Morales aceita referendo e espera convocá-lo imediatamente
O presidente da Bolívia, Evo Morales, se mostrou nesta quinta-feira "muito satisfeito" com a aprovação no Senado do referendo sobre a revogação de seu mandato e o dos nove governadores e se comprometeu a convocá-lo imediatamente. — Quero reiterar minha posição de que somos comandados pelo povo, que nos dirá quem serve e quem não para governar — disse Morales, para quem essa consulta "é uma forma de aprofundar a democracia no país". O líder fez esta declaração no Palácio de Governo em La Paz, após manter uma reunião urgente com seu gabinete e ser recebido por quase todos seus ministros, que lhe aplaudiram ao princípio e ao final de seu discurso. Morales lembrou que a proposta para revogar seu mandato, o do vice-presidente, Álvaro García Linera, e o dos nove governadores regionais, a maioria da oposição, foi lançada por ele mesmo, em dezembro passado, em meio a uma tensa situação política relacionada com o processo constituinte. O trâmite desse projeto de lei, que recebeu em janeiro o sinal verde na Câmara dos Deputados, ficou estagnado no Senado, que o aprovou de forma surpreendente e por unanimidade, uma vez que até os legisladores do partido do governo, Movimento Ao Socialismo (MAS), votaram a favor. A decisão do Senado dá uma nova guinada à crise política vivida pela Bolívia há vários meses pelo enfrentamento entre o projeto de "refundação" constitucional impulsionado por Morales e as reivindicações de autonomia de várias regiões opositoras, lideradas pela rica Santa Cruz. Morales assegurou que o referendo que votará a revogação de seu mandato tem como objetivo "definir nas urnas e não com violência" a conflituosa situação pela qual o país atravessa e pediu ao Congresso que lhe envie "de maneira imediata" a norma aprovada hoje para convocar a consulta o mais rápido possível e assim "ganhar tempo". Poucas horas antes, o líder esquerdista chamou os nove governadores para dialogar na próxima segunda-feira, em La Paz, sobre a crise, agravada após o referendo autonomista de Santa Cruz. As autoridades e líderes cívicos opositores de Santa Cruz realizaram no domingo passado um referendo sobre o estatuto autônomo regional, considerado ilegal pela Corte Nacional Eleitoral e pelo governo. Com quase todas as mesas já apuradas, o "sim" ganha com um apoio de 85%, segundo dados divulgados pela Corte Departamental Eleitoral, embora o governo tenha tachado de "fracasso" a consulta pela alta abstenção registrada, que superou 38%.
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