Além do Cidadão Kane

domingo, 12 de abril de 2009

Fidel faz radiografia da revolução na Bolívia


Em sua Reflexão intitulada A Revolução Boliviana e do comportamento de Cuba, Fidel Castro faz uma radiografia sintética do leque político da Bolívia. O líder revolucionário cubano comenta a greve de fome do presidente boliviano, Evo Morales, e desmente a oposição daquele país, dizendo que o registro eleitoral É ''um dos mais sérios do continente''.

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Várias vezes já pensei que no dia seguinte não teria de escrever, poderia dedicar algum tempo para ler e estudar, tal como já fiz muitas vezes. Mas os avanços significativos que ocorreram nas últimas semanas, relacionados com a economia e política mundial e os que acontecem na Bolívia, me impediram.

Aos 10h41 entrei em contato com Dausá (Rafael Dausá, embaixador de Cuba em La Paz]). Eu queria detalhes sobre a saúde de Evo e outros líderes que estavam no terceiro dia de greve de fome. Ele acordou bem, embora um pouco debilitado pela falta de alimentos.

Os que o acompanham, também em greve, estão bem e com ótimo estado de ânimo. Pediram livros. Disseram ao embaixador, que queriam livros de Marti [José Martí, 1853-1895, poeta e herói da Independência de Cuba], o Che e da nossa revolução. Hoje foi o nosso embaixador atendeu ao pedido enviando-lhes Vida e obra de José Martí, O Socialismo e o Homem em Cuba e outros materiais.

Como sabe, a qualidade da inscrição eleitoral da Bolívia foi reconhecido por diversas organizações internacionais, incluindo a OEA e da União Europeia, nada simpatizantes da esquerda, que contaram com serviços especializados e, a partir de sua análise, aprovaram o registro eleitoral como um dos mais sérios do continente.

Apesar disto, as autoridades dos tribunais dos departamentos de Beni, Pando, Potosí, Tarija e La Paz, dos nove que a Bolívia possui, questionaram o registro eleitoral, em evidente cumplicidade com a oposição.

Na Bolívia o maior partido no Parlamento é o MAS (Movimiento Ao Socialismo) de Evo Morales, que tem 72 dos 130 deputados da Câmara dos Representantes. É portanto o partido mais forte da Bolívia.

Os outros deputados se dividem. O Podemos (Poder Democrático Social), a segunda força política, constituída por antigos seguidores o do general Hugo Banzer e representantes de outras correntes políticas tradicionais. O Podemos representa a oligarquia boliviana. O seu actual líder é Jorge Quiroga, que assumiu a presidência da Bolívia pouco antes da morte de Banzer, pois era seu vice.

O MNR é a terceira força política, é chefiada pela senhora Mirtha Quevedo. Tem um menor número de membros do Parlamento, que se opõem ao MAS.

Unidade Nacional é outra força de oposição no Parlamento Boliviano.

Quanto a Cuba, as principalis organizações políticas de oposição não se caracterizam pela hostilidade.

Recentemente, após o referendo constitucional de janeiro, através do departamento de nosso partido para a América, recebemos uma grande delegação boliviana composta por Carlos Borth, senador do Podemos; Roberto Ruiz, outro senador do mesmo partido; Cesar Navarro, um homem de Evo, muito positivo; Mario Justiniano, deputado do MNR, crítico de Evo; Hugo Moldiz, diretor do semanário La Epoca, um amigo de Cuba, excelente escritor; Guido Rivero, secretário-executivo da Fundação Boliviana pela Democracia Multipartidária, que organizou a viagem, de 11 a 15 de março. Foram atendidos por companheiros do Departamento Internacional de nosso partido.

Em favor da unidade e cooperação de todas as forças políticas pelo desenvolvimento da Bolívia, o presidente Evo Morales fez todo o possível para promover a cooperação, evitando posições extremas que poderiam destruir o processo revolucionário. Que extremismo poderia haver no líder boliviano quando consultou os eleitores sobre o teto na extensão das propriedades, de 10 mil ou 5 mil hectares? Evo criou pela primeira vez na história da Bolívia uma importante reserva e divisas, o que lhe permite enfrentar a grave crise financeira internacional, erradicar o analfabetismo, com o uso do espanhol, aimará e quechua, em menos de três anos, levar toda a população pobre a desfrutar de uma renda mínima segura; recuperou as fontes de energia e conquistou a admiração do mundo para a Bolívia.

Nosso povo contribui neste esforço com seus conhecimentos nos domínios da educação e da saúde. Milhares de nossos compatriotas ali prestam seus abnegados esforços.

Nossos médicos realizaram 24.618.833 consultas, realizaram 35.390 cirurgias e salvaram 20.102 vidas.

A Missão Milagro jea soma 386.597 operados dos olhos, dos quais 25.198 brasileiros, 24.240 argentinos, 17.309 mil peruanos e 309 paraguaios.

Cerca de 5 mil jovens bolivianos estudam medicina em Cuba.

Esta é nossa modesta contribuição para o povo irmão da Bolívia, que tem sido o mais pobre e explorado da América Latina.
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Fidel Castro Ruz
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Publicado em Vermelho

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