do capitalismo sem solução no quadro do sistema.
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O chefe da Volkswagen, Winterkorn, revelara recentemente que a produtividade nas fábricas de Wolfsburg e de Zwickau aumentara respectivamente 10% e 15% na passagem do modelo Golf V para o Golf VI. Isto significa que para montar o mesmo número de automóveis passaram a ser necessários menos 10 a 15 trabalhadores. Na BMW, na Mercedes e na Opel o aumento da produtividade chegou a atingir 20%. Como não se verificou nenhuma redução do tempo de trabalho nem aumentos salariais equivalentes, estas subidas espetaculares da produtividade não beneficiaram os trabalhadores mas os acionistas, os quais, não sabendo o que fazer com tanto capital acumulado e impossibilitados de o investir na esfera produtiva devido à miséria generalizada e à perda do poder de compra, voltaram-se para a especulação financeira.
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Atualmente a quebra de vendas da Opel é de 36% e a da VW 19%. Eis o resultado de anos e anos de políticas orientadas para os interesses da oligarquia dos mercados, conduzidas por governantes sem escrúpulos e forças políticas submissas ao grande capital, as quais apregoando falsas teorias impuseram a estagnação dos salários, privatizaram e dilapidaram os bens do Estado, ofereceram milhões e milhões de impostos aos multimilionários, liquidaram direitos laborais e sociais e fizeram aumentar obscenamente os lucros e os rendimentos da burguesia monopolista enquanto a pobreza e o desemprego alastraram. O mais espantoso é que aqueles que atearam o fogo à economia em nome da infalibilidade do mercado, como as Merkel e os Schröder na Alemanha, os Sócrates e os Barroso em Portugal são os mesmos que hoje desavergonhadamente gritam que a casa está a arder para fazer pagar aos trabalhadores os malefícios da crise, saquear o Estado e continuar a reforçar o poder do grande capital.
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Original em O Diário

FSM: quem desmata a Amazônia?

por Eron Bezerra*


A 10ª edição do Fórum Social Mundial (FSM) acaba de ser encerrada em Belém. Da primeira edição para esta muita coisa mudou e outras, ainda, continuam iguais. É uma clara demonstração da vitalidade da dialética que nos ensina tanto que “a natureza e a sociedade se transformam e evoluem permanentemente”, como assevera que “o novo nega o velho e o velho nega o novo”.

Quando milhares de pessoas se reuniram naquela edição primeira de Porto Alegre o lema geral do FSM - “outro mundo é possível” - estava impregnado da rejeição ao capitalismo e, também, da negação ao chamado socialismo real.


O mundo de então se caracterizava por uma expansão belicista sem precedente do imperialismo americano e, ao mesmo tempo, pelo colapso do leste europeu e o fracasso da experiência soviética.

A idéia de um mundo baseado no chamado terceiro setor, ou simplesmente ONGs, era muito presente naquele tempo. Por isso, contraditoriamente, embora negassem o capitalismo como sistema, a pregação de um mundo globalizado, sem fronteiras, no qual a Amazônia seria “patrimônio da humanidade” fazia enorme sucesso na quase totalidade dos presentes naquela já distante edição.

Para contrariedade dos organizadores a presença duma minúscula “delegação” do PCdoB (não mais que 5 pessoas) impediu a unanimidade dos discursos tanto no aspecto global da Amazônia quanto da alternativa para o “o outro mundo”.


A edição de Belém encontra o mundo envolto na maior crise capitalista do século, na derrota geral do neoliberalismo na América Latina, na revitalização do projeto socialista como alternativa e no bom desempenho com que os países socialistas vêm levando adiante seus projetos nacionais de desenvolvimento. O socialismo, portanto, não é mais coisa de “dinossauro”. E essa é a mais expressiva mudança no conteúdo e no “humor” do FSM.

Mas a Amazônia continua sendo pautada como “patrimônio da humanidade”, apesar dos avanços obtidos tanto na edição de Caracas quanto nesta de Belém, ambas patrocinadas pelo PCdoB e a Fundação Mauricio Grabois.


Quem, afinal, desmata a Amazônia?


Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a Amazônia perdeu algo como 36 milhões de hectares de floresta entre 1988 e 2008. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trabalha com um valor maior. Dados do censo agropecuário registram que, em 2006, em torno de 2,1 milhões de trabalhadores rurais cultivavam próximo de 69,7 milhões de hectares, sendo 14,3 (20%) com lavouras temporárias e permanentes e 55,4 milhões de hectares (80%) com pastagens.Dessa área, as culturas alimentares (arroz, feijão e mandioca), destinadas ao consumo da população local, ocupavam não mais do que 1,4 milhões de hectares, ou seja, 2% de toda a área.

Como já se viu a pecuária ocupa 80% de toda a área e a soja, sozinha, 51% de toda a área de lavoura temporária e permanente. A população local não come tanta soja e nem tampouco tanta carne. Aonde se destina essa produção? Ao sudeste do país e ao exterior, especialmente Europa e Estados Unidos, precisamente os que por outros interesses – acima já registrados – são os que mais bradam contra a ocupação da Amazônia. De nossa parte é bom não esquecer que esses são os principais produtos da nossa pauta de exportação.

*Eron Bezerra, Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
Original em Vermelho

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Sri Lanka: o genocídio dos tamiles

