O texto a seguir é parte de um artigo publicado no jornal Revolutionary Wor-ker, nos EUA. O título original do trecho é “A sociedade de classes no velho Tibet”.“Antes das mudanças revolucionárias iniciadas em 1949, o Tibet era uma sociedade feudal. Havia duas classes principais: os servos e os aristocratas proprietários dos servos. O povo vivia como os servos na Europa da “Idade das Trevas”, ou como os escravos e os meeiros africanos no Sul dos EUA.
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“Os servos tibetanos raspavam as colheitas de cevada da terra dura com arados e foices de madeira. Criavam cabras, ovelhas e iaques para obter leite, manteiga, queijo e carne. Os aristocratas e os lamas dos mosteiros eram proprietários das pessoas, da terra e da maioria dos animais. Forçavam os servos a entregar a maioria dos cereais e exigiam todo o tipo de trabalhos forçados (chamados ulag). Entre os servos, tanto os homens como as mulheres participavam no trabalho duro, incluindo o ulag. Os povos nômades dispersos pelas áridas terras altas do Tibet ocidental também eram propriedade dos senhores feudais e dos lamas.
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“O irmão mais velho do Dalai Lama, Thubten Jigme Norbu, alegou que na ordem social lamaísta, “não havia nenhum sistema de classes e a mobilidade de classe para classe tornava impossível qualquer preconceito de classe”. Mas a própria existência dessa ordem religiosa baseava-se num sistema de classes rígido e brutal.
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“Os servos eram tratados como seres ‘inferiores’ menosprezados - tal como eram tratados os negros no sistema Jim Crow do Sul dos EUA. Os servos não podiam sentar-se nos mesmos sítios, usar o mesmo vocabulário ou comer com os mesmos talheres que os seus donos. Tocar num dos pertences dos amos poderia mesmo ser punido com chicotadas. Os amos e os servos estavam tão distante uns dos outros que em muitas partes do Tibet falavam idiomas diferentes.
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“Era costume um servo pôr-se de joelhos e mãos no chão para que o seu amo pudesse usar as suas costas para montar um cavalo. O estudioso do Tibet A. Tom Grunfeld descreveu uma menina da classe dominante que habitualmente fazia com que os criados a levassem escada acima e escada abaixo por pura preguiça. Frequentemente, os amos atravessavam os riachos às costas dos seus servos.
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“No Tibet, a única coisa pior que um servo era um ‘escravo pessoal’ que nem sequer tinha direito a cultivar nenhuma cultura para si próprio. Estes escravos eram frequentemente espancados, obrigados a passar fome e a trabalhar até à morte. Um amo podia transformar um servo em escravo quando quisesse. Na capital do Tibete, Lhasa, havia rotineiramente crianças a ser compradas e vendidas. Cerca de 5% dos tibetanos eram considerados escravos pessoais. E pelo menos outros 10% eram monges pobres que na realidade eram ‘escravos em túnicas’.
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“O sistema lamaísta tentava impedir qualquer fuga. Os escravos foragidos não podiam ir simplesmente estabelecer-se nas vastas terras vazias. Alguns ex-servos explicaram à escritora revolucionária Anna Louise Strong que, antes da libertação, ‘Não se podia viver no Tibet sem um amo. Seríamos apanhados como criminosos a não ser que tivéssemos um dono legal.’
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OPRESSÃO DA MULHER
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"O Dalai Lama escreveu: ‘No Tibet não havia nenhuma discriminação especial contra as mulheres’. O biógrafo autorizado do Dalai Lama, Robert Hicks, alega que as mulheres tibetanas estavam contentes com a sua situação e que ‘influenciavam os seus maridos’. Mas, no Tibet, nascer mulher era considerado um castigo por comportamento ‘ímpio’ (pecador) numa vida anterior. No velho Tibet, a palavra para “mulher”, kiemen, significava “nascimento inferior”. Dizia-se às mulheres que rezassem: ‘Possa eu rejeitar um corpo feminino e renascer homem’.
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