A ministra Dilma Roussef levou a oposição a nocaute logo no início de sua apresentação na comissão de infra-estrutura do Senado, na quarta-feira, ao rebater a provocação do senador José Agripino Maia (Dem-RN). O senador disse que ela, na década de 70, teria mentido ao ser torturada pelos órgãos de repressão e que por isso poderia estar mentindo novamente agora. “Qualquer comparação entre ditadura e democracia só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira”, respondeu a ministra.
“Aqui nós estamos num diálogo democrático. Aqui, nós estamos em igualdade de condições humanas. Nós não estamos num diálogo entre o meu pescoço e a forca”, rebateu Dilma, dirigindo-se ao senador do Dem. “Por isso eu acredito e respeito esse momento”. “Não há espaço para a verdade na ditadura. Não há espaço para a verdade porque não há espaço para a vida”, prosseguiu. “Na ditadura, algumas verdades, as mais banais, podem conduzir à morte. É só errarem a mão em seu interrogatório”, lembrou a ministra.
“Naquela época eu tinha 19 anos. Fiquei 3 anos na cadeia. Fui barbaramente torturada, senador. Qualquer pessoa que ousar falar a verdade para os torturadores, compromete a vida de seus iguais. Eu me orgulho muito de ter mentido na tortura, senador”, enfatizou. “Foi assim que eu salvei a vida de meus companheiros. Eu me orgulho de ter mentido. Eu impedi que eles fossem mortos ou torturados. O que acontece ao longo do anos 70 é a impossibilidade de se dizer a verdade em qualquer circunstância. No pau de arara, com o choque elétrico e a morte, não há diálogo”, completou.
E prosseguiu. “Isso tudo é algo que é o resgate desse processo que ocorreu no Brasil. Por isso, acredito e respeito esse momento”. “De fato eu combati a ditadura, senador. E disso eu tenho um imenso orgulho”, afirmou o ministra, arrancando aplausos dos senadores presentes e deixando Agripino Maia e o resto da oposição em maus lençóis.
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