Além do Cidadão Kane
quinta-feira, 22 de maio de 2008
A última crise do capitalismo?
A imprensa burguesa, embora o número de famintos no mundo aumente sem cessar, vem atribuindo a alta no custo da alimentação a um aumento de consumo devido à inclusão de mais pessoas dentro da cadeia alimentar convencional. Se fosse verdadeira a afirmação, bastaria dirigir esse aumento de produtividade para o setor agrícola e se manteria o aumento do poder aquisitivo com o aumento da produção de um bem de consumo que também estaria aumentando a demanda: os alimentos. Porém, esse aumento de produção que estaria produzindo o ingresso de mais pessoas no mercado de consumo, está ligado à produção de bens supérfluos. Dessa forma cresce a riqueza mas não cresce a produção de alimentos o que leva a um aumento de preços. No entanto, esse aumento do poder aquisitivo tem ocorrido muito nas classes economicamente dominantes, com um aumento do lucro decorrente da automatização cada vez maior e da racionalização da produção, do que devido a um aumento de ganho daqueles que realmente produzem os bens. É interessante notar que essa falácia serve para que se discuta mais uma faceta perversa do capitalismo. Com a associação do aumento de preços a um aumento de consumo, se conclui que, se melhora o poder aquisitivo, há um maior consumo que eleva os preços que diminui o poder aquisitivo e leva novamente a uma sub alimentação e, conseqüentemente, à fome. As multinacionais, proprietárias das sementes transgênicas, dirão: " plantem mais!". A iniciativa privada, cujo único objetivo é o maior lucro, buscará a cultura mais rentável e concluirá que o melhor é plantar para a produção de biocombustíveis uma vez que esse crescimento econômico ainda maior dos capitalistas gerará um consumo cada vez maior de bens e serviços que consomem combustíveis - coisa que os países exportadores de petróleo já descobriram há muito tempo. Assim, quanto maior o preço do petróleo, maior será o preço dos grãos que podem ser transformados em combustível o que elevará cada vez mais o preço dos alimentos em geral e não apenas o dos grãos usados na produção de biocombustíveis, porque a ânsia de maiores lucros levará a uma diminuição das áreas plantadas para fins de alimentação.
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Ao examinarmos o "mapa da fome", vemos que a maioria dos países que têm as maiores carências em alimentação estão submetidos a governos tiranos. Essa é uma relação de causa e efeito pois os governos fantoches, alimentados e corrompidos pelo imperialismo, ao entregarem as riquezas de seus países às nações capitalistas, lançam à fome as suas populações, que se revoltariam não fosse o apoio dado pelas nações exploradoras. Até agora tem sido assim. No entanto há um determinante novo incluído no processo atual. Como a questão da energia atingiu seu ponto crítico, é a própria sobrevivência do capitalismo que está em jogo, uma vez que esse sistema traz em si, como essência, a ideia de desperdício e ostentação que faz com que poucos consumam os bens que poderiam ser divididos por muitos. Esse fato levará a uma expansão da miséria e da fome a grandezas inimagináveis que ultrapassarão´os limites geográficos até então delimitados dentro do chamado terceiro mundo, para atingir países onde até hoje a contenção dos famintos é feita por ações sociais por parte dos governos. Conter a revolta dos miseráveis será cada vez mais difícil e exigirá governos cada vez mais fortes e repressivos, até o colapso final do sistema capitalista.
A solução será o estabelecimento de governos que imponham a redistribuição dos bens; que gerenciem os recursos naturais de forma a recuperar a destruição já causada pelo capitalismo ao planeta; que coordene os meios de produção tanto industriais como agrícolas, eliminando o desperdício e determinando o que será utilizado na melhoria da qualidade de vida humana e o que poderá ser utilizado para produzir alguma melhoria no item conforto, sempre, para todos.
Três grandes paradoxos estão a se formar no horizonte do mundo capitalista: o primeiro, quando o aumento da produção agrícola levará a um aumento da fome; o segundo, quando a chamada "democracia" capitaneada pelos Estados Unidos da América levará a humanidade para governos totalitários e o terceiro quando a implosão do sistema capitalista levará a sociedade humana para o socialismo. Esse é o momento histórico que vivemos e que muitos de nós verão seu desenrolar completo.
Rosalvo Maciel
Postado por O Velho Comunista às 16:09
Marcadores: combustíveis vegetais, Estados Unidos, fome, globalização, segurança alimentar
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Um comentário:
Temos que analisar este fato ainda sob dois aspectos:
Primeiro: há meio século atrás, morriam de fome milhões de pessoas por ano na China. Com a revolução todos passaram a comer e não houve qualquer crise no mundo, mesmo sem os recursos atuais de produção da agricultura.
Segundo: Tudo estava correendo normal com os alimentos no mundo; de repente, os famintos, talvez por um milagre, começaram a comer e faltou comida. Quem são estes famintos, já que nas regiões clássicas da fome mundial ela continua com a mesma ou maior intensidade?
Creio que nessa história toda existe algum motivo secreto que precisa ser descoberto.
Um abraço,
Ney
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