A agressão militar do governo de Sri Lanka contra a população tamil continua estes dias, com os ataques indiscriminados contra civis, e um avanço para a última fortaleza do LTTE (**). Esta campanha militar está dissimulada sob a proteção ideológica que lhe deu a propaganda internacional sobre a chamada "guerra ao terror" e, como denunciam alguns defensores dos direitos humanos, não faz senão esconder uma política repressiva e de aniquilação contra o povo Tamil e os seus representantes políticos.
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Alguns mitos que mantém a história do Sri Lanka começaram a cair. Desde sua independência, a maioria cingalesa vem denunciando a situação privilegiada que a população tamil vivia sob ocupação britânica. No entanto, uma revisão detalhada das ações dos colonialistas britânicos serve para desmantelar esses mitos. As principais vias de comunicação, de Jaffna eram do tempo dos holandeses e o britânicos as abandonaram e projetaram novas. A estrada de ferro na ilha se dirigiu primeiro para o sul, e foi somente décadas mais tarde que se construiu até as populações tamiles.
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A economia de Jaffna baseada no comercio de café e têxteis, decaiu durante o governo Britânico e não houve substituição por outros produtos para reativar a economia. Na educação, encontramos outro tanto. A presença de missionários norte americanos, enviados “ao norte” como castigo e para dificultar sua atuação, acabou por dotar a população tamil de um modelo moderno e não colonial de educação, não obstante, os principais centros universitários da ilha se encontravam em torno da capital, Colombo, e foi principalmente essa cidade que recebeu todas as ajudas e impulsos para se desenvolver e converter-se no núcleo principal da ilha.
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Parte da elite tamil não teve dúvidas em emigrar até esses novos centros de poder, e dessa forma essa minoria privilegiada foi a que pos em dificuldades a parte cingalesa, os proprietários e colaboradores da ocupação que souberam aproveitar-se desta e das décadas posteriores. Alem disso, finalmente, os britânicos concordaram em transferir o poder à elite e à aristocracia da costa cingalesa, em detrimento da burguesia tamil de Colombo e, sobre tudo, por cima das reivindicações da maioria do povo Tamil que pedia uma soberania plena.
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Todos os governos de Colombo vêm trabalhando à serviço dos desejos da população cingalesa exclusivamente. Nesse sentido é interessante ouvir as declarações da figura militar mais importante do país, o tenente general Sarath Fonseca, que afirmou “estar convencido que esse país pertence aos cingaleses, ainda que existam algumas comunidades minoritárias. E se estas querem viver conosco, não devem pedir coisas irrealizáveis”. Definitivamente a ilha pertence aos cingaleses e os tamiles podem viver nela, desde que não reclamem sua própria identidade ou soberania. A história mais recente do Sri Lanka esta marcada pelo caráter excludente do chauvinismo cingalês. Até a constituição de 1972, a ilha era conhecida de três maneiras diferentes: Sri Lanka para os cingaleses; Ceilão era o termo inglês, e a tradução para o Tamil era ILANGKAI. No entanto, a partir desse ano o nome oficial passa a ser Sri Lanka, fazendo da identidade cingalesa o seu eixo central.
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Ante essa situação, a população tamil, rechaça uma constituição que, com a base budista-cingalesa, os colocava como cidadãos de segunda categoria. Dois anos mais tarde o povo tamil faz pública a Declaração Vaddukkoaddai, onde se reclamava o direito de autodeterminação para os tamiles e se dava ênfase à reivindicação de “Eelam Tamil”.
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O intento dos diferentes governos do Sri Lanka para impor a identidade cingalesa sobre os tamiles e dominar-los completamente não tem cessado e as constantes tentativas militares para acabar com a resistência não têm logrado, até o momento, resultados. A estratégia de Colombo é a instalação de um novo colonialismo, onde o povo Tamil seja submetido aos desejos e interesses cingaleses.
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Chama a atenção as recentes declarações de um prestigiado sociólogo cingalês, que diz, dentro de um claro tom militarista e triunfalista, da “necessidade de não perder a vitória na Paz”. Em seu discurso advoga por ”encher as zonas tamiles de colônias, dotando aos novos colonos cingaleses de terras e recursos, evitando que os tamiles voltem a controlar a situação”. Alem disso defende a instalação de fábricas controladas pelo exército, para defender os novos colonos e produzir novas riquezas para eles. Finalmente defende a necessidade de perseguir a todo aquele que venha a questionar a soberania de Colombo, ou que apoie as demandas tamiles.
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A avalanche triunfalista contrasta com os dados que estão publicando outras fontes sobre o conflito. Um prestigiado advogado estadunidense esta pleiteando levar ante os tribunais dois altos funcionários do atual governo do Sri Lanka que tem passaporte dos EEUU. As acusações de “cumplicidade no genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra, tortura e mortes extrajudiciais” são graves e, apesar de as possibilidades de seguir adiante não serem muito altas, o caso está servindo para tornar público dados que geralmente se ocultam.
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O informe aponta que se está produzindo ”um genocídio sistemático contra os tamiles por parte do governo do Sri Lanka”, ressaltando as milhares de vidas civis que já foram tiradas pelo exército de Colombo. Assinala que há dados objetivos que provam a “sistemática da privação e isolamento da população civil tamil”.
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Assim, o exército do Sri Lanka seria responsável, pelo menos, três mil mortes extrajudiciais e três mil desaparecimentos nos últimos três anos (uma media de três mortés e três desaparecimentos por dia). As investigações oficiais dessas ações são meras encenações sem nenhum resultado de punição para os seus autores. Alem disso, se tem registro de cerca de duzentos campos militares nas áreas tamiles, onde ninguém pode mover-se sem a permissão do exército ocupante.
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Também destaca a situação de mais de um milhão de pessoas que tem sofrido “fome, privação de remédios e tiveram que deslocar-se para acampamentos de refugiados”. Tudo isso sem contar o incalculável número de civis que estão sofrendo o denominado “trauma psicosocial”.
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Maquiar o genocídio sob o rótulo de “contra-terrorismo” e alcançar o apoio da chamada comunidade internacional é a postura de Colombo. E, no momento, parece que está alcançando os seus objetivos. O chamamento de alguns paises para que o LTTE deponha as armas e se renda incondicionalmente não tem agradado aos representantes tamiles. Esses apontam que a credibilidade desses atores no passado, incluindo o papel da ONU ficou sob suspeita frente ao genocídio de Ruanda. “Se ante essa ameaça o povo Tamil não pode defender-se, estaria condenado a desaparecer, daí que convém respeitar as decisões do povo Tamil para manter suas justas reivindicações”, reclamam porta-vozes de organizações como “Tamiles contra o genocídio”.
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A tragédia humanitária que está sofrendo o povo Tamil com milhares de mortes nestas semanas, esta aumentando pelo embargo imposto pelo governo do Sri Lanka, que impede qualquer assistência humanitária a população civil. Alem disso a comunidade internacional, claramente alinhada no campo político com os dirigentes cingaleses, não parou jamais sua ajuda econômica e militar para que este mesmo governo possa por em marcha esse genocídio.
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Essa mesma comunidade internacional ignora as constantes violações do Sri Lanka às leis internacionais. As recentes declarações do secretario de defesa do Sri Lanka, assinalando que “nenhum hospital pode funcionar fora da zona de segurança (...) qualquer (hospital) fora da zona de segurança é um alvo legitimo”, se produzem após um bombardeio contra um hospital com dezenas de mortos, e que alguns, cinicamente, apresentam como “fruto de enfrentamentos armados”, quando na realidade se trata de outro “crime contra a humanidade” por parte dos militares do Sri Lanka segundo estabelecem as leis anteriormente citadas.
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Os anúncios do fim da resistência tamil não são novos. Já faz 22 anos, em 1987, o prestigioso “The Economist” publicou uma noticia “Réquiem para os Tamiles”, onde apresentava um cenário sem a representação tamil do LTTE. O tempo colocou cada coisa em seu lugar e o sofrimento por não abordar o conflito seriamente tem perdurado até os nossos dias.
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Se todos reconhecem que o conflito entre os tamiles e cingaleses é fundamente de natureza política, a superação do mesmo necessita, obrigatoriamente, uma solução política. O povo Tamil vem a décadas dizendo que a ilha está habitada pela nação Tamil e pela nação Cingalesa, “e sobre a base do reconhecimento dessa realidade e com uma negociação entre os legítimos representantes de ambas as nações (o estado do Sri Lanka e o LTTE) sobre a fórmula que possibilite a ambas as nações conviver em paz”, se busque a solução para o conflito. Até agora, nessa equação, os cingaleses, sobretudo o denominado etnonacionalismo cingalês-budista, tem mantido que o conjunto da ilha pertence a nação cingalesa, rechaçando o reconhecimento da existência de uma nação Tamil com os mesmos direitos que eles. Esse discurso tem fomentado uma atuação militarista como a única solução para impor seus objetivos, tendentes ao desmantelamento absoluto de uma realidade, qual seja a existência da nação Tamil.
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Sob a bandeira da chamada “luta contra o terror”, e com o beneplácito de boa parte da comunidade internacional, se esta gestando um genocídio contra uma das culturas mais antigas da humanidade e contra as justas aspirações do povo Tamil.
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(*) TXENTE REKONDO - Gabinete Vasco de Análise Internacional (GAIN)
(**) LTTE - Liberation Tigers of Tamil Eelam (Exército Nacional Tamil)
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Original em espanhol em Rebelión

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Iraque: 6 anos depois

As Terríveis Perdas Humanas no Iraque: Cerca de 1 Milhão de Mortos, 4,5 Milhões de Desalojados, 1-2 Milhões de Viúvas, 5 Milhões de Órfãos


John Tirman: The Nation
Fonte: Uruknet Tradução de Francisca Macias


Agora que Bush se foi embora, talvez nós possamos enfrentar honestamente os danos que causamos e assumir as nossas responsabilidades

Agora nós podemos fazer a avaliação do número de Iraquianos que morreram na guerra provocada pela administração Bush. Com o olhar atento para a prova evidente do legado de guerra de Bush, poremos em perspectiva as suas declarações de vitória. É certo que, até mesmo pelas suas bandeiras – estabilidade – o tribunal está longe. A maior parte dos analistas independentes costuma dizer que é muito cedo para se julgar os resultados políticos. Quase seis anos depois da invasão, o país continua dividido por políticas sectárias e a maioria dos problemas estão por resolver, como a situação de Kirkuk
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Nós temos uma melhor compreensão dos custos humanos da guerra. Por exemplo, as Nações Unidas calculam que há perto de 4,5 milhões Iraquianos desalojados – sendo mais de metade refugiados - e cerca de um em cada seis civis. Apenas 5% optaram por regressar às suas casas durante o ano que passou, um período de menor violência comparado com os altos níveis de 2005-2007. A viabilidade de cuidados sanitários, água potável, escolas a funcionar, empregos e por aí adiante continua a ser uma ilusão. Segundo a Unicef, muitos distritos informam que menos de 40% das famílias têm acesso a água potável. Mais de 40% das crianças em Basra, e mais de 70% em Bagdá, não podem freqüentar a escola.
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A mortalidade causada pela guerra é também muito alta. Foram realizados vários estudos estatísticos às famílias entre 2004 e 2007. Embora se verifiquem diferenças entre eles, a extensão avaliada mostra coerência nas estimativas. Mas nenhum foi efetuado durante dezoito meses, e os dois estudos mais credíveis ficaram completos em meados de 2006. O mais relevante deles encontrou 650.000 mortes ‘excessivas’ (mortalidade atribuída à guerra); o outro revelou 400.000. A guerra continuou feroz durante doze a quinze meses depois daqueles estudos terem terminado e começou então a acalmar. Uma ONG de Londres, a Iraq Body Count (IBC) que utiliza relatórios da imprensa do Iraque em língua inglesa, na contagem de mortes de civis, tem uma forma de atualizar as estimativas de 2006. Embora se saiba que é um cálculo por defeito, porque os relatórios da imprensa estão incompletos, ainda assim a Central de Bagdá, IBC apresenta dados aproximados, que são impressionantes. Estas estimativas aproximam-se de 100.000, mais do dobro do número de Junho 2006 que eram de 45.000. (Nesta contagem não entram mortes não violentas - de emergências, por ex, ou mortes de guerrilheiros). Se isto é uma marca aceitável, uma estimativa credível do total de mortes pode ser calculado dobrando os totais dos estudos de 2006, em que foi utilizado um método de cálculo muito mais seguro e sofisticado que conta com uma longa experiência em epidemiologia. Assim, nós temos agora entre 800.000 e 1,3 milhão de’ mortes excessivas’, quando nos aproximamos do sexto ano desta guerra.
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Estes horríveis números fazem sentido quando lemos declarações de entidades iraquianas de que há 1 a 2 milhões de viúvas e 5 milhões de órfãos. Isto é a prova evidente direta do total da mortalidade e a evidência indireta, embora confirmada, dos desalojados e despojados e da insegurança geral. Os números globais são espantosos: 4,5 milhões de desalojados, 1 a 2 milhões de viúvas, 5 milhões de órfãos, cerca de um milhão de mortos, de um modo ou de outro, praticamente uma vítima em cada dois iraquianos.
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De uma forma inteligente, seria difícil descrever isto como uma vitória, fosse lá qual fosse. Fala-se muito do esforço de reparação que temos de fazer pelos iraquianos, e isso devia acautelar-nos contra guerras selvagens para as quais somos propensos. Agora que Bush saiu, talvez os Estados Unidos possam honestamente enfrentar os danos que causamos e assumir as responsabilidades que temos por eles.
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O texto traduzido encontra-se em Tribunal Iraque
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Cuba consegue amplo apoio no Conselho de Direitos Humanos

