O Secretariado do Estado Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (Farc-EP) confirmou a morte do fundador da organização, Pedro Antonio Marin, conhecido como Tirofijo (tiro certeiro). A informação foi divulgada por Timoleón Jiménez, membro do Secretariado das Farc, através de vídeo entregue ao canal Telesur. Tirofijo faleceu no dia 26 de março, aos 78 anos, vítima de ataque cardíaco.
Aos 19 anos de idade, Tirofijo iniciou sua luta contra a oligarquia colombiana - sustentada pelos Estados Unidos - em 1948, logo após o assassinato do líder nacionalista Jorge Gaitán, que era favorito para vencer as eleições presidenciais que seriam realizadas no ano seguinte. O assassinato de Gaitán, em 9 de abril de 1948, resultou no levante popular na capital, conhecido como “Bogotazo”. A partir de então, a sublevação tomou conta do país (quando foram criadas as autodefesas camponesas), sendo reprimida pela oligarquia num período conhecido como “La Violencia”, que se estendeu de 1948 a 1953, quando cerca de 300 mil pessoas foram assassinadas.
Em 1964, a oligarquia lança no sul do estado do Tolima, em Marquetalia, uma criminosa ofensiva militar contra o campesinato, denominada de Plan Laso (Latin American Security Operation), sob a aberta direção do Pentágono. Diante da recusa por parte da oligarquia em numerosas tentativas de negociações políticas pela paz, Tirofijo, seguido de outros 47 camponeses, funda as Farc, dando início à luta armada contra a oligarquia sustentada e patrocinada pelos EUA
Assim descreveu Tirofijo, em seu diário “Cadernos de Campanha”, o início da luta armada na Colômbia: “As pessoas se armavam com velhas escopetas, revólveres antigos e todos os acessórios de guerra que encontrassem. Os trabalhos do campo eram abandonados devido a violência que já não permitia que as pessoas se dedicarem ao trabalho, porque assim mais facilmente se convertiam em alvo dos bandidos”.
Foram 60 anos dedicados à luta incessante pela paz e libertação do país, sobrevivendo a inúmeras investidas militares patrocinadas pelos EUA através de planos como o Plan Laso; a Operação Sonora, na cordilheira Central; operação Destructor I e Destructor II; Plano Patriota e Plano Colômbia; além da atuação dos grupos paramilitares sustentados pelos narcotraficantes.
Desde sua criação, as Farc jamais recusaram uma saída política e pacífica para os conflitos do país, sempre negada pela oligarquia que governa a Colômbia até ao dias de hoje. São milhares de parlamentares, sindicalistas - operário e camponeses - e estudantes assassinados ao longo dos últimos 60 anos. “Se Washington e a oligarquia não permitem a luta revolucionária pelas vias democráticas, então optamos por essa única opção possível e nascem as Farc”, diz a organização.
Como reiteram as Farc em seu comunicado, “nossas propostas em torno dos acordos humanitários e das saídas políticas continuam vigentes tal qual reiteramos em múltiplas ocasiões, assim como aquelas expostas tanto no Manifesto como na Plataforma Bolivariana, lançadas a partir destas cordilheiras, serão confluência e gerarão esforço conjunto para conseguir a paz democrática e o sossego que nos roubou a oligarquia faz 60 anos”.
LUIZ ROCHA
topo
Nenhum comentário:
Postar um comentário