É a partir da forma como somos encaradas pelo capital, como mercadoria, que a potencialização da nossa luta ganha dimensões ainda mais expressivas.
Em meio à comemoração das conquistas manifestas pelo dia internacional da mulher, 8 de março, o debate a ser aprofundado é sobre a particular funcionalidade da diferenciação entre homem e mulher no modo de acumulação capitalista.
Algumas perguntas serão sugeridas como forma dialógica sobre o tema.
Qual o sentido do trabalho para o capital?
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É o capital quem cria as diferenças de gênero, raça-etnia e idade?
......................Não. Estas diferenciações são anteriores a esse modo de produção e também fazem parte dos processos históricos de cunho diferente do capitalista, como as sociedades latinas anteriores à colonização, bem como as sociedades orientais.
......................O que o capital faz é se apropriar destas diferenças como potencial de seu poder de transformar a diversidade em diferença comercial, mercantil. Isto significa dizer que o oportunismo do capital, provoca, para o trabalho, distinções que gerarão conflitos na compreensão de classe trabalhadora, tamanhas as diferenças de remuneração, ocupação dos postos de trabalho, e projeção entre trabalho intelectual e manual.
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......................Para o consumo, a distinção é essencial para caracterizar grupos, segmentos, indivíduos com a produção de necessidade comportamental de consumir para ser. Isto é muito importante: na sociedade capitalista de produção individualizada, fragmentada, só é cidadão aquele que, mais do que posse, tenha o desejo de consumir.
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......................Por isso para o capital, o ser mulher, implica e não implica, diferenças. Implica diferenças que, ao precarizar ainda mais o mundo do trabalho, pressionam para agudizarmos o conflito na luta de classes, com o objetivo de superá-lo. E, não implica diferenças na produção de valor desse modo particular de acumulação, que, com isto, requer que estejamos na luta, como classe organizada, homens e mulheres.
Mas isto significa que a luta da mulher é menos importante?
......................Não. Todo o contrário. Ao se aproveitar de forma oportunista de diversidade, transformando-a em diferenciação, concorrência, mercadoria, o que o capital faz é transformar o mundo do trabalho em grupos fragmentados que disputarão entre si posições a partir daquilo que, aparentemente, estão dispostos a receber. Aqui entra em cena o tema do trabalho assalariado “livre” para parte da sociedade. Outra parte, mais numerosa, classificada como desqualificada para o trabalho formal, é o que no mundo do trabalho fica caracterizado, pelo capital, como trabalhadores informais. Estes, estão fora dos direitos e deveres da ordem burguesa, logo, necessitam ser vigiados e castigados.
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......................Nossa histórica tarefa revolucionária é a de trabalhar por uma estratégia que supere esse modo de morte em vida, ora protagonizado por nossa classe, sob o domínio do capital. Nossa tática, como mulheres pertencentes à classe trabalhadora, se vincula à estratégia de, ao frear a extração de valor, lutar por um outro projeto de socialização da produção e das relações sociais que a dão vida.
Roberta Traspadini é economista, educadora popular e integrante da Consulta Popular - ES
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