“Essa manifestação aqui em São Paulo é o máximo que nós podemos fazer estando no Brasil”, afirmou Abdul Nasser. Mais de 300 pessoas participaram do protesto e comemoraram a adesão tanto de libaneses, marroquinos, sírios, paquistaneses e seus descendentes, quanto a de entidades brasileiras não-religiosas, como os partidos políticos.
Além da União Nacional das Entidades Islâmicas, outras diversas entidades e comunidades árabes e de solidariedade a Palestina participaram do protesto. Entre os partidos brasileiros, estiveram o PT e o PcdoB. A presidente do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, e outras diversas lideranças, também compareceram ao protesto.
“Tem muita gente que não sabe nada da causa palestina”, disse o descendente de libaneses Tahsine Ahmad Hammoud, que busca divulgar a situação do país também vendendo lenços palestinos, um dos acessórios da moda de ocidentais descolados.
Mesmo sabendo que a manifestação só começaria às 15 horas, a estudante Asmahan Mazloum, de 22 anos, já a esperava desde o meio-dia. “Estou aqui porque tenho parentes na Palestina que estão sofrendo muito. Vim pela paz na região e pelo direito de viver, que todos nós temos”, disse a jovem, que foi sozinha, mas logo conheceu a estudante Kátia da Costa, de 17 anos.
Para que a paz chegue mais cedo
A adolescente, que não é descendente de árabes nem é muçulmana, foi até a Avenida Paulista por se identificar com a causa. Ela ficou sabendo da manifestação em uma comunidade do Orkut. “Me comovi com as notícias da violência que eles estão sofrendo. É a primeira vez que me envolvo em uma manifestação assim.”
O analista de sistemas Ali Rajab, de 27 anos, foi com um grupo de amigos. “A gente espera que os comandantes abram os olhos para o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Viemos mostrar apoio ao povo palestino”.
A manifestação foi encerrada minutos antes das 17 horas, quando pontualmente, ali mesmo no chão do vão livre do Masp, os muçulmanos se ajoelharam e rezaram também pelos mártires da violência na Faixa de Gaza. Na próxima segunda-feira (5), está prevista uma reunião para definir as próximas ações no Brasil contra a violência na Faixa de Gaza.
Protestos no mundo
Não foi apenas o Brasil que foi para as rua pedir a paz na Faixa de Gaza. Outras milhares de pessoas protestaram no mundo todo contra os ataques israelenses em Gaza, que entraram no sétimo dia consecutivo nesta sexta. Foram registradas manifestações no Oriente Médio, na Ásia, na África e alguns países da Europa.
Protestos foram realizados por todos os países da região desde que Israel lançou a campanha de ataques aéreos, porém os atos desta sexta foram bem maiores em relação aos outros dias - também por conta das tradicionais orações de sexta. As manifestações começaram pouco depois das orações de sexta-feira em Teerã, Cairo, Amã e Damasco. Protestos similares têm sido realizados quase diariamente desde sábado, o início da ofensiva.
Houve protestos de palestinos nas principais cidades da Cisjordânia. Em Ramallah, correligionários do Hamas enfrentaram-se com a facção Fatah, do presidente palestino, Mahmoud Abbas, chamando-os de "colaboradores". Em outras regiões, manifestantes atacaram pontos de controle com pedras e alguns ficaram feridos por balas de borracha.
Na capital da Jordânia, Amã, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo e entrou em confronto com os manifestantes que tentavam chegar à embaixada israelense. Várias pessoas foram detidas. O governo do Egito, por sua vez, adotou rígidas medidas de segurança para evitar os protestos. Centenas de policiais rodearam a mesquita de Al-Azhar, no Cairo, onde haveria uma marcha. Na cidade de el-Arish, no Norte da Península do Sinai, mais de 3 mil pessoas se manifestaram. Na fronteira com Gaza, dezenas de beduínos dispararam suas armas para o ar na aldeia de Rafah.
Morte aos EUA
O Irã advertiu nesta sexta-feira que Israel não inicie uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza. Em várias capitais do mundo islâmico, se espalharam manifestações contra a ofensiva do estado judeu, iniciada há sete dias.
Em Teerã, cerca de 6 mil pessoas marcharam da Universidade de Teerã até a Praça de Palestina, aos gritos de "morra Israel" e "morra Estados Unidos", além de queimar bandeiras israelenses. Os manifestantes carregavam cartazes com os dizeres "Não matem as crianças" e "Um verdadeiro holocausto acontece em Gaza", enquanto outros prometiam "lutar e defender Gaza".
O aiatolá Akbar Hashemi Rafsanjani afirmou no sermão das sextas-feiras a milhares de pessoas que a derrota militar israelense em Gaza seria um "escândalo" para o governo de Israel e que, mesmo que o governo do Hamas na Faixa de Gaza caia, a "resistência" palestina aumentará.
Queima da bandeira de Israel
Em Damasco, na Síria, cerca de 2 mil pessoas se manifestaram no acampamento de refugiados palestinos de Yarmouk, empunhando bandeiras palestinas aos gritos de "a jihad nos unirá" e queimando uma bandeira israelense.
Também houve protestos em Moscou, onde dezenas de pessoas se concentraram em frente à embaixada de Israel para exigir o fim dos ataques. Mas o protesto não recebeu autorização municipal, segundo o porta-voz da polícia local, Vladimir Paklin, e 37 pessoas foram detidas.
Na capital da Indonésia, Jacarta, mais de 10 mil muçulmanos protestaram diante da embaixada dos Estados Unidos, acompanhados de falsos foguetes com os dizeres "Alvo: Tel Aviv, Israel". Em Cabul, no Afeganistão, milhares de pessoas realizaram um protesto parecido, no qual queimaram bandeiras de Israel e gritaram contra os Estados Unidos.
5 mil na Turquia
Em Istambul, maior cidade da Turquia, cerca de cinco mil pessoas protestaram contra os bombardeios israelenses perto de uma mesquita histórica da cidade. Foram queimadas bandeiras de Israel e dos Estados Unidos. A Turquia é o aliado mais próximo de Israel no Oriente Médio.
Também houve protestos em Moscou, onde dezenas de pessoas se concentraram em frente à Embaixada de Israel para exigir o fim dos ataques. Mas o protesto não recebeu autorização municipal, segundo o porta-voz da polícia local, Vladimir Paklin, e 37 pessoas foram detidas. Em Berna, capital da Suíça, centenas de pessoas fizeram uma passeata condenando os bombardeios israelenses. Demonstrações menores ocorreram em Londres e Paris.
Nenhum comentário:
Postar um comentário