Os três terroristas — um irlandês, um romeno de origem húngara e um boliviano, com cidadanias húngara e croata — foram mortos na madrugada de quinta-feira durante investigações das autoridades bolivianas sobre um plano para assassinar o presidente.
Morales qualificou como “muito grave” que os governos da Croácia, Irlanda e Hungria peçam uma investigação internacional sobre o ocorrido, mas anunciou que esta será realizada para determinar as circunstâncias dos fatos.
“Autoridades e instituições de Croácia, Irlanda e Hungria não têm nenhuma autoridade para pedir (a investigação)”, afirmou o presidente, questionando a intenção dos governos desses países de defender os mercenários, declarando que a atitude poderia dar a entender que os países teriam mandado essas pessoas para atentar contra a democracia da Bolívia.
Sobre a investigação, Morales afirmou que “se é importante a presença da comunidade internacional, ela será bem-vinda”, porque “não manipulamos coisas ocultas, não somos especialistas para ações encobertas”.
Na última semana, em visita à Venezuela, onde participou de uma reunião da Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), Morales denunciou que o grupo de mercenários estrangeiros pretendia atentar contra sua vida e contra o vice-presidente do país, Álvaro García Linera.
García Linera, por sua parte, declarou no último domingo que estas três pessoas faziam parte de “uma estrutura conspiratória e terrorista”, cujas atividades eram financiadas por “pessoas vinculadas a atividades empresariais” em Santa Cruz de la Sierra.
Arpad Magyarosi (romeno de origem húngara), Michael Martin Dwyer (irlandês) e Eduardo Rozsa Flores (boliviano, com cidadanias húngara e croata) foram mortos na última quinta-feira em uma operação da polícia boliviana.
Em outra ação policial, foram presos Mario Francisco Tadic Astorga (boliviano, com passaporte croata) e Elot Toazo (húngaro).
O mercenário irlandês Michael Dwyer viajou para ao país sul-americano com um grupo de 17 comparsas, informou o jornal The Irish Times.
Segundo a versão da família, ele chegou à Bolívia no final do ano passado para fazer um curso de três meses dado por uma empresa de segurança, sobre o qual não há mais informações.
No entanto, o jornal irlandês indica que o próprio Dwyer, de 24 anos, pagou de seu bolso a viagem e que não há evidências de que ele estivesse estudando.
A família tenta agora entra em contato com membros desse grupo de 17 comparsas dos quais ele perdeu contato após começar a trabalhar para uma companhia local, acrescentou o Irish Times.
Na Irlanda, Dwyer trabalhou para, pelo menos, duas firmas de segurança, após se formar pelo Instituto de Tecnologia Galway/Mayo, mas as duas negam que não o enviaram à Bolívia.
O mercenário também havia feito curso de guarda-costas, acrescenta o jornal irlandês.
O chanceler boliviano, David Choquehuanca, informou na segunda-feira que a embaixada da Bolívia no Peru recebeu da embaixada croata uma nota, na qual a Croácia expressa sua “preocupação” pela vida de Tadic Astorga.
Choquehuanca garantiu também que o governo “proporcionará todas as informações sobre o assunto” aos interessados.
Na última sexta-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA) considerou como “gravíssimos” os planos para assassinar Morales e condenou a ação do grupo terrorista.
Após uma reunião com Choquehuanca, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, declarou que “há evidências claras de que existiu um grupo que tentou (perpetrar) atentados terroristas na Bolívia contra o presidente e o vice-presidente e outras pessoas do governo e provavelmente outras ações com o fim da desestabilização do governo constitucional da Bolívia”.
A Câmara dos Deputados da Bolívia também abriu uma comissão de investigação sobre o grupo terrorista.
A comissão será formada por cinco deputados do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), além de outros três de cada uma das legendas de oposição com deputados: Poder Democrático e Social (Podemos), Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) e União Nacional (UN).
A comissão parlamentar também investigará os ataques com dinamite contra as casas do cardeal Julio Terrazas, na semana passada, e do vice-ministro de Autonomias, Saúl Ávalos, há quase um mês, que a polícia atribui a esta mesma quadrilha.
O presidente Evo Morales disse que eles planejavam matá-lo dentro de um plano para “tomar o poder pela via violenta” ou “dividir alguma região”.
O vice-ministro de Coordenação com os Movimentos Sociais, Sacha Llorenti, disse que a segurança pessoal de Morales foi reforçada.
“O governo vai tomar todas as medidas para preservar a segurança do presidente Morales, porque há gente interessada em frear este processo”, informou.
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