Reconhecimentos a suas conquistas na educação, saúde, solidariedade internacional e defesa de sua soberania sobressaíram, em 5 de fevereiro, nas intervenções de diversos países sobre o relatório de Cuba no Conselho de Direitos Humanos (CDH).
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Tratou-se do exercício do Exame Periódico Universal (EPU) no grupo de trabalho deste órgão da ONU, que já examinou 54 nações desde sua instauração. A ministra cubana da Justiça, María Esther Reus, foi quem abordou o tema e explicou que, para sua elaboração, teve lugar um amplo processo de consultas com a sociedade civil e mais de 200 Organizações Não-Governamentais (ONGs).
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Ressaltou que seu país confere grande importância ao EPU e que a principal qualidade do sistema político cubano é sua capacidade para o constante aperfeiçoamento em função das necessidades expostas
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"É um projeto genuinamente autóctone, fundado numa rica história de luta pela igualdade e pela solidariedade entre os homens e as mulheres, pela independência, pela soberania, pela não-discriminação e pela justiça social", destacou.
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A ministra terminou sua exposição enfatizando o apego da Ilha aos princípios de objetividade, imparcialidade e não-seletividade que devem caracterizar a cooperação internacional em matéria de direitos humanos, sempre aberta ao diálogo.
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Depois, se deu a palavra aos delegados. Inscreveu-se mais de uma centena de países para emitir seus critérios, mas por causa do tempo, apenas 60 o fizeram, dos quais, 51 se manifestaram de maneira construtiva. Os outros nove, como sempre, repetiram o mesmo discurso ditado pelo império, do qual são aliados.
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Uma nota que rompeu com o estilo de diplomacia rija do EPU foi a intervenção do embaixador do Sri Lanka, que não economizou palavras de reconhecimento a Cuba, que qualificou de país de vanguarda na colaboração com o Terceiro Mundo.
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Realçou os avanços da mulher, o apoio da Ilha à causa contra a apartheid, as missões médicas e de alfabetização, a assistência para enfrentar as consequências do tsunami no Sri Lanka e do terremoto no Paquistão, e outras.
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Terminou com um Até a Vitória Sempre, provocando uma fechada ovação no Palais des Nations, em Genebra.
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Frases como impressionantes resultados, melhor mostra de expressão popular da democracia, profundo compromisso com a solidariedade internacional, apesar do bloqueio dos Estados Unidos e Revolução que dignifica seu povo, foram escutadas na sala. Por isso, o vice- primeiro-ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, assinalou o contraste animador e respeitoso que dominava o ambiente, contrariamente às antigas práticas de manipulação e dupla moral.
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As três horas de deliberações chegaram a seu fim, depois que, entre outros, oradores da África do Sul, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Filipinas, Equador, México, Jordânia, Paquistão, Argélia, China, Rússia, Trinidad e Tobago e Jamaica falaram.
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Para completar aspectos da informação, outros membros da delegação cubana se referiram ao sistema judicial, parlamentar, trabalho e previdência social, e informática e comunicações.
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Texto: Prensa Latina/Fausto Triana Enviado especial
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Original em Patria Latina

A visão sagrada de Israel

Quando o sagrado torna-se profano.


Onde a guerra é travada pela paz. Os judeus consideram-se um só povo e uma só religião que nasce da revelação divina direta. O povo escolhido macula as próprias leis bíblicas numa disputa desigual pela conquista da Terra Santa"Se o Hamas quer acabar com Israel, Israel tem que acabar com o Hamas antes". Efraim, 23 anos, estudante de uma escola religiosa de Jerusalém, FSP 24/01/2009

Durante vinte um dias de bombardeio contínuo, Israel lançou 2.500 bombas sobre a Faixa de Gaza – um território de 380 km2 e 1.500 milhão de habitantes. Deixou 1.300 palestinos mortos e 5.500 feridos e 15 israelenses mortos.

A infra-estrutura do território foi destruída completamente, junto com milhares de casas e centenas de construções civis. E é provável que Israel tenha utilizado bombas de "fósforo branco" - proibidas pela legislação internacional - com conseqüências imprevisíveis , no longo prazo, sobre a população civil, em particular a população infantil. Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, declarou estar "horrorizado", depois de visitar o território bombardeado e considerou "escandalosos e inaceitáveis" os ataques israelitas contra escolas e refúgios mantidos em Gaza, pelas Nações Unidas. Richard Falk, relator especial da ONU sobre a situação dos Direitos Humanos em Gaza, também declarou que, "depois de 18 meses de bloqueio ilegal de alimentos, remédios e combustível, Israel cometeu crimes de guerra e contra a humanidade na sua última ofensiva contra os territórios palestinos. Crimes ainda mais graves, porque 70% da população de Gaza tem menos de 18 anos".

Dentro de Israel, entretanto - com raras exceções - a população apoiou a operação militar do governo. Mais do que isso, as pesquisas de opinião constataram que o apoio da população foi aumentando na medida em que avançavam os bombardeios - chegando a índices de 90%. E no final, na hora do cessar-fogo, metade era favorável à continuação da ofensiva, até a reocupação de Gaza e a destruição do Hamas. (FSP, 24/01/09).

Seja como for, duas coisas chamam a atenção – de forma especial - nesta última guerra: a inclemência de Israel e sua indiferença com relação às leis e às críticas da comunidade internacional. Duas posições tradicionais da política externa israelita, que têm se radicalizado cada vez mais e são quase sempre explicadas pela "escalada aos extremos" do próprio conflito. Mas existe um aspecto desta história que quase não se menciona, ou então é colocado num segundo plano, como se as "visões sagradas" do mundo e da história fossem uma característica exclusiva dos países islâmicos.

Para os judeus, Israel é a continuação direta da história deste "povo escolhido", e por isso, a sua verdadeira legislação ou constituição são os próprios ensinamentos bíblicos

Desde sua criação, em 1948, Israel mantém-se sem uma constituição escrita, mas possui um sistema político com partidos competitivos e eleições periódicas, tem um sistema de governo parlamentarista segundo o modelo britânico, e conserva um poder judiciário autônomo. Mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, Israel é um estado religioso, e grande parte de sua população e governantes tem uma visão teológica do seu passado e do seu lugar dentro da história da humanidade.

Israel não tem uma religião oficial, mas é o único estado judeu do mundo. Os judeus consideram-se um só povo e uma só religião que nasce da revelação divina direta, e não depende de uma decisão, ou de uma conversão individual. "Se ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis uma propriedade peculiar entre todos os povos. Vós sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa" [1].

Além disto, o judaísmo estabelece normas e regras específicas e inquestionáveis que definem a vida cotidiana e comunitária do seu povo, que deve se manter fiel e seguir de forma incondicional as palavras do seu Deus, mantendo-se puros, isolados e distantes com relação aos demais povos e religiões. "Não seguireis os estatutos das nações que eu expulso de diante de vós. Eu Javé, vosso Deus, vos separei desses povos. Fareis distinção entre o animal puro e o impuro. Não vos torneis vós mesmos imundos como animais, aves e tudo o que rasteja sobre a terra" [2].

Para os judeus, Israel é a continuação direta da história deste "povo escolhido", e por isso, a sua verdadeira legislação ou constituição são os próprios ensinamentos bíblicos. O Torá conta a história do povo judeu e é a lei divina, dessa forma não pode haver lei ou norma humana que seja superior ao que está dito e determinado nos textos bíblicos, onde também estão definidos os princípios que devem reger as relações de Israel com seus vizinhos e/ou com seus adversários. Em Israel não existe casamento civil, só a cerimônia rabínica, e os soldados israelenses prestam juramento com a Bíblia sobre o peito e com a arma na mão. "Javé ferirá todos os povos que combateram contra Jerusalém: ele fará apodrecer sua carne, enquanto estão ainda de pé, os seus olhos apodrecerão em suas órbitas, e a sua língua apodrecerá em sua boca" [3].Os anglo-americanos operam como a âncora passiva do "autismo internacional" e da "inclemência sagrada" de Israel.
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As idéias religiosas dos povos não são responsáveis nem explicam necessariamente as instituições de um país e as decisões dos seus governantes. Mas neste caso, pelo menos, parece existir um fosso quase intransponível entre os princípios, instituições e objetivos da filosofia política democrática das cidades gregas e os preceitos da filosofia religiosa monoteísta que nasceu nos desertos da Ásia Menor.

Mas o que talvez seja mais importante do ponto de vista imediato do conflito entre judeus e palestinos, e do próprio sistema mundial, é que Israel - ao contrário dos palestinos – junto com sua visão sagrada de si mesmo, dispõe de armas atômicas e de acesso quase ilimitado a recursos financeiros e militares externos. Com essas idéias e condições econômicas e militares, Israel seria considerado – normalmente - um estado perigoso e desestabilizador do sistema internacional, pela régua liberal-democrática dos países anglo-saxônicos.

