Além do Cidadão Kane

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

EUA:Dirigidos e influenciados por mentirosos

“Alguém se lembra de todas as mentiras que foram ditas pelo Presidente Bush, e pelos «media de referência», sobre as graves ameaças para a América das armas de destruição massiva no Iraque? (…) Agora, repete-se todo o processo. Desta vez, o alvo é o Irão”.Tal como Bush em relação ao Iraque, também agora em relação ao Irão a administração Obama, e os “media de referência” naturalmente…, ignoram os relatórios da AIEA. “Como o governo de Bush, a política do Médio Oriente do governo de Obama é baseada em mentiras e em decepção”.
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Paul Craig Roberts*


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Alguém se lembra de todas as mentiras que foram ditas pelo Presidente Bush, e pelos «media de referência», sobre as graves ameaças para a América das armas de destruição massiva no Iraque? Tais mentiras foram repetidas infindavelmente na imprensa escrita e nos media televisivos, apesar das informações dos inspetores de armamento, que foram enviados ao Iraque, de que essas armas não existiam.
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Os inspetores de armamento desempenharam um trabalho honesto no Iraque e disseram a verdade, mas os media de referência não realçaram as suas conclusões. Em vez disso, os media agiram como um Ministério de Propaganda, batendo os tambores da guerra para o governo dos Estados Unidos. Agora, repete-se todo o processo. Desta vez, o alvo é o Irã.
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Como não há um caso evidente contra o Irã, Obama seguiu à letra o livro de peças teatrais de Bush e fabricou um.Os fatos, em primeiro lugar. Como signatário do tratado de não-proliferação, as instalações nucleares iranianas estão abertas à inspeção pela Agência Internacional de Energia Atômica, que, cuidadosamente, controla o programa de energia nuclear do Irã, a fim de se certificar de que nenhum material é desviado para armamento nuclear.
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A AIEA controlou o programa de energia nuclear do Irã e anunciou, repetidamente, que não encontrou nenhum desvio de material nuclear para um programa de armamento. Todas as 16 agências americanas de informações afirmaram, e reafirmaram, que o Irã tinha perdido interesse em armas nucleares a anos atrás.
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Cumprindo com o acordo de salvaguarda de informar a AIEA antes da efetivação duma instalação de enriquecimento, o Irã comunicou à AIEA no dia 21 de Setembro, de que iniciara a construção de uma nova instalação nuclear. Com a informação prestada à AIEA, o Irã cumpriu as suas obrigações, ao abrigo do acordo de salvaguarda. A AIEA inspecionará a instalação e controlará o material nuclear produzido, afim de ter a certeza de que não haverá desvios para um programa de armamento.
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Apesar destes inequívocos fatos, Obama anunciou no dia 25 de Setembro, que o Irã fora apanhado com «uma instalação nuclear secreta» para produzir uma bomba que ameaçaria o mundo.
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A reclamação pelo regime de Obama de que o Irã não cumpre o acordo de salvaguarda é desinformação. Entre o fim de 2004 e o princípio de 2007, o Irã cumpriu voluntariamente com um protocolo adicional (Código 3.1), que nunca foi ratificado, e nunca integrou a parte legal do acordo de salvaguarda.
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O protocolo adicional, teria obrigado o Irã a notificar previamente a AIEA da construção de uma nova fábrica, enquanto o acordo de salvaguarda em efeito exige notificação prévia ao final da construção de uma nova fábrica. O Irão terminou a sua conformidade voluntária com o protocolo adicional por ratificar em Março de 2007, provavelmente devido às distorções americanas e israelitas das atuais instalações iranianas e às ameaças militares contra eles.
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Acusando o Irã de ter «programa de armas nucleares», e exigindo que o Irã «se explique» relativamente ao programa inexistente, acrescentando que ele não exclui um ataque militar contra o Irã, Obama imita o desacreditado governo de Bush que utilizava inexistentes «armas de destruição massiva» no Iraque para lançar a sua invasão.
