Além do Cidadão Kane

domingo, 30 de agosto de 2009

Tortura sem punição

Obama criou nova unidade para interrogatórios
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Um documento desclassificado pelo Departamento de Justiça norte-americano revelou novos detalhes sobre os crimes cometidos pelos EUA contra detidos suspeitos de terrorismo. A ONU manifesta-se contra a impunidade.
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De acordo com o texto a que o The New York Times teve acesso, membros da CIA terão torturado os prisioneiros e ameaçado as suas famílias caso não confessassem o seu envolvimento com a al-Qaeda e a participação em atentados.
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No seguimento dos elementos que vêm confirmar o que há muito não era segredo (isto embora muito mais esteja por saber, a julgar pelas páginas inteiras do relatório rasuradas), o procurador Eric Holder – que até agora defendeu a não investigação das práticas da administração Bush junto com Barack Obama e com o diretor da CIA nomeado pelo presidente em exercício, Leon Panetta – foi obrigado pela pressão e contestação pública a nomear John Durham para conduzir as eventuais acusações contra os agentes.
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A União norte-americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla inglesa), cujas ações em tribunal contra a ocultação das provas da tortura foram decisivas para o atual desenrolar dos processos, considera a decisão um avanço, mas insuficiente, por isso exige que se procedam a investigações abrangendo não apenas os executantes das ordens mas também os responsáveis políticos.
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Reagindo às informações divulgadas segunda-feira, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay expressou repúdio por qualquer tipo de impunidade nos casos de tortura e pediu que fossem investigadas também as denuncias relativas aos ex-presos do campo de concentração norte-americano de Guantánamo, bem como as alegadas torturas praticadas noutras instalações semelhantes administradas pelos EUA.
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Blackwater e CIA
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A juntar à publicação do relatório da CIA, a semana passada o matutino nova-iorquino informou que, em 2004, a CIA contratou os serviços da Blackwater para ajudar a realizar o trabalho sujo.
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O New York Times baseia-se nos testemunhos de atuais e antigos operacionais da secreta para avançar que a empresa de segurança privada teve um papel importante na captura e aniquilação de alegados militantes da al-Qaeda no Afeganistão, não tendo no entanto sido possível apurar se a Blackwater se limitava a vigiar os alvos e a fornecer treino aos agentes. Certo é que a companhia recebeu da administração republicana, com os votos dos democratas nos orçamentos da guerra, naturalmente, milhões de dólares em serviços prestados.
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Obama aprova nova unidade
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Tudo isto ocorre em simultâneo com a criação por parte da Casa Branca de uma nova unidade dita de contra-terrorismo encarregue de interrogar os indivíduos suspeitos de pertencerem a «células terroristas».
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Segundo o The Washington Post, Obama terá subscrito o diploma que institui o Grupo de Interrogatório de Detidos de Alto Valor antes de partir de férias visando melhorar a imagem da sua administração, quer perante os que contestam o uso de tortura e exigem a investigação das iniciativas na era Bush, quer perante os que, como o ex-vice-presidente Dick Cheney, sustentam que as investigações têm motivações políticas e insistem que o uso de «técnicas avançadas de interrogatório» salvaram vidas.
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Original em Avante!

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