Mas isto não acontece porque no mundo dos mortais, de fato, Israel foi uma criação e segue sendo um protetorado anglo-saxônico, que opera desde 1948, como instrumento ativo de defesa dos interesses estratégicos anglo-americanos no Oriente Médio. Os anglo-americanos operam como a âncora passiva do "autismo internacional" e da "inclemência sagrada" de Israel.


Texto: José Luís Fiori/Le Monde Diplomatique

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sábado, 7 de fevereiro de 2009

Exmº.Senhor Demetrio Giuliano Gianni Carta

Caro Mino
Uma das vantagens da adolescência distante é que antigamente os adolescentes liam e discutiam filosofia. O luxo era tanto que tínhamos aula de Filosofia, tanto no "científico" quanto no "normal"... Uma das desvantagens é que acabamos esquecendo detalhes como, por exemplo, onde lemos essa ou aquela coisa. O certo é que líamos. E líamos, entre outros, Sartre porque era a fantástica década dos anos 60.

Há uma obra de Sartre cujo nome perdi - possivelmente junto com algum dos neurônios que já se foram -, onde ele narra a história de um movimento revolucionário que acaba de chegar ao poder. O líder revolucionário, com o apoio absoluto do povo, tem planos para mudar radicalmente o país. O primeiro embaixador estrangeiro a visitá-lo é o norte-americano. Após essa conversa, o país segue sendo o mesmo que sempre fora...

Quando as forças retrógradas do Brasil viram que a vitória de Lula era inevitável começaram a se reorganizar baseadas em dois pontos: primeiro, na certeza de que ele não teria, no Congresso, maioria de esquerda para governar e, portanto, seria forçado a fazer concessões. Esse raciocínio mostrou-se correto. Na verdade nem era preciso ser muito inteligente para concluir isso. Bastaria conhecer o tamanho da falta de politização do povo brasileiro para saber que o voto é dado por critérios tais como a simpatia, o déjà vu que ocorre em relação aos candidatos vindo dos meios de comunicação, a beleza física e até mesmo o "sorteio" do número na urna eletrônica, mas quase nunca pela coerência política. Por isso, um detentor de cargo executivo é obrigado a governar tendo o legislativo como opositor.

A segunda aposta da reação era na incompetência e na forma irresponsável de governar que, imaginava, Lula teria. Afinal era um metalúrgico, um "apedeuta" como gostam de dizer aqueles que têm um dicionário em casa... Neste item foram mal. Por alguma razão que só a proteína tirada, sabe Deus de onde, lá no interior de Pernambuco e que lhe foi dada durante os primeiros sete anos de vida, o "apedeuta" sabia que, se fosse com muita sede ao pote das mudanças, seria sumariamente apeado do Poder. Então, meu caro Mino, foi aí que ele acertou. Não fazendo aquilo que a direita raivosa, e agora tu também, queria que ele tivesse feito.

Vamos ver, para começar, a questão da Reforma Agrária. Imagina que tivesse sido feita uma expropriação dos latifúndios deste país. Imaginou? Pois é. No mesmo dia seria chamado de "Ex-presidente"... Tanto eu quanto tu nos lembramos do que aconteceu quando Jango expropriou uns poucos quilômetros ao longo das rodovias federais, que naquela época eram duas ou três, não é verdade? Uma desapropriação? As burras dos latifundiários ficariam abarrotadas com o dinheiro público e nada mais seria feito... Como, então, poderia ter sido feito? Exatamente como está sendo feito: assentamentos pontuais, de forma continuada e dentro das possibilidades econômicas.

Falaste também da "esmola". Que decepção, meu caro Mino, que decepção... Essa é a palavra consagrada pelos mais furiosos reacionários quando se referem ao Programa Bolsa Família. Com certeza não sabes o que é fome, nem tampouco imaginas que o filho de uma mulher desnutrida nasce com 40% menos neurônios do que o de uma nutrida. Em permanecendo o quadro de desnutrição durante o primeiro ano de vida da criança, ela perde mais 10% deles, o que a transforma em um ser humano incapaz de competir em qualquer setor de atividade. Não te apegues ao frio número de 30.000.000 de pessoas que foram tiradas da miséria durante o governo de Lula. Pensa no resultado da melhor nutrição que só aparecerá dentro 15 anos e que se estenderá pelas gerações futuras.

Citaste em teu "adeus" a questão ambiental. É verdade que o Brasil tem sérias dificuldades nessa área. A Amazônia tem 5.217.423 Km² e corresponde a 61% do território nacional. O acesso ao interior é difícil, os proprietários de madeireiras ilegais as mudam de local frequentemente, existem centenas, talvez milhares, de quilômetros de estradas abertas pelos desmatadores ilegais e que ficam camufladas pelas copas das árvores... Enfim, uma tarefa quase impossível de ser realizada, essa de coibir o dano ambiental... Pelo menos na Amazônia... Para que percebas melhor a dificuldade, meu caro Mino, vê a questão de outra agressão ambiental, essa de muito menor proporção e que, apesar disso, também não se consegue resolver, que é a do lixo espalhado pelas cidades e que provocam alagamentos quando das enxurradas. Como vês, não é só uma questão de políticas ambientais, afinal as leis existem e são aplicadas, mas também uma questão de educação e consciência que, com a inclusão social que está, sim, sendo promovida pelo governo, tende a melhorar.

Fizeste referencia às eleições dos presidentes da Câmara e do Senado... Eu te pergunto: "que culpa tiene el tomate"...

Mas a questão chave, aquela que fez transbordar o cálice de fel que é defender um governo popular conduzido por um operário, parece-me, foi o asilo dado a Batistti.

A minha "bíblia" diz, entre outras coisas que só é possível analisar um fato histórico quando dentro da conjuntura de seu tempo. Pois bem. Os fatos que deram origem aos processos ocorreram entre 1976 e maio de 1978, portanto há 30 ou 31 anos, quando Cesare Batistti tinha entre 22 e 23 anos de idade - hoje ele tem 54 e é portador de hepatite C crônica com um prognóstico bastante desencorajador. É verdade que a Itália vivia em um regime "democrático" porém ligado "umbicalmente" aos Estados Unidos da América que criava e amparava as ditaduras em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, com a alegação da “ameaça comunista”. As dissidências dentro do Partido Comunista Italiano optaram pela luta armada, caso das "Brigadas Vermelhas" e dos "Proletários Armados pelo Comunismo". Essa opção de parte da esquerda pela luta armada gerou o estabelecimento de legislação própria dirigida ao que foi classificada pelos detentores do poder de "terrorismo". Faço a ressalva "classificada pelos detentores do poder..." porque sei, e sei que sabes, da tênue linha que separa o "terrorista" do "herói da resistência". Nesse período - que se estende de 1969 até 1980 – a tortura e os julgamentos sumários eram a regra quando se tratava da aplicação das leis “anti-terroristas”. Nota que a tortura na Itália, na época foi comprovada e denunciada pela Amnesty International. Não foi diferente no caso do julgamento de Cesare Batistti. Até mesmo a falsificação de sua assinatura foi feita em documento no qual ele desistia de ser defendido por advogado próprio e “optava” pela defensoria pública. Nessa situação, com a anuência de seus “defensores”, foi feito o julgamento sem a presença do réu. É interessante notar, meu caro Mino, que toda a peça acusatória foi feita baseada no depoimento de Pietro Mutti, um ex-ativista do PAC beneficiado pela chamada “delação premiada” que permitiu que ele, Mutti, receber, inclusive, uma nova identidade além, é claro, a liberdade. Dois dos quatro crimes dos quais foi acusado ocorrera no mesmo dia e, praticamente na mesma hora, um em Milano e o outro em Udine.

Ao contrário do que afirmas, a distância entre uma e outra cidade não é de "pouco mais de 200 quilômetros". Na verdade são exatos 384 quilômetro por via rodoviária, hoje. Essa distância é percorrida em cerca de 3h e 45 minutos, portanto, duas ocorrências "praticamente na mesma hora" é fisicamente impossível, logo, um desses dois crimes não foi cometido por ele. Mas a condenação foi pelos dois...

Dois crimes são cometidos. Um, por impossibilidade física, não pode ter sido cometido pelo réu... Terá ele cometido o outro? Qual dos dois foi cometido pelo réu? Sei, e sei que sabes, do princípio jurídico “in dúbio pro reo”.

Textualmente dizes: “Ocorre que, ao referir-se à extradição negada a mídia está certa, antes de mais nada em função dos motivos alegados, a exibir ao mundo ignorância, falta de sensibilidade diplomática e irresponsabilidade política, ao afrontar um estado democrático amigo.” Ora, meu caro Mino, Batistti esteve legalmente exilado na França por cerca de 10 anos até ter esse benefício cancelado pelo governo direitista de Sarkozy. Será que a França era ignorante, sem sensibilidade diplomática, e irresponsável politicamente até então?

Não me convenceste. Mas isso pouco importa. O lamentável é dar munição para a direita retrógrada e mal intencionada cujo único desejo é manter seus privilégios intocáveis.

