A Bolívia, segundo país mais pobre da América, atrás só do Haiti, foi declarada território livre do analfabetismo, no sábado passado, dia 20.
Depois de três anos de grande mobilização popular, particularmente dos maiores interessados, os indígenas, somada à decisão política do presidente Evo Morales, a Bolívia transformou-se no terceiro país que conseguiu vencer essa praga no continente, após Cuba, que o fez em 1961, e a Venezuela, em 2005. Os dois países colaboraram com a sua experiência, com professores, métodos e recursos para encarar o difícil desafio.
“Missão cumprida. O fim do analfabetismo que tanto mal faz aos povos foi um dos meus compromissos de campanha. Agora vamos passar para a fase de acabar o ensino básico, depois o secundário, até chegar no terceiro grau”, afirmou Morales no ato que foi uma verdadeira festa com milhares de pessoas na cidade de Cochabamba, .
Os números divulgados pelo Ministério de Educação e Cultura são: 819 mil 417 pessoas alfabetizadas de um universo de 824 mil 101 iletrados detectados (99,5%); 28 mil 424 pontos de alfabetização criados nos nove departamentos da Bolívia; 130 assessores cubanos e 47 venezuelanos que deram aulas de capacitação a 46 mil 457 professores e 4 mil 810 super-visores bolivianos na aplicação do método audiovisual cubano Eu sim posso.
O governo boliviano revelou que o analfabetismo no país tinha “cara de mulher”, já que mais de 85% dos alfabetizados eram do gênero feminino.
O ministro de Educação, Roberto Aguilar, assinalou que este era “o acontecimento educativo mais importante de nossa história republicana”, e “se constitui no esforço que potencializa a conquista de nossa soberania, de retomar nossas riquezas e decidir nosso destino, para que a Bolívia comece a deixar um passado marcado de discriminação, injustiça e intolerância”.
Evo ressaltou a energia, a solidariedade, a vontade de aprender, o esforço continuado, as caminhadas de horas e mais horas para chegar a uma comunidade para receber aulas depois de uma árdua jornada no campo, um dia trabalho numa empresa na cidade, num mercado ou na rua. “Este processo deixou claro a força, a determinação de avançar de nosso povo”, concluiu.
A grande maioria das pessoas preferiu se alfabetizar em espanhol, embora tivessem se preparado professores e material para fazê-lo em quéchua e aymara, relatou o diretor nacional de Alfabetização, Benito Ayma.
Anunciaram que uma segunda etapa, a de pós-alfabetização, se iniciará em fevereiro de 2009 com o programa Eu sim posso continuar, para a conclusão do ciclo básico em dois ou três anos, com conteúdos de espanhol, matemáticas, geografia, história e ciências.
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