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A mídia norte-americanos, incluindo o «liberal» National Public Radio, rapidamente aceitaram a máquina Obama da mentira. Steven Thomma, dos «McClatchy Newspapers», declarou que a fábrica não-operacional em construção, que o Irã anunciou à AIEA, era «uma fábrica nuclear secreta».
Thomma relatou incorretamente que o mundo não soube da fábrica "secreta" do Irã, a que o Irã tinha informado a AIEA na segunda-feira anterior, até Obama a ter anunciado numa presença conjunta em Pittsburgh na sexta-feira seguinte, com o Primeiro Ministro britânico Gordon Brown e o Presidente francês Nicolas Sarkoszy.
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Obviamente, Thomma não manda nos fatos, uma inadeqüabilidade de rotina de repórteres dos «mídia de referência». A nova fábrica foi conhecida quando o Irã voluntariamente a anunciou à AIEA no dia 21 de Setembro. Ali Akbar Dareini, um autor da Associated Press, escreveu incorretamente: «A presença de um segundo local de enriquecimento de urânio, que poderá produzir material para armamento nuclear, é uma das mais seguras indicações de que o Irã tem algo a esconder».
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Dareini afirmou ainda que «a existência de um local secreto foi revelada em primeira-mão por agentes secretos ocidentais e diplomatas na sexta-feira».
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Dareini está errado. Soubemos da fábrica quando a AIEA anunciou que o Irã informara da sua existência na segunda-feira anterior, cumprindo o acordo de salvaguarda. O mentiroso anúncio de Dareini de «uma fábrica de enriquecimento de urânio secreta e subterrânea, cuja existência era mantida escondida dos inspetores internacionais durante anos», ajudou a aumentar o alarme orquestrado.
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Eis o que aconteceu. O Presidente dos Estados Unidos e as suas marionetes européias fazem aquilo que sabem fazer melhor: mentir. Os «meios de referência» americanos repetem as mentiras como se elas fossem fatos. A mídia dos Estados Unidos está novamente a tornar-se cúmplice de guerras baseadas em invenções. Aparentemente, o interesse principal da mídia é agradar ao governo dos Estados Unidos e ter a esperança de obter caução pelas suas erradas operações impressas. O Dr. Mohamed El Baradei, Diretor Geral da Agência Internacional da Energia Atômica, um homem incomum de princípios, que não vendeu a sua integridade aos governos dos Estados Unidos e de Israel, refutou no seu relatório (de 7 de Setembro de 2009) as infundadas «acusações de que a informação acerca do programa nuclear do Irã tivesse sido sonegada ao Conselho de Governadores. Estou consternado pelas alegações de alguns Estados Membros, que foram transmitidas à mídia, de que a informação tivesse sido sonegada do Conselho. Estas alegações têm motivos políticos e são totalmente infundadas. Tais tentativas para influenciar o trabalho do Secretariado e debilitar a sua independência e objetividade são uma violação do Artigo VII.F dos Estatutos da AIEA e devem cessar imediatamente». Como não há nenhuma base legal para iniciar uma ação contra o Irã, o governo de Obama está a criar outro embuste, como aquilo que não existiu «as armas de destruição massiva do Iraque». O embuste é que a fábrica anunciada pelo Irão à AIEA é uma fábrica secreta para o fabrico de armas nucleares.
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Do mesmo modo que os relatórios factuais dos inspetores de armamento no Iraque foram ignorados pelo governo de Bush, os relatórios da AIEA são ignorados pelo governo de Obama. Como o governo de Bush, a política do Médio Oriente do governo de Obama é baseada em mentiras e em decepção.
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Quem é o pior inimigo do povo americano, o Irã ou o governo em Washington e as prostitutas da mídia que o servem?
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* Paul Craig Roberts foi Secretário-Adjunto do ministério das Finanças dos Estados Unidos e editor do Wall Street Journal
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Publicado em Opednews
Tradução de João Manuel Pinheiro

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