P.S.: Por que a Itália se recusa a entregar o ladrão Salvatore Alberto Cacciola ?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Exm°.Senhor Efraim Zuroff

Brasil, 6 de fevereiro de 2008.
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Exm°.Senhor Efraim Zuroff
M.D. Diretor do Centro Simon Wiesenthal
JERUSALEM



Saudações:

No decorrer destes últimos sessenta anos temos acompanhado a luta incessante desse Instituto no sentido de se fazer justiça, sempre procurando levar a julgamento os criminosos de guerra nazistas que durante mais de dez anos massacraram o heróico povo judeu. Foi essa dedicação que levou ao julgamento e à condenação de carrascos como Adolf Otto Eichmann, Franz Murer, Erich Rajakowitsch, Karl Silberbauer, Hermine Braunsteiner entre tantos outros.

"Quando olharmos para a história eu quero que as pessoas saibam que não teria como os nazistas matarem milhões de pessoas e não pagarem por isso". Essa frase dita por Simon Wiesenthal ao final da 2ª Grande Guerra, quando dedicou sua vida a procurar e fazer com que fossem julgados os criminosos do 3º Reich é o que nos motiva a denunciar o surgimento daquilo que será conhecido no futuro como o Segundo Holocausto. Existe um governo hoje que enxovalha a bandeira de sua pátria, pátria essa a dura luta conquistada, ao provocar um genocídio que em nada fica a dever ao praticado contra o povo judeu no século passado e por isso merece a atenção imediata de todos aqueles que prezam os Direitos Humanos, como é, indiscutivelmente, o caso do Instituto por vós dirigido.

É por isso que pedimos a vossa mais urgente atitude no sentido de deter e julgar, dentro dos princípios fundamentais da Justiça Internacional e em nome dos Direitos Humanos, os seguintes criminosos de guerra:
Shimon Peres
Ehud Olmert
Ehud Barak
Benjamin Netanyahu
Gaby Ashkenazi
Matan Vilnai
Tazchi Hanegbi
Aluf Eli Marom
Eliezer Shkedy,
Todos eles, atualmente, homiziados no Estado de Israel.

........................ Atenciosamente,


..................................................... Os Redatores do Blog do Velho Comunista
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Inocência Perdida

A história de Khaled Abd Rabo

Por: Janet Zimmerman e Sameh Habeeb
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A. Sameh Sameh é um jornalista de vinte e três anos, residente na Faixa de Gaza. Ele tem permanecido ativo durante anos para trazer a palavra do sofrimento do seu povo. Janet é uma jornalista de vinte e um anos de idade e uma cidadã norte-americana, determinada a ajudar depois de ter visto os horrendos crimes cometidos em Gaza por Israel. Ela cruzou milhares de quilômetros para avaliar a situação com seus próprios olhos, a sua própria mente e o seu próprio coração. Ela acompanhou todo o trabalho de Sameh on line, e não demorou muito e eles se tornaram amigos e unidos na luta para abrir os olhos do mundo ao sofrimento para o qual estão muitas vezes fechados. Uma história que prende a atenção foi encontrada na zona leste da Faixa de Gaza. É a narrativa da catástrofe pessoal de Khaled Abd Rabo.
Começamos a nossa viagem e quase não fomos capazes de chegar à cidade de Abd Rabo. Conforme nós fomos dirigindo, o nosso carro derrapava à direita e à esquerda. O terreno estava cheio dos buracos que os israelitas fizeram nas ruas com as suas bombas, seus escavadeiras, e os seus tiros. A terra também foi ferida. O que uma vez tinha sido um exuberante e tranqüilo bairro era agora um inferno na Terra. Nossos olhos estavam cheios de nada, mas devastação, e centenas de pessoas cobriam o lugar como moscas.
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Nosso carro chegou a um ponto de parada obrigatória e nós fomos caminhando pela rua em direção à destruída casa de Khaled. E estava ele próprio, Khaled, sentado nos escombros do que fora outrora um lar feliz.
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"Esta casa teve quatro andares, e um belo jardim. Ela trouxe-nos paz e tranqüilidade ", ele começou a dizer-nos. "O exército israelita veio para esta casa muitas vezes antes, mas a última havia sido em março de 2008."
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Ele explica como eles invadiram sua casa e investigaram a ele e sua família. "Eles não encontraram nada. Sou um policial no governo do Ramallah; eu não tenho nada a ver com o Hamas.
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"Naquele dia, quando eles nos deixaram, afirmaram não querer nada nem prejudicar ninguém", ele prosseguiu. "Lembro que eram 12h e 50min no quarto dia da invasão militar por terra quando o exército assumiu o controle da região. Uma verdadeira batalha começou e milhares de pessoas foram capturadas. Ninguém podia sair devido ao pesado fogo dos israelitas, e os soldados começaram a chegar, e a chegar, e a chegar.
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"E então os tanques entraram. Um deles estava parado a apenas metros da minha casa. Havia vinte e cinco de nós, e eles disseram para que todos saíssemos", ele disse e a sua voz tremeu e ele começou a chorar. "Os soldados foram comer batatas fritas e chocolate, e eles estavam sorrindo quando mataram minhas filhas.
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"Minha mãe, minha esposa e minhas três filhas tinham bandeiras brancas quando foram detidos ao tentar sair de casa. Vimos dois dos soldados saindo do seu tanque, e nós lhes perguntamos por que queriam que saíssemos. Esperamos e esperamos pela sua resposta, mas não foi dada resposta alguma. Então, para nossa grande surpresa, surgiu um terceiro soldado e ele abriu fogo sobre as crianças com insanidade.
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"Souad tem apenas sete anos de idade, Summer tem três, e Amal tem apenas dois anos. Minha mãe foi baleada, e eu assisti a tudo que eu amava cair ao chão. Gritei para que eles parassem! Corri para a casa para chamar a defesa civil, ambulâncias, quem pudesse ajudar.
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"Por uma hora os feridos ficaram sangramento, e duas de minhas filhas foram mortas, apesar do chamado cessar-fogo. Nenhuma ajuda conseguiu chegar a tempo. Uma das ambulâncias tentou, mas os soldados israelenses pararam o paramédico e os obrigaram a tira suas roupas. Eles bombardearam a ambulância e ela ficou transformada em destroços. O paramédico fugiu nu enquanto o fogo o rodeava.
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"Saí de casa com alguns dos meus familiares", Khaled continuou. "Nós transportamos a minha mãe em uma cama. Eu carregava Summer em meus braços, e ela ainda estava respirando, apesar da ferida aberta na espinha. Eu pensei comigo mesmo, 'Eu não posso deixar Summer, mesmo se eu acabar morto como as minhas outras duas filhas. "Eu a entreguei para o meu irmão e então peguei o corpo de Souad em minhas mãos, e minha mulher segurava Amal quando saímos de casa”.
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"Os soldados estavam atirando incontrolavelmente por cima de suas cabeças e em tudo à sua volta. Muitas das casas foram demolidas por seus tanques. Quando nós atravessamos uma das estradas, havia um homem e ele tentou nos salvar, mas os atiradores o viram e mataram a ele e a seu cavalo. Quando finalmente chegamos à cidade de Jabaliya, vimos que toda a gente tinha levado os feridos pra lá. Então, chocados com o que nós vimos, nos deixamos ficar jogados no chão, e por uma hora ali ficamos sem conseguir entender no que haviam transformado nosso povo ".
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Perguntamos a Kahaled ele porque ele acha que mataram seus filhos. Ele respondeu, "Estou certo de que estavam bêbados, ou foram dadas ordens para matar todos, incluindo as crianças. Isto foi em Harets há poucos dias, onde muitos rabinos israelitas estavam dando ordens para não deixar nenhum vivo", explicou. "Eu não sei por que minhas filhas foram mortas. Elas nunca cometeram qualquer crime, eles eram crianças! Elas não dispararam foguetes em Israel, mas Israel afirma que apenas visa os que primeiro dispararam contra eles.
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"Somos um povo muito pacífico, não temos nada a ver com o combate ou foguetes. Sei que se eu for a um tribunal sobre o que aconteceu, o exército israelita vai criar milhares de pretextos para que os seus soldados pareçam inocentes. Eles fizeram isso em muitos outros casos antes", disse.
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"Não foi uma guerra entre dois exércitos imenso. Evidentemente, era uma guerra entre civis e o quarto maior exército do mundo: Israel. Mas eles não chamam de guerra. Chamam-lhe uma operação.
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Uma operação em que dezenas de milhares de Gazeus ou eram mortos ou feridos psicológica e fisicamente. A devastação não teve efeito só nas pessoas, mas em tudo que você pode imaginar. No entanto edifícios podem ser reparados e as terras vão produzir novamente, mas a destruição de Khaled nunca será atenuada. Ele nunca vai ouvir o riso de Saoud e Amal novamente, mas ele vai ouvir os gritos de Summer cheios de dor. Ela agora está paraplégica devido aos seus ferimentos. A única coisa que funciona é a sua mente. Uma mente que estará para sempre a lembrar o pesadelo que acabou com sua vida. Mesmo durante a sua primeira entrevista no hospital, em cada pequeno detalhe, ela narrou a história para Al-Jazeera como fez Khaled para nós.
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Fotos de Khaled e da cena do crime: http://picasaweb.google.com/sameh.habeeb/StoryOfKhaledAbedRabuTheLostChildren

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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Balanço do Fórum e do outro mundo possível

