Além do Cidadão Kane

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A resistência hondurenha em marcha

Cathy Ceïbe
Traduzido por Marisa Goulart

Um mês após o golpe contra o presidente Zelaya, seus simpatizantes estão permanentemente mobilizados. Mas a diplomacia marca passo.

A resistência hondurenha não disse sua última palavra. À frente de resistência contra o golpe de Estado que derrubou o presidente eleito, Manuel Zelaya, em 28 de junho, convocou, à partir de amanhã, duas marchas nacionais que convergirão dia 10 de outubro, até Tegucigalpa, a capital, e até San Pedro Sula, pulmão econômico e segunda maior cidade do nordeste de Honduras. Ontem, os simpatizantes do chefe de Estado deposto renderam uma última homenagem aos dois professores mortos pelos disparos da repressão policial durante as manifestações dos últimos dias. De luto, os movimentos sociais continuam, no entanto, a desafiar às autoridades golpistas. « Nós devemos ser otimistas, nós estamos no caminho da vitória e do retorno de Zelaya, declarou à Prensa Latina, Israel Salinas, secretário geral da Federação dos trabalhadores. Nós estamos conseguindo unificar o povo e nossas organizações. » Um otimismo que contrasta singularmente com o marasmo diplomático existente.

A bola está no campo dos Estados-Unidos

Após vários dias em Ocotal na Nicarágua, fronteira com Honduras, Manuel Zelaya deve encontrar hoje as autoridades mexicanas, parceiros estratégicos dos Estados-unidos na região a qual se trabalha com esforço ainda hoje para decifrar a estratégia. Certamente, Washington levantou de novo a voz de encontro às autoridades de fato, recusando, a semana passada conceder vistos a quatro de seus membros. Mas isso não desestabilizou o governo de Roberto Micheletti. O encontro do México alterará o statu quo que é exercido com rigor desde o golpe de estado? Domingo, Manuel Zelaya seria mantido com os representantes dos Estados-Unidos na Nicarágua onde encontrou refúgio. Mas sem que se saiba detalhes. A Organização dos Estados americanos (OEA), o órgão mais ativo desde o início da crise, que devia se reunir a semana passada para avaliar a situação em Honduras, adiou sua sessão. Quanto à mediação do presidente costarriquenho, Oscar Arias, cujas propostas foram rejeitadas pelos auto proclames de Tegucigalpa, parece também em situação de impasse. Mais uma vez, a bola está no campo dos Estados-unidos.

A segurança do continente em risco

Em uma entrevista concedida à Telesur, Manuel Zelaya declarou a sua preocupação quanto ao fato de que o golpe de Estado de Honduras poderia fazer escola “ É um exemplo que pode decompor a Amérca-Latina , advertiu. E colocar em risco a segurança do hemisfério e do próprio povo dos Estados Unidos”. Ele ressaltou a responsabilidade de pessoas de “extrema-direita que se posicionam a favor do golpe de Estado” citando o exemplo do secretário adjunto da América Latina, Otto Reich. Multiplicando as declarações contraditórias, a administração estadunidense, revela as divisões internas que servem, hoje, primeiramente aos golpistas. A ponto de autorizar Roberto Micheletti a injuriar (com quais apoios?) o primeiro poder mundial. “Não existe nenhum país, nenhum povo tão potente que nos faça ceder “, zombou ele após o episódio dos vistos.
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O Putsch é uma comédia...
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Original em L'Humanité

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