As autoridades não divulgaram números sobre o protesto, mas a imprensa local indicou que contou com a participação de muitas dezenas de milhares de pessoas, sendo uma das maiores registradas em Portugal, onde nos últimos dois anos foram registrados vários protestos contra a política do Governo ''socialista''.
Os manifestantes - trabalhadores do setor público e privado e procedente em muitos casos de outras cidades - marcharam sem incidentes por diferentes ruas da capital, até se reunir na Praça do Marquês de Pombal.
Na praça, a manifestação se transformou em uma única coluna que encheu a avenida da Liberdade e chegou até a Praça dos Restauradores, onde Carvalho da Silva denunciou, em um comício, que o preço da crise está sendo pago pelos trabalhadores.
200 mil trabalhadores foram às ruas em Lisboa
Os manifestantes protestaram contra as medidas de economia e racionalização no setor estatal adotadas pelo Governo de José Sócrates, que, após chegar ao poder, em 2005, iniciou um plano para reduzir o déficit público e os custos da Administração.
Entre os manifestantes havia uma grande representação dos sindicatos de professores e funcionários públicos, que nos últimos anos declararam guerra às reformas de Sócrates.
O Partido Comunista Português (PCP) esteve presente na manifestação com uma delegação de alto escalão, que integrou Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, Jaime Toga, Francisco Lopes e Paulo Raimundo, da Comissão Política, Ilda Figueiredo e Patrícia Machado, do Comitê Central.
"Ano de todas as eleições"
O líder da CGTP - maior sindicato de Portugal - anunciou que novas mobilizações acontecerão, e advertiu para as consequências de não atender às reivindicações dos trabalhadores.
Silva afirmou que a atual crise não é resultado da ação de um vírus, mas sim a expressão das práticas patronais e políticas seguidas nos últimos anos. ''A crise não é resultado de um vírus que nos contaminou. Os bloqueios a que se chama crise são a expressão dos resultados das práticas patronais e das políticas seguidas ao longo dos últimos anos'', afirmou Carvalho da Silva, na intervenção que fez perante muitas dezenas de milhares de manifestantes, na Praça dos Restauradores, em Lisboa.
O sindicalista afirmou que, para a “esmagadora maioria dos patrões”, a invocação da crise “vale para tudo”, apontando como exemplos, a “manipulação” dos horários de trabalho e o trabalho a recibos verdes.
Lembrando que este é o “ano de todas as eleições”, Carvalho da Silva sublinhou a necessidade de “mudanças e rupturas”, exigiu uma “governação séria” e apelou à participação nos protestos que terão lugar no Dia do Trabalhador.
Grande primeiro de Maio
“Vamos realizar um grande 1º de Maio, com sentido ofensivo, colocando na ordem do dia os trabalhadores”, exortou o sindicalista. Queremos dizer que a mudança é possível, é urgente e necessária”, acrescentou, sublinhando que “o país precisa de uma mudança de rumo”.
Durante o seu discurso, Carvalho da Silva fez um balanço dos quatro anos de governo do primeiro-ministro, José Sócrates, afirmando que os resultados da política do atual Executivo foram o aumento do desemprego, da precariedade, do “compadrio e da corrupção”, e a redução dos salários.
''Prometeram mais emprego e o que nós temos é mais desemprego, prometeram mais estabilidade e o que nós temos é mais precariedade”, disse o secretário-geral da CGTP, afirmando que o primeiro-ministro “conseguiu o feito de pôr Portugal a divergir seis anos da União Europeia”.
Os manifestantes aprovaram uma resolução, na qual se comprometem a realizar “uma grande jornada de luta no 1º de Maio”, a exortarem os jovens a agirem por “mais estabilidade, mais salários e mais emprego” e a “prosseguirem e intensificarem a acção e luta nos locais de trabalho dos sectores público e privado”.
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