Os que acreditam que o fim do Fórum Social Mundial é o intercâmbio de experiências devem estar contentes. Para os que chegaram a Belém angustiados com a necessidade de respostas urgentes aos grandes problemas que o mundo enfrenta, ficou a frustração, o sentimento de que a forma atual do FSM está esgotada, que se o FSM não quer se diluir na intranscendência, tem que mudar de forma e passar a direção para os movimentos sociais.
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Emir Sader
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Um balanço do FSM de Belém não deve ser feito em função de si mesmo. Ele não nasceu como um fim em si mesmo, mas como um instrumento de luta para a construção do “outro mundo possível”. Nesse sentido, qual o balanço que pode ser feito do FSM de Belém, do ponto de vista da construção desse “outro mundo”, que não é outro senão o de superação do neoliberalismo, de um mundo pósneoliberal?
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Duas fotos são significativas dos dilemas do FSM: uma, a dos 5 presidentes que compareceram ao FSM – Evo, Rafael Correa, Hugo Chavez, Lugo e Lula -, de mãos dadas no alto; a outra, a fria e burocrática de representantes de ONGs brasileiras em entrevista anunciando o FSM. Na primeira, governos que, em distintos níveis, colocam em prática políticas que identificaram, desde o seu nascimento, o FSM: a Alba, o Banco do Sul, a prioridade das políticas sociais, a regulamentação da circulação do capital financeiro, a Operação Milagre, as campanhas que terminaram com analfabetismo na Venezuela e na Bolívia, a formação das primeiras gerações de médicos pobres no continente, pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, a Unasul, o Conselho Sulamericano de Segurança, o gasoduto continental, a Telesul – entre outras. A cara nova e vitoriosa do FSM, nos avanços da construção do posneoliberalismo na América Latina.
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Na outra, ONGs, entidades cuja natureza é fortemente questionada, pelo seu caráter ambíguo de “não-governamentais”, pelo caráter nem sempre transparente dos seus financiamentos, das suas “parcerias”, dos mecanismos de ingresso e de escolha dos seus dirigentes – a ponto que, em países como a Bolivia e a Venezuela, entre outros, as ONGs se agrupam majoritamente na oposição de direita aos governos. Sua própria atuação no espaço que definem como “sociedade civil” só aumenta essas ambigüidades. Entidades que tiveram um papel importante no inicio do FSM, mas que monopolizaram sua direção, constituindo-se, de forma totalmente não democrática, como maioria no Secretariado original, deixando os movimentos sociais, amplamente representativos, como a CUT e o MST, em minoria.
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A partir do momento em que a luta antineoliberal passou de sua fase defensiva à de disputa de hegemonia e construção de alternativas de governo, o FSM passou enfrentar o desafio de se manter ainda sob a direção de ONGs ou passar finalmente ao protagonismo dos movimentos sociais. No FSM de Belém tivemos a primeira alternativa, no momento daquela fria e burocrática entrevista coletiva das ONGs. E tivemos, como contrapartida, sua formidável cara real, com os povos indígenas e o Forum PanAmazonico, com os movimentos camponeses e a Via Campesina, com os sindicatos e o Mundo do Trabalho, com os movimentos feministas e a Marcha Mundial das Mulheres, os movimentos negros, os movimentos de estudantes, os de jovens – com estes confirmando que são a grande maioria dos protagonistas do FSM.
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O FSM transcorreu entre os dois, entre a riqueza, a diversidade e a liberdade dos seus espaços de debate, e as marcas das ONGS, refletidas na atomização absoluta dos temas, na inexistência de prioridades – terra, água, energia, regulação do capital financeiro, guerra e paz, papel do Estado, democratização da mídia, por exemplo. À questão: o que o FSM tem a dizer e a propor de alternativas diante da crise econômica global e diante dos epicentros de guerra – Palestina, Iraque, Afeganistão, Colômbia -, que propostas de construção de um modelo superados do neoliberalismo e de alternativas políticas e de paz para os conflitos, a resposta é um grande silêncio. Houve várias mesas sobre a crise, nem sequer articuladas entre si. As atividades, “autogestionadas”, significam que os que detêm recursos – ONGs normalmente entre eles – conseguem programar suas atividades, enquanto os movimentos sociais se vêem tolhidos de fazer na dimensão que poderiam fazê-lo, para projetar-se definitivamente como os protagonistas fundamentais do FSM.
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Para os que acreditam que o fim do FSM é o intercâmbio de experiências, devem estar contentes. Para os que chegaram angustiados com a necessidade de respostas urgentes aos grandes problemas que o mundo enfrenta, a frustração, o sentimento de que a forma atual do FSM está esgotada, que se o FSM não quer se diluir na intranscendência, tem que mudar de forma e passar a direção para os movimentos sociais.
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Surpreendente a quantidade e a diversidade de origem dos participantes, notáveis as participações dos movimentos indígenas e dos jovens, em particular, momento mais importante do FSM a presença dos presidentes – cujas políticas deveriam ter sido objeto de exposição e debate com os movimentos sociais de maneira muito mais ampla e profunda. Triste que todo esse caudal não fosse ouvido, nem sequer por internet, a respeito do próprio FSM, das duas formas de funcionamento, da sua continuidade – outro sintoma do envelhecimento das conduções burocráticas dadas ao FSM. No dia seguinte ao final do FSM, reuniu-se o Conselho Internacional, de maneira fria e desconectada do que foi efetivamente o FSM, em que cada um – seja desconhecida ONG ou importante movimento social – tinha direito a dois minutos para intervir.
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O “Outro mundo possível” vai bem, obrigado. Enfrenta enormes desafios diante dos efeitos da crise, gestada no centro do capitalismo e para a qual se defendem bastante melhor os que participam dos processos de integração regional do que os que assinaram Tratados de Livre Comercio. Enfrentam a hegemonia do capital financeiro, a reorganização da direita na região, tendo no monopólio da mídia privada sua direção política e ideológica. Mas avança e deve-se se estender, sempre na América Latina, para El Salvado, com a provável vitória de Mauricio Funes, candidato favorito, da Frente Farabundo Marti à presidência, em 15 de março próximo.
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Já não se pode dizer o mesmo do FSM, que parece girar em falso, não se colocar à altura da construção das alternativas com que se enfrentam governos latinoamericanos e da luta de outras forças para passar da resistência à disputa hegemônica. Para isso as ONGs e seus representantes tem, definitivamente, que passar a um papel menos protagônico no FSM, deixando que os movimentos sociais dêem e tônica. Que nunca mais existam conferências como aquela de Belém, que nunca mais ONGs se pronunciem em nome do FSM, que os movimentos sociais – trata-se do Forum Social Mundial – assumam a direção formal e real do FSM, para que a luta antineoliberal trilhe os caminhos da luta efetiva por “outro mundo possivel” – de que a América Latina é o berço privilegiado.
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Fotos: Eduardo Seidl
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Original em Carta Maior

MST está de LUTO

Nota de Solidariedade e Pesar
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) manifesta publicamente seu pesar pelo falecimento do companheiro deputado federal Adão Pretto, soma-se e solidariza-se com a família neste momento de perda para a sociedade brasileira.
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Desde o início de sua militância social nas Comunidades Eclesiais de Base e no Sindicalismo Rural, Adão Pretto caracterizou-se pela defesa intransigente da reforma agrária, tendo papel destacado na articulação das famílias de trabalhadores sem terras e de apoiadores desde as primeiras ocupações de terra no Rio Grande do Sul, ainda durante o Regime Militar. Esteve presente na organização e fundação do MST, do Partido dos Trabalhadores e do Departamento Rural da Central Única dos Trabalhadores.
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No Congresso Nacional, denunciou e combateu as ações da bancada ruralista, e tornou-se um dos pilares do Núcleo Agrário do Partidos dos Trabalhadores. Apresentou Projetos de Lei que buscavam acelerar o processo de reforma agrária, permitir o acesso à educação para os camponeses e melhorar a qualidade de vida no campo. No último ano, esteve empenhado em denunciar a alteração da faixa de fronteira para beneficiar a instalação de empresas transnacionais da celulose no Rio Grande do Sul.
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Mais que um parlamentar, Adão sempre foi um camponês, com seu jeito simples, honesto e contundente, mas acima de tudo um lutador. Sempre presente nas lutas dos movimentos sociais, sempre levando as reivindicações e bandeiras populares para o parlamento, denunciando a criminalização e a repressão da luta do povo.
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No ano em que completamos 25 anos, perdemos um de nossos fundadores e um de nossos mais valorosos companheiros. Em sua homenagem, seguiremos fazendo aquilo que Adão Pretto sempre fez em vida: lutar sempre.
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Coordenação Nacional do MST
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O Blog do Velho Comunista faz suas as palavras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e acrescenta que, malgrado a imensa falta que fará o Companheiro Adão Pretto, temos a convicção de que a luta dos Trabalhadores Rurais e, por extensão, a luta de todos os oprimidos não só seguirá adiante, como seguirá impulsionada pela memória da certeza que ele carregava como bandeira de que, um dia, a terra plantada por mãos calejadas tornará farta a mesa dos que a cultivam.
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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Israel bloqueia barco líbio com ajuda para palestinos em Gaza

