Além do Cidadão Kane

sábado, 7 de março de 2009

8 de março: Dia de Luta, Enfrentamento e Resistência

Nenhuma vida pode ser diminuída ou miserabilizada
por sua nacionalidade, classe, etnia, sexo,
religião ou orientação sexual.
(Ivone Gebara)
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O dia 8 de março nasceu das inquietações e indignações das mulheres do mundo, diante da exploração, da violência e da opressão. Algumas dessas reações foram registradas, outras silenciadas. Podemos dizer que esta data surgiu como uma “colcha de retalhos”, a partir da necessidade das mulheres da classe trabalhadora de unir as lutas na busca de direitos, dignidade e justiça, denunciando a exploração dos poderosos e a dominação da cultura patriarcal e machista.
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A sociedade capitalista e a cultura patriarcal difundiram através dos meios de comunicação, da ciência, das instituições em geral, uma visão de que o homem está no centro do universo. A partir dessa visão, são estabelecidas relações de exploração, opressão e dominação entre as pessoas, principalmente sobre as mulheres, os índios e os negros e sobre os bens naturais: terra, água, biodiversidade.
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A cultura patriarcal tenta excluir as mulheres dos espaços de decisão. Podemos tomar como exemplo a participação política das mulheres nas eleições de 2008¹ onde tivemos o seguinte resultado. Dos 5.558 municípios no Brasil foram eleitas prefeitas 505 mulheres (9,08% do total de eleitos/as) e 5.053 homens (91,92%). Também foram eleitas 6.512 mulheres vereadoras (12,5% do total de eleitos/as) e 45.474 homens (87,5%), totalizando 51.986 eleitos/as. Quantas destas mulheres eleitas são camponesas ou tem compromisso com a classe trabalhadora e com a causa das mulheres?
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Além disso, são as mulheres que enfrentam a exploração do trabalho, cabe a elas substituir a tarefa do Estado na falta de políticas públicas como creches e educação infantil, assumindo toda a responsabilidade de gerar, criar e educar, cedendo de forma gratuita sua força de trabalho a serviço do capital.
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Outro fator que motiva a luta das mulheres é as várias formas de violência a que estão expostas cotidianamente, violência esta, que está tomando dimensões cada vez maiores e impressionantes, atingindo pessoal de todas as raças, etnias e classes sociais, manifestadas na família, no trabalho, nos espaços de lazer, na rua, no poder público, nas igrejas... A violência tem como alicerce a estrutura social em que vivemos.
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Nossa missão é romper com o silêncio e nos organizar para combater toda e qualquer forma de violência praticada contra a mulher. De forma coletiva, buscamos construir uma nova sociedade, com igualdade de direitos e condições, visto que qualquer forma de violência impede a possibilidade de uma construção social mais humana e livre. Acreditamos que é possível construir espaços onde a vida seja respeitada e reconhecida em sua essência, onde direitos sejam respeitados e vividos dignamente. Alimentamos e gestamos o sonho de uma nova sociedade, construída no cotidiano da vida das pessoas, por isso, como Movimento de Mulheres Camponesas, afirmamos neste dia 8 de março, nossa luta pela libertação das mulheres e da classe trabalhadora, fortalecendo todos os dias a luta em defesa da vida.
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Não existe mulher que goste de apanhar.
O que existe é mulher
HUMILHADA DEMAIS para denunciar,
MACHUCADA DEMAIS para reagir,
POBRE DEMAIS para ir embora.
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