Além do Cidadão Kane

sábado, 17 de maio de 2008

A Amazônia é nossa!

Uma das repercussões no exterior da troca de titulares à frente do Ministério do Meio Ambiente foi a volta das ameaças contra a soberania brasileira sobre a Amazônia. A saída da ex-ministra Marina Silva foi lamentada por entidades ambientalistas de forma geral, principalmente por aquelas de grande visibilidade e atuação, como o Greenpeace e a brasileira SOS Mata Atlântica.

São organizações que, por absolutizarem a defesa do meio ambiente, são refratárias à aceleração do crescimento econômico. E tinham, na prudência da ex-ministra Marina Silva, uma espécie de fiadora de seus pontos de vista à frente da política ambiental brasileira.

O desafio real, nesta questão, é a adequada combinação entre desenvolvimento e preservação da natureza, cujo enfrentamento é necessário para o combate à pobreza e a conquista de um padrão de vida digno para a imensa maioria da população do planeta, parcela significativa da qual é formada pelos brasileiros pobres.

E, como diz a secretária de Mudança Climática do ministério do Meio Ambiente, Thelma Krug, que defende o direito ao desenvolvimento, a superação desse desafio vai envolver o aumento controlado das emissões; daí a necessidade de combinar as dimensões ambientalista e desenvolvimentista na busca de padrões mais elevados de bem estar para as populações dos países em desenvolvimento, como o nosso.

Afinal, uma das faces do fosso que existe entre os países industrializados e os emergentes é justamente a disparidade das emissões. Enquanto os EUA, por exemplo, emitem 19,7 toneladas de carbono por pessoa/ano, o Brasil tem valores 11 vezes menores, com emissão de 1,7 toneladas por pessoa/ano.

Esta é a grande questão que está subjacente ao debate ambientalista atual. E este é o pretexto, também, para a reiteração de ameaças contra a soberania brasileira sobre a Amazônia, como a que foi renovada na quarta-feira (14) em editorial do jornal inglês The Independent. Sob o título alarmista ''Salvem os pulmões do planeta'', o editorial afirma que a Amazônia ''é importante demais para ser deixada aos brasileiros. Se perdermos as florestas, perderemos a batalha contra as mudanças climáticas''.

Estas ameaças não são novas. E a defesa ''do planeta'' é o biombo que oculta, hoje, velhas ambições imperialistas contra a grande reserva de recursos naturais (minerais, vegetais ou animais) e de água doce representada pela Amazônia. A cada época, estas ameaças se refazem com argumentos novos, sempre em busca do mesmo velho objetivo: subtrair aquela parte do território brasileiro à soberania nacional.

Ameaças às quais os brasileiros só podem dar uma resposta: cada pedaço do território nacional é importante demais e precisa ser defendido contra a cobiça imperialista. A resposta adequada só pode ser uma: a Amazônia é nossa!
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