AFP
Palestinos esperaram em vão a ajuda
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Israel impediu nesta segunda-feira que atracasse no porto desta cidade palestina um barco da Líbia com três mil toneladas de ajuda humanitária destinadas à população que sofre devido ao seu cruel bloqueio.
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Fontes palestinas denunciaram que navios da armada israelense bloquearam o acesso à embarcação carregada de alimentos, medicamentos, cobertores e outros bens quando estava a várias milhas da Faixa de Gaza e que retornasse ao porto egípcio de El-Arish. O barco líbio era portador da primeira ajuda procedente de um país árabe para os 1,5 milhões de palestinos pressionados pelo cerco israelense, imposto desde que o movimento islâmico Hamas tomou o poder aqui em junho de 2007, e intensificado desde 4 de novembro passado.
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Segundo o canal catarense Al-Jazeera, o Fundo Líbio para Ajuda e Desenvolvimento na África fretou a embarcação para transportar mil 200 toneladas de arroz, 750 de leite em pó, 500 de azeite comestível, e mesma quantidade de farinha e 100 de medicamentos.
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Um comunicado emitido pelo Hamas no domingo anunciou também que a Turquia enviará em breve um navio "com simpatizantes pró palestinos e medicamentos", que definiu "como parte da revolução de barcos que tratam de violar o cerco na Faixa de Gaza".
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Por seu lado, o deputado palestino Jamal Khodary, que dirige uma campanha contra o bloqueio israelense, avaliou o gesto de Trípoli como uma tentativa de maior transcendência por romper o cerco a este território.
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Desde agosto passado, no entanto, ativistas do grupo Free Gaza (Gaza Livre) conseguiram trazer aqui, procedente de Chipre, ajuda básica à bordo de três pequenas embarcações, em um desafio aos militares hebreus que se abstiveram de interceptá-las.
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As autoridades israelenses se negaram a fazer comentários e depois alegaram que a Líbia não solicitou permissão para entrar nas águas sob seu controle, ainda que a ONU as reconheça como jurisdicionais palestinas.
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Tel Aviv reforçou o cerco a Gaza e fechou todos os acessos terrestres a área do lançamento de mísseis contra seu território por militantes do Movimento da Resistência Islâmica, que responderam assim devido a uma agressão aérea hebréia que deixou seis mortos.
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A medida gerou uma delicada situação humanitária aqui, denunciada pela ONU e vários países árabes que prometeram na quarta-feira passada no Cairo enviar um comboio solidário para os palestinos.
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Texto: Prensa Latina

Dois mil refugiados palestinos no Iraque permanecem em acampamentos no deserto

Nenhuma esperança para os refugiados palestinos no Iraque

IRIN
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"A Europa é a esperança para a maioria dos refugiados, que afirmam que, para esvaziar os campos, cada país europeu precisa acomodar apenas 10 famílias. Cada visita de uma delegação estrangeira aumenta a esperança de reinstalação de refugiados. Mas não há promessas de qualquer país, tudo fica nisso, a esperança".
Pelo menos dois mil refugiados palestinos no Iraque permanecem em três campos de refugiados no deserto de ambos os lados da fronteira entre a Síria eo Iraque
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O início de 2009 oferece pouca esperança para os moradores de al-TANF, um campo de refugiados na fronteira iraquiana com a Síria, que acolhe cerca de 700 palestinos que fugiram perseguição no Iraque [1]. Nenhum país tem feito qualquer promessa específica para acolher qualquer refugiados para reinstalação, em 2009, deixando-os a lutar contra o frio clima do deserto com mais desespero do que nunca. Os refugiados afirmam que, apesar das visitas de delegações estrangeiras, os reassentamentos tinham sido muito escassos desde que o campo foi aberto em Maio de 2006.
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Jamal, de 53 anos, diz que os refugiados estão perdendo a esperança. Natural de Haifa, deslocou-se a Bagdad depois que Israel tomou a cidade. Afirma que ele e sua família fugiram para a Síria em fevereiro de 2007 depois de terem sido ameaçados pelas milícias. "Só queremos que nos reassentem", diz ele. "Eu não me importo onde. Eu só quero viver os meus dias restantes em paz."
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O reassentamento é a mais premente das necessidades dos refugiados, em al-Tanf. Aglutinados em tendas de campanha erguidas em terra de ninguém, entre os dois postos fronteiriços, os refugiados não podem entrar legalmente na Síria e com medo de regressar ao Iraque onde enfrentam perseguição por grupos curdos e xiitas que os acusám de estar perto da resistência predominantemente sunita ou privilégios recebidos durante o regime de Saddam Hussein.
"É difícil saber por que razão é tão lento o reassentamento", afirma Kristian Boysen, delegado de projetos da UNRWA [a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos], a maior organização que trabalha com refugiados palestinos: "Cada país tem um contingente de imigração e decidir quem está adequado para o país. Há muitas crises no mundo, como o Sudão e o Congo, e isto poderia ser parte da explicação. "
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Sob condições terríveis
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O limite do campo é muito próximo da estrada utilizada por veículos pesados de transporte de mercadorias entre a Síria e o Iraque, duas crianças morreram na estrada nos últimos dois anos. Segundo Sybella Wilkes, porta-voz do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), as condições ambientais em al-TANF são totalmente incompatíveis com a vida das pessoas: "No verão, ventos fortes e um calor incrível que faz com que o fogo seja uma ameaça constante. No outono e no inverno, até a chuva leve pode destruir o acampamento. As fossas- negras transbordam à passagem de caminhões, que empurram a água para o acampamento e faz com que as tendas se inundem. Em seguida, aparecem os ratos, cobras e escorpiões. "
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Não só os refugiados de al-Tanf necessitam reassentamento. Existem cerca de 1.000 palestinos iraquianos no acampamento al-Walid no lado iraquiano da fronteira. Mais 300 no acampamento al-Hol, mais ao norte, no lado sírio da fronteira.
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Em 2008, realizaram-se 306 reassentamentos do campo de refugiados de al-Tanf: 116 no Chile, 174 na Suécia e 16 na Suíça. Além disso, a Islândia, Noruega e Suécia acolheram a alguns refugiados dos campos de al-Waleed e de al-Hol. Porém, para cada família que se vai chega outra, quer seja fugindo do Iraque ou porque não foi capaz de ganhar dinheiro suficiente para manter-se na Síria.
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UNRWA, o ACNUR e outras agências das Nações Unidas fornecem tudo de comida e água para a escola, aos cuidados de saúde e tendas de campanha. Mas nem a agência nem os refugiados vem isso como uma solução permanente. "Não nos dê uma tenda melhor, tirem-nos deste inferno", afirmou um refugiado.
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Manter a esperança
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Selwan, mãe de cinco filhos, está particularmente preocupada com as crianças e os idosos de al-Tanf: "Os idosos são demasiado fracos para sobreviver outro inverno rigoroso", diz ela. "As crianças têm problemas de saúde mental. Você sabe como alguem se sente ao ser incapaz de satisfazer as necessidades básicas das crianças? " Ela diz que não entende a razão pela qual a comunidade internacional não leva em consideração a sua situação desesperada: "Nós já sofremos o suficiente. A nós, os palestinos, nos têm expulsado de todos os lugares aos quais temos ido. As pessoas não percebem que somos preparados e que podemos nos adaptar a qualquer lugar se tivermos a oportunidade. "
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O Sudão se ofereceu para abrigar 2.000 refugiados, mas os representantes do campo rejeitaram a oferta. Tanto o ACNUR e da UNRWA dizer que muitos dos refugiados, em al-Tanf padessem de sofrimento físico e psicológico devido às suas experiências no Iraque e no próprio campo. É muito pouco provável que as suas necessidades possam ser satisfeitas no Sudão.
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A Europa é a esperança para a maioria dos refugiados, o que afirmam que para esvaziar os acampamentos cada país europeu precisaria acomodar apenas 10 famílias. Cada visita de uma delegação estrangeira aumenta a esperança de reinstalação de refugiados. Mas não há promessas de qualquer país, tudo fica nisso, a esperança.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Renato propõe atualizar programa de transição ao socialismo

''O desafio maior consiste na elaboração e desenvolvimento de um programa de transição ao socialismo, voltado para as condições históricas contemporâneas'', ''um programa (agenda) civilizatório, de avanço civilizacional'', defende o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, em escrito divulgado no Fórum Social Mundial que se encerrou neste domingo (1º) em Belém. Renato esboça os contornos dessa atualização após examinar a crise capitalista atual e as lições das experiências socialistas.
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.O escrito se transformaria em pronunciamento no seminário ''A crise do capitalismo e a nova luta pelo socialismo'', realizado na quinta-feira (29). Um atraso no vôo de Renato impediu sua participação e o PCdoB foi representado no evento por seu secretário de Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho, enquanto o texto foi distribuído aos presentes.
....Marcha contra o capitalismo no FSM
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No seminário participaram Lautaro Carmona, secretário-geral do PC do Chile; Mario Alderete, da Revista Cuadernos Marxistas e do PC da Argentina; Enrique Santiago, do PC da Espanha (PCE); Gilles Garnier, membro da direção do PC Francês (PCF); Athanasios Pafilis, da direção do PC da Grécia; Fabio Amato, da direção do Partido da Refundação Comunista da Itália; Giorgio Riolo, da Associação Rumo Rosso (Itália); Maurício Miguel, do PC Português (PCP); Fernando Sosa, da União de Jovens Comunistas do Uruguai; e Tran Duc Luong, do PC do Vietnã. A mesa foi coordenada pelo presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro, e por Ronaldo Carmona, da Secretária de Relações internacionais do PCdoB.
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Um pouco de História

