Além do Cidadão Kane

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ali se gera uma revolução

Fidel Castro

No último 16 de julho disse textualmente que o golpe de Estado em Honduras "foi concebido e organizado por personagens inescrupulosos da extrema direita, que eram funcionários de confiança de George W. Bush e haviam sido promovidos por ele."Citei os nomes de Hugo Llorens, Robert Blau, Stephen McFarland y Robert Callahan, embaixadores yankis em Honduras, El Salvador, Guatemala e Nicarágua, nomeados por Bush nos meses de julho e agosto de 2008 e que os quatro seguiam a linha de John Negroponte e Otto Reich, de tenebrosa historia.

Apontei a base yanki de Soto Cano como ponto de apoio principal do golpe de Estado e que "a idéia de uma iniciativa de paz a partir da Costa Rica foi dada ao Presidente desse país pelo Departamento de Estado quando Obama estava em Moscou e declarava, em uma universidade russa, que o único Presidente de Honduras era Manuel Zelaya". Acrescentei que "com a reunião de Costa Rica se questionava a autoridade da ONU, da OEA e demais instituições que comprometeram seu apoio ao povo de Honduras e a única alternativa era exigir do Governo dos Estados Unidos o fim de sua intervenção em Honduras e a retirada desse país da Força de Tarefa Conjunta."

A resposta dos Estados Unidos, apos o golpe de Estado nesse país da América Central, foi compactuar com o Governo da Colômbia um acordo para criar sete bases militares, como a de Soto Cano, nesse país irmão, que ameaçam a Venezuela, Brasil e todos os demais povos da America do Sul.

Em um momento crítico, quando se discute em uma reunião de Chefes de Estado nas Nações Unidas a tragédia da mudança climática e a crise econômica internacional, os golpistas em Honduras ameaçam violar a imunidade da Embaixada do Brasil, onde se encontra o presidente Manuel Zelaya, sua família e um grupo de seus seguidores que foram obrigados a proteger-se nesse recinto.

Está provado que o governo do Brasil não teve absolutamente nada que ver com a situação que ali se criou.É por tanto inadmissível, mais ainda inconcebível, que a Embaixada brasileira seja assaltada pelo governo fascista, a não ser que pretenda instrumentar seu próprio suicídio, arrastando o país a uma intervenção direta de forças estrangeiras como ocorreu no Haiti, o que significaria a intervenção de tropas yankis sob a bandeira das Nações Unidas. Honduras não é um país distante e isolado no Caribe. Uma intervenção de forças estrangeiras em Honduras desataria um conflito na América Central e criaria um caos político em toda a América Latina.

A heróica luta do povo hondurenho, depois de quase 90 dias de incessante batalhar, pôs em crise o governo fascista e pró yanki que reprime a homens e mulheres desarmados.

Temos visto surgir uma nova consciência no povo hondurenho. Toda uma legião de lutadores sociais se moldou nessa batalha. Zelaya cumpriu sua promessa de regressar. Tem direito a que se lhe recoloquem no Governo e realize as eleições. Dos combativos movimentos sociais estão se destacando novos e admiráveis quadros, capazes de conduzir a esse povo pelos difíceis caminhos que esperam aos povos de Nossa América. Ali se gera uma Revolução.

A Assembléia das Nações Unidas pode ser histórica na dependência de seus acertos ou erros.

Os líderes mundiais expuseram temas de grande interesse e complexidade. Eles refletiram a magnitude das tarefas que a humanidade tem por diante e quão escasso é o tempo disponível.
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Publicado em TeleSUR
Traduzido por Rosalvo Maciel
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