Além do Cidadão Kane

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A MORTE DO POETA

Pablo Neruda estava gravemente doente de um câncer de próstata, mas estável dentro de sua enfermidade.

11 de setembro: Golpe de Estado. O poeta sofre um agravamento inesperado na evolução de sua doença, atribuído à ansiedade dos acontecimentos políticos. Começa com febre alta. Seu médico lhe aconselha umas injeções e que não tome conhecimento das notícias.

14 de setembro: Neruda parece restabelecido, chama sua mulher e lhe dita o último capítulo de suas memórias. Nesse momento chegam caminhões militares para vistoriar a casa. Matilde esconde os papéis, que conseguem ser salvos da inspeção.

18 de setembro: Neruda volta a ter febre. Seu médico é localizado em Santiago e se encarrega de mandar uma ambulância para seu traslado a uma clínica.

19 de setembro: ingressa na Clínica Santa María. O embaixador do México vem lhe oferecer exílio, deixando um avião a sua disposição. O poeta se nega a sair de seu país.

20 de setembro: Matilde vai a Isla Negra buscar uns livros que lhe havia pedido Neruda. Quando ali estava, é avisada de uma piora de seu marido.

22 de setembro: Neruda toma conhecimento dos horrores da repressão política e entra em um estado febril ao saber sobre todos os seus amigos que haviam morrido. Nessa mesma noite a enfermeira lhe dá um calmante e Neruda passa a noite toda dormindo placidamente.

23 de setembro: Pela manhã continua dormindo, sua mulher se alarma quando transcorre toda a manhã e Neruda não desperta. Às 22:30 exala o último suspiro. Parece que suas últimas palavras, ditas em um sussurro, foram: "Los fusilan! Los fusilan a todos! Los están fusilando!". Morre de um infarto do coração.

Informação tirada das memórias de Matilde Urrutia ("Mi vida junto a Pablo Neruda")
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