Não estamos nos anos setenta ou oitenta quando um golpe de Estado promovido e/ou avalizado pela Casa Branca se somava a uma longa lista de golpes que triunfavam e em poucos dias desapareciam dos noticiários.
O triunfo ou fracasso deste golpe é chave em numerosos aspectos e ultrapassa a figura do presidente Manuel Zelaya. Talvez a melhor explicação a haja dado um documento da Fundação para a Análise e Estudos Sociais (FAES) vinculada ao Partido Popular espanhol presidido por José María Aznar, o mesmo que reconheceu imediatamente ao efêmero governo golpista que derrubou Chávez por 48 horas em 2002. Ali se pode ler que “a América Latina é o principal tabuleiro de batalha mundial entre o populismo radical e a democracia liberal”. Se traduzirmos, disse que na América Latina existe uma batalha entre governos que tentam encontrar um caminho que supere as políticas neoliberais que beneficiem às grandes maiorias e outros que apóiam as políticas privatizadoras dos anos noventa marcadas pelo que se chamou de “consenso de Washington”. “A saída de Zelaya é o primeiro retrocesso para os interesses de Chávez” diz o documento. Se traduzirmos, disse que um triunfo do golpe permitirá desarticular os vários projetos latino-americanos, chame-se ALBA, UNASUR, ou Petrocaribe. “Os que apóiam o regresso de Zelaya se subordinam a Chávez”. Se o traduzimos, diz que a América Latina não tem que ter vínculos político-comerciais com a Venezuela nem receber petróleo barato. O risco é terminar como Zelaya.
Como bem disse o documento espanhol, a América Latina é a única região onde existem profundos e sérios questionamentos das políticas neoliberais. E é isso o que está em jogo em Honduras.
Pedro Brieger (www.pedrobrieger.com.ar)
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