Agora está unido o que deve estar unido, disse o ex-chanceler alemão Willy Brandt (1969-1974) em um discurso pronunciado em Berlim a 10 de novembro de 1989. Um dia antes tinha caído o muro de Berlim.
Milhares de pessoas da Alemanha Ocidental e da Alemanha Oriental podiam viajar ao outro lado do país. Vinte anos depois, o entusiasmo pela reunificação alemã tem retrocedido, sobretudo na parte oriental.
Com a tomada da economia da antiga RDA pela parte ocidental, começou a maior desindustrialização vista desde a Segunda Guerra Mundial. Em poucas semanas, dezenas de milhares perderam seus postos de trabalho.
As conseqüências perduram até hoje. Passados 20 anos da queda do muro, muitos habitantes dos territórios da antiga RDA não vêem nenhuma perspectiva.
Segundo dados do Escritório Federal de Estatísticas da Alemanha, somente no ano passado emigraram ao redor de 51 mil pessoas dos novos estados federais.
Ao todo, desde 1991 foram-se cerca de 1,1 milhões de habitantes da parte oriental à parte ocidental do país. 165.000 pessoas abandonaram seu antigo lugar de residência durante o ano 1991.
Norbert Müller, porta-voz da organização Juventude de Esquerda de Brandeburgo, conhece as razões. Na campanha eleitoral das últimas semanas falamos com centenas de jovens, expressou Müller à Prensa Latina em Berlim.
Uma jovem recebeu durante sua formação como cabeleireira, 200 euros, disse ele, menos que a ajuda social. Ademais, muitos aprendizes não são aceites, expressou o jovem político. Por isso se vão tantas pessoas ao ocidente.
A situação econômica reflete-se no estado de ânimo da população. Segundo uma pesquisa recente, 42 por cento dos alemães orientais vêem o futuro de forma positiva, enquanto no ocidente ainda pensam assim 55 por cento das pessoas.
Os ativistas políticos que advogam por uma reforma do socialismo na antiga RDA não têm nenhum papel na atualidade.
Muitos defensores dos direitos humanos e civis de então têm presenciado as conseqüências da adesão da RDA: desindustrialização, desemprego em massa e redução dos direitos sociais e políticos na parte oriental, escreveu o historiador e jornalista Manfred Behrendt, falecido em 2006.
O número de seguidores do Novo Foro, no qual se chegaram a organizar mais de 200 mil cidadãos, se reduziu a três mil 500. Em 1991 ainda pertenciam ao grupo Democracia Agora ou 650 pessoas, e 200 à organização Iniciativa pela Paz e os Direitos Humanos.
Com o fim da RDA, seus opositores tinham cumprido sua missão, segundo as palavras de Behrendt, que se fez popular como autor do livro ‘A Liquidação da RDA’.
Em 1989 tínhamos a esperança de que a Guerra Fria se acabasse, expressou à Prensa Latina Hans Modrow, o último presidente de Governo da RDA, em uma entrevista em Berlim. Tínhamos a esperança de que chegasse um tempo de paz. No entanto, essa esperança não se fez realidade, disse o político, que hoje tem 81 anos: O mundo é hoje mais inseguro e violento.
Segundo Modrow, em 1989 teve uma reunificação de Estados, mas Alemanha ainda não tem conseguido a união social e política.
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