Toda a gente sabe que o conflito entre judeus e palestinianos é muito antigo, mas uma grande maioria desconhece ou tenta desvalorizar os episódios históricos que lhe deram origem. Este fato não é de estranhar dado que os maiores responsáveis se encontram a ocidente e desenvolvem algum controle da informação, muito natural mas pouco ético para quem pretende ilibar-se das culpas que lhe cabem.
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Israel proclama que tem direito à terras do Rei David embora já tivessem passado mais de 3.000 anos. Com base neste princípio o planeta sofreria enormes convulsões para restabelecer novos limites territoriais. Terão os italianos em função do Império Romano de há 2000 anos direito de exigirem toda ou parte da Península Ibérica?
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Em 1945 a Palestina era habitada por milhões de palestinos e Jerusalém era uma cidade santa para todos os muçulmanos. Nessa altura a Palestina encontrava-se sob o mandato da Grã-Bretanha. Quadro (1)..........................
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Com o fim da 2ª Grande Guerra, e tendo os judeus sofrido os efeitos de um Holocausto que assassinou milhões de Judeus, os políticos ocidentais entenderam que era altura de lhes arranjar uma terra. Todavia não lhes foram distribuídas as terras em que viviam antes dessa data. Com o seu poder econômico os judeus espalhados pelo mundo principalmente na Grã-Bretanha e nos EUA, exigiram a Palestina.
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Assim, em 1948, o Estado Judaico com o nome de Israel declarou a independência com o apoio do Ocidente. Para tal foi necessário desalojar à força, por meios militares, milhões de palestinianos para Israel ocupar um território muito maior do que aquele em que habitavam os judeus em 1945. Quadro (2).
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Cerca de 4 milhões de palestinos continuam a viver em campos de refugiados que a ONU estabeleceu provisoriamente em 1948. Os que habitam em acampamentos na faixa de Gaza, Cisjordânia, Síria, Líbano e Jordânia não abandonam a sua condição de refugiados porque a sua situação é a única prova que possuem de que há sessenta anos tiveram que deixar as suas terras de origem pela força.
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Esta será sem dúvida a principal fonte que ao longo de gerações vem alimentando ódios e extremismos.
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Como resultado dos conflitos que se seguiram, sempre ganhos por Israel que na realidade funciona como uma base gigante americana no Médio Oriente, fez-se a paz em 1967 de que resultou a divisão que se vê no quadro (3) e que foi aceita por ambas as partes.
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Só que Israel não parou e continuou a ocupar mais território Palestino e a cercar os seus territórios. Quadro (4).
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Não pretendo de forma nenhuma entrar em longas discussões sobre este assunto dado que é impossível discuti-lo com alguma lógica e seriedade num local como este. Local onde até aparece alguém a contrapor a jornalista russa que foi assassinada como se esse fato tivesse algum peso para compreender as razões deste conflito. O meu único objetivo é apresentar alguns dados aos diversos comentadores de forma a poderem discutir o assunto com base nos fatos históricos.
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Todos nós, que não pertencemos ao lóbi armamentista nem temos características belicistas somos amantes da boa e sã convivência e não apoiamos os atos terroristas tal como não apoiamos as declarações de guerra unilaterais determinadas por esconsos motivos pintados com laivos de democracia.
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Vejamos, contudo, a ocupação Francesa da Península. Não foi ela alvo de atos de terrorismo, através de atentados, assaltos e emboscadas aos sitiantes? Eram terroristas ou patriotas?
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Os movimentos de resistência durante a ocupação alemã não desenvolveram atos terroristas contra patrulhas e comboios nazis? Eram terroristas ou patriotas?
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Na Argélia, por exemplo, os resistentes argelinos à ocupação francesa eram terroristas para estes mas foram heróis para o seu povo.
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Para compreender o que se passa no mundo aconselho a quem se sente agredido colocar-se no lugar do agressor.
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Talvez que dessa maneira os fenômenos geradores dos desentendimentos pudessem ser mais facilmente compreendidos e resolvidos.
A.M.
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P.S. Elementos recolhidos (incluindo mapas) num pps "circulante" e confirmados em diversos sítios na net.
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Original em Pereira da Mata

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Trabalho Escravo: “problema exige esforço persistente e institucionalizado”, diz Diretora da OIT

A Diretora do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Laís Abramo, participou do lançamento do II Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, em cerimônia ocorrida no Ministério da Justiça no dia 10 de setembro. “Estamos frente a um problema que exige um esforço persistente e institucionalizado para a sua resolução, afirmou Laís Abramo.

O II Plano foi anunciado pelo ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi. Produzido pela Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), o documento estabelece ações para o enfrentamento, repressão e prevenção do problema, além de iniciativas para garantir a reinserção e capacitação dos trabalhadores libertados.

Das 66 ações previstas no plano, 15 têm abrangência geral e tratam de tópicos como a manutenção do combate ao trabalho escravo como prioridade do Estado e a criação de um órgão responsável por articular ações conjuntas das equipes de diversos organismos que combatem este crime.

O plano prevê ainda outras 15 ações de enfrentamento e repressão ao problema, 15 de reinserção e prevenção, nove iniciativas de informação e capacitação e dez ações específicas de repressão econômica.

A Diretora Laís Abramo observou que 68% das metas estipuladas no 1º Plano Nacional, lançado em 2003, foram atingidas, total ou parcialmente. Segundo dados da OIT, entre 1995 e 2002 foram libertadas 5893 pessoas. Já entre 2003 e 2007, o Grupo Especial de Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho resgatou 19.927 trabalhadores encontrados em condições análogas à escravidão.

"A gente não pode dizer que a situação é boa porque o problema existe", afirmou Lais. "Por outro lado, o país se destaca positivamente e está em uma situação bastante especial por ter reconhecida oficialmente a existência de trabalho em condições análogas à escravidão e por ter desenvolvido nos últimos anos uma série de mecanismos de combate ao trabalho escravo”, disse Laís, referindo-se à criação do Grupo Móvel de Fiscalização, do cadastro de empresas flagradas empregando trabalho escravo e da própria criação da Conatrae.

“Falta aprimorar os mecanismos de prevenção, que é um dos pontos fundamentais desse segundo plano. Também falta melhorar as políticas de reinserção dos trabalhadores resgatados e também aprimorar o combate à impunidade”, defendeu Lais Abramo.

Leia a íntegra do II Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (em PDF)
Veja a íntegra da fala da diretora do escritório da OIT no Brasil
Governo brasileiro lança II Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo

Original em OIT Brasil
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HONDURAS AGRADECE CUBA POR DEZ ANOS DE AJUDA HUMANITÁRIA

O chanceler de Honduras, Angel Edmundo Orellana, entregou nesta sexta-feira um documento ao chefe das brigadas médicas cubanas, Edecio Delgado García, em reconhecimento aos dez anos de trabalhos humanitários no país. Durante um ato oficial, o chanceler recordou que em 2009 os dois países também comemoram sete anos do restabelecimento de suas relações bilaterais.

Em 1999, Cuba assinou um convênio de cooperação que incluía a permanência de brigadas médicas em Honduras, a fim de atender os pacientes das áreas mais pobres do país. "O povo e o governo cubanos ajudaram Honduras em momentos difíceis, sobretudo após o furacão Mitch, em que Cuba nos concedeu sua ajuda solidária e desinteressada", afirmou Orellana, que será substituído por Patrícia Rodas para assumir o Ministério da Defesa. A Chancelaria hondurenha informou que a cobertura das brigadas médicas cubanas se estende por 18 departamentos (estados) do país; mais de 12.200 pessoas já foram beneficiadas com cirurgias. (ANSA)

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BATTISTI: ASSOCIAÇÃO ITALIANA DEFENDE DECISÃO DE GOVERNO BRASILEIRO

A associação italiana Antigone, que luta pelos direitos e garantias no sistema penal, declarou apoiar a decisão do governo brasileiro de conceder refúgio político ao ex-militante Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970. Segundo o presidente da instituição, Patrizio Gonella, a Itália ficou famosa no exterior por uma legislação de emergência imposta durante os anos de chumbo [de 1968 ao início da década de1980]. "As penas durante os anos de chumbo eram desproporcionais", afirmou.
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"Além disso, existe na Itália um regime de cárcere-duro para os mafiosos e terroristas (art. 41, bis), que o juiz federal [norte-americano] D.D Sitgraves considera ultrapassar os limites da tortura", explicou o presidente da Antigone. Gonella também comentou a proposta de alguns políticos italianos de anular o amistoso entre as seleções da Itália e do Brasil, programado para 10 de fevereiro, em repúdio a decisão brasileira, voltando a defender o Brasil. "Agora o Brasil é quem deveria se recusar de jogar com a Itália", pois o país está "aprovando atualmente um projeto de lei racista sobre segurança [o DDL 733], que institui, por exemplo, que um cidadão brasileiro sem permissão de residência na Itália não poderá mais ir a um hospital sem ser denunciado", declarou.
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Cesare Battisti, de 54 anos, era militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) e recebeu o status de refugiado político no último dia 13 pelo ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, que alegou existir um "fundado temor de perseguição política" contra o italiano caso ele seja extraditado. (ANSA)
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